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SIMULAÇÃO DE PROCESSOS
PRODUTIVOS: UMA PESQUISA-AÇÃO
EM UMA INDÚSTRIA
AUTOMOBILÍSTICA
RODRIGO FURLAN DE ASSIS (FAE )
furlanassis123@hotmail.com
Gabriel Germinari Rodrigues (FAE )
gabrielgerminari@gmail.com
Jean Guilherme Azarias (FAE )
jeangazarias@gmail.com
1. Introdução
Nesse sentido, segundo Schlegel e Murray (2010), para ampliar a capacidade da tomada de
decisão, é necessário o desenvolvimento de métodos probabilísticos, capazes de simular a
variabilidade das incertezas que o mercado apresenta, normalmente na forma de modelos de
apoio para a tomada de decisão.
Além disso, uma das maiores vantagens do uso de modelos é prover bases para a
experimentação virtual, tornando possível prever efeitos causados por alterações
(PFLEEGER, 2004; MESQUITA E SANTORO, 2004).
Com base nisso, a simulação computacional tem sido, cada vez mais, utilizada em empresas
de diversas áreas. Segundo Kelton et al. (1998), alguns dos modelos de sistemas que podem
ser representados pela simulação computacional, são:
Para Banks et al. (2005), a simulação normalmente é utilizada para testar alternativas de
mudanças sem, contudo, alterar o sistema real, como também para identificação de gargalos
nos processos produtivos, além de permitir identificar processos que ampliem a capacidade de
sistemas produtivos.
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Diante disso, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver um modelo para simulação
computacional capaz de ampliar a capacidade de tomada de decisões de uma empresa do
ramo automobilístico, situada em um município do Leste Paulista.
O presente artigo está dividido em seis seções, incluindo a introdução. Na segunda seção é
desenvolvida a fundamentação teórica, sendo que a terceira traz a metodologia de pesquisa.
Na sequência, é apresentado o desenvolvimento do modelo proposto (seção 4) e os resultados
da aplicação do mesmo (seção 5). Por fim, são desenvolvidas as análises conclusivas na seção
6.
2. Revisão da literatura
Segundo a definição dada por Oliveira (2013), sistema é um conjunto de partes interagentes e
interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e
efetuam função específica.
Ainda para o autor, pode-se identificar seis componentes básicos para um sistema, sendo eles:
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O estudo de um processo pode ser realizado de diferentes formas, para avaliar o impacto de
mudanças em um sistema nem sempre é preciso uma intervenção direta nas rotinas
operacionais, tornando as experimentações por modelos uma alternativa mais eficiente para
sistemas complexos. As diferentes formas de abordagem para o estudo de sistemas foi
definido por Law e Kelton (1991), conforme representado na Figura 1.
Além das classificações citadas acima, o autor classifica um modelo quanto ao propósito e
tipo de processo decisório envolvido, são eles modelos voltados a previsão, investigação ou
comparação.
Com base nisso, um sistema pode ser classificado de muitas formas quanto às suas
características, do ponto de vista da modelagem e simulação, Freitas Filho (2008) classifica os
sistemas sob os seguintes aspectos ilustrados na Figura 2.
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Apesar destas etapas estarem dispostas de forma linear, Chwif (1999) ressalta que nem
sempre ocorre desta maneira. Durante o processo de modelagem é comum existir a
necessidade de reformulação de algumas etapas conforme evolui o entendimento do
problema, ocorrendo algumas retroalimentações.
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Do ponto de vista prático, Kelton et al. (1998) afirmam que a simulação é um processo de
criação de modelos computadorizados com o propósito de conduzir experimentos numéricos
para oferecer a compreensão do comportamento de um sistema em uma determinada
combinação de condições.
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Para que um modelo de simulação seja considerado coerente e pronto para a representação de
um sistema real, deve-se realizar duas avaliações básicas. A primeira é a verificação, onde o
objetivo é garantir que o modelo se encontre sem erros de sintaxe e/ou lógica. A segunda é a
validação, que consistem em saber se o modelo se comporta de forma semelhante ao sistema
real (FREITAS FILHO, 2008).
Sobre os modelos de simulação, Assis (2015) ressalta que não são apenas ferramentas de
apoio à tomada de decisão, podendo também ser vistos como um meio para a geração de
informações e conhecimento no processo de gerenciamento organizacional.
Tal afirmação resulta do fato de que a identificação e mapeamento das empresas, e de seus
processos produtivos e decisórios, permitem identificar padrões de comportamento do
sistema, dos elementos que o compõem e de como esses elementos podem influenciar o
sistema como um todo.
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Para os autores, na fase de Front end, a qual corresponde ao planejamento estratégico (longo
prazo), são estabelecidas as atividades referente ao ajuste geral da organização, por meio de
mecanismos de gerenciamento da demanda. Já a fase Engine, corresponde ao planejamento
tático (médio prazo), e engloba as atividades de planejamento detalhado de capacidade e de
materiais. A fase de Back end corresponde ao planejamento operacional (curto prazo), e
evidencia a execução das atividades de planejamento, para os quais os sistemas de chão de
fábrica fixam as prioridades para as ordens de produção em cada centro de trabalho.
Para Stevenson et al. (2005), as funções típicas do PCP estão direcionadas ao planejamento
das necessidades de materiais, gerenciamento da demanda, planejamento da capacidade e
scheduling de operações em máquinas. Assim, entre os propósitos dessas atividades,
destacam-se: reduzir custos e dimensão de estoques, minimizar tempo de atravessamento e
lead times, melhorar a resposta a alterações de mercado, dentre outros.
Para tanto, Thomé et al. (2012) afirma que há uma tendência, apresentada na literatura, quanto
à formalização de planos de PCP para a operacionalização de empresas de manufatura. Isso
ocorre, por meio da utilização de métodos de planejamento probabilísticos desenvolvidos com
base na construção de modelos de simulação, o que para o autor potencializa a tomada de
decisão.
3. Metodologia
3.1 Contexto
Para conduzir o estudo de simulação, foram considerados os passos propostos por Chwif
(1999) e foi utilizado o software de simulação Arena na versão estudantil, este software
permite visualizar o sistema a ser modelado como constituído de um conjunto de estações de
trabalho que contém um ou mais recursos chamados de entidades ou transações que
apresentam características especificas no sistema modelado.
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Localizada em São João da Boa Vista, no Estado de São Paulo, a 200 quilômetros da capital,
o maior centro automotivo da América Latina, a empresa fornece seus produtos diretamente
ao mercado nacional e mundial, estando presente em todos os continentes. O mix de produtos
é variado, totalizando 229 itens ativos entre turbos alimentadores e kits de reparo para
diversos modelos de automóveis, sendo a maioria direcionada para linha de automóveis
pesados.
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Após as peças serem inspecionadas pelo setor de qualidade o processo é inicializado pela
operação 10 (soldar rotor e haste) que através do recurso solda de fricção, rotor e haste são
unidos formando o eixo. Em seguida, as peças são encaminhadas para a operação 20
(recozimento) na qual os eixos são expostos a uma temperatura de 600ºC para que a tensão
formada pela solda seja normalizada.
Na sequência a operação 30 (tornear) constitui em usinar a haste do eixo para que a mesma
atinja as medidas pré-estabelecidas no desenho do produto, juntamente a operação 40 (facear
e furar) é executada para que o produto tenha fixação na operação de retífica.
As operações de retifica que são formadas por quatro processos (operação 50, 60, 70, 80)
visam garantir medidas que seriam impossíveis de serem atingidas no torneamento, pois o
produto exige medidas milésimas.
A operação 90 (balanceamento) que define o final do processo depende inteiramente que
todas as operações anteriores tenham sido feitas de forma correta para que o eixo atinja um
balanceamento adequado que visa garantir uma ótima eficiência ao produto final.
3.3 Coleta de dados
Para definir parâmetros de entrada para o modelo de simulação construído, a coleta dos dados
foi realizada in loco para cada uma das operações, sendo obtido os tempos médios de
processamento e setup conforme a Tabela 2.
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O tempo médio para cada operação se refere ao tempo em que o operador leva para preparar a
peça, executar a operação e retirar a peça. Foi desconsiderado o tempo de transporte entre as
estações por se tratar de um valor irrelevante. Para o tempo de setup, somente os processos 30
e 40 possuem valor considerável, sendo os outros desconsiderados. A taxa de retrabalho e
perdas que ocorrem no processo de balanceamento foram obtidas através do histórico da
produção.
4. Proposta do modelo
Dinâmico: uma vez que as variáveis de estado são alteradas na medida em que o
tempo evolui;
Aleatório: os possíveis estados das variáveis podem ser descritos, mas não
predeterminado;
Discreto: as mudanças de estado ocorrem em pontos discretos no tempo e não de
forma contínua.
Ainda para o autor, no que se refere ao propósito, o modelo desenvolvido é voltado para
comparação, pois é utilizado para avaliar o efeito de mudanças nas variáveis de controle.
Dessa forma, o modelo desenvolvido, representado pela Figura 5, tem como objetivo simular
como o sistema reage com tamanhos de lotes diferentes. Os lotes variam entre um mínimo de
20 peças, devido a inviabilidade financeira para lotes menores, e um máximo de 80 peças, por
se tratar da capacidade máxima do forno.
Através da definição dos parâmetros de entrada referentes ao tamanho do lote, foi possível
obter um conjunto de dados que apresentaram uma visão sobre o comportamento do processo
sob determinadas características, inclusive a avaliação do tempo de fila nos processos, e a
utilização de cada recurso.
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O modelo contém todas as operações com os tempos que foram coletados anteriormente,
conforme Figura 6. Para o processo de recozimento foi necessário utilizar a ferramenta Batch
antes da operação para possibilitar que o modelo processasse o lote inteiro em vez de
processar as peças individualmente, seguindo da ferramenta Separate para que as peças
voltassem a ser processadas individualmente.
Os dados de retrabalho e perdas foram inseridos segundo o histórico de perdas, 90% das peças
são aprovadas, 8% necessitam de rebalanceamento e 2% são descartadas. Todas as operações
possuem recurso com capacidade unitária, com exceção do processo de balanceamento que
conta com duas máquinas e dois operadores, portanto, no modelo a sua capacidade é igual a
dois.
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Os resultados estão dispostos na Tabela 3, obtidos através de uma média entre três replicações
para cada um dos quatro cenários diferentes.
A variação dos resultados não apresentam grande amplitude, com exceção da quantidade de
eixos produzidas e taxa de utilização do processo 20, por se tratar de rodadas de simulação em
um curto intervalo e com demanda relativamente baixa.Tais parâmetros foram limitados pela
versão estudantil do Arena, que restringe o modelo a não ultrapassar a quantidade de 150
entidades em processo, para tanto, uma versão comercial do software seria necessária.
Ainda assim, os resultados nos permite observar que dentre os quatro cenários simulados, o
cenário mais favorável ao sistema seria com lotes no tamanho de 80 peças pois, conforme
aumenta o tamanho do lote, a quantidade de eixos produzidos é maior.
A taxa de utilização dos processos 20 (recozimento) e 30 (tornear haste) são fatores que
favorecem o lote com 80 peças por serem os menores dentre os cenários simulados. A menor
taxa de utilização no processo 20 é favorável devido ao alto custo operacional do forno.
Enquanto isso, a redução na taxa de utilização do processo 30 reduziria o gargalo em cenários
com a demanda elevada.
6. Considerações finais
Estudo do sistema: um modelo fiel que possa demonstrar graficamente com exatidão a
maneira que o sistema opera, permitindo o entendimento facilitado até mesmo por
pessoas que não são integradas ao processo;
Análise de cenários de reação a alterações de demanda: cada período deve ter uma
característica para tomada de decisão rápida. Assim, em futuros projetos, o presente
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modelo de simulação poderá evoluir para uma ferramenta mais completa em termos de
controle;
Análise de cenários com complexidade do mix de produtos: o modelo deve ser capaz
de identificar as particularidades de cada produto, considerando índice de refugo,
tempo de processamento e setup de cada um dos produtos.
O modelo em estudo faz parte de um projeto que está em evolução, novas versões serão
desenvolvidas com o objetivo de tornar a simulação mais real e com as limitações
minimizadas.
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