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BIOCONCRETO: uma tecnologia

para construção civil


Paulo Jeske Junior
Profª. Letícia Coelho Zampiron, Esp.
Faculdade do Vale do Itajaí Mirim - Santa Catarina
Curso Engenharia Civil– Trabalho de Graduação
Data 22/11/2021

RESUMO
Materiais cimentícios, como argamassa e concreto, são usados em grande
escala. Na construção civil eles podem apresentar inúmeras patologias,
ocasionadas pelas condições do tempo, má execução, fatores como recalques
nas estruturas, mistura inadequada, gerando transtornos futuros na obra,
ocasionados por essas patologias. A mais comum é as fissuras, pequenas
rachaduras que aparecem ao longo de uma parede, que podem ocasionar danos
a estruturas, seja pela ação da água ou de outros agentes químicos. Como a
manutenção nem sempre é respeitada, a fissura pode acabar sendo o caminho
de entrada para os danos que muitas das vezes podem ser irreparáveis. A
criação do Bioconcreto cai como uma luva para estas situações, pois sua
proposta é o preenchimento dessas fissuras patológicas, através da mistura feita
com a bactéria Bacilus Pseudofirmus, evitando assim maiores desconfortos com
reparos. A ideia de que o concreto vai com o passar do tempo se autorregenerar
é senão mais, surpreendente, sendo que a proposta é evitar reparos futuros na
construção, diminuindo os gastos futuros, apesar de o investimento ser maior do
que o de costume. Pesquisas feitas demonstram que o concreto
autorregenerativo, como é chamado, vem sendo uma grande solução. Sua
capacidade de se manter inativo num período de até 200 anos, se torna a grande
chave para o que chamamos de reparação.

Palavras-chave: Bioconcreto; Autorregenerativo; Fissuras.

1 INTRODUÇÃO

No decorrer dos anos, alguns estudos foram realizados com o intuito de


aprimorar métodos para corrigir problemas patológicos presente em estruturas
de concretos devido ao tempo de vida útil do concreto (NASCIMENTO, 2018).
O surgimento do bioconcreto deriva da implantação de uma bactéria que
possui como característica principal a capacidade de se multiplicar, ou seja, se
auto regenerar. O estudo começou em 2006 após o questionamento de haver
possibilidades de criar um concreto modificado e que fosse composto por
bactérias com a capacidade de se preencher os vazios das rachaduras em
estruturas (NASCIMENTO, 2018).
Segundo Jonkers (2015), o principal inimigo das estruturas de concreto é
a tensão, já que pela natureza do material, com o tempo ele racha e deteriora. O
novo material utiliza conceitos de biologia e engenharia mirando ser uma solução
que pode se auto regenerar. Uma opção mais barata e sustentável que aumenta
o tempo de vida de edificações.
O concreto autorregenerativo possui um custo de três vezes maior que o
concreto convencional, porém, em contraponto, elimina a maioria dos custos de
reparação devido às fissuras, sendo assim o custo inicial é recompensado em
longo prazo, já que diminui a necessidade de manutenção dos elementos
(HOSS, 2019).

1.1 OBJETIVOS

Neste subitem serão apresentados os objetivos, geral e específicos deste


artigo.

1.1.1 Objetivo Geral

Apresentar a tecnologia do bioconcreto confrontando custos e


manutenções e prazos.

1.1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

▪ Apresentar a tecnologia do bioconcreto com suas vantagens e


desvantagens;
▪ Analisar as patologias que podem ser evitadas com a utilização do
bioconcreto;
▪ Investigar rachaduras que apareceram nas janelas e muros em uma
casa de pavimento térreo localizada no bairro São Pedro em
Brusque/SC;
▪ Orçar o reparo das patologias do estudo de caso versus o uso do
bioconcreto.

1.2 JUSTIFICATIVA

Em pesquisa realizada, a HealCon (Holistic, Engage, Advenced, learn,


conference) afirma que mesmo o bioconcreto sendo economicamente mais caro
que o concreto convencional. Conforme informado pelo jornal britânico The
Guardian, um metro cúbico de bioconcreto custa quase 40% a mais que o
concreto comum, o retorno do investimento é garantido (TUDELFT, 2017).
A mesma entidade planeja promover o uso do novo material de
construção holandês, pois somente na Europa são gastos mais de 22 bilhões de
reais por ano com a restauração de edifícios danificados (BBC BRASIL,2017).
A aplicação do bioconcreto, tende a diminuir patologias futuras nas
estruturas, como por exemplo a corrosão, causada através de pequenas fissuras
no concreto, servindo de porta de entrada para maresias, carbono, etc, afetando
assim a ferragem e comprometendo a estrutura (BBC BRASIL,2017).

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CONCEITO DE BIOCONCRETO

O bioconcreto é uma tecnologia que vem sendo aprimorado a alguns anos


devido a sua peculiaridade. O concreto é um dos materiais mais utilizados no
mundo, na construção civil pode apresentar diversas patologias, seja elas por
falhas na utilização ou ações mecânicas, como fissuras e rachaduras
decorrentes do tempo e má aplicação (SANTOS, 2017).
A solução que o cientista microbiológico Henk Jonkers achou para essas
fissuras e rachaduras que o concreto pode sofrer foi a autocura que pode ser
causada por bactérias. As bactérias são ativadas quando detectam a presença
da umidade no ambiente. Isso ocorre justamente em uma situação de fissuras
ou rachaduras, que permite a entrada de água na estrutura (HOSS, 2019).
A bactéria usada no concreto tem capacidade bem específica, tornando-
a primordial para o funcionamento do bioconcreto. Para a sobrevivência dessa
bactéria que também é chamada de Bacilus pseudofirmus ela teria que produzir
endósporos, uma estrutura de proteção para sobreviver em estado inativo por
longos períodos. A Bacilus pseudofirmus é normalmente encontrada em áreas
de alto risco, como crateras de vulcões ativos (HOSS, 2019).

Figura 01 – Visão microscópica da bactéria Basillus pseudofirmus.

Fonte: Science Photo Library, 2021.

Este novo tipo de concreto possui na sua composição bactérias que


produzem calcite. São estas bactérias que possibilitam que o material se auto
repare (SILVA, 2018).
A bactéria e misturada com lactato de cálcio que é alimento para
bactérias, é colocado normalmente no concreto, o microrganismo come o lactato
de cálcio quando a penetração de água em fissuras e rachaduras. Neste
bioconcreto, sempre que surgem fissuras numa estrutura, as bactérias
alcalifilicas que vivem no seu interior ficam expostas a um ambiente mais ácido,
desencadeando uma reação que origina a produção de calcite (SILVA, 2018).
A Bacilus pseudofirmus libera o calcário que passa a ocupar o espaço
aberto na patologia do concreto. Este processo pode acontecer em um prazo de
até três semanas. Em casos de estruturas de concreto prontas que não foram
utilizados o bioconcreto, pode ser feito a pulverização com a mistura de bactérias
e lactato de cálcio para a manutenção (SILVA, 2018).
Figura 02 - Autorregeneração ativa apenas 28 dias após a rachadura aparecer.

Fonte: Stewart (2015).

Na teoria, esta nova tecnologia poderá permitir aumentar de forma muito


relevante o tempo de vida das estruturas de concreto, diminuindo também os
seus custos de manutenção.

Figura 03 -Processo de regeneração do concreto (A) Autorregeneração ativa apenas 28 dias


após a rachadura aparecer (B) Autorregeneração quase concluída após 56 dias (C) rachadura
no concreto está totalmente fechada, após concluir a autorregeneração.

Fonte: Stewart (2015)

Por sua vez, a calcite vai encher as fissuras, do interior para o exterior,
conseguindo selar o orifício de forma progressiva; A rachadura máxima para a
recuperação é de 0,8mm (HOSS, 2019)
Este bioconcreto é obtido a partir de uma combinação de nutrientes e
bactérias, que são adicionadas à base de argamassa. As bactérias permanecem
durante quase todo o tempo em estado latente, sendo apenas ativadas em
contato com a água. Assim quando chove e a água da chuva penetra nas
fissuras, “ativa” estas bactérias (HOSS, 2019)

2.2 ORIGEM DO BIOCONCRETO


No final do ano de 2012, uma equipe de investigadores catalães anunciou
o desenvolvimento do bioconcreto, um conceito que basicamente aposta em dar
vida às fachadas, promovendo o crescimento de um conjunto de organismos
pigmentados nos edifícios (NASCIMENTO, 2018)
Segundo os investigadores que desenvolveram o conceito, o bioconcreto
apresenta diversos benefícios, quer em termos ambientais, quer em termos
estéticos (NASCIMENTO, 2018).
O bioconcreto foi desenvolvido e patenteado por uma equipe de
investigadores afetos à Universidade Politécnica da Catalunha (NASCIMENTO,
2018).
Este é um tipo de concreto para construção que se diferencia por
promover o crescimento de determinadas famílias de organismos pigmentados,
dentre esses organismos incluem: musgos, líquenes, microalgas e fungos
(NASCIMENTO, 2018).
O conceito de fachada viva captou um grande interesse na indústria da
construção civil europeia, devido às muitas potencialidades que apresenta.
Quase em simultâneo com a investigação que decorria na Catalunha,
investigadores da Universidade Técnica de Delft, na Holanda, desenvolviam
outro tipo de bioconcreto, cuja principal particularidade é a capacidade de
autorregeneração (NASCIMENTO, 2018).
O material chama a atenção pela propriedade de vedar suas próprias
fissuras, assim como ocorre na natureza com determinados seres vivos,
posicionando-se como mais uma ferramenta à arquitetura sustentável
(NASCIMENTO, 2018).
Segundo seus criadores, pesquisadores da Universidade de Tecnologia
de Delft, na Holanda, o bioconcreto é assim denominado por ser um produto
100% vivo, baseado na natureza (NASCIMENTO, 2018).

2.3 CONCRETO CONVENCIONAL X BIOCONCRETO

2.3.1 Concreto Convencional


O concreto é conceitualmente um material bifásico, constituído por uma
fase pasta e outra agregado, cada uma com funções bem determinadas no caso
de concretos plásticos usuais.
O concreto é o produto do endurecimento de uma mistura de cimento,
agregado miúdo, agregado graúdo e água, adequadamente proporcionada. A
esses materiais básicos, podem ser acrescentados aditivos, adições, fibras, etc,
em situações específicas em que se deseja alterar alguma de suas propriedades,
seja no estado fresco e/ou endurecido.
A fase pasta que é cimento e água, tem função de dar impermeabilidade
ao concreto, dar trabalhabilidade, envolver os grãos, preencher os vazios entre
os grãos e conferir resistência mecânica ao concreto. Já a fase dos agregados,
que é composta por agregados graúdos e miúdos, tem por função, reduzir o
custo do concreto, reduzir as variações de volume (diminuir as retrações), e
contribuir com grãos capazes de resistir aos esforços solicitantes (terão que ter
resistência superior à da pasta)
Sua grande vantagem, é sua trabalhabilidade, pois se molda a qualquer
forma.

2.3.2 Bioconcreto

O concreto auto regenerativo é a mistura de bactérias e de lactato de


cálcio, que são adicionadas ao concreto convencional, e são ativadas quando
elas entram em contato com a umidade. A bactéria chamada Bacillus
Pseudofirmus se ativa por meio de reações químicas e auxilia a regeneração
quando o concreto vir a começar se degradar (NASCIMENTO, 2018).
Sua composição é igual à do concreto convencional, porém no lugar do
agregado graúdo, é utilizado argila expandida, e dentro dessa capsula colocado
a bactéria do bioconcreto. Algumas bactérias possuem a capacidade de
sobreviver em estado seco até 50 anos, entretanto, quando misturadas ao
concreto, só conseguem resistir de um a dois meses. Isso ocorre devido ao
fechamento dos poros do concreto, pois partículas cimentícias não hidratadas
no processo inicial de mistura acabam por reagir secundariamente à entrada de
água na estrutura e formam, assim, cristais que diminuem os poros a tamanhos
menores que um, tamanho médio dos esporos de Bacillus (JONKERS, 2011).
Devido ao ambiente hostil no interior do concreto, é preferível encapsular
ou imobilizar bactérias em um suporte de proteção antes de adicioná-las ao
concreto (WANG, 2014).
Dessa forma, é preciso proteger esses organismos vivos de serem
esmagados pelo preenchimento dos vazios do concreto. É preciso, então,
impregnar essas bactérias em argilas expandidas que servem como agregado
graúdo ao concreto leve e de cápsula protetora para o agente cicatrizante
(JONKERS, 2011).
Na Figura 4, vê-se a cápsula protetora das bactérias, a argila, impregnada
por esses agentes microbianos e pelo composto orgânico. Posteriormente à
essa impregnação, é possível utilizar a argila para produzir concreto leve capaz
de se regenerar, ou seja, Bioconcreto.

Figura 04 - Argila expandida impregnada com esporos de bactérias e compostos orgânicos.

Fonte: Jonkers, 2011

As microcápsulas são resistentes ao alto pH do concreto e à umidade.


Elas são flexíveis sob alta umidade (como na água) e se tornam quebradiças
com baixa umidade. Isso significa que as cápsulas podem suportar o processo
de mistura e são facilmente quebradas quando as rachaduras aparecem. Após
a rachadura, as microcápsulas na zona da rachadura quebram. Na presença de
água nas fissuras, os esporos nas cápsulas quebradas podem germinar e
precipitar carbonato de cálcio (𝐶𝑎𝐶𝑂3) para preencher essas aberturas (WANG,
2014).
Tabela 01 – Comparação entre vantagens e desvantagens
VANTAGENS DESVANTAGENS
- Trabalhabilidade
CONVENCIONAL Pode sofrer rachaduras
- Molda a qualquer forma
- Trabalhabilidade
Custo muito alto em relação
BIOCONCRETO - Molda a qualquer forma
ao concreto convencional
- Autocura
Fonte: Autor, 2021

Apesar de seus inúmeros benefícios, o bioconcreto possui algumas


desvantagens. O cientista responsável pelo projeto, Henk Jonkers (2011), afirma
dizer que “Não há limite para extensão da rachadura que o nosso material pode
reparar. Pode ser de centímetros a quilômetros”; entretanto, o limite da largura
da fissura a ser reparada não pode ultrapassar oito milímetros.
Outra desvantagem é o aumento nos gastos da construção em 40% a
mais do que custaria com o concreto tradicional. Apesar disso, o material pode
reduzir os custos de manutenção em construções em bilhões de dólares.
Independente dessas desvantagens, o material é extremamente
promissor, podendo dar esperança para prédios antigos suscetíveis a um
colapso, mesmo com tremores de baixa escala. (Chiesa, 2019)
A técnica de restauração desses prédios seria usar um spray que contém
os mesmos princípios do bioconcreto e pode ser aplicada diretamente em
pequenas rachaduras, também desenvolvido pela Universidade de Tecnologia
de Delft. (Chiesa, 2019)
Além disso, o bioconcreto contém um potencial ecológico devido ao
aumento de vida útil do concreto. Isso contribui indiretamente com a diminuição
das taxas de emissões de dióxido de carbono, que, atualmente, cerca de 7% são
resultantes da fabricação de cimentos. Dessa forma, o bioconcreto não é apenas
um material mais durável, mas também mais sustentável. (Chiesa, 2019)

2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

2.4.1 Manifestação patológica

Segundo a NBR 15575 (ABNT, 2013), as obras têm que ter uma vida útil
de no mínimo 50 anos, muitas vezes as edificações apresentam problemas muito
antes deste prazo devido a muitos fatores como se pode observar no gráfico 01,
que mostra as principais origens de incidências de patologia no Brasil.

Gráfico 1 - Principais origens de patologias no Brasil.

7%
Materiais

Projeto
18%
Outros

Manutenção
51% 2%
Fortuitas 3%

Utilização
6%

Execução

13%

Fonte: Adaptado de Silva e Jonov, 2011.

Em várias situações recuperar uma estrutura com patologias é mais difícil


do que construir uma nova. Isto ocorre devido ao fato de que muitas vezes a
edificação já pode estar em uso, o que vai dificultar os trabalhos de recuperação
(SACHS, 2015).
É muito importante saber de onde surgiu a patologia para assim saber
quais medidas de recuperação seguir, pois uma patologia pode causar muitas
outras. Como é o caso da corrosão da armadura, quando o aço começa o seu
processo de corrosão ele vai expandir causando fissuras e possíveis
desplacamentos de concreto, o que ocasiona tensões de tração no cobrimento
do concreto (CARMONA, 2015).

Muitas das doenças estruturais não se manifestam claramente ou são


encobertas por outras, podendo passar despercebidas. Portanto,
quanto mais criteriosa e aprofundada for a fase avaliativa, maiores
serão os índices de acerto e eficiência da solução indicada (VISOTTO,
2015 p. 42).
2.4.2 Principais patologias nas edificações

De acordo com Henk (2007 p.1), “As rachaduras no concreto ocorrem


devido a vários mecanismos, como encolhimento, reações de congelamento-
descongelamento e forças mecânicas de compressão e tração”. Portanto se faz
necessário atenção as reações que podem causar fissuras no concreto como
por exemplo:

• Ação do fogo nas estruturas;


• Cargas atuantes excessivas;
• Corrosão das armaduras internas do concreto armado;
• Concentrações de esforços devido a falhas de execução;
• Expansão do concreto devido a reatividade dos componentes;
• Recalques diferenciais de fundações;
• Variações de temperatura.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Segundo estudo realizado, foi utilizado como base de referência, um


reparo pós-obra, existente em uma casa na cidade de Brusque/SC.
Este estudo teve cunho exploratório, devido ao tema ser novo e inovador,
pesquisa bibliográfica, para buscar informações que pudessem nos esclarecer
que tipo de bactéria está sendo usada, cunho qualitativo, comparando soluções
já existentes, pesquisa qualitativa devido á fase de estudo onde se encontra o
bioconcreto, e estudo de caso com a possibilidade de uso e comparação de
valores do bioconcreto.
Esta pesquisa levou em consideração, os dados apresentados, sobre um
novo produto, inovador, onde se possibilita a adição de bactérias auto
regeneradoras, para o reparo em fissuras de até 0,8 mm. Foram adquiridos
dados, com informações para seu uso adequado, apesar de que até então o
bioconcreto, como é conhecido, estar em fase de estudos.
Com base nas informações obtidas, foram elaboradas duas formas de
reparos para as patologias apresentadas, uma com concreto convencional e
outra com o bioconcreto.
Conforme análise feita em in loco, a estrutura sofreu um recalque,
ocasionando fissuras no reboco. Podemos observar que nas imagens 5 e 6 as
fissuras são menores, mais estreitas, ocasionadas pela falta de verga embaixo
da janela, ou até uma má execução da mesma.

Figura 05 – Fissura na janela. Figura 06- Fissura na janela.

Fonte: O Autor (2021). Fonte: O Autor (2021).

Devido ao recalque da estrutura, a má execução da verga e contra verga,


fez com que aparecesse as fissuras.
No caso das imagens 7 e 8, uma possível execução de baldrame não-
contínua, fez com que as paredes trabalhassem de forma individual e não como
um todo, ocasionando então a ruptura do reboco e da estrutura. Aparecendo
então uma fissura maior do que as imagens 5 e 6.
Figura 07 – Fissura no muro devido a construção não contínua de baldrames.

Fonte: O Autor (2021).

Figura 08 – Vista do muro do lado oposto a Figura 08.

Fonte: O Autor (2021).

Para fins orçamentários, foi levantado o custo para reparo, onde chegou
em valores específicos de:
Tabela 02 – Orçamento de reparo com concreto convencional.
QTD UNID PRODUTO VALOR

5 SC Massa pronta para reboco R$ 71,45


1 SC Cimento portland CPII R$ 40,72
1 BR Ferro 4,2 MM R$ 29,84
7 MT Tela de ferro para reparo R$ 50,00
2 LT Fundo preparador para tinta 3,8 L R$ 122,50
1 LT Tinta na cor Branca 18 L R$ 299,90
2 LT Tinta cor cinza claro 3,8 L R$ 190,50
3 MT tela para reparo de fissuras R$ 5,00
1 PÇ tapa-furo R$ 2,50
1 LT solvente 0,9 L R$ 13,30
3 MT lixa média R$ 2,00
10 HORAS serviço de mão de obra R$ 600,00
8 HORAS serviço de pintura R$ 200,00

TOTAL R$ 1.627,71
Fonte: Autor, 2021.

3.1 CUSTO PARA REPARO COM BIOCONCRETO

3.1.1 Primeira opção

Neste caso, utilizaríamos o bioconcreto, desde o início da obra, para evitar


danos futuros. Introduziríamos o bioconcreto na solução para preparação do
concreto para preenchimento de Baldrames. Devido ao custo do bioconcreto ser
40% mais caro que o concreto convencional, uma previsão orçamentária foi
exposta a seguir. Valores e medidas feitas por metro cúbico.

Tabela 03 – Comparativo de valores.


Concreto Usinado
Concreto Usinado com adição de Bioconcreto
Convencional
Preço por M³ Preço por M³
R$ 560,00 R$ 784,00
Neste caso o agregado graúdo é misturado com Cápsulas
contendo a bactéria Bacillus Pseudofirmus
Fonte: O Autor, 2021.

3.1.2 Segunda opção

Aplicação por meio de umedecimento das fissuras com a solução de


bioconcreto. O processo se dá por uma solução aquosa contendo bioconcreto,
que é burrificada diretamente na área afetada, fazendo com que as bactérias ali
introduzidas, se alimentem do lactato de cálcio, desta forma elas combinam o
cálcio do concreto com os íons de carbonato de lactato, formando a calcita ou o
calcário, preenchendo e fechando as rachaduras de dentro para fora, selando
lentamente qualquer fissura ou orifício por onde os agentes agressivos
pudessem penetrar e originar a degradação do próprio concreto e das armaduras
de aço.
Devido ao fato deste método ainda estar sendo estudo e aprimorado, não
foi encontrado em pesquisas, valores para este tipo de procedimento.

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

Apresentadas as soluções, entendemos que a utilização do bioconcreto,


ainda é uma solução pouco viável. Se analisarmos custos, a primeira opção que
temos seria pelo custo mais baixo. Mas percebemos que, como é de sabedoria
de todos, uma estrutura tem vida própria, ela “trabalha” durante toda a sua vida.
As constantes mudanças climáticas fazem com que a contração e a
expansão sejam fatores diários existentes nas estruturas. Ao optarmos pela
solução de patologia de forma convencional, nos garantimos momentaneamente
sobre o reparo ali feito. Mas qual a garantia que ele não irá voltar, devido ao
constante movimento das estruturas. O bioconcreto por si só como pode ficar
encapsulado por até 200 anos, nos garante que a estrutura mesmo sofrendo
patologias, vai continuar se auto reparando, fazendo com que o custo elevado
aplicado no início da construção, se torne viável devido ao tempo que ficará em
utilidade, fazendo com que sejam dispensados os reparos futuros.

5 CONCLUSÃO

Este estudo teve como base a busca incansável por meios em que se
cessassem as aparições de fissuras e rachaduras. Através de pesquisas feitas,
foi descoberto esta inovadora solução que vem sendo aprimorada a cada dia
para reparo dessas anomalias, que é o Bioconcreto. Os resultados
orçamentários expostos, não são muito animadores, devido ao alto custo de
produção. Porém se pensarmos a longo prazo, e com o avanço que este estudo
vem sendo feito, percebemos que é uma realidade não muito distante, e que
será de grande utilidade na construção civil. A ideia de que uma bactéria
adicionada ao concreto ainda úmido, e que permanece em estado de dormência
durante a mistura e durante anos da vida útil do concreto, despertando quando
necessário, é empolgante. Se verificou, que após o processo de cura e com o
surgimento de fissuras em uma parede, a bactéria em contato com a água que
penetra nas mesmas, rompe a cápsula em que foi armazenada fazendo com que
as bactérias se despertem, e vão preenchendo e selando qualquer fissura por
onde os agentes agressivos pudessem entrar.
Mesmo com o avanço destes estudos, ainda não se pode dizer quanto a
sua resistência a altas compressões tanto quanto o concreto convencional,
limitando sua utilização apenas ao revestimento de paredes.

REFERÊNCIAS

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