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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho”


Geografia

Síntese “A evolução da Vida e a Formação do Solo”

Acadêmico:

Luís Guilherme Pereira da Silva

Geografia – 2° Semestre 2019


Profa. Dra. Maria Cristina Perusi
Ourinhos – 27/08/2019
O solo é um ambiente complexo, no qual inúmeras atividades ocorrem
simultaneamente por meio de sua interface que abrange a hidrosfera, litosfera e a
atmosfera, contudo para falarmos deste geomaterial precisamos falar sobre a atividade
biológica que ocorreu sobre ele, sem isso não se pode chamá-lo de solo.

Primeiro a vida ocorreu nos mares e, por conseguinte evoluiu sobre diferentes
formas até colonizar o ecossistema terrestre, onde neste meio diversas interações e
implicações foram submetidas ao sistema solo, para que a vida fosse suportada e existisse,
ao longo do texto o autor demonstra como foram possíveis a prospecção e início da vida
nestes ambientes.

Em um segundo momento demonstra como o homem atua por meio de suas


funções tecnológicas e culturais nos solos, desde as antigas civilizações até a sua
sociedade pós-moderna.

O objetivo do texto é levar o leitor a reflexões sobre a importância do solo para a


humanidade e como a sua proteção deve ter um papel de relevância nos diferentes setores
que abrangem o seu uso.

O início de tudo de acordo com o conhecimento atual é de 4,5 bilhões de anos,


contudo somente 1 bilhão de anos depois foi que moléculas simples teriam sido agrupados
(polimerizadas) formando polímeros, estes por serem mais complexos, tem a capacidade
de transmitir maiores informações, como no caso do ácido nucléico que quando
polimerizado é capaz de formar o DNA e RNA que são molécula grandes.

Este processo bioquímico, foi comprovado por Oparin na Rússia, a teoria aponta
que há 4,3 bilhões de anos um oceano e uma atmosfera já existiam na Terra, e que por
meio da radiação solar, de descargas elétricas e das altas temperaturas proporcionou o
ambiente para a síntese de vários compostos orgânicos. Em seguida o próximo passo era
o surgimento de células com uma membrana semi-permeável.

Com o objetivo de facilitar e compreender a evolução do planeta e de toda a vida


nele, segmenta-se o tempo geológico em Éons, Eras, Períodos e Épocas. Neste caso o
autor apresenta os Éons Pré Cambriano (responsável por 85% do tempo de existência da
Terra) e o Fanerozóico, este que possui menor tempo, contudo é o que a humanidade
possuir maior quantidade de informações, pois por meio da análise de rochas
sedimentares e fósseis, coletaram-se vários dados foram retirados destes materiais, o que
não foi possível para o Éon Pré-Cambriano que não tiverem materiais deste tipo, tão bem
preservados ao longo do tempo.

A colonização do ambiente terrestre por meio de plantas provavelmente teve o seu


desenvolvimento inicial próximo a corpos de águas superficiais, por não possuírem
transporte interno de água e todo o seu sistema de produção dependia também dependia
dela. Para isto precisaram evitar o secamento dos tecidos (cutícula), evitar o secamento
dos gametas (sementes), prospectar água e nutrientes (raízes), transporte interno de água
e nutrientes (xilema e floema), desenvolver estrutura rígida para suportar uma arquitetura
mais eficiente para a fotossíntese.

Podemos notar a diferença para sobrevivência do meio aquático para o terrestre,


no primeiro a água e os nutrientes podem ser obtidos no meio circundante, e neste mesmo
meio, ocorre sua sustentação para a absorção de radiação solar, enquanto que no meio
terrestre o fornecimento de água não poderia depender apenas da precipitação pluvial, por
conta de sua irregularidade.

Os nutrientes no solo para serem obtidos dependem da CTC (capacidade de troca


de cátions) na qual tem a função de armazenar nutrientes derivados do intemperismo e da
atividade biológica. Para a retenção de água a porosidade é quem determina o volume e
a energia que será retida, na qual o fenômeno da capilaridade retém a água contra a força
da gravidade. Ao absorver a água os nutrientes estão juntos nesta solução, diluídos,
portanto as raízes possuem este papel.

As plantas dependem sua sobrevivência por meio da interação do solo, sem elas a
colonização e a evolução de outros seres vivos não seriam possíveis, por serem o elo
inicial da cadeia de toda a vida (produtores primários do ecossistema).

No final do período Permiano (último período da Era Peleozóica), houve a maior


extinção em massa, responsável por cerca de 75% da diversidade de espécies foi extinta.

A teoria desta extinção em massa é justificada, por meio de sedimentos marinhos


deste período até o Triássico, que mostram uma transição de estratos ricos em hematita,
de cores avermelhadas e indicando dominância de um ambiente oxidante, para estrato de
cores acidenzentadas sugerindo a formação de um ambiente anóxico, o que evidencia a
diminuição da pressão parcial de o2 e o aumento na pressão de CO2 o que teria
aumentando o efeito estufa provocando um calor excessivo fator causador das extinções.
Ao longo da era Mesozóica os organismos sobreviventes da extinção continuaram
a evoluir e se diferenciar, como o desenvolvimento das gimnospermas e dos répteis.

No final do Mesozóico houve outro evento de extinção de massas, na qual houve


o desaparecimento dos dinossauros, por meio de um choque de um meteoro com a Terra
na península de Yucatán, no México, este impacto teria lançado na atmosfera uma camada
de poeira suficiente para bloquear a radiação solar por meses.

Na Era Cenozóica temos o início da era dos mamíferos com a proliferação das
angiospermas, sendo este período muito detalhado e rico em registros.

A maior parte da formação dos nossos solos é fruto desta era, mais precisamente no
período do Quaternário, embora haja alguns casos em que são mais antigos do que este
período.

Os paleossolos são os solos formado por paisagens do passado e cujos processos


que originaram suas características morfológicas não estão mais ativos na atualidade,
portanto eles fazem parte do registro estratiográfico, também marcam a posição do topo
em um estrato sedimentar dentro de uma sequência, portanto são um meio de preservação
pré-histórico e histórico e seu estudo contribui para a arqueologia e paleontologia.

Os solos possuem inúmeras funções ambientais que são capazes de manter a vida,
uma dela é a produção de biomassa.

As plantas são os seres que possuem a capacidade de disponibilizar para a biosfera


os elementos químicos e a energia por meio da radiação solar, tornando-os disponíveis
para a sequência da cadeia alimentar. Apenas elas conseguem transformar o C orgânico
em cadeias orgânicas e obter nutrientes e água do solo, através das raízes. Esta
importância é evidenciada ao longo da história, pois desde as civilizações antigas como
os gregos, indianos e os chineses exaltavam o elemento solo.

Atualmente houve a fragmentação dos conhecimentos o que gerou grande


aprofundamento em cada área, contudo tamanha é a dinâmica e interações do sistema que
são necessárias a junção destes conhecimentos para um visão mais holística, conforme é
apresentando pelo trabalho de Oiff et al. (2002), segundo os quais a combinação da
umidade disponível para as plantas com a capacidade do solo em fornecer-lhes nutrientes
determina a produção de biomassa e a concentração de nutrientes nos tecidos vegetais
produzidos pelos ecossistemas terrestres, sendo a combinação da quantidade e
concentração de nutrientes na biomassa um fator importante na diversidade de herbívoros.

Como a maior parte do fluxo de matéria e energia nos ecossistemas ocorre através
da cadeia trófica, a extinção de uma espécie ou a limitação em um recurso pode-se
amplificar na cadeia, afetando a riqueza de espécies em todo o ecossistema. Nesse
aspecto, deve ser particularmente de interesse dos cientistas do solo as interações entre as
cadeias tróficas acima e abaixo da superfície do solo. (van der Putten et al.,2004).

A humanidade tem utilizado o solo para o descarte de seus resíduos, aplicações de


sintéticos pela agricultura e acidentalmente ocorrem vazamentos de substâncias para isto
é importante conhecer o que a CTC é capaz de fazer, ela captura substâncias com
potencial de contaminação, prevenindo ou diminuindo sua mobilidade até os
reservatórios de água subterrânea ou na cadeia alimentar.

Nesse aspecto, é necessário o conhecimento cada vez mais detalhado e integrado


da constituição e do comportamento dos colóides minerais e orgânicos do solo, bem como
de outros materiais geológicos porosos e particulados, como aquíferos, com vistas em
estabelecer novas técnicas de remediação e de prevenção (Berstch & Seaman, 1999;
Seaman & Berstch, 2000, Johnston & Tombácz, 2002)

A humanidade a partir do momento que compreender o poder de transformação


que o solo possui, utilizou este conhecimento a seu favor como na transformação de
resíduos orgânicos (alimentos e excreções domésticas), sua transformação em substâncias
melhoradores de solo, para enterrar seus entes queridos. Hoje tem sido explorada e levado
ao limite estes usos, por conta do aumento populacional e o aumento da geração destes
resíduos.

Na primeira cama de 20 cm ocorre intensa atividade biológica, como a fixação de


Nitrogênio por via biológica, o que atualmente pode ser feito industrialmente por meio
da produção de adubos nitrogenados. Desta produção também temos grande número de
moléculas orgânicas sintetizadas em indústrias e laboratórios, mais quais são os seus
efeitos ecológicos? Muitos ainda desconhecidos.

Na agricultura as propriedades químicas tamponantes do solo são as mais conhecidas, sua


capacidade varia de acordo com a quantidade de Carbono orgânico e de argila de sua
composição o que influi na facilidade de modificação do pH. Sua atividade também influi
no mecanismo de equilíbrio dos nutrientes, funcionando como um reservatório.

Nas propriedades físicas como variação de temperatura e fluxo de água, o solo


também tem destaque.

Em questão do calor específico e temperatura, um solo úmido possui maior calor


especifico do que um solo seco, tendo como consequência menor variação de
temperatura, ou seja, necessita-se de maior quantidade de calor para que altere sua
temperatura, o que para a planta isto tem um efeito muito positivo para promover um
ambiente ideal para seu desenvolvimento. Esta mesma teoria aplica-se a formação de ilhas
de calor nas cidades, onde por haver grandes quantidade de concreto e asfalto, sendo estes
materiais com baixo calor específico, acabam acumulando grande quantidade de calor
durante o dia, o que provoca aumento de temperatura.

No fluxo de água, quando o solo sofre o processo de impermeabilização também


afeta o ciclo hidrológico dos rios, pois não permite que a água infiltre no solo em uma
grande área disponível, com isso um grande volume de água é escoado superficialmente
e acaba atingindo os canais de drenagem, provocando enchentes e corredeiras.

É enorme a importância dos microrganismos para o solo, por conta do número de


indivíduos e do número de espécies microbianas. Esta riqueza pode ajudar na recuperação
do ecossistema, pois diferentes microrganismos podem atuar de diferentes formas,
proporcionando a recuperação de áreas degradadas ou até tornando o ambiente mais
resiliente. O homem ainda desconhece grande parte destes organismos.

Na área agronômica a importância da atividade microbiana para os primeiros


centímetros de solo na decomposição de resíduos, fixação de N2, colonização de
micorrizas entre outros é bem evidente, mas também é importante nas camadas mais
profundas para a transformação da rocha em solo.

Como um ambiente formado por diversas espécies e indivíduos, o solo também


pode ser vetor de doenças por meio dos dejetos de animais, esgoto, lixo e resíduos
industriais que abrigam insetos, bactérias, protozoários, platelmintos, fungos e etc.

O uso do solo pode se estender além de suas aplicações ambientais, nos dias de
hoje, com um mundo cada vez mais antropizado, o solo muitas vezes tem funções que
atendem aos anseios da humanidade.
Ações mais diretamente relacionadas a ação antrópica (suporte para obras civis,
meio para preservação de aspectos históricos, fonte de evidências forenses, fonte de
materiais para construções).

Na Geotecnia tem papel para suportar os alicerces em obras de engenharia, nas


quais deseja-se características específicas para poder utilizá-lo nestes tipos de obras como
sendo um material estável, sem variação de volume ou resistência.

Nesta área de atuação é interessante que é necessário a contratação de


profissionais como os pedólogos, que muitas vezes possuem sua formação na área
agronômica, entretanto o objetivo neste empreendimento não é o enfoque agronômica, o
que se nota é uma lacuna na área do conhecimento do solo de área urbana. Pelos diversos
ramos de atuação e profissionais que o solo está inserido existe a necessidade de
padronizar o sistema de classificação de solos, para promover um ambiente que facilita a
troca de informações.

Outra utilização é no descarte dos resíduos, o que sem o planejamento adequado


causa problemas ambientais e sanitários. Impermeabilização (enchentes), descarte de
resíduos perigosos (danos ao ecossistema), área para descarte (não apenas áreas de baixo
valor imobiliário), cemitérios (lenço freático contaminados com cadaverina). Por serem
estes problemas mais complexos, surge a necessidade de equipes Inter multidisciplinares
para atenderem estas demandas.

O solo possui materiais que são importantes como fontes de matéria prima, para
o ramo da construção a extração de argila, areia, regolito, cascalhos e seixos são
consumidos em grandes quantidades e tem sua demanda inalterada ao longo dos anos.
Estes materiais são extraídos ao longo de cursos d’agua ou próximo de lençóis freáticos
o que podem ocasionar sérios problemas ambientais senão forem bem executados.

Um ramo totalmente novo e que precisa de profissionais especializados é o ramo


da geologia médica ou medicina ambiental, sendo uma de suas áreas de atuação a
preocupação com os níveis tóxicos de elementos traço como o arsênio, cádmio, chumbo,
urânio e mercúrio quando expostos aos seres vivos. Outro viés seria o uso de rochas, solos
e sedimentos para fins terapêuticos, curativos e estéticos.

Outra área também recente, principalmente no Brasil é o solo como fonte de


evidência forenses no caso o material proveniente dos rodados do veículo, roupas ou
calçados do criminoso podem conter informações preciosas para resolução de um crime,
com estes materiais utiliza-se inúmeros testes de laboratórios, que podem chegar a
conclusões como a identificação do local de origem do criminoso, ou as áreas por onde
ele tenha estado, entretanto há dificuldades como contaminação da amostra,
fraccionamento seletivo de partículas e sua persistência, portanto por ser um ramo
complexo há a necessidade de atuar diferente profissionais que por meio de diversas
óticas chegarem a soluções mais confiáveis.

Outros materiais também podem ser extraídos, por exemplo a turfa é um resíduo
vegetal que é acumulado em áreas frias e úmidas, que pode ser utilizado como
combustível, sendo um recurso energético não renovável. As areias industriais para a
indústria de cerâmicas e vidros. Tintas artesanais e argilas para modelagem de esculturas.

Por fim também se apresenta como um meio de preservação histórica, nele contem
artefatos históricos e o comportamento de povos ancientes. As atividades humanas
exercem influência no solo que podem ficar registrados e assim serem investigados e
estudados, com a posse dessas informações é importante para futuros planejamentos,
evitando erros das civilizações antigas. Um exemplo brasileiro são as Terras Pretas
Arqueológicas, que são encontradas em sítios indígenas, nas quais ao longo do tempo
incrementaram a camadas superficiais do Horizonte A com resíduos orgânicos e minerais,
fragmentos de artefatos cerâmicos entre outros.

Além dos pontos relatados anteriormente o solo pode nos auxiliar no


entendimento evolutivo de nossas paisagens: informações sobre clima, plantas e animais,
estrutura geomorfológica de paisagem e até mesmo a composição da atmosfera do
passado.

O homem apropria-se e aprende com o solo com o objetivo de explorá-lo, contudo


pode leva-lo a exaustão se não souber utilizar-se das técnicas corretas, o que acarreta em
maiores investimentos para recuperá-lo o que pode tornar-se inviável, por isso o Sistema
de Aptidão Agrícola das Terras e o Sistema de Capacidade Uso são as ferramentas para
compreender este limite. Por isso uma vez que a degradação do solo pode comprometer
as suas funções em benefício do homem, entende-se que há a necessidade de buscar o
equilíbrio de seu uso por meio dos preceitos ambientais.

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