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Universidade Estadual do Piauí – UESPI

Campus Dep. Jesualdo Cavalcanti

Disciplina: Direito Constitucional I


Professor: Danilo Leoni Guedes Nogueira
Aluna(o): Josenês Rocha Eremita

HERMENÊUTICA PARA INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Nietzsche, filósofo alemão, aponta que “não há fenômenos morais, mas apenas
uma interpretação moral dos fenômenos”. Nesse sentido, as experiências de um
indivíduo são mediadas pelos seus sentidos e, em função disso, só se pode apreender
uma parte do real. Desse modo, toda compreensão que se tem do mundo, das
pessoas e das coisas é sempre baseada na individualidade do sujeito. Logo, toda
compreensão se dá em uma situação hermenêutica.
Seguindo esse raciocínio, trabalha-se também na atividade jurídica - seja do
legislador, do juiz ou do teórico do direito - os pressupostos dados pela filosofia. Assim,
chegam aos tribunais visões diferentes sobre fatos e normas aplicadas a fatos,
havendo conflitos de interpretações e fazendo-se necessário uma força objetiva.
Nessa perspectiva, ocorre uma mudança de paradigma no direito moderno: o
reconhecimento do caráter normativo, essencial para que se tenha uma sentença e
nela a interpretação correta.
A interpretação constitucional é uma modalidade de interpretação jurídica. O
conteúdo de hermenêutica jurídica compreende as técnicas que são utilizadas para
interpretação de leis ao passo que hermenêutica constitucional compreende as
técnicas que são empregadas para interpretar as normas constitucionais.
A natureza da Linguagem constitucional é aberta a interpretações múltiplas,
ainda mais pela carga valorativa da própria Constituição, nela é prevista a organização
do poder político, a definição dos direitos fundamentais e a indicação dos direitos
públicos a serem realizados, além de disciplinar o poder político, demarcando os
espaços para a cidadania. Assim, por sua supremacia indica-se a necessidade dos
três poderes a interpretarem. Diante de tal exposto, o Ministro Luís Roberto Barroso
considera prudente o conhecimento dos elementos de interpretação tradicionais,
estabelecendo menção no programa Aula Magna, veiculado pela TV justiça. São eles:
Gramatical – A partir do texto da norma, há possibilidades de interpretação. É a
moldura dentro da qual se pode escolher. Muitas críticas são feitas a esse elemento,
pois se por um lado pode ser benéfico à segurança jurídica, por outro, a interpretação
literal pode trair o real sentido da norma.
Histórico – Elemento que leva em conta a intenção do elaborador e o contexto. A
interpretação histórica se converte em interpretação evolutiva, por ser construída com
o passar do tempo.
Sistemático – Um sistema pressupõe harmonia, portanto as normas não podem
entrar em colisão, observando os seguintes pontos:
• Hierarquia – Uma norma superior prevalece uma norma inferior.
• Temporalidade – Quando duas normas entram em rota de colisão, a lei
posterior revoga a lei anterior.
• Especialização – Norma especial prevalece sobre a norma geral.
Teleológico – Interpreta-se a lei para realizar os propósitos nela contidos.
Compreende-se, portanto, o ponto de observação do interprete como sendo o
que fará a diferença no que se pode entender como correto. Os casos concretos
exigem uma atividade criativa e argumentativa do juiz para produzir a solução
constitucionalmente adequada em exemplos como colisão de direitos fundamentais,
polissemia dos termos jurídicos e desacordo moral razoável, configurando então, o
modelo tradicional como insuficiente para resolver uma grande maioria de casos do
mundo contemporâneo, pois não podem ser resolvidos pela metodologia de
enquadramento dos fatos em uma regra. A solução não está pronta na norma, apenas
um início no qual deve ser construído pelo juiz. A norma é construída com o caso
abstrato em uma determinada situação depois de extrair os fatos relevantes do caso
concreto.
Por fim, observa-se que o ambiente, o papel da norma, do problema, e do
interprete mudam. Essa dificuldade não é criada pelo direito ou a interpretação, mas
sim a complexidade e o pluralismo da vida moderna que contribuem para a
insegurança jurídica e a ascensão no papel do intérprete.

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