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E O TAL DO DECRETO CONTRA O COMUNISMO???

Decretum Contra Communismum


Em 1949...
S.S. o Papa Pio XII
Decreto do Santo Ofício de 25 de junho de 1949*

Foram feitas quatro perguntas à Suprema Sagrada Congregação (listadas a seguir). Os Eminentíssimos e
Reverendíssimos Padres, responsáveis pela proteção da fé e da moral, tiveram o voto dos Consultores, na
reunião plenária de 28 de junho de 1949, e responderam decretando:
Q.1 Acaso é lícito (ao católico) dar o nome ou prestar favor aos partidos comunistas?
R. Não; o comunismo é de fato materialista e anticristão; embora declarem às vezes em palavras que não
atacam a religião, os comunistas demonstram de fato, quer pela doutrina, quer pelas ações, que são hostis
a Deus, à verdadeira religião e à Igreja de Cristo.
Q. 2 Acaso é lícito publicar, propagar ou ler livros, diários ou folhas que defendam a ação ou a
doutrina dos comunistas, ou escrever nelas?
R. Não, pois são proibidos pelo próprio direito (CIC n.1399).
Q. 3 Os cristãos que realizarem consciente e livremente ações conforme os n°s 1 e 2 podem ser
admitidos aos sacramentos?
R. Não, segundo os princípios ordinários que determinam a recusa dos Sacramentos àquele que não tem
a disposição que lhes é requerida.
Q. 4 Se os fiéis de Cristo, que declaram abertamente a doutrina materialista e anticristã dos
comunistas, e, principalmente, a defendem ou a propagam, ipso facto caem em excomunhão
('speciali modo') reservada à Sé Apostólica?
R. Sim.

EVOLUÇÃO, ALTERAÇÕES E SITUAÇÃO ATUAL


Em 1966, o Papa Paulo VI aboliu o Index Librorum Prohibitorum [13], bem como os
cânones 1399 e 2318 do Código de Direito Canónico de 1917, que respectivamente proibia ipso
iure certos livros e impunha penas aos infractores das leis de censura e de proibição de livros.
Com isto, o ponto 2 do decreto de 1949 deixou de ter efeito. Mas, apesar da abrogação do cânon
1399 e da absolvição das penas impostas pelo cânon 2318 (também abrogado), o Santo Ofício
relembrou o valor da eterna lei moral que proíbe absolutamente os católicos de pôr em perigo a
fé e a moral.
Por fim, em 1983, o Código de Direito Canónico de 1917, no qual se baseou os decretos contra o
comunismo, foi abrogado (REVOGADO) pelo novo Código de Direito Canónico, publicado
pelo Papa João Paulo II em 1983. No cânon 6 do novo Código, está explicitado que, "com a
entrada em vigor deste Código, são ab-rogados: o Código de Direito Canónico promulgado no
ano de 1917; as outras leis, quer universais quer particulares, contrárias às prescrições deste
Código, a não ser que acerca das particulares se determine outra coisa; quaisquer leis penais,
quer universais quer particulares, dimanadas da Sé Apostólica, a não ser que sejam recebidas
neste Código; as outras leis disciplinares universais respeitantes a matéria integralmente
ordenada neste Código. Os cânones deste Código, na medida em que reproduzem o direito
antigo, devem entender-se tendo em consideração também a tradição canónica.”
Catecismo da Igreja Católica

No Catecismo a Igreja rejeita as IDEOLOGIAS TOTALITÁRIAS, ou seja, sistemas políticos


onde todos os poderes se centram em apenas um grupo de pessoas ou em apenas uma pessoa
(DITADURAS). Ainda lembra que estas ideologias nos tempos modernos estavam associadas ao
comunismo e ao socialismo. Na sequência há uma fala sobre o Capitalismo.
Sendo assim, nota-se que a finalidade deste canôn é mostrar que essas IDEOLOGIAS
TOTALITÁRIAS são abominadas pela Igreja, sejam elas em qualquer sistema econômico, seja no
comunismo, socialismo ou ainda no capitalismo, como por exemplo, foram as Ditaduras Militares
na América Latina.

RESUMINDO: Segue um pequeno trecho:

Aplica-se a excomunhão ao católico que adere ao comunismo?


A resposta à pergunta estampada no título deste artigo é peremptoriamente NEGATIVA. Não
está mais em vigor o anátema do assim chamado "decretum contra communismum", emanado
pelo então Santo Ofício em 1.º/7/1949. O atual código canônico (CIC), promulgado em 1983 por
são João Paulo II, não pune com excomunhão o católico que adere ao comunismo ou se inscreve
em agremiação comunista ou filo-comunista. Assim, o referido decreto foi tacitamente revogado
pelo código vigente que, no cânon 6.º, determina o seguinte:

“§1.º Com a entrada em vigor deste código, são ab-rogados:


(...)
3.º quaisquer leis penais, universais ou particulares, dadas pela Sé Apostólica, a não ser
que sejam acolhidas neste código”.

Edson Luiz Sampel


Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo (da Arquidiocese de São Paulo)
PARA MAIORES INFORMAÇÕES SEGUE O LIK DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANONISTAS
https://www.infosbc.org.br/site/artigos/3737-aplica-se-a-excomunhao-ao-catolico-que-adere-ao-
comunismo
FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANONISTAS.

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