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As Concepções de EF No Brasil
As Concepções de EF No Brasil
12 Horizontes – Revista de Educação, Dourados, MS, n.2, v1, julho a dezembro de 2013
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porém, enxergavam o arranhar do as- ções sociais”. Para ela, inovar significava
pecto estrutural da sociedade brasileira. mudar raízes; significava colocar a EF a
Tais inovações eram – na maioria das serviço de novos fins, a serviço da mu-
vezes – confundidas, tanto pelos profis- dança estrutural da sociedade.
sionais da área como pela própria im-
Como se vê dois blocos de tendên-
prensa dita especializada, com o que de
cias distintos, antagônicos. Um com-
mais avançado existia no setor. Porém,
posto pela biologização e pela pedagogi-
de fato, pela postura acrítica, era o que
zação da EF; outro por uma proposta
de mais conservador existia na área.
transformadora de sua prática. Análises
Porém, uma terceira tendência co- de conjuntura demonstravam que a
meçava a ganhar corpo no cenário da tendência que trabalhava a concepção
EF brasileira. Para ela, educar era um transformadora da prática da Educação
ato político. A ação pedagógica tinha Física vinha conquistando e ocupando
seu aspecto político no possibilitar a espaços cada vez maiores na busca de
apropriação pelas classes populares, do estabelecer uma correlação de força que
saber dominante, instrumentalizando- lhe permitisse desestabilizar o quadro
-as para a transformação social. Para hegemônico mantido pelas outras duas
ela interessava o “Homem concreto”, tendências. Vejam o quadro estabeleci-
o “Homem como conjunto das rela- do àquela época:
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citar dentro de referências que nós, pro- projeto pedagógico que vai nos dizer de
fessores, estabelecíamos. A partir dessa quanto tempo iremos precisar...
leitura apreende-se com facilidade o
E vai sinalizar também, para nós,
sentido da configuração da EF escolar
de que espaço pedagógico precisaremos.
sob a forma de Atividade — e não Dis-
Ora, no momento que tínhamos como
ciplina — curricular.
objetivo a melhora da aptidão física, o
No eixo da organização escolar espaço pedagógico que precisávamos era
também não precisávamos nos preo- justamente aquele que nos permitisse
cupar com o tempo pedagógico necessá- fazer nossos alunos se movimentarem,
rio para a EF, já que ele se apresentava correrem... Porque era através da movi-
normatizado em texto legal (Decreto mentação corporal que a aptidão física
69450/71). Isso porque para melhorar poderia ser desenvolvida. No momento
a aptidão física do educando seria ne- em que passamos a ter outro objetivo
cessário – conforme parâmetros estabe- que não esse exaustivamente mencio-
lecidos pela fisiologia do exercício — três nado, nos abrimos a pensar em outro
sessões semanais de cinquenta minutos de tipo de espaço pedagógico. Uma sala de
duração, intercaladas uma da outra em aula “teórica”, por exemplo. Quando
turmas não mistas... temos a intenção de levar nossos alunos
a refletirem acerca das experiências de
Assimilamos então o fato de que a
práticas corporais por eles vivenciadas
EF deveria acontecer três vezes por se-
em outro momento da aula, fazê-lo em
mana, e por ser norma, não a questio-
ambiente protegido do barulho exter-
návamos... No momento em que nos
no possibilita e facilita a concentração,
abrimos a outras possibilidades pedagó-
ampliando o aproveitamento daquele
gicas que não a de buscar a melhoria da
momento pedagógico...
aptidão física do aluno, nos percebemos
diante da imperiosidade de perguntar- Por fim o modelo de gestão escolar.
mos qual o tempo pedagógico que a EF A forma adotada de gestão da Escola,
precisaria para dar conta de tratar o co- se não determina delimita o lugar dos
nhecimento da forma como ele precisa- que compõem a comunidade escolar a
ria ser tratado para que ela pudesse, de coadjuvantes ou protagonistas do que
fato, integrar-se ao projeto pedagógico acontece naquele espaço educacional.
da escola... E como se daria essa integra- Quanto mais sujeito de sua história o
ção? Colaborando na configuração do aluno (e não só ele) for, maior a possibi-
projeto de escolarização dessa escola... lidade de construirmos com ele a com-
preensão daquilo que nos diz respeito
Quando falamos em tempo pedagó-
especificamente: A EF e a dimensão da
gico, à medida que não mais objetivamos
cultura humana que nós estamos cha-
a melhoria da aptidão física do educan-
mando aqui de Cultura Corporal.
do e dependendo do que teremos como
escopo educativo, poderemos entender Vejam os quadros referentes, res-
necessário para viabilizá-lo quantidade pectivamente, às teorias pedagógicas e à
distinta de aula semanal. Em síntese é o compreensão de metodologia de ensino:
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dida que concentrou-se nessa duas regi- aporte biofisiológico da aptidão física e
ões toda a estrutura geradora de pesqui- sim no de natureza histórico-social.
sa/conhecimento, fazendo das demais
De lá para cá se deu a construção
reféns do que lá se produz.
e desenvolvimento da EF em sua estru-
Pois a pós-graduação na EF brasi- tura acadêmica refletidos, 34 anos de-
leira se organiza a partir desse modelo pois, em seus programas de mestrado e
de desenvolvimento desigual... Sua de doutorado. Ratificando nossa linha
primeira experiência stricto sensu é de argumentativa, apenas um programa de
1977 e se deu nesta Escola de EF, USP, mestrado se situa no nordeste e outros
que até fim daquela década se coloca- dois no centro-oeste (este também com
va como referência hegemônica na for- um doutorado), estando todos os de-
mação dos profissionais da área, vindo mais no eixo sul/sudeste brasileiro, em
a perder esse status a partir da década um claro processo de colonização da
seguinte, quando, como vimos, o cons- formação acadêmica nortista/nordesti-
tructo epistemológico hegemônico é na aos valores de um Brasil economica-
colocado em xeque pela configuração mente mais desenvolvido, nos moldes
de outra possibilidade de relação pa- do modo de produção capitalista peri-
radigmática já não mais centrada no férico. Vejam o quadro:
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Acontece que a definição da Gran- É esse debate que está posto, e ele,
de Área Saúde como o lugar de inserção embora se dê no campo da pós-gradua-
dos programas de pós-graduação em EF, ção, interfere diretamente na formação
no conjunto da pós-graduação brasilei- do graduando e na intervenção que nós
ra, impactou negativamente — a par- podemos e devemos fazer no universo
tir de outra correlação de forças, mui- da educação escolar brasileira.
to mais favorável ao campo biológico,
Para avançarmos nesse debate se faz
cujos docentes/pesquisadores saíram
imperioso reconhecermos a existência
na frente em seus processos de titulação
da crise. Reconhecer a presença de uma
acadêmica, alcançando postos de dire-
lógica de produção de conhecimento
ção do processo de constituição da área
que não se coaduna com a produção
acadêmica de forma quase que absoluta
intelectual. Da forma que está — regi-
— nos avanços conquistados no campo
da pela égide do par produzir/publicar
político e epistemológico no debate da
— vimos assistindo à ampliação do en-
formação profissional, pelos que se situ-
godo, seja pelo seu distanciamento das
avam no campo das humanidades.
questões sociais que afligem a sociedade
Penso aí estar a gênese da Crise que brasileira, seja pela aceitação como ori-
estamos vivendo. E é dentro dessa crise ginal daquilo que no muito poderia ser
que os debates que estão sendo articula- visto como inédito... Não encontramos
dos pela EEFE/USP vêm se colocando. originalidade no que vem sendo produ-
É mais do que chegada a hora de en- zido porque o tempo de uma produção
frentarmos esse debate... original não se coaduna com o tempo
estabelecido pelos organismos que defi-
A única solução, dentro da forma
nem a política da pós-graduação e com
como o jogo vem sendo jogado, é a pura e
a forma como esta política está sendo
simples extinção da área das humanidades?
percebida pela área da EF, a nosso ver,
Dentro do campo das Humanida- equivocada, a par dos equívocos con-
des, o que de fato está presente na dife- ceituais presentes nela própria.
renciação entre o que é chamado socio-
Assim, é esse debate que a EEFE/
cultural do que é chamado pedagógico?
USP, muito oportunamente, está pro-
De que forma essas duas subáreas piciando, no instante que se propõe a
da área das Humanidades na EF podem trazer para cá pessoas – profissionais, es-
sobreviver vinculando-se aos critérios tudiosos, pesquisadores, que para além
estabelecidos pela grande área da saúde? de suas pesquisas se detêm no estudo
e reflexão sobre a política educacional,
A única saída é o distanciamento, imbuídos de uma visão de área acadê-
a ruptura, com definição de programas mica necessária ao amadurecimento de
distintos: um centrado só no universo saídas para o impasse ora presente.
das biomédicas e exatas e outro no uni-
verso das humanidades? Ou existe pos- Fico envaidecido e — sem falsa
sibilidade de “casamento”? modéstia — orgulhoso de fazer parte
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