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IECEF – Instituto Fayol

Uma forma diferente de aprender

METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTORIA

A História é uma disciplina que faz parte das chamadas “humanidades”, termo pelo qual os
franceses designam estudos humanos superiores. Mas, por muito tempo teve negado os seus
foros de ciência, sendo considerada uma disciplina de segunda categoria.

Lembremo-nos que no Brasil dos séculos XIX e XX, a educação escolar se limitou a ensinar a
“ler, escrever e contar”. A ênfase do trabalho docente restringia-se à “alfabetização”, na maioria
das vezes compreendida como aquisição da leitura, da escrita e do domínio das quatro
operações matemáticas. Assim, raramente havia lugar para o Ensino de História. Dessa forma, os
resultados nesta área do conhecimento têm sido pouco significativos ou, quando não, nulos.

No entanto, compreendemos a alfabetização como a capacidade de leitura não só do texto, mas


também da experiência humana vivida por todos, e como construção da própria história. Nesta
perspectiva, entendemos leitura\escrita não somente como a habilidade mecânica, mas como
uma manifestação de cidadania. Estudar as informações históricas a partir da realidade social
com o objetivo de desenvolver o raciocínio histórico deve constituir o objeto das aulas de História.
Há vários encaminhamentos na defesa da disciplina.

No Brasil, após a proclamação da República, em 1889, a construção da identidade do país


tornou-se prioridade. As elites tinham de garantir a existência de um estado nação, escolhendo
para ser ensinado aos alunos conteúdos que exaltavam grandes "heróis" nacionais e feitos
políticos gloriosos. Desde então, poucas mudanças aconteceram em termos do quê e como
ensinar nessa área, e todas foram influenciadas, sobretudo, pelas visões de quem estava no
poder.

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Para desenvolver a postura crítica da turma e dar aulas consistentes, é fundamental que o
professor entenda esse processo. História é uma disciplina passível de múltiplas abordagens -
que até há pouco tempo não estavam em sala de aula, mas que hoje devem ser vistas com
destaque. Por isso, tornou-se premente o trabalho com diversas fontes e o relacionamento do
passado com o presente para que se entenda que contra fatos há, sim, argumentos. Tudo
depende do olhar que se lança sobre eles.

Quando os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e fundaram a primeira escola, só usavam os


textos históricos como suporte para ensinar a ler e escrever e seus conteúdos sequer eram
discutidos. Foi apenas em 1837 que o Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, instituiu a História
como disciplina obrigatória e autônoma. O foco era a formação da civilização ocidental e o estudo
sobre o Brasil era apenas um de seus apêndices. Vale lembrar que a história bíblica também era
um conteúdo a ser abordado - só sendo retirada do currículo em 1870, com a diminuição do
poder da Igreja sobre o Estado.

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A metodologia utilizada era a tradicional, que tinha como princípio levar os alunos a saber datas e
fatos na ponta da língua. Também houve a influência do historiador prussiano Leopold von Ranke
(1795-1886), que via a história como uma sucessão de fatos que não aceitavam interpretação.
Segundo ele, pesquisadores e educadores deveriam se manter neutros e se ater a passar os
conhecimentos sem discuti-los, usando para isso a exposição cronológica. Na hora de avaliar,
provas orais e escritas eram inspiradas nos livros de catequese - com perguntas objetivas e
respostas diretas.

A história chamada de tradicional sofreu diferentes contestações, eram varias vertentes


historiográficas de apoio, tais como: positivismo, estruturalismo, marxismo ortodoxo entre outras
estruturas ou modos de produção que foram colocadas sob suspeição. A escola tradicional é o
lugar onde se efetiva a educação, a qual se limita em sua maior parte, a um processo de
transmissão de informações em sala de aula com função sistematizadora de uma cultura
complexa. NO ensino-aprendizagem, a ênfase é dada às situações de sala de aula, onde os
alunos são “instruídos” e “ensinados” pelo professor.

A apresentação do processo histórico como seriação dos acontecimentos num eixo espaço
temporal, seguido de um processo evolutivo e series de etapas que cumpriam uma trajetória
obrigatória, foi denunciada como redutora da capacidade do aluno, como sujeito como de se
sentir parte integrante e agente de uma história que desconsiderava sua vivencia e era lhe
apresentada como um produto pronto e acabado.

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Paralelamente ás analises historiográficas, ocorreram novos estudos no âmbito das ciências


pedagógicas, especialmente no campo da psicologia cognitiva e social. Difundiam- se novos
estudos sobre o processo de ensino e aprendizagem nos quais os alunos eram considerados
como participantes ativos do processo de construção do conhecimento. Com isso, os currículos
foram ampliados com conteúdos de Historia a partir das escolas de educação infantil e nos
primeiros anos do ensino fundamental. Os conteúdos passaram a ser avaliados quanto as
necessidades de atender um publico ligado ao presente, voltado para idéias de mudanças
constantes do novo cotidiano tecnológico.

Quando o professor trabalha com representações cronológicas pessoais, comparativamente ao


exercício de cronologias de uma dada sociedade, poderá inferir, refletir sobre a continuidade ou
ruptura dos movimentos sociais dessa sociedade. Por exemplo, o aluno vai perceber que sua
história pessoal faz parte da história de outras pessoas – simultaneidade – e que nasceram antes
ou depois dele – ordenação e sucessão. Assim, é possível construir uma linha do tempo para
cada sociedade, organizando sua história. Quando se vai estabelecer a linha do tempo de uma
sociedade, ou mesmo do mundo, não há apenas uma possibilidade. Com base no estudo de
momentos ou fatos amplamente aceitos, cada pesquisador julgará aquilo que considera mais
importante e que deve fazer parte de uma linha do tempo.

Os professores passaram a perceber a impossibilidade de transmitir nas aulas o conhecimento de


toda a história da humanidade em todos os tempos, e assim foram visando alternativas as
praticas reducionistas e simplificadoras da História oficial. O grande questionamento era se
deviam começar as aulas ensinando História do Brasil o Geral, alguns professores optaram por
uma ordenação sequencial e processual que intercalasse os conteúdos das duas Histórias num
processo continuo das antiguidades ate os dias atuais. Outros preferiram trabalhar por temas e
assim desenvolveram as primeiras propostas de ensino por eixo temático. Para os que optaram
pela segunda via, iniciou-se também um debate ainda em curso, sobre questões relacionadas ao
tempo histórico, revendo a sua dimensão cronológica, as concepções de linearidade e
progressividade do processo histórico, as noções de decadência e evolução.

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O método tradicional de ensino tem sido questionado com maior ênfase. Os livros didáticos,
difundidos amplamente e enraizados nas praticas escolares, passaram a ser questionados em
relação aos conteúdos e exercícios propostos. O ensino de história não pode se reduzir a
memorização de fatos, a informação detalhada de eventos, ao acúmulo de dados sobre

circunstancias nas quais ocorreram, a história não é simplesmente um relato de fatos periféricos,
não é o elogio de figuras ilustres, não é um campo neutro, é um lugar de debates e muitas vezes
de conflitos.

No ensino de história o principal objetivo é compreender e interpretar as varias versões do fato e


não apenas guardar na memória, sem que se compreenda onde se encontram outros fatos e qual
seu valor não pode haver continuidade consciente do tempo. O conhecimento da história da
civilização é importante porque nos fornece as bases para o nosso futuro, nos permite conhecer
como aqueles que vieram antes de nos equacionavam as grandes questões humanas.

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O importante não é só o acervo de conhecimentos que se deve selecionar para instruir o ensino,
tão importante é a maneira como se deve realizar este ensino, o modo como o ensino é
trabalhado, ou seja a metodologia de trabalho na escola. Alfabetizar por exemplo, pode ser feito
utilizando diversos métodos; alfabetizar a partir da vivencia e da realidades dos alfabetizados,
fazendo com que eles ampliem o conhecimento de sua realidade e adquiram outros
conhecimentos, isso vai exigir do professor um determinado método e não qualquer método.

No ensino de história do Brasil sob qualquer método vamos estudar o descobrimento, as


capitanias hereditárias, colonização, império e republica. O modo como vamos tratar essas
questões é que pode fazer toda a diferença no conteúdo. As histórias individuais são parte das
histórias coletivas, os fatos históricos se explicam por si só, todos eles se tornam compreensíveis
e deixam de ser mudos quando colocados em relação a outros fatos dentro de um conjunto
maior.

Explicando, vamos utilizar fatos da história do Brasil para entender melhor esta resposta:
Chegada de Cabral ao Brasil em 1500, se quisermos podemos somente narrar o fato,
descrevendo as condições da viajem, a data da chegada, quantos homens faziam parte da
tripulação, a impressão que tiveram da nova terra e seus habitantes. Narraríamos apenas estes
eventos que fizeram parte do fato histórico. Mas quais seriam os interesses políticos e
econômicos desta viajem? O que esperavam encontrar alem do atlântico? Alguma sociedade já
habitava as terras brasileiras/ desta forma passamos de uma simples narração para a
problematização do fato histórico.

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Podemos ensinar a Inconfidência mineira focalizando-a unicamente como produto da ação dos
homens, sujeitos autônomos na construção da História. Assim passamos aos alunos a noção de
que eles precisam sempre esperar que um grande homem salve o país, e nunca que as
mudanças ocorrem pela vontade e determinação de homens comuns. Se compreendermos a
inconfidência mineira como resultado de um longo período de luta que ajudou a formar a
consciência nacional, retiramos do ensino a famosa exaltação do herói nacional. O aluno pássara
a compreender que não são as grandes personalidades que produzem a história e sim é ela que
produz as grandes personalidades. É o fato histórico que produz pessoas necessárias para
conduzir o destino do pais, não foi um líder isolado que produziu o movimento das diretas, foi o
movimento que produziu novas lideranças na luta do povo contra o regime militar.

São essas grandes questões que devem nos ocupar no ensino de história. Que homem se quer
formar? Agente transformador na construção de novo mundo, posicionando de maneira critica e
responsável nas diferentes situações sociais? Sob essa perspectiva, os estudos de história
contribuíram para formar no aluno a idéia de que a realidade com esta foi produzida por uma
determinada razão, e mais importante, podem ser alteradas ou conservadas. Para isso é
importante que a história seja entendida como o resultado da ação de diferentes grupos, setores
ou classes de toda a sociedade. Mais importante ainda é que o aluno conheça e compreenda a
história da humanidade como a história da produção de todos os homens e não apenas como
resultado da ação ou idéias de poucos.

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Nessa medida a história seria entendida como um processo social em que todos os homens
estariam neles engajados como seres sociais, mas também é fundamental que se estabeleça a
relação entre passo e presente. Duas funções a serem evidenciadas como básicas no estudo de
história são: capacitar o individuo para que ele possa entender a sociedade do passado e
aumentar seu domínio da sociedade do presente. Seguindo esse raciocínio, não tem sentindo um
ensino de história que se restrinja apenas a fatos e acontecimentos do passado sem que o
mesmo estabeleça vínculos com as situações do presente. Não é possível analisar fatos isolados
e para entender seu verdadeiro sentido é imprescindível remete-los a situação econômica, social,
política e cultural da época em que foram produzidas, reconstituídas suas evoluções na totalidade
mais ampla do social até a situação presente.

Somente dessa forma a escola pode oferecer ao aluno em ensino que lhe possibilite o
conhecimento e a compreensão das relações de tempo e espaço, o seja, pelo conhecimento da
temporalidade relações sociais, políticas, das formas de produção econômica, formas de
produção da cultura das ideias e dos valores.

Hoje não se concebe o estudo histórico sem que o professor apresente diferentes abordagens do
mesmo tema, fato ou conceito - iniciativa importante para que o aluno perceba que, dependendo
da visão e da intenção de quem conta a história, tudo muda. Basta pensar no exemplo de como
entender o processo de formação de um bairro: pode-se vê-lo sob a ótica dos trabalhadores da
região e das relações estabelecidas pelos modos de produção, dos que estiveram no poder, dos
grupos minoritários que habitam o local ou das manifestações culturais, entre outras
possibilidades. Durante as aulas, é impossível apresentar todas as maneiras de ver a história,
mas é fundamental mostrar que ela não é constituída de uma única vertente (e que, até mesmo
dentro de uma delas, pode haver várias interpretações). O professor deve favorecer o acesso a
documentos oficiais, reportagens de jornais e revistas e a outras fontes. O contato com essa
diversidade leva o estudante a ter uma visão ampla e integrada da história. Além de textos, é
recomendável que a turma consulte sites confiáveis, assista a filmes e documentários, visite
museus e entreviste os atores que vivenciaram os acontecimentos estudados. Tudo com
planejamento e registro para que seja possível fazer uma avaliação minuciosa do processo.

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Estabelecer a correspondência entre passado e presente passou a ser um dos objetivos da


disciplina. Existe escravidão hoje em dia? Como ela era antigamente? "Isso deve ser feito de
modo que o aluno entenda as transformações no decorrer do tempo. Essa também é uma forma
de aproximar o conteúdo à vida do aluno - o que era impossível quando o conteúdo era
transmitido cronologicamente. "Esse procedimento passava a idéia de que a história é uma
evolução, o que não é verdade. Hoje o professor pode explorar as diferentes formas de lidar com
a temporalidade e, assim, estimular a reflexão. O resultado é que, em vez de decorar informações
sem sentido, os jovens são estimulados a analisar o que aprendem e a memorizar
conscientemente", afirma o consultor.

Desde a publicação dos PCNs, temas como ética e pluralidade cultural passaram a permear o
ensino da disciplina, indicando mais uma mudança: se nos tempos idos o objetivo era fomentar a
idéia de identidade nacional, ancorada na deturpação e romantização de acontecimentos, hoje o
intuito é explorar as diferentes identidades que existem dentro de uma nação, tornando os alunos
sabedores da diversidade cultural de sua época. Um desafio e tanto para os professores.

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Racionalidade x patriotismo

Essa postura em sala de aula só seria questionada no início do século 20, quando operários
anarquistas de São Paulo e Porto Alegre, que lutavam por melhores condições de trabalho,
criaram escolas inspiradas na pedagogia do espanhol Francisco Ferrer y Guardia (1849-1909).
Nelas, valorizavam-se a racionalidade e o cientificismo e não havia espaço para a exacerbação
do patriotismo. A História era explicada por meio das lutas sociais e não pela construção do
Estado. Novas fontes de aprendizagem, como visitas a museus e exposições, foram incorporadas
com o objetivo de fazer o aluno pensar e não apenas decorar o conteúdo. Além disso, eram
abordados temas como a Revolução Francesa antes do estudo sobre a Antiguidade, quebrando
assim o paradigma da linearidade. As idéias revolucionárias, no entanto, foram pontuais e de
pouca duração. As dez escolas com esse perfil foram fechadas com a pressão do governo de
Arthur Bernardes (1875-1955), que sufocou os movimentos trabalhistas.

O cenário ficou ainda mais complicado quando, em 1930, Getúlio Vargas, ferrenho nacionalista,
subiu ao poder, ficando nele quase ininterruptamente até 1954. Nesse meio tempo, surgiram os
primeiros cursos superiores de História, que nasciam compactuando com a visão tradicionalista.
Os estudos de Jean Piaget (1896-1980) e Lev Vygotstky (1896-1934), contudo, começaram a ser
divulgados, trazendo teorias que influenciariam a Educação no geral, ao considerar as hipóteses
prévias das crianças sobre os temas abordados na escola. Sendo assim, as aulas puramente
expositivas não funcionariam mais e a idéia de que aprender é decorar começou a mostrar sinais
de fragilidade. A ditadura militar, nos anos 1960, faria com que as propostas mais avançadas
demorassem para germinar. Em 1971, as autoridades substituíram História e Geografia por
Estudos Sociais nas séries iniciais. Havia o medo de que o potencial político e crítico que o
conhecimento mais profundo daquelas áreas poderia trazer pudesse gerar reações
revolucionárias. Segundo Circe Maria Fernandes Bittencourt, professora de pós-graduação da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a fusão empobreceu os conteúdos de
ambas as disciplinas, pois a ênfase agora estava no civismo. As mudanças mais significativas,
entretanto, começaram a se desenhar com a influência da Psicologia cognitiva, da Antropologia e
da Sociologia. Essas duas últimas trouxeram, respectivamente, novos conteúdos e outras visões

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de fatos históricos - o que influenciaria a metodologia moderna de ensinar História. Além de


ampliar o espectro de temas escolares - introduzindo, por exemplo, manifestações culturais locais
e de procurar diferentes versões, a metodologia moderna também se caracteriza pela ênfase na
relação entre passado e presente, pelo rompimento com a linearidade e pela consulta a fontes de
diversas naturezas. A partir dos anos 1980, cada vez mais professores foram tomando contato
com essa nova forma de trabalhar (leia a entrevista à esquerda). Hoje não se concebe o estudo
histórico sem que o professor apresente diferentes abordagens do mesmo tema, fato ou conceito
- iniciativa importante para que o aluno perceba que, dependendo da visão e da intenção de
quem conta a história, tudo muda. Basta pensar no exemplo de como entender o processo de
formação de um bairro: pode-se vê-lo sob a ótica dos trabalhadores da região e das relações
estabelecidas pelos modos de produção, dos que estiveram no poder, dos grupos minoritários
que habitam o local ou das manifestações culturais, entre outras possibilidades. Durante as aulas,
é impossível apresentar todas as maneiras de ver a história, mas é fundamental mostrar que ela
não é constituída de uma única vertente (e que, até mesmo dentro de uma delas, pode haver
várias interpretações).

O professor deve favorecer o acesso a documentos oficiais, reportagens de jornais e revistas e a


outras fontes. O contato com essa diversidade leva o estudante a ter uma visão ampla e
integrada da história. Além de textos, é recomendável que a turma consulte sites confiáveis,
assista a filmes e documentários, visite museus e entreviste os atores que vivenciaram os
acontecimentos estudados. Tudo com planejamento e registro para que seja possível fazer uma
avaliação minuciosa do processo.

Mitos pedagógicos

As metodologias da disciplina levaram à construção de alguns mitos. São eles:

- História é decoreba
A concepção de Educação que está por trás disso é a de que a aprendizagem se dá pela
repetição da fala do professor ou do conteúdo do material didático. Grande equívoco.

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- Não é preciso memorizar


Em reação contrária à idéia anterior, alguns educadores defenderam que não era preciso decorar
nada. Porém saber datas e nomes ajuda a relacionar os fatos. Memorizar significativamente é
diferente de decoreba.

- Uma lição de moral


A História nasce como disciplina escolar no Brasil em um contexto de criação da identidade
nacional. Daí a idéia de que ela serviria para incutir princípios e valores nacionalistas.

- Um fato depois do outro


Não se sustenta a idéia de que para entender um período é preciso estudar o que veio antes
dele. O aluno aprende com base em questões do presente, relacionando ao passado o que lhe é
mais próximo.

- Existe apenas uma verdade


De inspiração positivista, esse mito parte da idéia de que os documentos oficiais e os fatos
políticos são os fiéis guardadores da realidade. A idéia foi sendo derrubada ao longo do século
20, quando os historiadores, recorrendo a outras fontes documentais, descobriram diferentes
interpretações sobre períodos e fatos.

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Linha do tempo do ensino de História no Brasil

1549
Os jesuítas chegam ao Brasil e fundam as primeiras escolas elementares brasileiras. Os textos
históricos bíblicos eram usados apenas com o intuito de ensinar a ler e escrever.

1837
O Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, inclui a disciplina como obrigatória. Nesse ano também é
fundado o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que defende uma visão nacionalista.

1870
Com a diminuição da influência política da Igreja sobre as questões de Estado, os temas que têm
como base as idéias bíblicas são abolidos do currículo.

1920
Escolas abertas por operários anarquistas tentam implantar a ótica das lutas sociais para
entender a história. Mas elas são reprimidas e fechadas durante o governo de Arthur Bernardes,
alguns anos depois.

1934
É criado o primeiro curso superior de História, na USP. A academia nasce com uma visão
tradicionalista, reforçando a sucessão de fatos como a linha mestra.

1957
Delgado Carvalho publica a obra Introdução Metodológica aos Estudos Sociais, que serve de
base para o processo de esvaziamento da História como disciplina autônoma.

1971
A História e a Geografia deixam de existir separadamente. No lugar delas é criada a disciplina de
Estudos Sociais (empobrecendo os conteúdos escolares) e, ao mesmo tempo, a licenciatura na

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área.

1976
O Ministério da Educação determina que, para dar aulas de Estudos Sociais, os professores
precisam ser formados na área, fechando-se assim as portas para os graduados em História.

1986
A Secretaria de Educação do Município de São Paulo propõe o ensino por eixos temáticos. A
proposta não é efetivada, mas vira uma referência na elaboração dos PCNs, anos depois.

1997
Abolição de Estudos Sociais dos currículos escolares. História e Geografia voltam a aparecer
separadamente. Especialistas começam a pensar novamente sobre as atuais especificidades de
cada uma das disciplinas.

1998
Com a publicação dos PCNs, são definidos os objetivos da área. Entre eles está o de formar
indivíduos de modo que eles se sintam parte da construção do processo histórico.

2003
O Conselho Nacional da Educação determina que a história e a cultura afro-brasileira sejam
abordadas em todas as escolas, o que mostra uma iniciativa oficial para desvincular o ensino da
visão eurocêntrica.

Metodologias mais comuns no ensino de História

As maneiras de ensinar História que já estiveram ou ainda estão presentes na sala de aula são:

Tradicional
Inspirada no método francês do século 19.

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FOCO

Memorizar os fatos em ordem cronológica, tendo como referência a construção dos estados
nação e a importância dos valores morais e cívicos.

ESTRATÉGIAS DE ENSINO Aulas expositivas, apoio de livros didáticos e estímulo à decoreba


de datas, fatos e nomes.

Anarquista
Surgiu depois da Revolução Francesa e da Comuna de Paris, na Europa, e da proclamação da
República, no Brasil. Foi introduzida em algumas escolas brasileiras nos anos 1920.
FOCO

Conhecer o movimento histórico pelas lutas sociais, desconstruindo a visão política e


romantizada.
ESTRATÉGIAS DE ENSINO

Visitas a museus para fazer pesquisas e estimular a reflexão crítica.

Moderna
Baseada nas teorias cognitivas de Jean Piaget e Lev Vygotsky e na idéia de que se deve buscar
abordagens diversas - sociais, econômicas, políticas e culturais.
FOCO

Ensinar os alunos a ter uma visão crítica e a percepção de que não existe uma história
verdadeira e única.
ESTRATÉGIAS DE ENSINO

Proposição de eixos temáticos, consultas a diversas fontes e perspectivas para estabelecer a


relação entre o passado e o presente.

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FONSECA, Selva Guimarães, Didática e pratica de ensino de historia: experiências, reflexões e


aprendizados, São Paulo: Papirus, 2003

HOBSBAWN, Eric. Sobre a História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

KARNAL, Leandro (org.) História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 2. ed. São Paulo: Contexto,
2004.

LOURENÇO FILHO, Manoel Bergström. A formação de professores: da Escola Normal à Escola de Educação.
Org: Ruy Lourenço Filho. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2001. Disponível
em: <www.undime.org.br/htdocs/download. php?form=.pdf&id=32>. Acesso em: 02 jun. 2011.

https://novaescola.org.br

https://www.youtube.com/watch?v=GunG2xvCpNQ

https://www.youtube.com/watch?v=NH1DrsFH-0A

https://www.youtube.com/watch?v=1MXempqhUWc

https://www.youtube.com/watch?v=4BgE8BKYTk0

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