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D.

SANCHO I
Da formação à consolidação do «Estado». Um reinado de defesa e consolidação. A associação ao trono.
Reacções dos Almóadas e respostas portuguesas. As campanhas muçulmanas de 1184 e 1191. A luta com
Leão.

HISTÓRIA MEDIEVAL DE PORTUGAL


© José Varandas
UM REINADO DE DEFESA E DE REORGANIZAÇÃO

 A conjuntura e as grandes opções na política peninsular cristã.


 Relação de forças entre as duas principais potências (Leão e Castela).
 Independência de Portugal fortalece-se com aquelas divergências.
 Desastre de Badajoz coincide com uma nova viragem na estrutura política muçulmana.
 Fragmentação do Império Almorávida (2as Taifas) / Facilidades no avanço cristão.
 Implantação de um novo império em Marrocos (1147 - Ibn Tamart = Almóadas, fanáticos).
 Ideia de unitarismo (político, religioso, económico, etc.).
 Forma agressiva na unidade política: absorção das taifas.
 Fortalecimento das fronteiras com os cristãos.
 Ofensiva contra cidades cristãs (Coimbra).
 Supremacia no Andaluz e problemas no lado cristão: menoridade de D. Afonso VIII (1158-1169).
 Guerra civil em Castela pela tutoria do rei (Laras e Castro).
 1173-1177, D. Afonso VIII inicia guerra com Navarra.
 Ataques almóadas sobre a Estremadura portuguesa e espanhola em 1174.
 Almóadas tomam Cidade Rodrigo.
A ASSOCIAÇÃO AO TRONO

 Desastre de Badajoz e perigo almóada.


 D. Afonso Henriques toma uma atitude defensiva.
 Fixa-se definitivamente em Coimbra.
 1170, 16 anos de D. Sancho (armado cavaleiro - Anais Conimbricenses).
 Recebe comando das operações militares.
 Antes (1169) príncipe tem casa própria, c/ 1 mordomo e 1 alferes (diferentes dos do rei).
 1172, desaparecem o mordomo e o alferes do rei, figuram só os do príncipe.
 Sinal de que assume a chefia do estado.
 O rei limita-se só a assinar diplomas e a possuir a administração do território.
 O príncipe detém só a chefia militar.
 1174, D. Sancho I casa c/ D. Dulce de Aragão, filha de Raimundo Berenguer IV.
 Acentuação na posição de chefia do estado.
 Política de aproximação aos reinos peninsulares, com esta união.
 Oposição a Castela e Leão.
REACÇÕES ALMÓADAS E RESPOSTAS PORTUGUESAS
AS CAMPANHAS MUÇULMANAS DE 1184 E 1191

 Investidas almóadas preocupantes: 1174, atacam Leão (ataques à Estremadura portuguesa e leonesa).
 Ataques a Santarém e Tomar ameaçam o vale do Tejo.
 1175, tomam Beja: propósitos ofensivos e defensivos, oposição face a Évora.
 Afonso I e Sancho I apoiam a formação em Évora de uma Ordem Militar (como as de Cáceres e Alcântara).
 Fundador é Gonçalo Viegas de Lanhoso (mordomo de D. Teresa e governador de Lisboa e Estremadura).
 1178, organização de uma grande expedição militar ao Sul, para mostrar a força portuguesa aos mouros.
 Comandada por Sancho I, destrói os arredores de Sevilha.
 Não é um fossado tão ameaçador como o aponta a Crónica de 1419.
 Nem nele tomam parte todos os ricos-homens referidos nela - No regresso atacam Beja.
 Irritação dos Almóadas - Envolvimento de milícias concelhias e freires militares (Alentejo, zona de marca).
 Acção das ordens Militares: conotação religiosa / Árabes também as possuem.
 1170, Templários são reforçados por 2 novas Ordens: Évora (regras de Calatrava) e Santiago.
 Cidades de Lisboa e Santarém com novos forais, por causa do perigo almóada / Mais privilégios.
 Estimulação da economia e organização municipal.
 Tentativa de fixação de populações e atracção de novos moradores (defesa).
 Agressividade almóada causa mutação nas relações entre os reinos cristãos.
 Falhanço da tentativa de coordenação política sob a égide de Leão/Castela (morte de Afonso VII).
 Rivalidade e guerra entre Leão e Castela.
 Equilíbrio de forças políticas nacionais (5 reinos).
 Necessidade de criar uma frente comum contra o Islão (sucessivos tratados sobre a partilha do território mouro).
A BULA MANIFESTIS PROBATUM

 Rivalidades eclesiásticas em torno da supremacia de Toledo.


 Igreja faz da necessidade, virtude - Supremacia de Toledo como ideia obsoleta.
 Independência de Portugal é um facto consumado (Bula Manifestis Probatum, 1179).
 A Igreja já não perfilha da ideia de centralismo político na Península, na guerra contra o mouro.
 Pretende antes o fortalecimento dos diversos reinos.
 Hostilidades militares entre Portugal e Leão, coincidem com o ataque de Castela a Leão (acordo?).
 Sancho derrotado em Arganal / Castela é contida com o Tratado de Medina de Rioseco (1181).
 Ataques muçulmanos ao vale do Tejo (Abrantes).
 Ataques constantes a Évora (transferência para lá de Mem Soares Estrema).
 Ataques por mar a Lisboa e costa, prenunciam operação militar de envergadura.
 Cerco de Santarém (Crónica de Radulfo de Diceto).
 Portugueses auxiliados por forças galegas sob o comando do Arcebispo de Compostela.
 Auxílio de tropas leonesas de Fernando II - Lento avanço dos árabes permite defesa portuguesa.
 Incursão de 1191 na Estremadura / Cerco de Torres Vedras / Morte de Afonso Henriques (1185).
 Fuga das gentes de Coimbra para Norte / Principal defesa entregue às Ordens Militares.
 Sancho faz-lhes muitas concessões / Procura atrair habitantes às zonas de fronteira.
 Concede forais a vários lugares da Beira / Segurança da fronteira leonesa e muçulmana.
 Primeiros anos do reinado marcam uma atitude mais ofensiva que defensiva.
 Morte de Fernando II de Leão traz esperança.
 Sucessor Afonso IX (filho da infanta portuguesa Urraca Afonso) junta-se a Portugal na guerra contra os mouros.
A BULA MANIFESTIS PROBATUM

 1187, queda de Jerusalém (Saladino); cristandade galvanizada / 1189, ataque de cruzados a Silves.
 Reacções almóadas e cristãs ataques e contra-ataques.
 Problemas de fixação e manutenção de zonas de exploração económica.
 Espaço português reduz-se (a Sul do Tejo só possui Évora).
 1212, batalha de Navas de Tolosa / Reino dividido entre o medo e a necessidade de lutar.
 Esforço ideológico para acentuar a incompatibilidade entre a fé cristã e o credo muçulmano.
 Décadas de 80/90 de imensa produção literária portuguesa sobre o tema da cruzada e guerra santa.
 Até esta altura a luta contra os Árabes na Península não estava fanatizada.
 Influência franca destrói a perspectiva moçárabe: intransigência dos dois lados.
 Imperialismo cristão medieval suportado por escritos ideológicos e teológicos, produzidos por Roma.
 Não há distinção entre moçárabes e mouros.
 Discussões entre cruzados estrangeiros e soberanos peninsulares.
 Canção de Rolando # Cantar de Mio Cid.
 Almóadas declaram Guerra Santa - Criam fortalezas-mosteiro (ribat).
 Espírito de cruzada patente em textos de Santa Cruz de Coimbra.
 Fora dos meios eclesiásticos o espírito de cruzada não é significativo.
 Não existe no Cantar de Mio Cid nem na Gesta de Afonso Henriques.
 D. Sancho I dá mais importância a problemas internos do que ao espírito de cruzada.
A LUTA CONTRA O REINO DE LEÃO

 Menos importante do que a guerra contra os Almóadas.

 É uma guerra de delimitação de fronteiras; de fidelidade de vassalos; de dotes de princesas.

 A consciência de nação é praticamente inexistente / Forças equivalentes.

 2 períodos quentes de guerra aberta: 1180 e 1197/1199.

 Acordos com o rei de Castela Afonso VIII, que ataca Leão.

 Questões por causa do repúdio de Urraca Afonso: divórcio em 1175 por imposição papal (cardeal Jacinto).

 Rei de Portugal reclama por causa das possessões que Urraca deveria manter.

 Disputa sobre a região de Ribacôa: 1174, carta de couto a Stª Maria de Aguiar por Afonso I.

 1180, Sancho ataca, a partir daqui, Leão (derrota de Arganal) / Posição portuguesa no Ribacôa insustentável.

 Sancho desiste / Paz entre Leão e Castela / Ameaça Almóada / Perigo de guerra em duas frentes.

 Anos 90, boas relações com Afonso IX (filho de Urraca Afonso).

 Conta com o apoio português para combater os rivais.


A LUTA CONTRA O REINO DE LEÃO

Aliança com Portugal (casa com D. Teresa Sanches, filha de Sancho).


 Problemas legais: são primos direitos e Afonso IX nasceu de um casamento dissolvido.
 Razões políticas mais fortes que o cumprimento das regras eclesiásticas.
 Casamento como aliança contra Castela, reforçada acordo entre Leão, Portugal e Aragão (Huesca/1191).
 Casamento de Sancho com Dulce de Aragão leva a isto / Acção de Castela: indirecta mas eficaz.
 Influência o Papa para declarar o casamento dos dois primos incestuosos.
 Dissolução é lida pelo legado de Celestino III, em Salamanca, Guilherme de Stº Angelo.
 Esposos não acatam a decisão e coabitam até 1196 (excomungados e interditados).
 Acordos precários de paz entre Leão e Castela; Leão e Portugal.
Abertura das hostilidades nas fronteiras da Beira até 1199.
 Sancho I e Afonso VIII aliados contra Afonso IX de Leão .
 Problema do matrimónio com Teresa (interdição de Roma).
 Leão faz acordo com Almansor e Navarra
 Paz com Inocêncio III.
AS CONQUISTAS DE ALVOR E DE SILVES

 1187, queda de Jerusalém (Saladino).


 Morte de Urbano III e Gregório VIII.
 Clemente III, nova Cruzada.
 Participação de Sancho I?
 Ameaça no Algarve e utilização de cruzados.
A INVASÃO DE ALMANSOR E AS MEDIDAS DE POVOAMENTO DE D. SANCHO I

 1190-1191, cerco de Tomar e Santarém.


 Carências dos árabes e Reconquista do Alentejo e do Algarve.
 Cognome de Povoador.
 Fixação de populações: 50 cartas de foral (Estremadura - Beira - Trás-os-Montes).
 Fixação de regras de vida comunitária.
 Fomento da economia.
DISSÍDIOS COM O CLERO

 Firmeza do poder real face a privilégios e imunidades eclesiásticas.


 Tentativa de fuga ao imposto a Roma (2 marcos de ouro).
 Acção do chanceler Julião Pais (vai até ao reinado de D. Afonso II).
 1198, vinda de um legado papal: deve 504 morabitinos (20 anos de atraso).
 Conflito com o bispo do Porto.
 Papa ameaça excomunhão.
 1208, conflito reacende-se: casamento de D. Afonso com D. Urraca de Castela.
 Porto não os recebe, o bispo interdita a cidade.
 Inocêncio II manda excomungar D. Sancho I, através do bispo de Zamora.
 Conflito com o bispo de Coimbra, D. Pedro Soares.
 Fomes, pestes e distúrbios sociais.

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