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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

3ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO LUÍS / MA

Processo nº 2008.37.00.008909-0

JOSÉ RIBAMAR DE FRANÇA PEREIRA , conhecido no meio artí sti co como JOSÉ
PEREIRA GODÃO e ZP CRIAÇÕES ARTÍSTICAS LTDA ., já qualifi cados nos autos da
AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS CUMULADA COM
OBRIGAÇÃO DE FAZER em epígrafe referenciada, ajuizada em face da UNIÃO , por
seus advogados abaixo assinados, vêm, respeitosamente, no prazo legal,
apresentar alegações fi nais, nos termos a seguir aduzidos.

1. Primeiramente cabe observar a correta exegese desse MM Juízo, que deferiu a


tutela antecipada (fl s. 265/266), deduzido que não existe razão plausível para
justi fi car a denominação “Operação Boi Barrica”, que, sem sombra de dúvidas,
refl eti u – e ainda vem refl eti ndo – negati vamente na imagem dos Autores e em
suas ati vidades.
2. Verifi ca-se que após aditar a peti ção inicial para fi ns de explicitar melhor os
pedidos formulados na exordial (fl s. 282/284), Vossa Excelência deferiu
parcialmente a extensão da tutela (fl s. 308/3010), apenas para publicar nos
jornais apontados pelos Autores.
3. Assim, não obstante a Ré ter cumprido aquela determinação, os Autores
requereram a reconsideração da decisão antecipatória para que houvesse
deferimento integral da tutela pleiteada , haja vista que o Departamento da
Policia Federal uti lizou de lacuna da decisão para publicar nota de tamanho
irrisório, sem qualquer notoriedade, na parte dos classifi cados dos jornais, não
surti ndo efeitos sequer internamente, pois no próprio site da Polícia Federal
consta o nome da operação “Boi Barrica”. Vale frisar que tal pedido encontra-
se pendente de apreciação.
4. No que tange à contestação, a União não rechaçou os fatos consti tuti vos da
ação – denominação criada pela Polícia Federal de “Operação Boi Barrica”.
Apenas limitou-se a arguir a ilegiti midade do primeiro demandante e afi rmar
que os fatos descritos na inicial consti tuíram mero dissabor, não sendo,
portanto, indenizáveis.

Avenida Colares Moreira, Quadra 28, n0 07, Centro Empresarial Vinícius de Moraes, salas 508/509, Calhau.
São Luís-MA, CEP 65075-441, fone-fax (98) 3235-2895 / 3227-7299; contato@walneyabreu.com.br
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5. Afi nal, o que disseram os réus que pudesse de alguma maneira infi rmar as
alegações do autor? Nada, absolutamente nada. Por outro lado, os Autores
replicam destruindo as falácias produzidas pela Ré (fl s. 454/468), alicerçando
seus fundamentos nas seguintes premissas:
I – A expressão Boi Barrica representa uma manifestação cultural
do estado do Maranhão, inclusive registrada no INPI, sob o nº
816659800, sendo o primeiro requerente (Godão) o seu
verdadeiro criador e principal organizador, já a segunda
demandante (ZP Criações) detentora dos diretos sobre uso da
marca;
II – A Operação Boi Barrica investi ga empresários, ou seja, os
Autores sequer são citados no inquérito policial, por isso é
anti jurídica e ilegal a referida atribuição jocosa e marqueteira;
III – A vinculação do Grupo à operação policial repercute
negati vamente, inclusive na reputação de seu criador, causando
aos Autores sérios prejuízos de ordem moral e material;
IV – A nota miúda divulgada pela Policia Federal não surti u
efeitos esperados, pois os jornais e até mesmo no site da própria
PF consta o nome originário da Operação;
V – Os malefí cios causados ao Grupo afastou patrocinadores e
apoiadores. Daí porque a necessidade desse r. Juízo deferir
integralmente a tutela antecipada, nos termos dos pedidos
delineados nas fl s. 282/283.

6. No que tange à Audiência de Instrução, se pode observar que todas as


testemunhas são pessoas notórias, da mais alta credibilidade no meio cultural,
inclusive ex-Secretários de Cultura do Estado do Maranhão, cujos seus
depoimentos se compati bilizam com as asserti vas dos demandantes.
7. O depoimento do primeiro requerente foi claro e convincente. Provou que foi
ele próprio o criador da Cia Barrica, cuja marca encontra-se registrada no INPI.
Enfati zou os abalos signifi cati vos à sua imagem e do Grupo, e o quanto é
constrangedor “quando tem que procurar um apoiador ou patrocinador, pois
que inicia a conversa tentando defender o nome do grupo, dizendo que nada
tem haver com a Operação noti ciada nos jornais. ”
8. Demonstrou, também, sua tentati va hercúlea de restaurar a imagem de
folguedo e resgatar os patrocinadores, pois como a Nota publicada pela Polícia
Federal não surti u efeitos, este foi obrigado a distribuir folders nas
apresentações e noti fi car judicialmente jornais de grande circulação
informando que o nome da operação havia mudado para “Factor”, solicitando
para que não fi zessem mais publicações com a nomeação anti ga.
Lamentavelmente nada adiantou, pois os jornais conti nuam uti lizando a
expressão “Operação Boi Barrica”.

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9. O depoimento da testemunha Jomar da Silva Morais veio apenas confi rmar
que “Godão foi o criador do Barrica e, inclusive, é o próprio Godão que é o
principal autor das músicas e poesias do Barrica ”. Ademais, ressaltou que
apesar de ser leitor de jornais maranhenses e de outros estados, não percebeu
qualquer informação de que a operação Boi Barrica havia mudado de nome,
notadamente o próprio jornal Estado de São Paulo conti nua referindo-se à
investi gação como Operação Boi Barrica.
10. O depoimento da professora universitária e cenógrafa Nerine Lobão Coelho ,
corroborou com o depoimento anterior, confi rmando que Godão seria o criador
do folguedo, principal organizador, responsável permanente, arti culador e
incenti vador, cuja “história do Grupo Barrica é contada em um livro de autoria
do próprio Godão, sendo que nele consta o nome de pessoas que presenciaram
o acontecimento.” Outrossim, enfati zou que, a parti r da notí cia da Operação, o
Grupo foi ferido mortalmente em termos de imagem, pois os projetos do
Barrica dependem do fi nanciamento de patrocinadores e quaisquer
informações que se venha colher na internet sobre o nome Barrica terá como
primeiros resultados as informações da Operação Policial.
11. Igualmente, a depoente ressaltou que embora seja assinante do jornal
Imparcial, não fi cou sabendo da alteração do nome da Operação por meio de
jornais ou da televisão, e quem lhe falou sobre alteração foi o próprio Godão.
12. Por sua vez bem elucidati vo é o depoimento da folclorista e Mestre em
cultura Francisca Ester de Sá Marques . Conforme afi rmou, a depoente tomou
conhecimento da alteração do nome da operação pelo próprio Godão.
Contudo, os efeitos nocivos daquele ato conti nuaram, pois “hoje por mais que
o grupo tente desfazer o nome da operação não é possível, pois que se espalha
por novas tecnologias, como twitt er, blog, etc.”. Ademais, afi rma
categoricamente que, “ em conversa com Godão ele falou para depoente, que
em razão do nome da operação, houve refl exos fi nanceiros negati vos para o
grupo, principalmente com relação a patrocínios para viagens e parti cipação
em eventos ”.
13. No que tange ao depoimento do músico e pesquisador Claudio Pinheiro , este
sublinhou que “ a vinculação do nome Boi Barrica à Operação fere o direito
moral e autoral do autor. Que uma noti cia negati va para um grupo como este
difi culta o carreamento de recursos para seus projetos.”
14. Assim, todos os depoimentos das testemunhas serviram para corroborar com a
afi rmati va de que toda vida José Pereira Godão se encontra umbilicalmente
ligado ao Barrica, de maneira que não se sabe onde termina a identi dade do
Barrica e onde começa a de Godão.
15. Portanto, se o BARRICA hoje se encontra, lamentavelmente, associado a
parti cipação em crimes, tais atos, inexoravelmente se vinculam a uma pessoa,
uma vez que haveria de existi r alguém, que atuasse na práti ca desses delitos
investi gados. Esse alguém só poderia ser o líder do grupo, o principal membro
do folguedo, no caso o José Pereira “Godão”.

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16. Daí porque o abalo a imagem do Barrica também abalou o patrimônio moral de
“Godão”, pois este últi mo é visto como a própria personifi cação do folguedo.
17. Não existe constrangimento maior para aquele que preza pela sua honra do
que a exposição pública de seu nome a acusações levianas e infundadas, uma
vez que esses ataques consti tuem um demérito ao seu passado e ao presente,
construídos com reti dão e probidade. É, sem dúvida, um imensurável
transtorno para quem não cometeu desvios ou atos devassos ou criminosos ter
sua imagem violada, em decorrência de acusações desarrazoadas, divorciadas
da realidade.
18. Já, os danos materiais (lucros cessantes) não conseguiram também ser
descartados e sua prova se assenta não apenas em depoimentos mas, acima de
tudo, em farta documentação não infi rmada na peça de defesa dos requeridos,
conforme restou claro na réplica dos autor.
19. Logo, a audiência de instrução só serviu para dar mais peso e consistência em
tudo o que foi alegado na inicial e reafi rmado na resposta à contestação. Os
fatos ocorreram como asseveram os autores, e são passíveis de reparação
pelos danos materiais e morais que estes sofreram.
20. Portanto, ambos, o JOSÉ PEREIRA “GODÃO” e ZP CRIAÇÕES ARTÍSTICAS LTDA. –
criador e criatura - são ti tulares dos interesses ora apresentados em juízo, de
sorte que as pretensões de reparação formuladas ao fi nal da presente peça
hão de servir para, pelo menos, compensar o abalo moral de ambos e o
prejuízo material que vem sofrendo a segunda demandante.

DOS PEDIDOS

21. Ante o exposto, reitera o autor todos os pedidos formulados em sua peça
exordial, para que, junto com a sentença, seja deferida a integralidade da
tutela antecipada e julgados procedentes aqueles pleitos, com a condenação
da Ré nos exatos termos ali expendidos.

Estes são os TERMOS,


Pelo quais PEDEM DEFERIMENTO.
São Luís, 09 de dezembro de 2010.

WALNEY ABREU RICARDO SAUÁIA MARÃO


Ad vo gad o OA B/MA 43 78 A d vo gad o O A B/MA 7 69 1

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