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UNIDADE I:

INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS PARA ENGENHARIA

1- IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE MATERIAIS

Historicamente, o avanço das sociedades esteve ligado às habilidades dos seus


membros em produzir e manipular materiais para satisfazer suas necessidades. A Ciência de
materiais investiga as relações entre as estruturas e as propriedades dos materiais. E a
Engenharia de materiais, volta-se para a utilização de conhecimentos básicos e aplicados dos
materiais de forma que estes possam ser transformados em produtos desejados pela
sociedade.

Tudo o que nos rodeia é feito de materiais. Isso inclui o nosso próprio corpo. As
engenharias, civil, elétrica e mecânica, entre outras, utilizam inúmeros tipos de materiais para
fabricar dispositivos ou elementos que nos são úteis. É imprescindível, portanto, que o
engenheiro saiba com que materiais ele terá que trabalhar para que o seu dispositivo cumpra
o objetivo desejado.

É impossível que o engenheiro tenha à sua disposição todos os materiais que poderia
utilizar bem como todos os detalhes das propriedades desses materiais. Além disso, um
mesmo material pode apresentar uma combinação enorme de diferentes propriedades
dependendo apenas da maneira como foi processado. Por isso é necessário que o engenheiro
tenha conhecimento dos princípios gerais que governam as propriedades de TODOS os
materiais.

2- ASPECTOS BÁSICOS DE UM MATERIAL DE ENGENHARIA

Quando um engenheiro pensa na aplicação de um dispositivo ele quer que o material


desse dispositivo tenha propriedades que atendam à utilização desejada. Essas
propriedades, porém, estão intimamente ligadas à estrutura do material.

A estrutura por sua vez é, até certo ponto, alterada pelo processamento que o
material sofre para atingir a forma final desejada. Esses quatro aspectos acima estão
intimamente ligados e devem sempre ser “pensados” em conjunto quando um engenheiro está

Ciência e Tecnologia dos Materiais – Profa. Neide Mariano – UNIFAL-MG


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decidindo sobre o material a ser usado em seu dispositivo. O esquema abaixo ilustra a ligação
íntima entre esses quatro aspectos.

Independentemente de outras condições que determinem sobre a utilização ou não de


um material, como, preço, disponibilidade, durabilidade, etc., os quatro aspectos básicos estão
ilustrados na Figura 1.

Cabe ao engenheiro saber combinar de forma eficiente e econômica esses quatro


aspectos. Estrutura de um material se refere ao arranjo de seus componentes internos (nível
atômico). Propriedade de um material consiste em sua peculiaridade, em termos do tipo e da
magnitude, de resposta a um estímulo específico imposto. A estrutura de um material irá
depender de seu processamento. O desempenho de um material será uma função de suas
propriedades.

Figura 1- Tetraedro da Ciência e Engenharia de Materiais

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3- CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Os materiais sólidos foram agrupados em três classificações básicas: metais,


cerâmicas e polímeros. Esquema baseado principalmente na composição química e estrutura
atômica dos materiais.

Os materiais metálicos são compostos principalmente de elementos metálicos e


possuem características bem similares como a condutividade elétrica e térmica, a capacidade
de deformação entre outras. Exemplos são: o cobre, o ferro e o alumínio.

Os materiais cerâmicos são normalmente compostos de óxidos, carbetos e nitretos.


As características mais comuns a esses materiais são a dureza e a fragilidade. Exemplos são:
a argila (tijolos e telhas), o vidro, a alumina e o carbeto de tungstênio (usado nas ferramentas
de “metal duro”).

Os materiais poliméricos são materiais orgânicos, isto é, formados por longas


cadeias carbônicas. Suas principais características são, a baixa densidade, baixa dureza,
pequena resistência a temperaturas elevadas e a grande capacidade de deformação, elástica
ou plástica. Exemplos são: a borracha natural, o polietileno (sacolas plásticas) e o poliestireno
expandido (isopor).

Polímero termofixo: material polimérico que, uma vez que tenha sido curado
(endurecido) através de uma reação química, não irá mais amolecer ou fundir quando for
posteriormente aquecido. Polímero termoplástico: material polimérico semicristalino que
amolece quando aquecido e endurece quando resfriado.

Adicionalmente, existem os subgrupos: compósitos, semicondutores, biomateriais,


materiais inteligentes, nanomateriais.

Materiais compósitos: são formados pela combinação de materiais com propriedades bem
diferentes, de uma, duas ou das três classes anteriores. Um exemplo típico é o concreto
(combinação de cerâmicas com metais). Outro exemplo é o pneu (combinação de polímeros
com metais).

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Biomateriais: empregados em componentes implantados, esses materiais não devem


produzir substancias tóxicas e devem ser compatíveis com os tecidos do corpo, Ex:
hidroxiapatita, Ti recoberto com alumina

Semicondutores: possuem propriedades elétricas intermediárias entre aquelas dos


condutores elétricos (metais, ligas metálicas) e os isolantes (cerâmicas, polímeros); as
características elétricas desses materiais são extremamente sensíveis à presença de
concentrações de átomos de impurezas; tornaram possível o advento dos circuitos integrados
(revolução do mundo eletrônico/computacional).

Materiais inteligentes: materiais capazes de perceber mudanças em seus ambientes e


responder a elas de maneiras predeterminadas; seus componentes ou sistemas incluem
algum tipo de sensor e um atuador. Exemplos: Ligas com memória de forma: são metais que,
após terem sido deformados, retornam à sua forma original quando a temperatura é
modificada. Cerâmicas piezoelétricas: se expandem e se contraem em resposta à aplicação
de um campo elétrico (ou voltagem). Material piezoelétrico: é um material dielétrico onde a
polarização é induzida por forças externas.

Materiais nanomateriais: materiais com escala de comprimento (diâmetro da partícula,


tamanho do grão, espessura da camada menor que 100 nm), podem ser metálicos, cerâmicos,
poliméricos ou compósitos. Em escala nanométrica, as propriedades do material não são nem
as propriedades características do nível atômico ou molecular nem as de uma escala
macroscópica. Pelo refinamento da estrutura de grão de um metal em níveis ultrafinos, é
possível aumentar sua resistência e sua dureza em comparação com um metal de grãos
maiores.

Bibliografia:
1-Callister Jr., W. D. Ciência e engenharia de materiais. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2008.
2- Shackelford, J. F. Ciências dos Materiais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
3- Askeland, D. R.; Phulé, P. P. Ciência e Engenharia dos Materiais. Cengage Learning, 2008.

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