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Itaperuna,
RJ 2021
PAULO VÍTOR DA SILVA SOARES BRANCO
Itaperuna, RJ 2021
Ambas produções nascem e contribuem para a história do pensamento
político brasileiro, contemporaneamente. Nas mesmas décadas e por
consequência, no mesmo contexto político social. Contexto esse de um Estado
Patrimonialista regido pela elite, num cenário que permeava meio a censura e
redemocratização, entre as décadas de 1950 e 1990.
Raymundo Faoro (1925-2003) em seus livros Os donos do poder (1. ed.
de 1958, 2. ed. de 1975, Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio (de 1975),
Assembleia constituinte: a legitimidade resgatada (1981) e Existe um
pensamento político brasileiro? (de 1994) percorre um caminho a apontar as
tensões que existiam na época entre o Estado patrimonialista e as massas,
ressaltando a formação desse modelo de estado, pautado em ideais patriarcais
e do liberalismo sendo empregado de forma ilusória para dar ar de liberdade as
massas, porém sendo utilizado em benefício próprio, aparando as arestas
sempre que necessário, numa visão patriarcal e a derrubada desse modelo de
Estado por parte da ação organizada das massas, com o sentimento liberal
anacronicamente perdido nesse sentimento de emancipação.
Ao analisar a obra de Weffort, percebe-se que o autor não foge muito a
problemática apontada por Faoro, porém estabelece suas próprias ideias. Em
suas obras: Qual democracia? de 1992); Formação do pensamento político
brasileiro, de 2006. O autor deixa explícita a sua visão da formação de um Estado
negacionista quando se refere a índios e negros. Apontando uma origem
medieval na vida social, econômica e cultural da população brasileira, onde
também há aspectos introduzidos por uma influência portuguesa, se
diferenciando de Faoro por ser mais abrangente, enquanto Faoro aponta o lado
político português, Weffor totaliza toda um influência portuguesa em diversos
campos da construção social do Brasil deixando raizes profundas no
pensamento político e social do país, tornando em primeiro momento inviável a
participação das massas na produção da história do Brasil, como se fosse um
país sem povo, formado somente pela elite e seu feitos.
Dessa forma, observa-se em ambos autores a grande problemática na
criação da história brasileira, onde a elite se preocupava mais em criar um povo
para constar nos documentos do que relatar e reconhecer o que realmente era,
e que a guinada da história se daria com uma produção mais aberta, onde
houvesse a preocupação de somar as massas.