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Emília
Basile Rivera nunca pensou que, aos seus 25 anos, estaria indo para
a Itália para realizar o maior sonho das gerações de sua família:
seguir pela rota dos corações, uma lista de pontos de encontro
criada por sua avó para que todas as mulheres da família
encontrassem seu amor.
É claro que Emília nunca acreditou que isso fosse realmente
possível. Com sua mãe divorciada e ela própria sem perspectivas
para um relacionamento, a viagem pareceu apenas uma
oportunidade de deixar o Brasil e se entregar ao calor italiano, que
pode vir no formato de olhos verdes e pele dourada, com ironia,
orgulho e pizzas.
Em uma história divertida sobre reencontros e paixões, Gui
Ribeiro convida o leitor a conhecer os lugares mais belos da Itália ao
mesmo tempo que fala sobre perdas, família e o sentimento mais
belo de todos: o verdadeiro amor.
Copyright© 2020 Gui Ribeiro
Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
incidentes são produtos da imaginação do autor ou utilizados de
forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas,
lugares, eventos reais ou locais é mera coincidência.
Diagramação e Revisão: Gui Ribeiro
Design de Capa: Gui Ribeiro
Imagem: Canva
Obra registrada.
Romances de época:
Ante s que a M a r é Ba ixe
Amá ve l D e s tino
U m C upido s e m C o r a ç ã o ( L G BT )
Sé rie n o b re s e m f u g a:
C o mo Es c a pa r de um C a s a me nto – L ivr o 1
Suspense:
Sé rie d o s c as o s d a d e t e t iv e H arle y Cle an w at e r:
Passado Perverso – Livro 0
Medo Sublime – Livro 1
Obsessão Sublime – Livro 2
Um grande abraço,
Para minha irmã, Nathália, que consegue ser
muito mais do que isso mesmo gostando de
pizza de muçarela. Este livro é para você.
Sumário
Oh, Caro Mio
Repita comigo
Sonhos
Eu gostaria de saber o nome
Quando se tem tanto azar quanto eu
— BENVENUTA, EMÍLIA!!!!
A primeira coisa que eu senti
Aqui vai uma verdade
— Eu deveria me preocupar?
— Então você conhece a Nicole desde pequena, é isso?
Sabia que há sabores específicos de pizza aqui na Itália? Pois é, eu também não.
É muito interessante de se pensar
Eu estou completamente arreganhada na cama
Dia 2
Eu sei que isso é cientificamente incorreto
— Bem, faz sentido que tenham se conhecido
Dia 3
O sol das dez horas queima
Manarola
Deus deve gostar muito de mim
— Onde foi que paramos da última vez?
Dia 4
Uma coisa que os pais não contam
Eu sei que deveria estar feliz
Você sabe que está na merda
Com o coração mais leve
Para a alegria da Beyonceta
Dia 5
Itália, meados de 1941
Oh, Caro Mio, quantas juras de amor nós fizemos?
Quantas risadas nos foram permitidas? Bem, penso que qualquer
seria uma mentira. Eu não contei cada momento, porque achei que
A + V. Per sempre
Itália, você não cansa de me surpreender?
Itália, início de 1941
Eu só posso ter perdido o senso de tudo! É isso,
irrefutavelmente louca, Antonela Basile! Como posso estar seguindo
Vincenzo por entre a madrugada? Como posso fazê-lo com um
sorriso, o coração acelerado e as pernas ardendo?
Minhas roupas não são para caminhada. Minhas roupas não
são adequadas para qualquer aventura que ele tenha tramado nessa
mente maligna e perversamente doce.
— A gente não deveria estar aqui, Vincenzo! — admoesto ele
olhando de um lado para o outro.
Ele me levou em sua bicicleta até a vila vizinha a Cinque Terre,
pedalando pela encosta, o som das rodas em sincronia com o ar,
meus cabelos jogados para trás enquanto minhas mãos abraçavam
sua cintura.
Mas para onde estamos indo, agora, pouco faço ideia. E isso
só me faz pensar que não deveríamos estar ali, pois ele sabe, já de
encontros anteriores, que eu digo um largo e sonoro “não” a
empreitadas sem honra e pudor.
Não, não e não!
É indecente, despretensioso, sem cautela... e apaixonante.
Vincenzo consegue me desarmar com um mero sorriso, e ali
está ele, com a pele clara banhada pelo tom azulado da noite, fios
de prata surgindo em seu cabelo pela lua, tão bela por entre um
conjunto de nuvens passageiras.
— É claro que não deveríamos estar, mie care. É aí que está a
graça! — provocou. Eu paro no mesmo instante, em um dos
inúmeros degraus que estamos subindo, por uma trilha nada
convencional, devo dizer. — Cosa c’è?
— O que foi!? Eu te digo o que foi! — Minha voz quer explodir
em uma fúria descontrolada, pois que tipo de boa moça eu seria
fazendo o que não se deve!? — Você está nos levando a uma
grande enrascada, Vincenzo Rizzi!
Ele ri. É claro que ele ri. Depois, não sei como conseguiu
diminuir nossa distância tão rapidamente, mas suas mãos seguram
meu rosto e seus lábios tocam nos meus, sua boca forçando que a
minha se entreabra, tal que minha cabeça se inclina ligeiramente
para trás e seus dedos afagam meus cabelos.
NÃO! EU TENHO QUE ESTAR COM RAIVA DELE! COMO
OUSA ME BEIJAR ASSIM!? E SE NOS VISSEM!?
Mas sua língua encontra a minha, e afasta qualquer
preocupação com o calor que ele comprime em meu corpo. Quando
se afasta, sinto o ar voltar aos meus pulmões. Nem havia me dado
conta de que ele já faltava dentro de mim, pois quando Vincenzo me
toca, é como se nada mais fosse necessário.
E isso deveria me deixar ainda mais furiosa.
— Eu amo quando diz meu nome assim, mie care! — admite
descaradamente, ainda segurando meu rosto com suas mãos. Eu o
empurro para trás com um tapa contra seu peito e, é claro, ele faz
seu teatro dramático, como se eu o tivesse machucado. — Você me
bateu!
— Tem sorte de não ter sido no rosto — retruco. — Aonde
estamos indo, Vincenzo!?
Ele ameaça me beijar novamente, mas meu indicador o impede,
tocando o meio de seus lábios.
— Nem ouse. Vai me responder.
Levemente frustrado, ele se endireita, coçando a nuca com a
mão, o cheiro de seu suor alcançando minhas narinas de um jeito
másculo que apenas ele tem de me atrair. Seu rosto fita o arredor,
buscando uma fuga. Há uma janela acesa, com um vaso onde flores
descansam, o tom quente ilumina os cascalhos até onde as sombras
começam a domá-los, então as estrelas refletem nas vidraças
fechadas e aquele pequeno e pitoresco paraíso se revela para nós.
— Vincenzo! — insisto empurrando-o novamente, apoiando as
mãos na cintura.
Boas moças não beijam às escondidas.
Boas moças não empurram soldados.
Boas moças não se arriscam.
Talvez eu esteja apaixonada por ele justamente por ele
despertar o pior em mim. Ou, talvez, apenas por permitir que eu seja
quem sou, sem julgar ou se preocupar.
Um amor de verdade vem assim, e a raiva que sinto por estar
rendida a ele se multiplica por minhas veias, que queimam ainda em
transe pelo toque dos lábios dele em meus lábios.
Aqueles lábios malditos que não me dizem o que preciso ouvir!
Ameaço empurrá-lo mais uma vez, mas não posso aumentar
meu tom; as pessoas dormem, mas as janelas estão despertas, e
qualquer voz pode causar um escândalo. Porém, é ele quem me
interrompe de prontidão, unindo os pés, enrijecendo os ombros como
se em uma continência.
— Antonela Basile, sua impaciência deveria ser considerada um
charme.
Bufo conforme cruzo os braços.
— Não confia em mim? — pergunta Vincenzo franzindo o
cenho, quase ofendido.
— Se eu não confiasse, acha que teria vindo até aqui? Saído
contigo nas últimas semanas?
O sorriso volta a aparecer e ele é tão grande que alcançar
seus olhos.
— Então, confie mais uma vez. — Ele estende sua mão para
mim e eu não tenho como não a aceitar.
Para as pessoas, estaríamos causando um escândalo a ser
comentado. A ser passado de porta em porta como uma grande
notícia de um vilarejo pequeno.
Mas, para aquelas estrelas, tão distantes de nós, somos
apenas um casal, caminhando com os braços cruzados, eu
repousando a mão sobre seu pulso, tão quente mesmo por sob a
roupa.
Esse calor é a característica mais marcante de Vincenzo.
E é o calor que me faz sentir em casa.
— Não me olhe assim — diz ele com uma careta quando fuzilo-
o por Vê-lo erguendo uma estreita passagem entre um amontoado
de arbustos.
— Vin...
— Confie em mim, mie care! — insiste.
A ansiedade faz com que eu morda o lábio inferior conforme
aceito seu cavalheirismo e vou na frente dele.
Tudo o que vejo faz com que eu não consiga falar coisa alguma.
É o lugar mais belo que já vi. Amontoados de parreiras, muros
baixos, duas clareiras, uma com uma árvore tão grande que as
folhas parecem tocar o céu, perdendo-se entre o azulado, mas o que
realmente me encanta são os vagalumes.
Céus... como eles são lindos.
Pequenas bolinhas de luz que voam como se fossem estrelas
chegadas à terra. Acendem, apagam, acendem... eles parecem
seguir o ritmo de meu coração, o qual nem consigo mais ouvir de tão
rápido que bate.
— Vincenzo...
— Essa é a noite que te prometi no último encontro, mie care.
— Suas mãos largas escorregam por meus braços e envolvem-me
por detrás, seu rosto encaixando-se perfeitamente na curva de meu
pescoço.
— Onde estamos?
— Na vinícola de Cinque Terre — sussurrou ao pé de meu
ouvido, dando um beijo logo atrás, despertando uma área que nunca
achei que estava ali. Arrepios fazem com que meus lábios se
entreabram. — Sabe o que viemos fazer aqui, mie care?
Os olhos dele alcançam os meus conforme viro em sua direção,
e nossos lábios roçam de tão próximo que estamos.
— Deixe-me adivinhar: niente di buono?
O largo sorriso de Vincenzo volta a aparecer antes que me
beije tão fugaz que me sinto traída. Quero que seus lábios toquem
os meus e não soltem mais.
— Niente di buono! — confirma para meus temores, mas tudo
que faço é retribuir o sorriso.
Sorrio com a alma, com meu coração, com todo o amor que ele
está me fazendo sentir, pois de todas as pessoas no mundo, sinto
que é a ele quem devo me dedicar. Se isso faz algum sentido? Sou
levado a crer que não.
Apenas amamos pessoas diferentes em intensidades diferentes
nessa vida.
E eu sei que o amor por Vincenzo Rizzi é o maior que já senti.
É por isso que estou ali. É por isso que entrelaço meus dedos
nos seus e é por isso que permito que ele me tome como sua
naquela noite. Que sua semente jorre dentro de mim e que sua boca
chegue onde nenhum outro homem já foi.
Ele brinca com a penugem sobre minha parte mais íntima, ele
me beija quando seu membro me alarga, seus braços seguram-no
acima de mim e as estrelas não conseguem ser tão belas quanto as
gotas de suor em seu rosto.
Permito que sejamos um só.
Mas o que fizemos era tão bom que simplesmente acabo por
perguntar:
— Disse que não faríamos nada de bom. — Minha voz sai em
um sussurro conforme me deito em seu peito, contornando seu
mamilo largo com o indicador.
— Eu disse.
Preguiçosamente, envolvidas pelas camadas de prazer, ergo
meus olhos aos seus.
— O que fizemos... foi incrível.
Vincenzo ri, um tanto arrogante, mas eu lhe devo isso. Ele foi
mais do que qualquer pensamento impróprio que eu pudesse ter.
— Acho que vamos para a parte maléfica, não? — A luz em
seus olhos arde intensamente e me acende por dentro conforme ele
dobra o corpo para o lado, apanhando algo no bolso de sua calça.
— Vincenzo, não! — protesto quando noto um canivete
vermelho em sua mão.
— Pare de ser estraga prazeres!
— Não faremos pactos de sangue... — me antecipo e ele ri
descaradamente.
— Boh, mie care! — zomba puxando-me para seu rosto,
encostando os lábios em minha testa ao murmurar: — Só uma
cabecinha tão centrada pra pesar algo tão absurdo!
Minhas sobrancelhas se franzem conforme ele se afasta.
Então, ele beija a ponta de meu nariz.
— O que vamos fazer? — pergunto, rendida, cobrindo meus
seios com a camisa dele conforme vejo-o levantar-se. Ele não se
preocupa em se cobrir, e eu vejo como seu membro balança de um
lado para o outro.
Pudica, acabo por desviar o olhar. Não é como se aquilo
tivesse estado dentro de mim quinze minutos antes, não é?
— Vamos deixar nossa marca, mie care.
Curiosa, fito-o mais uma vez, e ele está entalhando algo na
pobre árvore.
— Nossa marca?
— É claro! — Seus sussurros carregam a energia do grito mais
firme tamanha é a sua felicidade. — Para que as pessoas vejam,
quando vieram aqui, que outros também estiveram. Que o amor
deles era tão forte... — Seus olhos desviam para mim — que ficou
marcado na própria natureza.
Quando termina, ele abandona o canivete de volta para sua
pilha de roupas e me ajuda a me levantar.
— Não precisa disso — fala quando nota que estou segurando
sua camisa para me cobrir. — A não ser que esteja com frio...
Respondo que não conforme meneio o rosto.
— Então não precisa ter vergonha. — Suas mãos encontram as
minhas e se unem ao tecido. — Você é linda, mie care.
Lentamente, o tecido escorrega por meus seios, e os mamilos
endurecem como pequenos botões mais uma vez, que ele recebe
com um carinho de um artista que admira sua obra.
— Perffeta! — fala com um meio sorriso. Minhas bochechas
esquentam e sobem conforme agito os cílios.
— Quer ver a nossa marca? — pergunta ele com um convite
travesso.
— Se eu não posso evitar... — zombo com um dar de ombros
antes de rir, caminhando pelas raízes da árvore até ver a marca que
ele cravou com todo seu coração. — A + V. Per Sempre — leio em
voz alta.
Um arrepio de emoção invade cada centímetro de meu corpo.
— Gostou? — Os dedos dele escorregam pelo interior de
minha palma e seus olhos pairam sobre meu rosto.
— Acho que as pessoas não saberão quem são A+V, mas...
Ele ri beijando-me sobre o ombro.
— As pessoas certas saberão. Mas... deixar a marca não
significa lembrarem de nossos nomes, mas pensarem na storia,
pensarem no amore, quando virem. — Sinto seu corpo
pressionando-se ao meu, seu peito contra meus seios, tal que sinto o
ritmo de seu coração, tão firme e consistente. — É o que eu vejo e
sinto quando estou contigo, Antonela. Amore.
Nossos lábios se tocam mais uma vez, a nudez dos corpos
tocando uma a outra, o carinho, a paixão, todos os riscos ali tão
presentes, mas aquela noite parece ter sido feita para nós.
É a nossa noite.
É a nossa história.
E eu sei, pelo modo como nossos corações começam a bater
uniformemente, que deixamos nossa marca.
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