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O legado dos

Pré-Reformadores
“E até importa que haja heresias entre vós, para que
os que são sinceros se manifestem.”
1 Coríntios 11:19
❖ Pré Reformadores
fim de encontrar um ancestral, do qual descende o brado da reforma, eu busquei entre
aqueles os quais protestaram os abusos e erros da fé romana. Entre esses - segundo
historiadores - há duas gerações de reformadores, a primeira encabeçada pelo alemão
Martinho Lutero e a segunda com francês João Calvino;

Mas entre os pré-reformadores, pode-se dizer que também há duas gerações, a segunda geração, é
mais conhecida, com boêmio John Huss, o inglês John Wycliffe, e o italiano Jeronimo Savonarola;
mas também há uma primeira geração de pré-reformadores na qual vou discorrer o estudo, e esses
são: Pedro Abelardo, Arnaldo da Brescia, Pedro de Bruys, Henrique de Lausanne e Pedro Valdo.

Tido por primeiro desses, me deparei com a figura de Pedro Abelardo, qual mesmo que não tenha
hasteado a causa da reforma diretamente, tal não deixou de contribuir com seus ensinos,
inspirando seus sucessores a essa empreita. Tanto que Bernardo de Claraval, o condenou por isso,
dizendo que este induzia os estudantes ao suposto erro.

CONTENTS
Pré Reformadores Reformadores
1ª Geração 1ª Geração
❖ Pedro Abelardo ❖ Martinho Lutero
❖ Arnaldo da Brescia ❖ Philip Melanchton
❖ Pedro de Bruys ❖ Ulrico Zwingle
❖ Henrique de Lausanne
❖ Pedro Valdo 2ª Geração
❖ John Calvino
2ª Geração ❖ John Knox
❖ John Huss
❖ John Wycliffe
❖ Jeronimo Savonarola
Pré Reformadores
Pedro Abelardo (1079-1142 d.C.)
❖ Teólogo, Filósofo Escolástico e Mestre
❖ Condenado, apelou para o Papa
❖ Morto a caminho de Roma
edro Abelardo – 1079-1142 d.C.
❖ Havia iniciado sua carreira acadêmica como filósofo, onde tornou-se mestre, mas após ser desafiado por alguns
de seus discentes a respeito de questões de fé, aplicou-se a ciência de Deus, tornando-se teólogo. (Coleção
Pensadores da Editora Abril Cultural no Vol. VII – Livro: História de minhas calamidades.)
❖ Abelardo, ficou bastante conhecido pelo seu impróprio romance com sua aluna Heloisa, paixão da qual lhe
custou muito, Abelardo foi vitima de um motim, onde o tio de Heloisa o castrou; Ambos após o fato, fizeram o
voto monástico, e se encaminharam cada qual para seu ambiente, ele a um mosteiro e ela ao convento. (Biblioteca
de Obras Celebres, Vol. VII – História Biográfica da Filosofia: Abelardo e Heloisa, pelo escritor inglês Jorge Henrique Lewes.)
❖ Segundo a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, no artigo de Robert D. Linder: “Se não fosse seu romance e
casamento trágico com a bela e talentosa Heloisa, sem duvida, Pedro Abelardo teria sido o pensador dominante do seu século;
visto que foi o principal representante de uma nova escola de teólogos especulativos, sendo assim um dos pioneiros do
escolasticismo medieval.” - preparando caminho para a obra de Tomás de Aquino.
❖ Como mestre, Abelardo ensinou aos seus discentes uma análise crítica da realidade, “o seu propósito era demonstrar
que o individuo tem o direito de fazer suas próprias investigações e de meditar” (Champlin, R. N. Enciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia, Vol. I, pág. 7) o que contribuiu para que esses se atentassem a deplorável condição eclesiástica
de seu tempo e as questionasse.
❖ Fora deste modo, indireto, que Abelardo se tornou legatário a figuras, como Arnaldo da Brescia e Pedro de
Bruys (em algum nível), os quais exerceram significativa influência em movimentos pré-reforma.
Pré Reformadores
Arnaldo de Brescia (1090-1155 d.C.)
❖ Cônego Regular e Monge Agostiniano
❖ Exilado por três vezes e encarcerado
❖ Enforcado por ordem papal
rnaldo da Brescia – 1090-1155 d.C.
❖ Aos vinte e cinco anos, Arnaldo tornou-se cônego agostiniano. Em Paris, foi ensinado pelo Pedro Abelardo por
meio do qual, aplicou-se avidamente a literatura patrística. Muito do que pregou, foi influencia direta de seu
mestre. “Arnaldo da Bréscia introduziu um novo gênero de guerra. De volta a Itália, depois de ter estudado em Florença, na
escola de Abelardo, tomou o habito religioso e começou a popularizar as ideias de seu mestre, atacando os costumes do clero.
Excelente orador, era avidamente escutado” (Cesare Cantú, História Universal - Magistra Vitae; Vol. XIV, Pág. 131.)
❖ Arnaldo ficou conhecido pelo seu apoio e participação na Comuna de Roma (1144-1193), um movimento
romano antipapal e autonomista (constituição do Município de Roma ou Renovatio Senatus); “Ele ficou irritado com
os envolvimentos temporais do papado e teve um papel de liderança na tentativa de estabelecer uma república democrática”
(Everett Fergusson, História da Igreja, Vol. I, Pag. 605). Celebrado como herói anticlerical vitima de uma imperador
alemão; tornou-se, pela cultura secular, mártir do livre pensamento, razão qual, foi erigido um monumento na
Brescia em sua memória.
❖ “O abade instou para que a Igreja entregasse suas terras e seu domínio secular ao Estado e retornasse à pobreza e à
simplicidade da Igreja primitiva, pois a verdadeira Igreja e seus ministros, disse ele, devem abster-se da riqueza e poder anulam
a salvação” – (Shelley, Bruce L., História do Cristianismo, cap. XX, pág. 232).
❖ Além da ênfase na separação entre Igreja e Estado, também negava veementemente o pedobatismo, acreditava
no sacerdócio universal, negando distinção entre clérigos e leigos, isto é, que a pregação deveria ser estendida para
todos, assim como a confissão auricular deveria ser praticada de fiel a fiel, sem necessidade de ser ordenado
sacerdote, pregou a invalidade dos sacramentos quando administrados por ministros falhos. (Enciclopedia Treccani
e Dizionario di storia, Istituto dell’Enciclopedia Italiana. Sobre Arnaldo de Brescia. 1929.)
Pré Reformadores
Pedro de Bruys (1085?-1131 d.C.)
❖ Mestre e Padre Católico
❖ Excomungado, tido por heresiarca
❖ Assassinado (queimado vivo)
edro de Bruys – 1085?-1131 d.C.
❖ Padre católico que desafiava, sob inexorável disposição, a Igreja Romana; após condenado e proibido de pregar,
recusa-se a obedecer e continua como pregador itinerante; mesmo que não tenha evidencia suficiente para julgar
sua relação com Abelardo; Cesare Cantú infere que Pedro de Bruys, se não influenciado diretamente pelo
mesmo teor de motivação com qual aspirava Abelardo e Arnaldo: “novas heresias pulularam nas escolas, à voz de
Abelardo e de vários outros mestres. [...]”, no fim, a coincidência os une no mesmo brado: “[...] o abuso da dialética
recomeçou, como no tempo de Sócrates, a fazer conceber uma orgulhosa ideia do poder individual; do que resultou que,
achando-se reduzidas a virtude e a verdade a puras formas de raciocínio, cada um julgasse poder fazer e desfazer as religiões”.
(Cesare Cantú, História Universal - Magistra Vitae; Vol. XV, Pág. 50.)
❖ Pedro, condenou o pedobatismo; rejeitou a doutrina da transubstanciação; dizia ser desnecessário a construção
de templos; recusou o purgatório e condenou a oração pelos mortos; pregou a iconoclastia, negando o uso e
valor no símbolo da cruz. (Pedro de Cluny, Patrologia Latina, Vol. 189: Tratado contra Petrobrussianos).
❖ Creio que se encerrasse por aqui, Pedro cunharia seu nome entre os legatários protestantes, visto que muitos
desses pontos tiveram eco entre os reformadores, e foram debatidos, considerados, e por alguns, foram tido por
plausíveis. Porém, Pedro enredou-se a um extremismo desmedido, a acabou por negar o Novo Testamento, pois
pôs-se em duvida acerca de sua origem apostólica; questionou o Antigo Testamento e tomou por inútil os
ensinos da patrística. (Dicionário Oxford da Igreja Cristã, 3ªEdição, pág. 1264.)
❖ Além de crerem em tudo isso, seus sequazes, os petrobrussianos, também negaram o celibato clerical e a música
para o órgão. (Bredero, Adrian H. Cristandade e Cristianismo na Idade Média.)
Pré Reformadores
Henrique de Lausanne (1086?-1131 d.C.)
❖ Monge Cluniacense e Diácono
❖ Expulso e Excomungado
❖ Expirou no cárcere
enrique de Lausanne – 1086?-1131 d.C.
❖ Após ser convertido por Bernardo de Claraval (Cesare Cantú, História Universal - Magistra Vitae; Vol. XV, Pág. 51.),
tornou-se monge de Cluny e diácono de LeManse.
❖ A partir de 1135 discipulou-se por Pedro de Bruys, porém, diferente daquele, esse possuía uma fervorosa
aceitação do Novo Testamento; mas do restante, hasteava o mesmo lábaro: enfatizou a penitência, negou a
intercessão dos santos, rejeitou o clero, os sacramentos (principalmente do matrimônio), condenou segundo
casamento, as fontes externas da religião; negou o sacrifício da missa (juntamente com transubstanciação), a
confissão aos sacerdotes (auricular), a oração pelos mortos (purgatório), o pecado original (consequentemente o
pedobatismo) e desconsiderou a necessidade de templos da igreja. (Everett Fergusson, História da Igreja, Vol. I, Pag.
604.) Se opôs à reforma gregoriana (que acabava de impor aos clérigos uma forma mais rígida de celibato).
❖ “Henrique era um pregador itinerante. Asceta alto e carismático, com longa barba e cabelos compridos. Sua voz era sonora e
seus olhos cintilavam como flama. Ele andou descalço, precedido por um homem carregando um cajado encimado por uma
cruz de ferro; dormia no chão nu e vivia de esmola.” (Enciclopédia Britânica. Vol. 13; 11ªEdição, pág. 298-299.)
❖ Para Jacques Basnage de Beauval, Henrique de Lausanne foi um dos patriarcas da Reforma, um dos precursores
do protestantismo pela necessidade de tomar as Escrituras como regra de Fé, sem se enredar com tradições.
(Dezobry e Bachalet. Dicionário de Biografias, Tomo I, pág. 1301.)
Comparando Ensinos
Arnaldo da Brescia Pedro de Bruys Henrique de Lausanne
Consonância com a Fé Reformada Consonância com a Fé Reformada Consonância com a Fe Reformada
❖ Sacerdócio Universal ❖ Contra Transubstanciação ❖ Escrituras como regra de Fé
❖ Recusou o purgatório ❖ Contra intercessão dos santos
Semelhança com a Congregação Cristã
❖ Contra oração pelos mortos ❖ Contra sacramento (casamento)
❖ Separação entre Igreja e Estado
❖ Contra a Missa
❖ Contra Pedobatismo Semelhança com a Congregação Cristã
❖ Contra Transubstanciação
❖ Ordenação leiga ❖ Contra Pedobatismo
❖ Contra oração pelos mortos
❖ Recusou o purgatório
❖ Contra oração pelos mortos Semelhança com a Congregação Cristã
Observações: ❖ Negou o uso da cruz ❖ Escrituras como regra de Fé
❖ Na fé reformada, há possiblidade de envolvimento ❖ Desconsidera a patrística ❖ Contra intercessão dos santos
entre igreja e Estado, porém quando a atuação ❖ Contra celibato clerical ❖ Rejeita o clero
eclesiástica se dá no âmbito de aconselhamento.
❖ Contra sacramento (casamento)
❖ O pedobatismo é sustentado pelos luteranos e
presbiterianos.
❖ Contra Transubstanciação
❖ A patrística é útil para o ensino, mas não é tido ❖ Contra confissão auricular
❖ Entre as igrejas de fé reformada, há ordenação
leiga, porém isso não dispensa preparo teológico. por inerrante entre os protestantes. ❖ Contra oração pelos mortos
❖ Entre as igrejas reformadas, a cruz é digna de ❖ O celibato clerical é tido por concessão e não ❖ Contra Pedobatismo
valor, mas não é adorada. imposição entre as igrejas reformadas. ❖ Contra celibato clerical
Conclusão
ela análise de suas pregações, notamos uma consonância significativa
entre suas doutrinas; de modo que podemos dizer, que encontramos assim,
uma sucessão ininterrupta de gerações que se prestaram a propagar a verdade, isto
é, os precursores de uma tradição ortodoxa.

Talvez, pela correspondência de tais ensinos, podemos ponderar sem


dislate, que tais se fizeram legatários de nossos dogmas, isso digo, não referindo a
questões de natureza bíblica, antes de aspecto adiáfora, dado o fato que sempre se
concluiu proposições por aquilo que se infere, logrando axiomas frutos de um
labor exegético próprio.

Pesquisa: Ariel Placidino Silva
Edição: Ariel Placidino Silva
Diagramação: Ariel Placidino Silva
Narração: Ariel Placidino Silva

Grato!
Texto: Ariel Placidino Silva
Trilha Sonora: “Veni Veni Emanuel”
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