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Por que os bancos estão tão baratos?

É a pergunta que mais recebo conversando com assinantes da Nord.

Fonte: BNDES / Elaboração: Nord Research


E, claro, como sempre, minha resposta padrão é: “eu não sei.”

Afinal, ninguém nunca sabe – principalmente os que fingem que sabem.

Mas o mercado é como um moçoilo ingênuo, um garoto ingênuo – o mercado


adora uma bela história.

Temos uma ótima história para contar aqui...

Era uma vez um unicórnio...


Ele se chamava “Fintech”.

A Fintech ameaçava o reino mágico


dos bancos com sua tecnologia dis-
ruptiva e seus custos baixos.

As fintechs malvadas prometiam aca-


bar com os pobres bancos inofensivos.

Pois as fintechs não estavam sozinhas,


dispunham de capital infinito após os
nefastos banqueiros centrais derruba-
rem as taxas de juros para zero.

Os bancos estariam perdidos.


Fonte: Pinterest

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Imunização completa
Histórias são bonitas e meu filho adora.

Mas eu sou engenheiro. Após a angústia, o martírio, o suplício que passei na


faculdade para aprender “Elementos de Máquinas”, a fantasia simplesmente
morreu pra mim.

Eles fazem um ótimo trabalho nas engenharias removendo qualquer encantamento


e a ilusão dos jovens.

Não recomendo.

Vamos, então, colocar o preto no branco. Vamos avaliar 2 cenários.

1. Cenário catástrofe: fintechs tomam metade do mercado


Imagine que os lucros dos bancos caiam -50% e todo esse dinheiro vá para o bolso
das malvadas Fintechs.

Com isso, os múltiplos de preço/lucro (P/L) dos bancos dobram: o preço fica o
mesmo e os lucros caem pela metade.

Entendeu?

Mesmo nesse cenário, os bancos negociariam a um P/L bem próximo ao da média


do Ibovespa:

Expectativa de lucros para os próximos 12 meses para BBAS3 (verde), IBOV (rosa), ITSA (branco), BBDC
(azul) e SANB11 (roxo). Fonte: Bloomberg.

Usamos o P/L estimado para os próximos 12 meses pois os lucros das empresas do
Ibovespa despencaram ou se transformaram em prejuízo (o múltiplo perde a
materialidade).

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Que fique claro, os lucros dos bancos não. Os bancos, mesmo com
lucros caindo entre -25% e -50% na crise, mantiveram sua lucra-
tividade elevada.

Afinal, os bancos sempre foram mais resilientes e mais lucrativos que


a média das empresas do Ibovespa.

Rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) para BBAS3 (branco), IBOV (verde), ITSA (marrom), BBDC (azul)
e SANB11 (azul escuro). Fonte: Bloomberg.

É isso. Os bancos foram melhores que a média do mercado na crise e o mercado já


precificou que as fintechs tomarão metade de seus lucros.

O pior cenário já está nos preços – mesmo que ele não seja o mais provável.

Faz sentido?

2. Cenário base: bancos mantêm lucros


Porém, não é o que o
mercado espera dos
resultados dos bancos
nos próximos anos:

Vemos ao lado a ex-


pectativa de lucros
para Banco do Brasil
(BBAS3) nos próximos
anos.

Marquei o lucro Expectativa de resultados para Banco do Brasil (BBAS3). Fonte: Bloomberg.
líquido e o índice de P/L. Entretanto, facilitando a vida de vocês, o que interessa
é o que está abaixo:

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O próprio mercado espera crescimento saudável dos lucros do Banco do Brasil nos
próximos anos.

Você pode me dizer: “Mas o mercado SEMPRE espera crescimento de todas as


empresas no futuro.”

Então me diga: se a média do mercado é pior e mais cara, por que BBAS negocia a
míseros 5x lucros?

Qual é a probabilidade de perder?


Se tudo der errado e as fintechs roubarem o lanche dos bancos, os bancos
estão baratos.

Se nada der errado e os bancos continuarem crescendo de maneira saudável,


os bancos estão SUPER baratos.

Cara, você ganha. Coroa, você não perde.

E é isso que chamamos de Value Investing.

Isso é colocar as probabilidades a seu favor. É isso que Warren Buffett quer dizer
quando recomenda preocupação maior com o quanto podemos perder do que com
quanto podemos ganhar.

E é exatamente isso que nos permite bater ano a ano no mercado no Investidor
de Valor.

Permita que todas as maiores forças do universo trabalhem a seu favor. Simples e
lucrativo.

Belisque-se e compre BBAS a 5x lucros


Os bancos estão baratos, mas Banco do Brasil (BBAS3) está uma pechincha.

O maior banco estatal brasileiro (torcemos para que seja privatizado, mesmo que
demore) elevou, de modo conservador, suas provisões para inadimplência (2 bi-
lhões de reais no 1T20 e no 2T20) na crise e seus lucros caíram na pandemia.

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Fonte: Banco do Brasil

Apesar de inadimplência ainda caindo, o banco se preparou para o pior.

Além disso, seu índice de cobertura está bastante elevado (2,8 reais para cada 1 real
vencido há mais de 90 dias).

Sua carteira de crédito é bastante defensiva, focada no agronegócio e no consigna-


do e cresceu +5%.

Carteira de crédito. Fonte: Banco do Brasil

Com a queda do CDI, o banco capta dinheiro mais barato e elevou em +8% no 2T20
seu ganho com empréstimos (margem financeira).

As receitas com serviços caíram -6%, impactadas pelo mercado financeiro mais fraco
em meio à pandemia – ainda sem sinal da competição das fintechs (é nos serviços
que elas ameaçam mais).

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As despesas operacionais (gente) subiram +2,6% (junto com a inflação), mas o banco
já anunciou um programa para economizar 3,3 bilhões em 5 anos.

E, é na redução dos custos que o bancos brigarão com as fintechs – com custos
menores, o BB pode reduzir tarifas e segurar seus clientes.

Afinal, quem mudaria para um banco digital sem agências se as tarifas fossem as
mesmas?

Desde o governo Temer, a gestão do BB vem fazendo um belo trabalho, e os resul-


tados são latentes:

Lucro líquido. Fonte: Bloomberg.


A briga com as fintechs será sangrenta. Mas as probabilidades (preço) estão a nosso
favor.

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O mercado já precificou o pior. Para nós, ficaram apenas as vantagens de in-
vestir no banco mais barato do Brasil.

Compre BBAS3.

Gostou da análise?

É assim que pensamos nossa carteira na série pela qual sou responsável, chamada
O Investidor de Valor.

Compramos empresas baratas e aguardamos que o mercado corrija as distorções e


acompanhe os resultados.

Dessa forma, nosso


desempenho ao lon-
go do tempo é muito
superior ao Ibovespa:

Se quiser acompanhar
nossas análises mais
de perto, faço o convi-
te para você se tornar
um membro de O
Investidor de Valor.
Fonte: Nord Research

Um abraço,
Bruce Barbosa, CNPI

Em observância aos Artigos 20 e 21 da Instrução CVM nº 598/2018, o Analista Bruce Barbosa declara:
Que é o responsável principal pelo conteúdo do presente Relatório de Análise;
Que as recomendações constantes no presente Relatório de Análise refletem única e exclusivamente suas opiniões pessoais e
foram elaboradas de forma independente, inclusive com relação à Nord Research;
Em observância ao Artigo 22 da Instrução CVM nº 598/2018, a Nord Research esclarece:
1. Que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por diferentes estratégias e/ou elaborados por
diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo valor mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes
produtos por nós oferecidos. As indicações do presente Relatório de Análise, portanto, devem ser sempre consideradas
no contexto da estratégia que o norteia.

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