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Conto “Lírios de Lua”

Na distante cidade de Sunflower, uma rapariga morena sonhava com uma vida
diferente. A maioria das meninas implorava por castelos e tiaras, mas Violet era
diferente. Violet desejava fazer parte de um mundo fantástico, um mundo onde
ninguém a julgasse.
Violet crescera a ouvir histórias de vampiros e lobisomens, de criaturas mágicas
que habitam para lá dos limites da cidade. Tudo o que ela mais queria era ser um
desses seres. Violet queria ser uma vampira!
Por muito que lhe custasse, ela tinha de partir. Algo na floresta chamava por
ela, algo místico e perigoso. Assim que Violet ouvira os rumores de que poderiam
existir vampiros na floresta, ela nem precisou de pensar mais. Estava decidido: ela iria
partir, rumo a uma pequena clareira que era agora temida pelas pessoas devido aos
seus – supostos – novos habitantes sobrenaturais.
Violet não estava minimamente preparada para os perigos que lá encontraria.
Como poderia ela conhecer os tormentos que pareciam espreitar por trás de cada
árvore? Contudo, enquanto encarava a raposa feroz que cruzara o seu caminho, ela
não pensava em nada disso. O único pensamento que percorria a sua mente era fugir…
fugir rapidamente. Porém, nada disso importou, quando as garras da raposa
perfuraram o seu abdómen e a sua visão foi obscurecendo – tanto pelo choque, como
pela lesão.
Os olhos de Violet abriram-se lentamente, tentando ajustar-se à luz que
atravessava a janela da cabana e iluminava o pequeno quarto em que se encontrava.
De seguida, percorreram rapidamente o espaço; o quarto tinha um aspeto acolhedor,
com vários móveis de madeira encostados às paredes, que por sua vez eram
adornadas por múltiplas pinturas de belas paisagens.
Após alguns minutos a processar a situação em que se encontrava, Violet
sentou-se, suprimindo um grito devido à dor latejante, causada pela sua ferida, que
atravessou o seu corpo logo de seguida. Ela reparou, com curiosidade, que a sua ferida
havia sido rigorosamente desinfetada e coberta com gaze.
“Não te devias mexer tanto. Se a ferida abrir, vai recuperar mais devagar.” Uma
voz misteriosa ecoou pela divisão, atraindo o olhar da jovem para a silhueta do seu
dono perto da porta. Violet observou o desconhecido que caminhava lentamente em
direção à cama - onde ela ainda se encontrava sentada – e o seu rosto empalideceu.
Tudo, desde o físico forte do estranho até à sua pele peluda e dentes aguçados,
parecia confirmar as suas suspeitas: o homem que a salvara era, na verdade, um
lobisomem, um dos seres que ela jurara odiar. Ele representava o oposto de tudo o
que Violet queria ser e, ainda assim, ele salvara-lhe a vida.
“Quem és tu?” - perguntou Violet cuidadosamente. A jovem passara a vida toda
a ler livros sobre a ferocidade dos lobisomens e os danos que estes tinham provocado
na comunidade vampírica.
“O meu nome é Benjamim.” Ele respondeu, indiferente, perante a expressão
cautelosa estampada na face de Violet. Só então é que Violet reparou no pequeno
buquê de lírios azuis que o lobisomem trouxera consigo. “E o teu?” - questionou ele
enquanto colocava as delicadas flores no vaso da mesinha de cabeceira.
“Violet.” - afirmou, ainda hesitante. Não sabia o que pensar da atitude amigável
de Benjamim. Será que estaria assim tão enganada quanto à natureza animal e bruta
da sua espécie? E, caso estivesse, será que os vampiros seriam tudo o que ela sempre
sonhou que fossem?
“É um nome bonito.” – comentou ele. Os seus olhares encontraram-se e, por
um momento, Violet permitiu-se esquecer as circunstâncias que os rodeavam.
“O que aconteceu? Não me lembro de muito depois de chegar à floresta.” -
perguntou timidamente, com a intenção de quebrar o silêncio constrangedor que se
instalara entre eles.
“Foste atacada por uma raposa. Elas não costumam atacar pessoas, a não ser
que haja algum esconderijo de vampiros por perto. Levam a sério o seu papel como
suas guardiãs, suponho.” - um pequeno sorriso formara-se nos seus lábios, enquanto
respondia - “Estás segura aqui. Não te preocupes.”
Ela sabia que era imprudente confiar num lobisomem. Afinal, não sabia nada
sobre ele. Contudo, pela primeira vez desde que acordou, Violet sentia-se realmente
segura, após ouvir aquelas palavras reconfortantes…

Alberto Machado (nº 1);


Beatriz Fernandes (nº 4);
Beatriz Mota (nº 5)
Júlia Ribeiro (nº15); 10LH5.

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