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A imbecilidade, de maneira decisiva e sem parâmetros, reina em todas as áreas de nossa

vidinha. Na política, por exemplo, chegamos ao clímax com a futura eleição garantida de
Márcio Lacerda aqui em BH – um sujeito que, há mais ou menos um mês, nem eu, nem 99,9%
dos habitantes da cidade conhecíamos. Trata-se, sem dúvida alguma, uma espécie de zênite da
parvoíce mais trepidante.

No entanto, o que tem impressionado mais são as listas que se pode ver à farta nas bancas de
revista e nas livrarias. São relações de todo tipo: as cem melhores poesias, os cem menores
contos, os cem filmes inesquecíveis, os cem livros para você entender o mundo etc etc.

Começamos comprando a besta, assim como ela nos foi dada pelo douto Ítalo Moriconi, no
compêndio “Os cem melhores contos brasileiros do século”. Daí pra frente, a coisa não parou
mais. A revista Bravo, que parece não vender de maneira expressiva sem organizar de tempo
em tempo uma listinha, já organizou tabelas em todos os cantos da cultura. E todas elas, é
claro, im-pres-cin-dí-veis: “Os cem filmes essenciais”, “Os cem livros essenciais”, “As cem
canções essenciais da MPB” e por aí certamente seguirá a coisa.

Não resta dúvida de que tais listas são absolutamente necessárias em uma sociedade que lê
cada vez menos e que cada vez menos se interessa por bons filmes e por boa música. Com
elas, não é mais necessário ler, ver ou escutar as obras em si. Basta espiar o resumo que um
editor tirado a sabe-tudo nos está bondosamente oferecendo.

Então, ávido desse mundo dominado pela mídia, e não querendo ficar de fora dessa inépcia
toda, resolvi criar minha própria lista. Porco a pouco -e, espero, com ajuda das poucas pessoas
que visitam este blog- pretendo brear o mercado editorial brasileiro e, quem sabe?, mundial,
com “Os cem melhores livros para se ler cagando”.

A princípio, postarei apenas um título. Na medida em que os colaboradores forem ajudando,


irei postando os outros. A seleção final será minha. Não abrirei mão de tal incumbência. Quem
resolver colaborar, favor redigir uma breve defesa da obra e, se possível, enviar-me também a
capa do livro, para facilitar as coisas tanto para mim quanto para os beneficiários da lista.
Depois, é claro, faremos outras pautas, de outras produções que não sejam tão chatas e
tomadoras de tempo como as literárias.

Vamos, então, aos cem livros essenciais para a melhor cagada!

1. Falar – de Edmundo de Novaes Gomes

Meu primeiro romance, que, segundo o renomado crítico Juarez Dias, conta a história
de uma mulher obsessiva e predestinada, está em primeiro lugar da lista. Afinal, eu
não quero deixar passar em branco essa formidável oportunidade editorial. Vai que a
coisa pega! De qualquer maneira, existem pelo menos uns dois ou três escritores e
críticos essenciais que já se pronunciaram sobre essa obra sensacional (obra no
sentido mais literal da palavra, se é que me entendem!), afirmando que, daqui a uns
cem anos, Falar será um dos quatro livros realmente essenciais da literatura brasileira.
Posso provar!

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