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Sim. O artigo assim como o livro evidencia a psicologia humanista para além
de uma compreensão teórica ou conjunto de técnicas, trata-se de indicar a
necessidade de uma atitude fenomenológica. Ambos os textos nos levam a refletir
sobre a condição de ser uma totalidade em movimento. Um corpo em constante
mudança, parte integrante de um mundo que é vivenciado na interação com os
objetos deste, buscando e produzindo novos sentidos. Também sinalizam para o
equívoco de fazer uma cisão entre corpo e alma e a noção de que o ser humano
deriva ou resulta de processos internos ou externos, compreendendo que este ser
é seu corpo e os objetos que compõem seu mundo são experienciados numa
relação indissociável deste.
A) O mundo:
A descrição que o paciente fazia disso tudo era tão convincente que dava a
impressão de estar ele vivendo em outro mundo, tão real como este nosso mundo
comum e palpável. A impressão de que o paciente estava falando sobre alguma
coisa que, para ele, era perfeitamente real, tornava-se ainda mais forte ao
percebermos o quanto sofreu em consequência das suas observações. Não se
tratava de fantasia ou de ilusões. A realidade definia suas ações. Era simplesmente
impossível para ele negar as suas apavorantes experiências na rua; via as coisas
exatamente dessa maneira. O que percebia era uma realidade, tal como a
descrevia, então essa correção, na qual queria acreditar ao menos por um
momento, parecia-lhe irreal e artificial. Assim, o paciente deve estar-se iludindo. De
que maneira se engana, porém, não é claro. Mesmo o fato de que ele se ilude a si
mesmo permanece obscuro.
B) O corpo:
Tudo isso conduz à mesma conclusão: os sintomas, que tanto estão a
perturbar o paciente, resultam inexistentes quando submetidos a cuidadoso exame,
isto é, depois de objetiva e conscienciosa pesquisa clínica. O paciente, portanto,
deve estar errado; deve estar iludindo-se a si mesmo, sem o saber; pois quem pode
duvidar do resultado de um exame médico, moderno, objetivo e científico? E assim
mesmo, mais uma vez, não se pode explicar como o paciente se engana a si
mesmo. Ouvindo a sua história, a gente fica imaginando se o paciente está mesmo
se iludindo; será possível que uma pessoa sofra tanto por autoilusão?
C) As outras pessoas:
D) Passado e futuro:
3) Análise do problema.
O homem e o mundo
São incontáveis os exemplos que tornam bem claro que nós mesmos somos
o nosso corpo, que também temos um corpo.
Uma perturbação deve aninhar-se no corpo que a gente é, para fazer surgir o
corpo que a gente tem e isto é uma doença. Ou então, deve-se refletir sobre o corpo
que a gente tem para surgir o corpo que a gente tem. Assim, o corpo pré-reflexivo
que somos, possui certamente órgãos (estômago, cabeça, órgãos sexuais, mão,
olho, etc., até mesmo veias), mas estes órgãos não são idênticos àqueles descritos
nos livros de anatomia e fisiologia.
4. Homem e tempo:
Aquilo que não tem função, não tem realidade. Está ausente. Está apenas
presente como fato bruto ou condição. A vida terá que decidir se este fato ou esta
condição devem transformar-se em realidade. A vida também terá que decidir como
a condição se torna realidade. Não nos é dada a recordação pura e simples. As
nossas recordações têm um motivo. É este motivo que decide a natureza da
recordação: encantadora, deliciosa, agradável, desapontadora ou aborrecida.
É duvidoso que exista um ato qualquer que seja determinado somente pelo
passado. As condições da decisão são dadas pelo passado, mas o ato, em si,
origina-se do futuro, da expectativa, da vontade, do medo ou do desejo. Isto é
verdadeiro para toda a vida; se o passado fornece as condições para o que vai
acontecer na vida, são os próprios atos da vida que estão enraizados no futuro.
O futuro está estreitamente ligado com outras pessoas e também com outras
coisas; tão estreitamente como estão ligados os engramas e o indivíduo solitário,
existe uma conexão muito estreita entre presente e futuro. Pensando no futuro, o
tempo corre para nos encontrar e nós já estamos aí, no tempo que está vindo para
nós. O passado o está encontrando, vindo do futuro.
CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES
A solidão é a essência da sua doença, seja qual for o diagnóstico. Assim pois
a solidão é o fator essencial da psiquiatria. Se a solidão nunca ocorresse na
existência humana, poder-se-ia admitir que os distúrbios psiquiátricos seriam
desconhecidos, com exceção de algumas doenças causadas por defeitos
anatômicos ou fisiológicos do cérebro.