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Universidade Federal de Viçosa

Universidade
Centro de Ciências Federal
Exatas de Viçosa
e Tecnológicas
Centrode
Curso deEngenharia
Ciências Exatas e Tecnológicas
Química
Curso de Engenharia Química
ENQ 430 - Corrosão

PROTEÇÃO CATÓDICA
Fonte: Gentil, 2007.

Profa. Rita Superbi


Introdução

A proteção catódica é um método de controle de corrosão que


consiste em transformar a estrutura à proteger no catodo de
um célula eletroquímica ou eletrolítica.

Não é usualmente utilizada em estruturas aéreas em face da


necessidade de um eletrólito contínuo, o que não se
consegue na atmosfera.

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Introdução

Com o desenvolvimento industrial que atravessa o Brasil, a


utilização de instalações metálicas enterradas ou submersas tem
sido cada vez mais freqüente.

Em conseqüência, os problemas de corrosão aumentam em


grandes proporções, obrigando ao desenvolvimento e ao
aperfeiçoamento de novas técnicas para o seu combate e
controle, tais como a aplicação de novos processos metalúrgicos,
o uso de revestimentos protetores e o emprego de proteção
catódica.

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Introdução

O conhecimento da proteção catódica torna se cada vez mais


necessário aos engenheiros e técnicos, de um modo geral,
devido à construção cada vez maior de:

• oleodutos,
• gasodutos,
• tubulações que transportam derivados de petróleos e
produtos químicos,
• minerodutos,
• redes de água para combate a incêndio,

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Introdução

• plataformas submarinas de prospecção e produção de


petróleo, camisas para poços de água e de petróleo,
• navios e embarcações,
• equipamentos industriais,
• tanques de armazenamento de água, de óleo, de
derivados de petróleo e de produtos químicos,
• cabos telefônicos com revestimentos metálicos,
• estacas metálicas de fundação e
• muitas outras instalações importantes.

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Introdução

A grande virtude dessa técnica é permitir o controle


seguro da corrosão em instalações que, por estarem
enterradas ou imersas, não podem ser inspecionadas ou
revestidas periodicamente, como acontece com as
estruturas metálicas aéreas.

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Introdução

Sua aplicação torna-se extremamente econômica e mais


simples quando as superfícies a proteger são previamente
revestidas.

Sua finalidade, nesses casos, consiste em complementar a


ação protetora de revestimento que, por melhores e mais
bem aplicados que sejam, sempre contêm poros, falhas e se
tornam deficientes com o passar do tempo.

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Introdução
Introdução

Em termos de investimento, se comparado ao preço global


de uma obra, o custo de proteção catódica, quando
devidamente projetado o sistema, varia de 0,5 a 5% do
investimento global, dependendo das premissas adotadas no
seu dimensionamento, da sua complexidade e sofisticação.

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Introdução

Histórico

A proteção catódica não é uma técnica recente, sendo utilizada há


muitos anos nos países mais desenvolvidos, depois de ter sido
experimentada pela primeira vez, na Inglaterra, em 1824, por
Humphrey Davy, para retardar a corrosão das chapas de cobre
que revestiam os cascos de madeira dos navios, mediante a
fixação, naquelas estruturas, de pequenos pedaços de outros
materiais como o ferro, o estanho e o zinco.

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Introdução

No Brasil, o início efetivo de sua utilização se deu por volta de


1964, com a construção do Oleoduto Rio–Belo Horizonte
(ORBEL), da Petrobras.

Mais recentemente, graças à aplicação eficiente das técnicas de


proteção catódica, as companhias de águas, de mineração, de
energia elétrica, de distribuição de gás, petróleo e derivados, as
petroquímicas e indústrias, de um modo geral, têm encontrado
maior facilidade para resolver os problemas de corrosão
causados pelo solo, pela água ou por corrente de fuga, que
aparecem com freqüência em suas instalações metálicas
subterrâneas ou submersas.

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Princípios básicos

Quando uma instalação metálica encontra-se enterrada ou


submersa, existe sempre um fluxo de corrente, através do eletrólito,
desde a área anódica até a área catódica, sendo que o retorno da
corrente se processa por intermédio do circuito externo.

A corrente migra através do eletrólito e penetra na área catódica,


sendo que nessa região os íons positivos provenientes da solução
são liberados, geralmente sob a forma de hidrogênio atômico.
Freqüentemente há o desprendimento de hidrogênio gasoso.

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Princípios básicos

Se conseguirmos fazer com que toda a superfície de uma


instalação metálica, enterrada ou submersa, adquira
comportamento catódico, a estrutura não sofrerá ataque corrosivo,
ficando completamente protegida.

Isso pode ser conseguido provendo-se a estrutura de um fluxo de


corrente de proteção, proveniente de uma fonte externa, com uma
intensidade tal que seja capaz de anular as correntes de corrosão
das diversas pilhas existentes na superfície metálica.

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Princípios básicos

O processo corrosivo de uma estrutura metálica enterrada ou


submersa se caracteriza sempre pelo aparecimento de áreas
anódicas e catódicas na superfície do material metálico.

A ocorrência dessas áreas de potencias diferentes ao longo de


uma tubulação de aço ou de uma chapa metálica mergulhada em
um eletrólito, tem sua explicação nas variações de composição
química do metal, heterogeneidades existentes no material
metálico, grau de aeração, composição química, grau de umidade
e outras.

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Princípios básicos

Heterogeneidade do aço

Os aços, largamente utilizados em instalações enterradas e


submersas, não são homogêneos, possuindo inclusões não
metálicas, variações de composição química e tensões internas
diferentes resultantes dos processos de conformação e de
soldagem.

Essas variações fazem com que as superfícies do aço se


comportem como se fossem constituídas de materiais metálicos
diferentes.

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Princípios básicos

As pilhas de corrosão, formadas ao longo da superfície do aço, tanto


podem ser microscópicas como macroscópicas e a intensidade do
processo corrosivo dependerá, como no caso anterior, da magnitude
da diferença de potencial que se estabelece nas pilhas formadas.

O ataque corrosivo pode ser generalizado, porém nunca uniforme e a


superfície corroída apresenta irregularidades com aspecto rugoso,
resultante da alternância das áreas anódicas e catódicas, sendo
comum incidir em zonas preferenciais, com o desenvolvimento de
alvéolos mais profundos, podendo perfurar a parede metálica.

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Princípios básicos

Heterogeneidade do solo

Os solos possuem heterogeneidades que, em conjunto com as


heterogeneidades do aço, agravam os problemas de corrosão,
uma vez que tais variações (resistividade elétrica, grau de
aeração, composição química, grau de umidade e outras) dão
origem, também, a pilhas de corrosão nas superfícies dos
materiais neles enterrados.

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Princípios básicos

As variações da resistividade elétrica do solo, sempre presentes


ao longo das instalações enterradas, são as que produzem as mais
severas pilhas de corrosão naquelas estruturas.

Outro aspecto que contribui para o agravamento da corrosão é o fato


de haver variações no grau de aeração dos solos.

Pilha de aeração diferencial

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Princípios básicos

O único método seguro e econômico para a proteção contra a


corrosão de instalações metálicas enterradas ou submersas,
consiste no uso de um revestimento adequado, com as
preocupações normais de aplicação e inspeção, complementado
pela proteção catódica.

O mecanismo de funcionamento da proteção catódica é


extremamente simples, embora a sua aplicação, na prática, exija
bastante experiência por parte do projetista e do instalador do
sistema.

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Princípios básicos

A correta aplicação de um sistema de proteção catódica


equivale à obtenção de um revestimento perfeito, ou seja,
totalmente isento de falhas, sendo que os revestimentos e a
proteção catódica estão intimamente ligados.

Quanto melhor o revestimento, mais baixo o custo da proteção


catódica e quanto pior o revestimento, maior será a quantidade
de corrente necessária para proteger os tubos

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Mecanismo

Proteger catodicamente uma estrutura significa eliminar, por


processo artificial, as áreas anódicas da superfície do metal
fazendo com que a estrutura adquira comportamento catódico.

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Sistemas de Proteção Catódica

Para a obtenção da proteção catódica, dois sistemas são utilizados.

São eles:
 a proteção catódica galvânica ou por anodos galvânicos ou de
sacrifício,
 a proteção catódica por corrente impressa ou forçada.

Em qualquer dos dois, existe um suprimento de corrente contínua


em quantidade tal que, penetrando em uma tubulação enterrada, é
suficiente para eliminar as pilhas de corrosão normalmente nela
existentes.

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Sistemas de Proteção Catódica

Proteção Catódica Galvânica

O fluxo de corrente elétrica fornecido origina-se da diferença de potencial


existente entre o metal a proteger e outro escolhido como anodo, que tem
potencial mais negativo na tabela de potenciais.

Os metais mais comuns para


constituírem os chamados
ânodos de sacrifício são: zinco,
magnésio e alumínio.

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Proteção Catódica Galvânica

Série Galvânica Prática

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Proteção Catódica Galvânica

Como é de fundamental importância a composição da liga para o


bom desempenho do anodo galvânico, procura-se adicionar
elementos para que o anodo apresente as características
desejadas:

• não deve conter impurezas que possam torná-lo ineficiente.


Deve-se procurar manter baixos teores de ferro.
• estado ativo para que o anodo seja corroído uniformemente,
evitando que ocorra sua passivação: caso da adição de mercúrio
ou de índio, em anodos de alumínio.

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Proteção Catódica Galvânica

O zinco como ânodo é usado bastante em água do mar , como


em navios, barcos, píeres etc. É necessário que o Zn seja
bastante puro, principalmente isento de Fe, Cu, tendo em vista
que estes elementos aumentam muito a reação catódica do
hidrogênio sobre o metal.

A presença de ferro, mesmo em quantidades menores que


0,001%, nos anodos de zinco, causa a formação de um
revestimento denso sobre o zinco que inibe o fluxo de corrente.

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Proteção Catódica Galvânica

Aplicações típicas dos anodos galvânicos

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Proteção Catódica Galvânica

Estruturas de grande porte, a serem imersas no mar, com anodos de alumínio.

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Proteção Catódica Galvânica

Fixação, por meio de solda, de anodo de zinco em casco de navio.

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Proteção Catódica Galvânica

Anodos de zinco para proteção catódica galvânica de casco de navio.

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Proteção Catódica Galvânica

Anodo de zinco após algum tempo de uso em casco de navio.

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Proteção Catódica Galvânica

As ligas de magnésio apresentam o potencial de corrosão mais


negativo dos três tipos de liga citados. Em geral são usadas em
água doce, como, por exemplo no interior de tanques de água,
mas também em solos de baixa resistividade.

Ligas de alumínio tem sido desenvolvidas para a aplicação em


proteção catódica.

Ligas a base de mercúrio foram muito usadas, porém as


restrições ambientais a compostos com mercúrio dificultaram sua
aplicação.

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Proteção Catódica Galvânica

De um modo geral, dependendo da flutuação do mercado, o custo


por quilo do magnésio é maior que o custo por quilo do zinco.

Por outro lado, o anodo de magnésio, por ter o seu potencial em


circuito aberto mais alto, possui a propriedade de liberar mais
corrente, podendo ser usado em solos com resistividade elétrica um
pouco mais alta.

Como indicação geral, podemos dizer que os anodos de zinco são


mais econômicos quando utilizados em solos com resistividade
elétrica abaixo de 1.000 ohm.cm.

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Proteção Catódica Galvânica

Como as resistividades elétricas que temos encontrado, na


maioria das regiões onde realizamos medições de campo,
raramente se situam abaixo desse valor, podemos adiantar
que, para instalações terrestres, os anodos de magnésio são
muito mais utilizados que os de zinco.

Os anodos de zinco possuem maior aplicação na proteção


catódica de estruturas de aço mergulhadas em água do mar.

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Proteção Catódica Galvânica

Anodos galvânicos tipo braçadeira para tubulações submersas

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Proteção Catódica Galvânica

Anodos galvânicos tipo braçadeira para tubulações submersas.

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Proteção Catódica Galvânica

Quando anodos de magnésio e zinco são enterrados no solo há


necessidade de envolvê-los com um enchimento condutor
(mistura de gesso, bentonita e sulfato de sódio) que possui as
seguintes finalidades:

• Melhorar a eficiência de corrente do anodo, fazendo com que o


seu desgaste seja uniforme;
• Evitar formação de películas isolantes na superfície do anodo;
• Absorver umidade do solo;
• Diminuir a resistência de aterramento (diminuição da
resistividade elétrica anodo/solo), facilitando a passagem da
corrente elétrica do anodo para o solo.

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Proteção Catódica Galvânica

O anodo galvânico é um metal com < Ered em relação à estrutura e,


quando ligado a ela, dentro de um eletrólito como o solo ou a água,
adquire comportamento anódico, liberando a corrente de proteção.

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Proteção Catódica Galvânica

A utilização dos anodos é a função das características da


estrutura a proteger e do tipo de eletrólito em contato com o
material metálico.

Verifica-se que os anodos galvânicos são utilizados,


normalmente, para eletrólitos de muito baixa resistividade elétrica
(até 3000 ohms), uma vez que a diferença de potencial em jogo é
muito pequena, necessitando de um circuito de baixa resistência
elétrica para a liberação da corrente de proteção catódica.

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Proteção Catódica Galvânica

Pelo mesmo motivo, a proteção catódica galvânica é mais


recomendada, tanto técnica quanto economicamente, para
estruturas metálicas que requeiram pequenas quantidades de
corrente, em geral até 5 A.

É usual o emprego deste sistema em instalações marítimas, já


que a baixa resistividade da água do mar possibilita uma baixa
resistência no circuito de proteção catódica, permitindo a
injeção, no sistema, de uma corrente de maior intensidade.

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Proteção Catódica Galvânica

As principais vantagens da utilização de anodos galvânicos para


proteger, por exemplo, um oleoduto enterrado, são as seguintes:

• não requer suprimento de corrente alternada no local;

• os custos de manutenção, após o sistema instalado, são


mínimos;

• raramente aparecerão problemas de interferência com outras


instalações metálicas enterradas;

• os custos de instalação são baixos.

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Proteção Catódica Galvânica

Por outro lado, as desvantagens são as seguintes:

• a quantidade de corrente fornecida à estrutura é limitada pela diferença


de potencial, bastante baixa, entre os anodos e a tubulação;

• a proteção ficará muito mais difícil se as resistividades elétricas do solo


no local não forem suficientemente baixas (no máximo 6.000 ohm.cm);

• se o revestimento dos tubos não for muito bom, ou se o oleoduto tiver


grande diâmetro e grande comprimento, a proteção com anodos
galvânicos ficará muito cara, devido à grande quantidade de anodos a ser
utilizada;

• se a tubulação estiver influenciada por correntes de fuga, provenientes,


por exemplo, de uma estrada de ferro eletrificada, dificilmente os anodos
galvânicos serão eficientes.

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Proteção Catódica Galvânica

Os anodos galvânicos podem ser instalados isoladamente ou em


grupos que recebem o nome de “camas” ou “leitos”.

Assim sendo, a preocupação do projetista é determinar a


quantidade de corrente que um leito de anodos poderá liberar para
a proteção da estrutura.

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Proteção Catódica Galvânica

Os principais fatores que influenciam essa determinação são


as dimensões e condições do revestimento da estrutura a ser
protegida, a profundidade em que eles são enterrados, o
número e espaçamento dos anodos utilizados, o potencial da
estrutura em relação ao solo e a composição química do
metal empregado, sendo esta última fundamental, inclusive
para o desempenho do anodo.

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Sistemas de Proteção Catódica

Proteção Catódica por Corrente Impressa

Nesse processo, o fluxo de corrente fornecido origina-se da força


eletromotriz (fem) de uma fonte geradora de corrente elétrica
contínua, sendo largamente utilizados na prática os retificadores
que, alimentados com corrente alternada, fornecem a corrente
elétrica contínua necessária à proteção de estrutura metálica.

Para a dispersão dessa corrente elétrica no eletrólito são utilizados


anodos especiais, inertes, com características e aplicações que
dependem do eletrólito onde são utilizados.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

O sistema de proteção catódica por corrente impressa é


aquele que utiliza uma força eletromotriz, proveniente de uma
fonte de corrente contínua, para imprimir a corrente
necessária à proteção da estrutura considerada.

Esta força eletromotriz pode provir de baterias convencionais,


baterias solares, termogeradores ou retificadores de corrente. Os
retificadores constituem a fonte mais freqüentemente utilizada, e
através deles retifica-se uma corrente alternada, obtendo-se uma
corrente contínua que é injetada no circuito de proteção.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Há uma grande diferença com o método anterior, pois


naquele a polarização ocorre espontaneamente pelo contato
entre os dois metais.

No processo de corrente impressa, a corrente é fornecida


externamente por um gerador ou retificador.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Proteção catódica por corrente impressa para uma tubulação enterrada

No sistema por corrente impressa, uma pilha eletrolítica é gerada, na qual


fazemos com que a estrutura a ser protegida funcione como catodo e a
cama de anodos utilizada libere corrente para o solo.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Circuito
retificador é
aquele que
transforma um sinal
de corrente
alternada em
corrente contínua,
ou seja, impede
que haja mudança
de sentido de fluxo
de corrente elétrica

Retificador de proteção catódica por corrente impressa.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Retificador de proteção catódica instalado em abrigo para


minimizar vandalismo.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Unidade de comando e retificadores automáticos, refrigerados a ar, para proteção


catódica de embarcações por corrente impressa.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

A grande vantagem do método por corrente impressa consiste no


fato de a fonte geradora poder ter a potência e a tensão de saída
de que se necessite, que pode ser estipulada em valores baixos ou
elevados, o que leva a concluir que esse método se aplica à
proteção de estruturas em contato com eletrólitos de baixa (3000 a
10000 Ω cm), média (10000 a 50000 Ω cm), alta (50000 a 100000
Ω cm) e altíssima ( acima de 100000 Ω cm) resistividade elétrica.

Também ela é aplicada onde se exige maiores correntes, portanto,


em estruturas de média para grande porte o que não impede o seu
uso em estruturas pequenas, quando houver conveniência.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

O ânodo é polarizado para valores de potencial acima (mais


nobres) do valor de potencial ao qual se estabiliza o catodo. A
diferença de potencial entre ânodo e catodo é suprida pela fonte
de força eletromotriz.

Assim, não é necessário que o ânodo se dissolva, pois poderá ser


um metal inerte que apenas sirva de sede de uma reação anódica
qualquer, em geral a de liberação de oxigênio (oxidação da água).

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Os anodos utilizados na prática são construídos de grafite ou


de ligas metálicas, como as de ferro e silício, e as de chumbo,
antimônio e prata, sendo que as hastes de titânio ou nióbio com
revestimento muito fino de platina ou de óxidos especiais, são
também utilizadas.

A vantagem destes é justamente a de não se dissolverem e


portanto não ser necessária sua substituição periódica. Isto é
particularmente importante, quando as estruturas a proteger
estão enterradas em lugares de difícil acesso como no sub-solo
de cidades ou em lugares afastados de centros de manutenção.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Anodos inertes: titânio revestido com platina, anodo de liga Fe-


Si-Cr e titânio revestido por óxidos de metais nobres.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

As vantagens para a aplicação do método por corrente impressa são:

• possibilidade de fornecer maiores quantidades de corrente às


estruturas;

• possibilidade de controlar as quantidades de corrente fornecidas;

• possibilidade de ser aplicado em qualquer eletrólito, mesmo


naqueles de elevada resistividade elétrica;

• possibilidade de ser aplicado, com eficácia, para a proteção de


estruturas sem revestimento ou pobremente revestidas;

• possibilidade de ser aplicado, com economia, para a proteção de


instalações metálicas de grande porte.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

As desvantagens para a utilização desse método são:

• a necessidade de manutenção periódica, ainda que de


fácil realização,

• o dispêndio com a energia elétrica consumida, embora


de pouca monta,

• e a possibilidade de criar problemas de interferência


com outras estruturas metálicas enterradas nas
proximidades, o que pode ser evitado com facilidade.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Qualquer método que se use de proteção catódica seria muito


caro se fosse necessário trabalhar com a superfície
totalmente descoberta, pois a corrente a fornecer é
proporcional à área a proteger.

Por isto, é comum que o metal seja revestido por algum


material (pintura, revestimento polimérico) e a proteção
catódica só garanta sua ação nas falhas desse revestimento.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Os equipamentos e materiais comumente empregados nos


sistemas por corrente impressa são:

• Os retificadores são equipamentos que simplesmente convertem


corrente elétrica alternada (de um sistema de distribuição de
eletricidade) para uma corrente elétrica contínua de baixa
voltagem. A tensão de saída da unidade pode ser ajustada.
Retificadores de proteção catódica estão disponíveis em
diversas capacidades de saída, desde um ampère até centenas de
ampères. Podem ser de silício ou selênio, refrigerados a ar ou a
óleo, com alimentação monofásica ou trifásica;

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

• Os ânodos mais empregados são os de grafite, ferro-silício,


ferro-silício-cromo, chumbo-antimônio-prata, titânio platinizado,
nióbio platinizado e magnetita.

• Os ânodos de grafite, ferro-silício e magnetita são geralmente


usados em solos e os demais usados em água do mar.

• Os cabos para interligação dos ânodos e ligação na estrutura


devem ser cabos de cobre com capacidade de condução
adequada ao sistema e com isolamento de boa qualidade, em
geral de polietileno de alta densidade e alto peso molecular.

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Proteção Catódica por Corrente Impressa

Os anodos são instalados na posição vertical ou horizontal,


sendo comum o uso de enchimento condutor de coque
metalúrgico moído.

Quando o coque é convenientemente compactado em torno


do anodo, obtém-se menor resistência de saída da corrente
para o solo, além da diminuição do consumo do anodo, uma
vez que boa parte da corrente é descarregada por intermédio
do coque metalúrgico.

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Escolha do sistema de proteção catódica

Para escolha do sistema a ser adotado para a proteção catódica


eficiente de uma determinada estrutura metálica devem ser
considerados tanto os aspectos técnicos quanto os econômicos.

Características da estrutura metálica a proteger:

• Material, tipo, condições de operação, dimensões, forma


geométrica, tipo de revestimento empregado, localização etc.

• Meio onde estiver construída


Solo, água do mar, água doce, concreto, etc.

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Escolha do sistema de proteção catódica

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Levantamento de campo para o dimensionamento de sistema de
proteção catódica

Qualquer que seja a estrutura metálica a se proteger, o projeto de


proteção catódica só pode ser elaborado com sucesso após
realização de medições e testes de campo convenientes.

Levantamento de dados a respeito da estrutura a ser protegida:


a) Material da estrutura a ser protegido;
b) Especificações e propriedades do revestimento;
c) Dimensões e geometria;
d) Mapas e plantas de localidades;
e) Localização e características de outras estruturas metálicas
enterradas ou submersas existentes nas propriedades;
f) Levantamento de linhas de transição elétrica em alta tensão;

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Medições e teste de campo

a) Medições da resistividade elétrica


Finalidade: avaliar as condições de corrosão a que estará sujeita
a estrutura metálica

b) Medições dos potenciais estrutura/eletrólito


Como é feito: com o auxilio de voltímetros apropriados com alta
resistência interna e eletrodos de referências, como os
Cu/CuSO4 e Ag/AgCl
Finalidade:
• Avaliar as condições de corrosividade a que está sujeita a
estrutura.
• Detectar e estudar os problemas de corrosão eletrolítica que
possa ocorrer.
• Verifica se a estrutura encontra-se protegida após a
instalação do sistema de proteção catódica.

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Medições e teste de campo

c) Escolha dos locais para a instalação dos anodos:


Finalidade: definição do melhor sistema de proteção catódica a
ser instalado

d) Testes para a determinação da corrente necessária


Finalidades: medir as correntes injetadas em determinados
trechos e dos potencias obtidos para determinar a
densidade de corrente (A/m²) a ser utilizado no projeto.

e) Outros testes, medições e observações:


• Medições do PH do eletrólito;
• Pesquisa de corrosão por bactérias
• Colheita de amostra do produto da corrosão para analise em
laboratório.

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Critérios de Proteção Catódica

O critério mais seguro e adotado no mundo inteiro para saber se


uma estrutura metálica encontra se protegida catodicamente
consiste nas medições dos potenciais estrutura/eletrólito:
tubo/solo, estaca/água, tanque/solo etc.

Com o auxilio de um eletrodo de referência e a utilização no


campo de meia células ou eletrodos de Cu/CuSO4 para solo, e
de Ag/AgCl para água do mar ou eletrólitos líquidos.

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Critérios de Proteção Catódica

As medições dos potenciais estrutura/eletrólito são feitas com


o auxílio de um voltímetro apropriado, com alta resistência
interna (igual ou maior que 100.000 ohm/volt), tendo o seu
terminal negativo ligado na estrutura a ser testada e o seu
terminal positivo ligado a um eletrodo ou meia-célula de
referência, que é colocado em contato com o eletrólito.

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Critérios de Proteção Catódica

Medição do potencial tubo/solo de uma tubulação enterrada

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Critérios de Proteção Catódica

Uma estrutura de aço encontra-se protegida quando, com o


funcionamento de um sistema de proteção catódica consegue-se
obter qualquer uma das situações seguintes:

• potenciais mais negativos que - 0,85 V em relação à semi


célula Cu/CuS04;

• potenciais mais negativos que - 0,80 V em relação à semi


célula Ag/Ag Cl.

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Critérios de Proteção Catódica

Esquema do processo de medição de potencial tubo-


solo em proteção catódica.

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Critérios de Proteção Catódica

Ponto de teste para medições de potenciais tubo/solo.

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Critérios de Proteção Catódica

Medição de potencial tubo/solo de uma tubulação enterrada:


ponto de teste × eletrodo Cu-CuSO4 × voltímetro.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Proteção Catódica de Tubulações Enterradas e Submersas

As tubulações de aço são largamente utilizadas para o


transporte e distribuição de petróleo e seus derivados,
produtos químicos, água, esgoto, gás e, mais
modernamente, produtos sólidos, como minério de ferro e
fosfato.

Por questões de segurança, essas tubulações são


construídas enterradas e protegidas contra a corrosão,
constituindo-se, assim, na principal aplicação dos sistemas
de proteção catódica.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

As tubulações enterradas podem ser protegidas catodicamente


com o auxílio de anodos galvânicos ou por meio de retificadores de
corrente. A escolha de um ou outro método depende das
informações colhidas durante os trabalhos de levantamento de
campo.

Oleodutos = Todos os oleodutos existentes em operação no


Brasil são protegidos catodicamente, a maioria deles por corrente
impressa.

Minerodutos = As minerodutos em operação no Brasil,


constituídos em aço, estão todos protegidos com o sistema por
corrente impressa.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Gasoduto = Assim como os oleodutos, também todos os


gasodutos existentes no Brasil possuem sistemas de proteção
catódica, incluindo as redes de distribuição de gás domiciliar e
industrial de várias cidades. O sistema de corrente impressa
também é o mais utilizado nesses gasodutos.

Adutoras = A grande maioria das adutoras de aço das


companhias de Saneamento de todo o Brasil está também
protegida catodicamente com o sistema por corrente impressa.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Emissários Submarinos

Os emissários submarinos construídos em aço, normalmente


revestidos e dotados de encamisamento de concreto para flutuação
negativa, sofrem ataque corrosivo severo devido às características
da água do mar, de baixíssima resistividade elétrica.

A proteção catódica, também nesses casos, é requisito


indispensável para eliminar totalmente o ataque corrosivo externo a
que ficam submetidos os tubos de aço.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Para essas estruturas podem ser utilizados tanto os anodos


galvânicos quanto os sistemas por corrente impressa, sendo
esses últimos os preferidos, uma vez que proporcionam maiores
facilidades de montagem, vida mais longa e custo mais baixo,
devido às grandes quantidade de corrente requeridas para a
proteção do aço na água do mar.

Para a proteção galvânica, nesses casos, os anodos de zinco ou


alumínio são os mais indicados, de preferência sob a forma de
braçadeiras, fixados ao longo da superfície de aço da tubulação
do emissário.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Exemplos típicos da aplicação dos anodos galvânicos sob a forma de


braçadeira, são os oleodutos e gasodutos submarinos utilizados para
o escoamento de petróleo ou gás dos poços no mar.

Nos sistemas por corrente impressa, os anodos mais indicados são


os de ferro-silício-cromo, lançados no fundo do mar e interligados por
meio de um cabo elétrico ligado ao pólo positivo do retificador.

Plataforma de Petróleo = Todas as plataformas de prospecção e


produção de petróleo no mar, atualmente em operação no Brasil, são
protegidas catodicamente. Para essas instalações os sistemas
galvânicos, com anodo de alumínio, são os mais utilizados.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Tanques de Armazenamento = Os tanques metálicos para


armazenamento de petróleo e derivados estão sujeitos a processos
corrosivos internos e externos, ocasionados pela presença de
eletrólitos agressivos.

A proteção anticorrosiva para as partes aéreas constitui-se de


pintura ou revestimento. As partes enterradas ou em contato com o
solo, partes submersas ou, ainda, partes internas submersas, são
protegidas com o auxílio dos sistemas de proteção catódica, em
complementação aos revestimentos.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Píeres de Atracação de Navios = O emprego de estruturas


de aço nas construções marítimas é uma prática muito
difundida e aceita no mundo inteiro, em virtude da suas
excelentes propriedades mecânicas, associadas a um custo
global muito atraente, especialmente nas instalações de
grande porte, mesmo sabendo-se que a agressividade da
água do mar é das mais intensas.

Todos os píeres de atracação de navios no Brasil, constituídos


com estacas de aço cravadas no mar, estão protegidos
catodicamente. O sistema por corrente impressa tem sido o
mais utilizado.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Estacas tubulares cravadas no mar para construção de um pier


de atracação de navios.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

A agressividade da água do mar está diretamente ligada ao teor


de sal. Em geral, a salinidade dos oceanos é praticamente
constante, situando-se em torno de 3,5% a 4%.

Os sais dissolvidos fazem com que a água do mar seja um


excelente eletrólito, apresentando baixa resistividade elétrica.
Quanto mais baixa a resistividade elétrica da água do mar, tanto
mais facilmente se desenvolverá o processo eletroquímico da
corrosão.

Além destas propriedades, é importante frisar que certos íons são


particularmente agressivos a vários materiais, principalmente o
cloreto (Cl–), que destrói a passividade até de aços inoxidáveis,
ocasionando corrosão por pites.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Navios = Uma da mais importantes aplicações da proteção


catódica, nos últimos anos, tem sido no controle e combate à
corrosão dos cascos de navios e embarcações construídos em
aço.

A mudança do potencial do casco do navio, por intermédio de um


sistema de proteção catódica, é conseguida através de injeção de
corrente contínua em toda a superfície de aço abaixo da linha
d’água.

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Aplicação dos Sistemas de Proteção Catódica

Essa corrente é normalmente fornecida ao casco mediante a


utilização de um dos dois métodos existentes: anodos galvânicos
(placas de zinco ou alumínio, que possuem potencial mais
negativo que o do aço, fixadas e distribuídas ao longo do casco),
ou corrente impressa (retificador de corrente que, sendo uma
fonte de força eletromotriz externa, distribui a corrente na
superfície a ser protegida, com o auxílio de anodos inertes,
normalmente de chumbo-antimônio-prata ou de titânio com
revestimento de platina).

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Proteção anódica

A proteção anódica, ao contrário da catódica, faz do metal a


proteger, um ânodo.

Costuma ser usada com auxílio de uma fonte de corrente


contínua. Para entender o seu funcionamento, é preciso
lembrar que ela só convém ser aplicada a metais que podem
ser passivados no meio em que se encontram.

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Proteção anódica

Um dos problemas associados à proteção anódica é que, se o


metal antes da aplicação da proteção estiver totalmente no estado
ativo, a corrente a aplicar inicialmente deverá ser superior a
corrente crítica, o que pode significar valores muito elevados, não
compatíveis com fontes de corrente relativamente baratas.

Há também uma série de problemas que precisam ser previstos


como a certeza de que não ocorra corrosão localizada ao
potencial onde se estabilizará o material ( corrosão por pites ou
em frestas).

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