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Zulmira, você precisa dar um jeito de publicar bem esse texto. Mas tem que ser com destaque.

Ele responde a uma provocação (para os cruzeirenses) feita pelo Roberto Drumond. Uma fala
que nunca teve resposta e agora tem. Quem respondeu? Pergunta aqui em casa e na sua. Um
beijo do E.

A imagem do Cruzeiro resplandece.

Uma namorada me fez um dia a seguinte ameaça: “Ou eu, ou o Cruzeiro”. E eu respondi: “
Acho que você não quer saber essa resposta”.

Isso deixa tudo explicado. Não há nada mais para ser dito, mas existem muitas coisas que
devem ser faladas. Afinal, o que é o amor senão falar sobre o que não precisa ser dito?

Eu tenho certeza que nasci cruzeirense. Muito, muito, muito antes da explosão do Big Bang eu
já era cruzeirense. E tenho certeza que chorei de alegria quando tinha apenas alguns dias de
vida e me deram meu primeiro presente: uma camisa do Maior de Minas, o meu eterno Santo
Sudário, as cinco estrelas, a cruz, o Cruzeiro que eu carregaria sempre comigo. Não nas costas,
mas do lado esquerdo do peito na camisa, e na pele.

Quantas vezes já não me perguntei o que era essa bobagem de torcer por onze homens
correndo atrás de uma bola. Que coisa é essa de amar de um amor tão maior que a maioria
dos amores existentes? Por que chorar quando perde? Por que ser a pessoa mais feliz do
mundo quando ganha? Por quê? Pra quê?

Por que deixar de fazer tudo pra ver meu time jogar? Por que me matar de raiva por uns
jogadores que, na maioria das vezes, não compartilham do meu sentimento?

Ora, o óbvio tem que ser ressaltado! Não jogam os jogadores, joga a camisa... O gênio não era
o Alex, era a 10. O Fred, o Ronaldo, o Fábio Júnior, o Marcelo Moreno nunca fizeram um gol: a
artilheira é a 9. Dida, Fábio, Gomes? Nada! Quem faz milagres é a 1. A 1, a 10, a 9, e mais
aquela multidão de camisas azuis e brancas que eu sempre vi cantar na arquibancada...

Talvez eu seja cruzeirense porque meu pai quis assim, e ele porque meu avô quis. Mas não... E,
sem querer desprezar a genética azul e branca da família, posso dizer que, mesmo tendo
nascido no Japão, eu seria cruzeirense. Não faz sentido nenhum, eu sei. Mas é assim mesmo, o
amor nunca precisou fazer sentido. Ele é uma certeza, e as dúvidas que o cercam só fazem
aumentar o tamanho da convicção.

Quer ver só! Existe coisa mais bonita do que quando, com só oito anos, escutar alguém falando
qualquer coisa do seu time e você lembrar o 6 a 2 do seu time em cima do Santos de Pelé? É
claro que a mesa de atleticanos adultos ficou calada, sem ter o que responder.

Ou existe uma tristeza maior do que perder de goleada para o maior rival e ir ao cinema não
para ver o filme, mas pra tentar esquecer pelo menos um pouquinho da tristeza daquele dia?

Existe esperança maior do que, em fevereiro de 2003, a caminho do Mineirão, amarrar no


pulso uma pulseira do Senhor do Bonfim e fazer os seguintes pedidos: “eu quero que o
Cruzeiro seja campeão mineiro”, “ eu quero que o cruzeiro seja campeão da Copa do Brasil” e,
por último, “eu quero que o Cruzeiro seja campeão brasileiro”? Tem coisa melhor do que
sentir que contribuí para a conquista de uma Tríplice Coroa?

É, isso é amor. Alegria, tristeza, esperança, mas, principalmente, confiança. E eu confio, e eu


amo, e eu sou...

Nunca foi só paixão, sempre foi muito mais que isso. Sempre foi inabalável, incorrigível e
rebelde. Vai além das minhas idéias, das minhas opiniões, do meu estado de espírito. Antes de
me chamar João Gabriel, eu era cruzeirense. Antes de escrever qualquer coisa, eu era
cruzeirense. Antes do céu e da terra, eu era cruzeirense. Antes de acreditar em Deus, eu era
cruzeirense. Antes de ser cruzeirense, pasmem!, eu era cruzeirense.

E não, eu não torço contra o vento. Nunca torci. Nunca precisei disso. Mas não porque eu
torça menos, ou porque meu amor seja menor. E sim por um belo e simples motivo: eu estou
sempre vestido com minha pele azul e branca. Além disso, minha fé no Cruzeiro Esporte Clube
nunca fica no varal.

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