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Departamento de Arquitectura.

Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra


Projecto III e Construção V e VI | Ano lectivo 2021/2022

Habitação colectia - Fábrica Triunfo | 2º Exercício prático | 1º Semestre

Proposta de trabalho
Na sequência do 1º trabalho prático, o exercício que agora se inicia aprofundará à temática da habitação
colectiva enquanto factor de desenvolvimento e transformação urbanos.
O exercício consistirá, por um lado, na reabilitação de um edifício industrial na periferia de Coimbra e, por
outro, na estruturação da zona envolvente onde se procurará compreender o fenómeno urbano local pela
ordenamento de volumetrias e espaços, integrando habitação, equipamentos e serviços e espaços públicos
exteriores.
Os espaços e edifícios a projectar, devem criar as condições para uma vida urbana diversificada e
multifuncional com diferentes regimes de uso, ou seja, devem criar cidade, privilegiando as relações entre
estrutura e morfologia urbana e tipologia arquitectónica. Deve também considerar a caracterização sócio-
demográfica do local a fim de dar resposta às questões concretas que aí se colocam.
Por outro lado, a reabilitação de um edifício existente envolve matérias e pensamento próprios, que obrigam
a um exercício rigoroso de análise e interpretação, de sentido prospectivo, a fim de integrar coerentemente
as diferentes temporalidades e materialidades.

O edifício a reabilitar – Fábrica Triunfo Bolachas


O edifício em estudo trata-se da antiga Fábrica Triunfo Bolachas localizada na R. Manuel Madeira, na Zona
Industrial da Pedrulha. Foi construído entre 1949 e1953, segundo o projecto do engenheiro Augusto Simões
Martha e constitui uma das primeiras unidades fabris implantados na recém criada Zona Industrial da
Pedrulha.1
Esta unidade destinava-se essencialmente à produção de bolachas, biscoitos e confeitaria mas em 2001 a
produção cessou e a fábrica foi encerrada.
O edifício é composto por uma ampla nave, a Norte e dois braços perpendiculares de menor dimensão, a
nascente e poente. No decurso do século XX, o imóvel viria a sofrer modificações e ampliações, decorrentes
da necessidade de expansão da produção, culminando com a construção da cobertura que encerra o pátio
central, em 1979.
A sua linguagem corresponde à dos equipamentos coevos do mesmo tempo tipo e caracteriza-se por uma
fenestração ritmada e regular em que se destacam janelas amplas, emolduradas por frisos rectos,
contínuos, que acentuam a horizontalidade da composição.
A fachada principal ostenta um desenho mais rico e complexo, formado pelo jogo de planos e volumes, em
que se destaca o volume da caixa de escada.
A estrutura do edifício é de grande racionalidade, constituida por pórticos em betão armado distanciados
segundo uma métrica regular de 5m.
Apesar da crescente degradação, o edifício apresenta ainda uma sólida estrutura ao nível da sua envolvente
exterior, o que torna apto a uma futura reutilização.

1 A industrialização desta zona intensificou-se com a implementação do Anteprojecto de Urbanização, de Embelezamento e de


Extensão da cidade de Coimbra da autoria de Étienne de Gröer, 1940, complementado pelo Plano Regulador de Antão de Almeida
Garrett nos anos 50 do mesmo século.
CAETANO, Lucília de Jesus - A terciarização das zonas industriais, o caso da zona industrial Loreto-Pedrulha em Coimbra. Atas do
IV Colóquio de geografia, Coimbra, 1986.
FARIA, José Santiago - Evolução do espaço físico de Coimbra. Câmara Municipal de Coimbra. Coimbra, 2006.
SANTOS, Lusitano dos - Planos de Urbanização para a cidade de Coimbra. Museu Nacional de Machado de Castro. Coimbra,
1983.

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Programa
O programa funcional para o edifício a reabilitar incidirá na criação de um conjunto mínimo de 36 células de
habitação, ou seja, 18 pares compostos por um T1 e um T3, combinados em igual número, bem como
acessos comuns e espaços de uso colectivo.
A célula maior será destinada a uma família ou um grupo de 4 pessoas e terá uma área de 150m².
A célula menor terá apenas 1 sítio de dormir e ocupará uma área de 75m².
As células deverão conter todos os espaços funcionais necessários ao uso adequado da habitação,
considerando a articulação dos espaços de utilização íntima, como sejam os de higiene ou de
repouso/dormir, com os espaços de utilização comum que englobam as ações de cuidar da roupa, cozinhar,
comer, estar, trabalhar e socializar.
Ambas as células devem incluir um espaço suplementar (+1), flexível e sem uso definido, que permita
reconfigurar a casa adaptando-a a condições variáveis. Devem também integrar áreas exteriores, tais como
varandas, pátios ou terraços, que proporcionem a fruição da natureza.
A formulação da casa deverá questionar a forma de habitar e proporcionar respostas para modos de vida
diferenciadores, associados, por exemplo, a inovações tecnológicas tais como as novas formas de trabalho
e ensino, mas também a requisitos de mobilidade e sustentabilidade.
Complementarmente, a proposta terá de incluir espaços de utilização coletiva para os habitantes, com área
mínima de 40m², 1 lugar de estacionamento por cada par de fogos, no mínimo de 18 lugares, que poderão
ser integrados nos edifícios de habitação ou em estrutura independente.
Devem prever-se espaços destinados a serviços públicos cuja natureza e programa funcional serão
definidos após a fase de diagnóstico, mediante os dados apurados e a interpretação crítica do lugar. Deve
ainda ser tido em conta o tratamento dos espaços exteriores, numa perspectiva de uso predominantemente
público.

Faseamento e metodologia
O projecto durará até ao final do ano lectivo e será desenvolvido em fases sequenciais, segundo diferentes
escalas e temáticas.
A apresentação do trabalho, em cada fase, será feita por meio de desenhos técnicos, maquetas (ou modelos
3D) e painéis síntese. Os painéis devem representar uma síntese do projecto e incluir desenhos (finais e de
pesquisa), fotomontagens, diagramas, textos e memória descritiva e justificativa.
O tipo, escala e formato dos materiais a apresentar serão particularizados para cada entrega, consoante a
fase em questão.

1ª Fase – Diagnóstico e estratégia urbana


A 1ª Fase de trabalho inicia-se com a realização de um diagnóstico e a definição de uma estratégia urbana
que aborde e transforme, não apenas o lote e o edifício em estudo, mas também as áreas urbanas na
envolvente do mesmo.
O diagnóstico é um exercício fundamental para recolher e interpretar todo o tipo de informações relativas à
estrutura física da envolvente e ao edifício a reabilitar, nomeadamente, no que respeita à sua caracterização
arquitetónica e construtiva, à sua relação com os espaços exteriores, com a topografia ou com a orientação
solar. Para além da caracterização física da área de intervenção é de igual importância observar a sua
vivência humana.
O diagnóstico constrói-se com a interpretação dos dados que se recolheu, expondo uma visão específica da
área de intervenção, focada nos aspetos que devem ser mantidos e valorizados e aqueles que estão em
deficiência e deverão ser melhorados. Os dados recolhidos poderão ser registadas através de desenho à
mão levantada, esquemas e diagramas, textos, fotografia, vídeo, som ou modelos tridimensionais.

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A estratégia urbana consiste na definição de princípios e regras que coordenam futuras intervenções e será
construída a partir do diagnóstico.
Os resultados do diagnóstico e proposta de estratégia urbana serão apresentados em formato digital (vídeo
ou slideshow).
Para além do trabalho de campo, esta fase inclui também o tratamento dos desenhos de levantamento
(plantas e perfis) e a construção de uma maqueta, que constituirão as bases do projecto.
Nesta fase, os trabalhos serão elaborados em grupos de 4 estudantes.

2ª e 3ª Fase – Forma urbana, Forma arquitectónica e Espaços de habitação


Nas 2ª e 3ª fases, o projecto será desenvolvido individualmente e incidirá sobre a Fábrica Triunfo e os
espaços exteriores na sua envolvente próxima. Pressupõe a definição dos volumes construidos e a
construir, a distribuição dos fogos no interior da Fábrica bem como a sua caracterização interna, e o estudo
de mobilidade e acessos.

Objectivos
Interpretar os elementos que caraterizam a cidade e o território onde terá lugar a intervenção, através de
uma abordagem rigorosa e inclusiva do contexto.
Explorar a articulação entre a arquitetura e a cidade, a partir das condicionantes e oportunidades do sítio,
como premissa fundamental para modelar as condições existentes e dar forma ao projeto, à luz de novos
nexos e interpretações. A conceptualização e desenvolvimento do projeto deverão refletir a convergência
destas duas dimensões e escalas de pensamento - arquitetura e cidade.
Criar competências em relação aos elementos e meios de registo e representação da arquitetura. Através do
desenvolvimento e representação das suas propostas arquitetónicas e das suas opções construtivas e
materiais, os alunos tomarão consciência da ligação estreita entre o processo de desenho e resultado
arquitetónico obtido; o que deverá estimular o uso de distintos instrumentos e ferramentas de modo a melhor
desenvolver e comunicar os conceitos e exprimir a forma de os concretizar.

Prazos e elementos de entrega

1ª fase – Diagnóstico e estratégia urbana – 23 e 30 de Novembro de 2021


• Diagnóstico e estratégia urbana - 23 de Novembro de 2021
Apresentação digital (vídeo ou slideshow) contendo os resultados do diagnóstico e a estratégia urbana
proposta.
Pode conter diagramas (de usos, tipologias, actividades, mobilidade, relações urbanas, etc.), desenhos,
fotomontagens ou outros elementos gráficos descrevendo a integração da proposta no contexto urbano.
Deve também incluir texto(s) justificativo(s) das ideias representadas graficamente.
• Bases de trabalho – 30 de Novembro
Plantas e perfis de levantamento à escala 1/500
Maqueta do terreno à escala 1/500

2ª fase – Forma urbana e arquitectónica – 14 e 16 de Dezembro de 2021


Plantas, perfis e maqueta, incluindo a proposta e a envolvente, à escala 1:500;
Plantas, cortes, alçados e maqueta das células de habitação (T1+T3), incluindo acessos, à escala 1:200;
Memória descritiva e justificativa.

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3ª fase – Forma urbana e arquitectónica e Espaço da habitação - Janeiro 2022


Plantas, perfis e maqueta, incluindo a proposta e a envolvente, à escala 1:500;
Plantas, cortes, alçados e maqueta das células de habitação (T1+T3), incluindo acessos, à escala 1:200;
Memória descritiva e justificativa;
Painel (painéis) síntese contendo elementos referentes à forma urbana, forma arquitectónica e módulos de
habitação e incluindo axonometria da proposta urbana e memória descritiva e justificativa.
Os painéis síntese terão formato A1 ao alto; os demais elementos gráficos serão apresentados em formato
A1 ao baixo. A memória descritiva deverá ser incluída no painel síntese e apresentada, separadamente, em
formato A4.

A apresentação dos projectos terá lugar em sessão de avaliação colectiva a realizar em Fevereiro de 2022.
Em cada fase, a entrega dos elementos do projecto em suporte físico será, obrigatoriamente, acompanhada
pela submissão dos mesmos em formato digital (pdf), através da plataforma inforestudante / ucstudent.

Coimbra, 9 de Novembro 2021.

Os docentes,
João Mendes Ribeiro, Catarina Fortuna, Nuno Correia, Pedro Brígida (Projecto III)
Jorge Carvalho, Guilherme Machado Vaz, Rob De Maat (Construção V)

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