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Farmacologia Ilustrada (Clark) Fármacos Antiepiléticos
Farmacologia Ilustrada (Clark) Fármacos Antiepiléticos
s1a
1. RESUMO
Carbamazepina
A epilepsia afeta aproximadamente 3°/o dos indivíduos quando eles alcançam
80 anos de idade. Cerca de 10°/o da população tem pelo menos uma convulsão Diazepam
durante sua vida. Globalmente, a epilepsia é o terceiro distúrbio neurológico Divalproex
mais comum, logo atrás da doença cérebro-vascular e da doença de Alzheimer. Etosuximida
A epilepsia não é uma entidade simples. Ao contrário, é um conjunto de dife Felbamato
rentes tipos de convulsões e síndromes originadas por vários mecanismos que
Fenitoí
na
têm em comum a descarga repentina, excessiva e sincronizada dos neurônios
cerebrais. Essa atividade elétrica anormal pode resultar em uma variedade Fenobarbital
Figura 15.1
,
Na maioria dos casos, a epilepsia não tem causa identificável. Areas focais
funcionalmente anormais podem ser ativadas por alterações em fatores fisio Resumo dos fármacos (em ordem al
lógicos, como alteração nos gases sanguíneos, pH, eletrólitos e glicemia, e fabética) utilizados no tratamento da
alterações em fatores ambientais, como privação do sono, ingestão de álcool epilepsia.
e estresse. A descarga neuronal resulta do disparo de uma pequena popu
lação de neurônios em alguma área específica do cérebro que é denomina
da ''foco primário". Anatomicamente, essa área focal pode parecer comple-
182 Clark, Finkel, Rey & Whalen
A. Epilepsia idiopática
Quando não há evidência de causa anatômica específica para as crises,
como traumatismo ou neoplasia, o diagnóstico pode ser de epilepsia idio
pática ou criptogênica (primária). Essas crises podem resultar de uma
anormalidade herdada no SNC. Os pacientes são tratados cronicamente
com fármacos anticonvulsivantes ou estimulantes vagais. A maioria dos
casos de epilepsia são idiopáticas.
- PARCIAIS
(preservação da consciência) ,
B. Generalizadas
As crises generalizadas podem iniciar localmente e então avançar, in
cluindo descargas elétricas anormais pela totalidade de ambos os he
misférios cerebrais. As crises generalizadas primárias podem ser con Diagnóstico de uma nova epilepsia
vulsivas ou não convulsivas, e o paciente normalmente apresenta perda • o t tame
Considere iniciar ra nto a
partir da segunda crise.
imediata da consciência.
1.
,
Tônico-clônicas. Estas crises resultam em perda da consciência,
seguida das fases tônica (de contração contínua) e clônica (de con Fármaco de primeira escolha
tração rápida e relaxamento). A crise pode ser seguida por um pe • Escolha o fármaco apropriado para o
tipo de crise do paciente.
ríodo de confusão e exaustão devido à depleção de glicose e dos - Considere a toxicidade dos fármacos.
- Considere as características do
estoques energéticos.
paciente.
Titular a dosagem gradualmente ao
2.
•
Ausências. Essas crises envolvem uma perda breve, abrupta e au máximo tolerado e/ou que produz o
tolimitante da consciência. Em geral, inicia-se em pacientes de 3 controle ideal das crises.
a 5 anos de idade e perdura até a puberdade ou mais. O paciente
permanece com o olhar fixo e pisca rapidamente, o que dura de 3
a 5 segundos. A crise de ausência têm um padrão de descarga de
' ••
3. Mioclônicas. Essas crises consistem em episódios curtos de con Fármaco de segunda escolha
tração muscular que podem ocorrer novamente por vários minutos. O segundo fármaco é titulado até a concen-
tração que controla convulsões antes de
•
as
Em geral, elas ocorrem após o despertar e se revelam como bre reduzir e interromper o fármaco
ves contrações espasmódicas dos membros. As crises mioclônicas anticonvulsivante original.
ocorrem em qualquer idade, mas em geral iniciam na puberdade ou Se o p imei fármaco está associado com
r ro
efeitos adversos significativos, ele deve ser
•
ocorrer também em irmãos. A crise febril consiste em convulsões As crises persistem As crises desaparecem
tônico-clônicas generalizadas de curta duração e não necessaria
•
mente levam ao diagnóstico de epilepsia.
Associação Tratamento
5. Estado epiléptico. No estado epiléptico, duas ou mais crises ocor racional de - - farmacológico
rem sem recuperação plena da consciência entre elas. Essas crises dois fármacos alternativo
podem ser parciais ou generalizadas primárias, convulsivas ou não
convulsivas. O estado epiléptico é ameaçador à sobrevida e exige • •
Inicialmente considere com base nas Considere esta opção se as Considere esta alternativa se as Considere quando a adesão ao tratamento,
características do paciente, no diagnóstico crises persistem ou se os crises persistem ou os efeitos as interações farmacológicas ou os efeitos
e sintomas e leve em consideração efeitos adversos do 1° fármaco adversos impedem o tratamento. adversos impedem o tratamento
problemas médicos concorrentes. impedem o uso. farmacológico.
EPILEPSIA PARCIAL
Diva/proex
Parcial simples, Carbamazepina Gabapentina
Levetiracetam ········->...... ---:>...... Oxcarbazepina ·······---> · ..·!E ti ulaçã vagai]........
parcial complexa
Lamotrigina Lacosamida
com ou sem s m o
generalização
Topiramato
Pregabalina Fenitoina
secundária Zonisamida Tiagabina
Paciente idoso Lamotrigina ---':>......1Gabapentina ].... ____,:> ......(Carbamazepinal-·.....---':>·....1Estimulação vagait.......
Mioclônica Divalproex
__ ____:>
. ...... Lamotrigina
Topiramato
---:>······ El����a����n as .... ..... .............................. ..... ....................
Levetira
cetam
Estado
epilético dlBenzo..
azeplnas ----.:>·····�Eléirllituratoi> ]···························································································································
Fosfenitofna
SÍNDROME EPILÉPTICA
Rolãndica benigna
· Gabapentina
Figura 15.5
Indicações terapêuticas para os fármacos anticonvulsivantes. Benzodiazepinas = diazepam e /orazepam.
º =tiº
V=-==:::=
associado, os pacientes submetidos à monoterapia apresentam maior adesão
e menor número de efeitos adversos. Se as crises não forem controladas com
o primeiro fármaco, deve ser considerada a monoterapia com um anticonvul
sivante alternativo ou vários ou a estimulação do nervo vago (Figura 15.5). O Náuseas
conhecimento dos anticonvulsivantes disponíveis, e seus mecanismos de ação, e êmese
farmacocinética, potencial de interação com outros fármacos e efeitos adversos
é essencial para o tratamento bem-sucedido do paciente. Há pacientes que
requerem a associação de medicamentos para o controle das convulsões.
v==�
Sedação e
V. FÁ RMACOS ANTIEPIL ÉTICOS PRIMÁ RIOS sonolência
B. Carbamazepina
A carbamazepina reduz a propagação dos impulsos anormais no cérebro,
bloqueando os canais de sódio, inibindo, assim, a geração de potenciais V
de ação repetitivos no foco epiléptico e evitando seu alastramento. Ela é
Osteoporose
eficaz no tratamento das crises parciais e das tônico-clônicas generalizadas
secundárias. Ela também é usada no tratamento da neuralgia do trigêmio
e no distúrbio bipolar. A carbamazepina tem absorção lenta e errática após
administração via oral e pode variar de genérico para genérico, resultando
em amplas variações de concentração sérica. Ela induz sua própria bio Figura 15.6
transformação e tem um metabólito ativo. A carbamazepina é substrato da Principais efeitos adversos dos fárma
CIP3A4 com menor biotransformação pela CIP1A2 e CIP2C8. O metabólito cos anticonvulsivantes.
186 Clark, Finkel, Rey & Whalen
epóxido corresponde a 25°/o da dose, é ativo e pode ser inibido por fárma
CIP1A2 cos que inibem a UDP-glicuronosiltransferase (UGT), levando à toxicidade
Carbamazepina (Figura 15.7). A carbamazepina é um indutor das famílias de isoenzimas
CIP1A2, CIP2C e CIP3A e da enzima UGT, que pode aumentar a depuração
CIP2C8 e reduzir a eficácia dos fármacos que elas biotransformam. Ela não é bem
Carbamazepina tolerada por idosos da mesma forma que outros anticonvulsivantes disponí
veis. Pode ser detectada hiponatremia em alguns pacientes, particularmente
CIP2C9 em idosos, o que pode indicar a necessidade de troca de fármaco. Erupção
Carbamazepina cutânea característica pode se desenvolver no início do tratamento, mas
Diva/proex
não exige troca de fármaco. A carbamazepina não deve ser prescrita para
Fenobarbital
Fenitoí
na
pacientes com crises de ausência, porque ela pode aumentá-las.
CIP2C19 C. Etosuximida
Diva/proex A etosuximida reduz a propagação da atividade elétrica anormal no cé
Felbamato rebro, mais provavelmente inibindo os canais de cálcio tipo T. Ela é eficaz
Fenobarbital
somente no tratamento das crises de ausência generalizadas primárias
Fenitoína
Zonisamida (ver Figura 15.5.). O uso da etosuximida é limitado devido ao seu espec
tro muito estreito.
CIP3A4 D. Felbamato
Carbamazepina
Etosuximida
O felbamato apresenta um amplo espectro de ação anticonvulsivante. Múl
Tiagabina tiplos mecanismos são propostos para sua ação, incluindo 1 ) bloqueio dos
Zonisamida canais de sódio dependentes de voltagem; 2) competição pelo local de li
gação do coagonista glicina no receptor de NMDA; 3) bloqueio dos canais
UDP-glicurosoniltransferase de cálcio e 4) potenciação das ações do GABA. O felbamato é um inibidor
Diva/proex dos fármacos biotransformados pela CIP2C19 e [3-oxidação (Figura 15.7) e
Lamotrigina induz os fármacos biotransformados pelo CIP3A4. Ele é reservado para uso
Lorazepam em epilepsias refratárias (particularmente a síndrome Lennox-Gastaut) de
vido ao risco de anemia aplástica (cerca de 1 :4.000) e insuficiência hepática.
Figura 15.7 E. Gabapentina
Biotransformação dos fármacos anti
A gabapentina é um análogo do GABA. Contudo, ela não atua nos re
convulsivantes pelas CIP.
ceptores GABA, não potencializa as suas ações e nem é convertida em
GABA. Seu mecanismo de ação preciso segue desconhecido. Ela é apro
vada como tratamento auxiliar para crises parciais e no tratamento da
neuralgia pós-herpética. A gabapentina apresenta farmacocinética não
linear (ver p. 14) devido à sua captação do intestino por um sistema de
transporte saturável. Ela não se liga às proteínas plasmáticas e é excreta-
,
F. Lacosamida
A lacosamida in vitro afeta canais de sódio disparados por voltagem re
sultando na estabilização de membranas neuronais hiperexcitadas e ini
bição de disparos neuronais repetitivos. A /acosamida se liga à proteína 2
mediadora da resposta colapsina (P2MRC), uma fosfoproteína expressa
princiaplmente no sistema nervoso e envolvida na diferenciação neuronal
e controle do crescimento axonal. A função da ligação da P2MRC no con
trole das convulsões é desconhecido. A /acosamida está aprovada para o
tratamento auxiliar de convulsões parciais. Em triagens clínicas, causou
euforia similar à produzida pelo alprazolam e é rotulada como fármaco
controlado (Relação V). Está disponível como uma formulação injetável.
O efeito adverso mais comum que limita o tratamento inclui tonturas, ce
faleia e fadiga.
Farmacologia Ilustrada 187
G. Lamotrigina
A lamotrigina bloqueia os canais de sódio, bem como os canais de cálcio
alta voltagem-dependentes. Ela é eficaz em uma variedade de tipos de con
vulsões, incluindo crises parciais, generalizadas, crises de ausência típicas
e síndrome de Lennox-Gestaut. Ela também é aprovada para uso no distúr
bio bipolar. A lamotrigina é biotransformada principalmente a N2 glicuroní
deo pela via da UGT. A sua meia-vida (de 24 a 35 horas) é reduzida pelos
fármacos indutores de enzimas (p. ex., a carbamazepina e a fenitoína) e
aumentada em mais de 50°/o pelo acréscimo de valproato. A dosagem de
lamotrigina deve ser reduzida ao adicionar o valproato ao tratamento, a me
nos que o valproato esteja sendo acrescentado em pequena dosagem para
reforçar a concentração sérica de lamotrigina. Foi registrado que a eleva
ção rápida da concentração sérica de lamotrigina causa erupções cutâneas,
que, em alguns pacientes, pode evoluir para uma reação grave, ameaçadora
à vida. A lamotrigina também é bem tolerada pela população idosa com
crises parciais devido aos seus efeitos adversos relativamente pequenos.
H. Levetiracetam
O levetiracetam é aprovado para o tratamento auxiliar de crise de ataque
parcial, crises mioclônicas e crises tônico-clônicas primárias generaliza
das em adultos e crianças. O mecanismo exato de ação anticonvulsivante
é desconhecido. O fármaço demonstra alta afinidade por uma proteína
vesicular sináptica (SV2A). Em camundongos, isso foi associado com po
tente ação anticonvulsiva. Ele é bem absorvido por via oral e excretado
na urina e com a maior parte (66°/o) inalterada. O levetiracetam não inte
rage com os sistemas metabólicos CIP ou UGT. Os efeitos adversos mais
frequentes incluem tontura, distúrbios do sono, cefaleia e fraqueza.
1. Oxcarbazepina
A oxcarbazepina é um pró-fármaco que é rapidamente reduzido ao meta
bólito 1 0-monoidróxi (MHD), responsável pela atividade anticonvulsivante.
O MHD bloqueia canais de sódio prevenindo o alastramento das descargas
anormais. A modulação dos canais de cálcio também é uma das hipóteses.
A oxcarbazepina está aprovada para uso em adultos e crianças com crises
de ataque parcial. Ela é uma indutora menos potente do CIP3A4 e do UGT
do que a carbamazepina. O perfil de efeitos adversos é similar ao dos outros
antiepiléticos. Pode causar náusea, êmese, cefaleia e distúrbios visuais.
'B.
e.
K. Fenitoína e fosfenitoína o
�e 10
Be
A fenitoína bloqueia os canais de sódio voltagem-dependentes, ligando
8
-se seletivamente ao canal no estado inativo e tornando lenta a sua re
cuperação. Em concentrações muito elevadas, a fenitoína pode bloquear
também os canais de cálcio voltagem-dependentes e interferir na libe o 400 800
ração de neurotransmissores monoaminérgicos. A fenitoína é eficaz no
tratamento das crises parciais, das tônico-clonicas generalizadas e no
Dosagem de fenitoína (mg/dia)
tratamento do estado epiléptico (Figura 1 5.5). Ela se liga em 90°/o à al
bumina do plasma e é indutora dos sistemas enzimáticos CIP2C, CIP3A Figura 15.8
e UGT acelerando a biotransformação dos fármacos que são substrato Efeito não linear da dosagem de fenitoí
desses sistemas. A fenitoína apresenta biotransformação enzimática que na sobre a sua concentração plasmática.
188 Clark, Finkel, Rey & Whalen
L. Pregabalina
A pregabalina se liga ao local a2-õ, uma subunidade auxiliar do canal
de cálcio disparado por voltagem no SNC, inibindo a liberação do neu
rotransmissor excitatório. A função exata que isso tem no tratamento é
desconhecida, mas o fármaco comprovou eficácia nas crises de ataque
parcial, dor neuropática associada com a neuropatia periférica diabética,
neuralgia pós-herpética e fibromialgia. Mais de 90°/o da pregabalina é eli
minada por via renal, sem indicação de envolvimento do CIP. Sonolência,
visão borrada, aumento de massa corporal e edema periférico foram ob
servados.
M. Rufinamida
A rufinamida in vitro atua nos canais de sódio. Está aprovada para o
tratamento auxiliar de convulsões associadas com a síndrome Lennox
-Gastaut em crianças com mais de 4 anos e em adultos. A rufinamida é
um inibidor fraco da CIP2E1 e um indutor fraco da CIP3A4. Os alimentos
aumentam a absorção e a concentração pico no soro. As concentrações
séricas de rufinamida são afetadas por outras medicações anticonvulsi
vas. Ela é induzida por carbamazepina e fenitoína e inibida quando ad
ministrada com valproato. Mulheres usando anticoncepcionais devem ser
alertadas da possível ineficácia quando usado simultâneo com rufinami
da. Os efeitos adversos incluem o potencial para diminuição do intervalo
QT. Pacientes com síndrome familiar de QT curtos não devem ser trata
dos com rufinamida.
N. Tiagabina
A tiagabina bloqueia a captação de GABA pelos neurônios pré-sináp
ticos, permitindo que haja uma maior quantidade de GABA disponível
para ligação com o receptor; assim, aumenta a atividade inibitória. A tia
gabina é eficaz na diminuição do número de crises em pacientes com
epilepsia de ataques parciais. A ligação à albumina e à glicoproteína-a1
ácida é maior que 95°/o. A biotransformação é feita principalmente pela
família CIP3A de enzimas. Os efeitos adversos incluem cansaço, tonturas
Farmacologia Ilustrada 189
O. Topiramato
O topiramato possui várias ações que devem contribuir no seu amplo es
pectro de atividade anticonvulsivante. Ele bloqueia canais de sódio volta
gem-dependentes e demonstrou-se que aumenta a freq uência de abertura
dos canais de cloro ligando-se ao receptor GABAA. Correntes de cálcio
de alta voltagem (tipo L) são reduzidas pelo topiramato. Ele é um inibidor
de anidrase carbônica e pode atuar em receptores glutamato (NMDA). O
topiramato é eficaz e aprovado para uso em epilepsias parciais e primárias
generalizadas. Ele também é aprovado no tratamento da enxaqueca. O to
piramato é eliminado por via renal e também tem metabólitos inativos. Ele
inibe a CI P2C19 e é induzido pela fenitoína e carbamazepina. Foi descrito
que a lamotrigina causa aumento da concentração de topiramato. A coad
ministração do topiramato diminui o etinilestradiol. Por isso, mulheres que
recebem este fármaco devem ser aconselhadas a usar métodos adicionais
para controle da natalidade. Os efeitos adversos incluem sonolência, per
da de massa corporal e parestesias. Foi descrita uma maior incidência de
cálculos renais do que na população não tratada. Glaucoma, oligo-hidrose
e hipertermia também foram observados. O último está especificamente
relacionado com a atividade da anidrase carbônica.
,
rJ
R. Zonisamida
A zonisamida é um derivado sulfonamida com amplo espectro de ação.
Um gerador de pulsos
o implantado conecta aos Tem múltiplos efeitos no sistema neuronal, aceitos como envolvido na
elo enervo
trodosvago.
que circulam geração das crises, incluindo bloqueio dos canais de sódios voltagem-de
pendentes e correntes de cálcio tipo-T. Ela tem atividade limitada sobre a
Ogeraestipulmulsosadorelédotricnervo vago anidrase carbônica. A reação cruzada com outras sulfonamidas deve ser
estimulam o nervo vago. os que revisada, e seu emprego monitorado em pacientes com registro de aler
gias. A zonisamida está aprovada para pacientes com crise parcial. Ela
é biotransformada pela isoenzima CI P3A4 e pode, em menor extensão,
ser afetado pela CIP3A5 e CIP2C19. Além dos efeitos adversos típicos no
SNC, o fármaco pode causar cálculos renais. Foi registrada oligo-hidrose,
e os pacientes devem ser monitorados quanto ao aumento na temperatu
ra corporal e redução da sudoração.
-. Nervo vago _J A estimulação vagai (EV) requer o implante cirúrgico de um pequeno gera
dor de impulsos com bateria e eletrodos para estimulação (Figura 1 5 . 1 1 ). O
Gerador aparelho é implantado e os eletrodos enrolados no nervo vago do paciente.
de pulsos Este tratamento foi aprovado em 1997. O aparelho também está aprovado
para tratamento da depressão. O mecanismo de ação é desconhecido. Como
há o envolvimento difuso com circuitos neuronais, há uma variedade de me
Essa
ativesti
apode dademulelaaséção
icausar tricricaelsanormal
étrica previquene canismos pelos quais ele pode exercer seu efeito no controle de crises. A EV
es. é eficaz no tratamento das crises de ataques parciais e permite a redução
do tratamento farmacológico em alguns casos. Ela é uma alternativa para
Oquando
pacientepressente
ativa o esti a crimsule.ador pacientes que se revelam refratários a vários fármacos, naqueles que são
sensíveis aos vários efeitos adversos dos anticonvulsivantes e nos que têm
dificuldade em aderir ao esquema de tratamento. Contudo, a EV é um proce
m dimento invasivo e dispendioso.
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Biscoi)to
VII. ESTIMULAÇAO CEREBRAL PROFUNDA
-
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Figura 15.1 1 Mulheres epilépticas com frequência se preocupam com a gestação e com o
Estimulação do nervo vago. A. Localiza efeito que a medicação pode ter no desenvolvimento fetal. O planejamento é o
ção do estimulador implantado. B. Tama componente mais importante. Todas as mulheres que consideram a gestação
nho do aparelho. devem receber dosagens elevadas de ácido fálico antes da concepção. Dival
proex e os barbitúricos devem ser evitados. O tratamento das mulheres com
divalproex e barbitúricos deve ser trocado para outro fármaco antes da gesta
ção, se possível. Se as crises estão controladas, a medicação de manutenção
pode ser reduzida, se possível, para a menor dosagem que garanta o controle.
Se as crises não estão controladas, a medicação e as dosagens devem ser
ajustadas antes da gestação, se possível. A frequência e a gravidade das cri
ses pode se alterar durante a gestação. É importante ser acompanhada pelo
obstetra e pelo neurologista. Nos EUA, todas as gestantes com epilepsia são
estimuladas para registrar-se no AED (Antiepileptic drug) Pregnancy Registry.
A Figura 1 5.12 resume mecanismos, efeitos adversos e comentários clínicos
dos fármacos antiepiléticos.
Farmacologia Ilustrada 191
• •
Hiponatremia, sonolência, fadiga, tonturas e visão turva. O uso também está associado
Carbamazepina Bloqueia canais de Na• com síndrome de Steven-Johnson. Discrasias do sangue: neutropenia, leucopenia,
trombocitopenia, pancitopenia e anemias.
Aumento de massa corporal, facilidade de lesões, náuseas, tremores, queda de pelos,
Divalproex Mecanismo múltiplo distúrbios TGI, lesão hepática, alopecia e sedação. Foram observados insuficiência
hepática, pancreatite e efeitos teratogênicos. Amplo espectro de atividade
anticonvul.siva.
Sonolência, hiperatividade, náuseas, sedação, distúrbios TGI, aumento de massa
Etosuximida Bloqueia canais de Ca2• corporal, letargia, LES e erupções. Podem ocorrer discrasias do sangue; deve ser feito
HCG periódico. A interrupção abrupta pode causar convulsões.
,.
Insônia, tonturas, cefaleia, ataxia, aumento de massa corporal e irritabilidade. Anemia
Felbamato Mecanismos múltiplos de ação aplástica e insuficiência hepática. Amplo espectro de atividade anticonvulsiva. Requer
o consentimento do paciente por escrito autorizando o uso.
I•
Hiperplasia gengival, confusão, fala enrolada, visão dupla, ataxia, sedação, tonturas e
Fenitoína Bloqueia canais de Na• hirsutismo. Síndrome de StevensJohnson, potencialmente fatal. Não recomendado
para uso crônico. E o tratamento primário para o estado epilético (fosfenitoína).
'
Gabapentina Desconhecido Leve sonolência, tonturas, ataxia, aumento de massa corporal e diarreia. Poucas
interações de fármacos. Cem por cento eliminados por via renal.
Lacosamida Mecanismos múltiplos de ação Tonturas, fadiga e cefaleia. Poucas interações de fármacos. Relação V (dos EUA).
Lamotrigina
Náusea, sonolência, tonturas, cefaleia e diplopia. Urticária (síndrome de Stevens-Johnson,
Mecanismos múltiplos de ação
potencialmente fatal), Amplo espectro de atividade antioonvulsiva.
Levetiracetam Mecanismos múltiplos de ação Sedação, tonturas, cefaleia, anorexia, fadiga, infecções e sintomas comportamentais.
Poucas interações com fármacos. Amplo espectro de atividade anticonvulsiva.
Pregabalina Mecanismos múltiplos de ação Aumento de massa corporal, sonolência, tonturas, cefaleia, aumento de massa
corporal, diplopia e ataxia. Cem por cento de eliminação renal.
Rufinamida Desconhecido Diminui o intervalo QT. Interações múltiplas com outros fármacos.
Figura 15.12
Resumo dos fármacos antiepilépticos. HGM 1= hemograma completo; GABA = ácido -y-aminobutírico; TGI = trato gastrin
testinal; LES = lúpus eritematoso sistêmico. Programa nos EUA que autoriza o médico a usar este fármaco.
192 Clark, Finkel, Rey & Whalen
"confusão". Desde o último ano a criança vem sofrendo ciais complexas. Esse tipo de crise prejudica a consciência e pode
episódios durante os quais apresenta olhar vago e não ocorrer em qualquer faixa etária. Em geral, o olhar vago é acom
panhado de comprometimento da consciência e da evocação. Se
responde aos questionamentos. Alem disso, parece levar questionado, o paciente pode responder de forma inapropriada ou
vários minutos até que se recupere dos episódios. Qual ininteligível. Movimentos automáticos são associados à maioria das
das denominações a seguir melhor descreve as crises crises parciais complexas e envolvem a boca e a face (movimentos
desse paciente? de compressão dos lábios, mastigação degustação e deglutição),
membros superiores (movimentos de tatear, cutucar, dedilhar ou
A. Parciais simples apertar), vocalização (resmungos ou repetição de palavras e frases)
B. Parciais complexas ou atos mais complexos (como caminhar ou misturar comida no pra
c. Tônico-clônicas to), podem estar presentes sinais sutis de lateralização (como sorriso
D. De ausências assimétrico).
E. Mioclônicas
15.2 Qual dos seguintes tratamentos seria o mais apropriado
para o paciente descrito na questão anterior? Resposta correta B. O paciente sofreu várias crises, e o risco de não
=
a apresentar crises e com maior frequência. Considera-se como auxiliares no tratamento de crises parciais complexas recorren
acrescentar um segundo fármaco ao regime medicamen tes, somente o levetiracetam não afeta a farmacocinética dos outros
anticonvulsivantes; nem as suas propriedades farmacocinéticas são
toso do paciente. Qual dos seguintes fármacos menos pro alteradas por outros fármacos significativamente. Entretanto, qual
vavelmente apresentará interação farmacocinética com a quer dos fármacos listados pode ser acrescentado dependendo do
carbamazepina? ,