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Módulo 14 – Destinação final

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Módulo 14 – Destinação final
Módulo 14 – Destinação final

• Conceito de responsabilidade compartilhada


• Empresas gestoras
• Sustentabilidade ambiental: tratamento
prévio e acondicionamento de materiais
• Processo de descontaminação de lâmpadas
de descarga
• Como elaborar o certificado de destinação
final

Conhecer o acordo setorial para logística reversa


de lâmpadas, o papel das entidades gestoras, as
responsabilidades de cada um dos agentes envolvidos,
as formas e os locais corretos para descarte de
materiais. E apresentar as possíveis formas de
acondicionamento dos materiais a serem descartados e
o sistema para descontaminação de lâmpadas.

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Sumário
GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 4
1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................4
2. SITUAÇÃO ATUAL DO BRASIL 5
LEI N° 12.305/2010 – POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PNRS 6
DECRETO N° 7.404/2010 9
PLANOS MUNICIPAIS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PMGIRS 10
5.1 ABNT – NBR 10004:2004 – RESÍDUOS SÓLIDOS - CLASSIFICAÇÃO .......................................... 11
5.2 INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 13 DO IBAMA .......................................................................... 14
A NORMA REGULADORA 15 – NR 15 – ARMAZENAMENTO E OPERAÇÕES EM LOCAIS
INSALUBRES 15
ABNT 12.235 – ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PERIGOSOS 16
ACORDO SETORIAL PARA LOGÍSTICA REVERSA DE LÂMPADAS 18
8.1 RECICLUS – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA GESTÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DE PRODUTOS DE
ILUMINAÇÃO............................................................................................................................20
COMO DESTACAR CORRETAMENTE AS LUMINÁRIAS LED E EQUIPAMENTOS
ELETROELETRÔNICOS 21
COMO DESCARTAR CORRETAMENTE UMA LÂMPADA UTILIZADA NA IP 22
10.1 MANUSEIO .................................................................................................................. 23
10.2 ARMAZENAMENTO E ACONDICIONAMENTO ......................................................................... 24
10.3 TRANSPORTE E DESLOCAMENTO DO RESÍDUO ....................................................................... 25
10.4 DESTINAÇÃO FINAL ........................................................................................................ 26
PROCESSO DE DESCONTAMINAÇÃO DE LÂMPADAS DE DESCARGA 26
DESTINAÇÃO DE EQUIPAMENTOS LED E COMPONENTES 27
ECONOMIA CIRCULAR 28
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 29

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Gestão dos resíduos sólidos

1.1 Introdução

Um dos maiores problemas que a humanidade enfrenta


atualmente é conciliar o desenvolvimento desenfreado e a facilidade
da vida moderna com a preservação do meio ambiente (FERREIRA,
2016). Dentre os temas mais importantes, quando se fala da
preservação do meio ambiente, está aquele que trata da gestão dos
resíduos sólidos.

Gerir resíduos sólidos abrange a racionalização do consumo,


diretrizes de mitigação do descarte prematuro e a troca desnecessária,
segregação e destinação adequada de resíduos, estímulo à aplicação
de tecnologias limpas e busca incessante pela aplicação das melhores
práticas e pelo cumprimento da legislação vigente.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.

Art. 225 da Constituição Federal.

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2. Situação atual do Brasil

Atualmente, o Brasil conta com uma estrutura legal que


orienta e disciplina a gestão de resíduos sólidos: leis federais,
estaduais e municipais, decretos e resoluções do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – Conama, normas técnicas,
instruções normativas e portarias do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama
(COPEL, 2015).

A lei federal mais abrangente sobre o tema de resíduos


sólidos, Lei nº 12.305, foi sancionada no dia 2 de agosto de
2010, e, em conjunto com o Decreto nº 7.404, de 23 de
dezembro de 2010, estabeleceram e regulamentaram a
Política Nacional dos Resíduos Sólidos – PNRS.
(VASCONCELLOS, 2013).

Cabe a cada Estado criar as próprias leis referentes à


reciclagem, podendo essas também serem utilizadas pelos municípios
desse Estado. Em Minas Gerais, por exemplo, a Lei nº 18.031, de 12
de janeiro de 2009, informa, em seu artigo 26, que consumidores,
fabricantes, importadores, revendedores, comerciante e distribuidores
são responsáveis pela destinação final adequada dos resíduos.

Este módulo irá apresentar a lei que estabeleceu a Política


Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil, bem como os procedimentos a
serem estabelecidos, visando à prevenção e redução desses resíduos
na Iluminação Pública – IP.

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Lei n° 12.305/2010 – Política Nacional de


Resíduos Sólidos – PNRS

Com o advento da Lei nº 12.305/2010 – PNRS, o governo


federal consolidou um conjunto de princípios, objetivos, instrumentos,
diretrizes, metas e ações com vistas à gestão integrada e ao
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.

Segundo essa lei, são considerados resíduos sólidos todo


material, substância, objeto ou os bens descartados, resultante de
atividades humanas em sociedade, cuja destinação final proceda,
proponha-se a proceder ou esteja obrigada a proceder, nos estados
sólidos ou semissólidos, bem como gases contidos em recipientes e
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso
soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor
tecnologia disponível.

Das diretrizes de gestão para os resíduos sólidos da PNRS, nota-


se a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos. Isso implica que a gestão
integrada começa antes da geração e disposição do resíduo. O que
inclui, por exemplo, adequações dos processos à legislação vigente,
nos projetos (elétrico, luminotécnico, piloto, etc.), homologação de
equipamentos, contratações e aquisições, manutenção, manuseio,
armazenamento e acondicionamento, transporte e transbordo e
destinação final (PROCEL Reluz, 2019).

A PNRS está baseada no conceito de responsabilidade


compartilhada, ou seja, a sociedade como um todo – cidadãos,
governos, setor privado e sociedade civil organizada – passa a ser
responsável pela gestão ambientalmente correta dos resíduos sólidos,
conforme indica o art. 3º, inc. XVII, da Lei nº 12.305/2010:

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Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos


produtos: conjunto de atribuições individualizadas e
encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciais, dos consumidores e dos titulares dos serviços
públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos com
vista a minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos
gerados, bem como para reduzir os impactos causados à
saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo
de vida dos produtos.

Entre os principais instrumentos definidos nessa lei, está aquele


que instituiu a obrigatoriedade de implementação de uma logística
reversa. A logística reversa é instrumento que se caracteriza por um
conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a
coleta e a restituição de resíduos sólidos para empresas que irão dar
destinação ambientalmente adequada a eles.

Em seu art. 33, a PNRS explicita que produtos como as


lâmpadas VMAP, VSAP e de Luz mista, e os produtos eletrônicos e seus
componentes (como, por exemplo, as luminárias LED e equipamentos
auxiliares do sistema de IP), são compreendidos pela cadeia com
recolhimento obrigatório do sistema de logística reversa. Ou seja,
deverão ser retornados após o uso pelo consumidor, de forma
independente do serviço público de limpeza urbana.

Os resíduos eletrônicos – REE, como, por exemplo, as


luminárias e drivers de LED, têm recebido atenção especial dos órgãos
de regulamentação e de reciclagem por apresentarem substâncias
potencialmente perigosas, como também pelo aumento em sua
utilização. A geração de REE na IP é o resultado do aumento da
utilização de equipamentos de controle eletrônicos (relés
fotocontroladores eletrônicos, sistemas de telecontrole e telegestão,
etc.) e de luminárias LED, tornando-se uma preocupação ambiental
especial, requerendo manejo e controle dos componentes descartados.

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O resíduo eletroeletrônico tem muitos componentes, desde


elementos químicos simples a hidrocarbonetos complexos; os metais
são os elementos químicos mais encontrados – em muitos
equipamentos esse número chega a mais de 70 diferentes tipos de
metais. Também são encontrados nos resíduos eletroeletrônicos os
plásticos (e outros polímeros), vidros e compostos cerâmicos.

De acordo com dados do MMA, o Brasil produz cerca de 2,6 kg


por ano de resíduos eletrônicos por habitante. Esses produtos podem
conter chumbo, cádmio, arsênio, mercúrio, bifenilas policloradas –
PCBs, éter difenil polibromados, entre outras substâncias perigosas
(Plano Nacional de RS – Brasília, agosto 2012).

Tendo em vista a presença dos componentes perigosos na IP, o


setor responsável por ela deve apresentar, segundo a PNRS e em seus
conteúdos mínimos, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos –
PGRS. Dentro do plano, o gerenciamento dos resíduos perigosos é
incluso. Dessa forma, cabe à pessoa jurídica responsável submeter
esses documentos aos cadastros nacionais.

Em termos práticos, a inscrição no Cadastro Técnico Federal


para empresas que informarem qualquer tipo de operação com
resíduos perigosos implica no Cadastro Nacional de Operadores de
Resíduos Perigosos. Os responsáveis pelos PGRS, por sua vez, devem
ser identificados na inscrição do plano no Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental.

Anualmente, a quantidade, a natureza e a destinação


temporária ou final dos resíduos sob responsabilidade da pessoa
jurídica é cadastrada no sistema citado anteriormente. Destaca-se que
a contratação de serviços, em qualquer etapa do gerenciamento do
resíduo (a saber: coleta, armazenamento, transporte, transbordo,
tratamento e destinação final), não isenta o contratante perante
qualquer dano ou falha que ocorra.

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Decreto n° 7.404/2010

O Decreto nº 7404, de 23 de dezembro de 2010, regulamentou


a Lei nº 12.305/2010 e criou o Comitê interministerial da PNRS e o
Comitê Orientador para Implantação dos Sistemas de Logística
Reversa.

Esse decreto determinou que fabricantes, importadores,


distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços
públicos de limpeza urbana, são os responsáveis pelo ciclo de vida dos
produtos. Coube aos consumidores observar as regras para
acondicionamento, segregação e destinação final dos resíduos sólidos.

O Decreto nº 7.404 estabeleceu que a logística reversa poderia


ser implementada e operacionalizada por meio de regulamento
expedido pelo poder público, ou por meio de acordos setoriais, ou por
termos de compromisso estabelecido com fabricantes, importadores,
distribuidores ou comerciantes, ou, ainda, por contratos ou convênios.

Em sua subseção II do artigo 29, esse decreto propõe que a


logística reversa possa ser implantada, após elaboração de estudos de
viabilidade técnica e econômica, diretamente por regulamento,
veiculado por decreto editado pelo Poder Executivo. Nesse caso, o
decreto também determina que os sistemas de logística reversa
estabelecidos diretamente por decreto deverão ser precedidos de
consulta pública.

Ao buscar alcançar maior efetividade do processo de logística


reversa, o Decreto nº 7.404 previu também a priorizarão da
participação de cooperativas ou de outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis constituídas por
pessoas físicas de baixa renda nesse processo.

Essa priorização poderia acontecer por celebração de contratos,


convênios ou outros instrumentos de colaboração com pessoas

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jurídicas de direito público ou privado, que atuem na criação e no


desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação
de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, observada a
legislação vigente. No caso das lâmpadas e luminárias de IP, o
processo de logística reversa foi implementado e operacionalizado no
Brasil por meio de um acordo setorial.

Planos Municipais de Gestão Integrada de


Resíduos Sólidos – PMGIRS

O artigo 19 da PNRS estabelece o conteúdo mínimo a ser


incluído nos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos. Para municípios com menos de 20.000 habitantes, existe a
possibilidade de aplicação de um conteúdo simplificado. O Decreto de
nº 7.404/2010 disciplina o conteúdo mínimo exigido para um Plano
Municipal Simplificado.

A elaboração do plano municipal é condição necessária para que


o município possa ter acessos a recursos da União destinados a
empreendimentos e serviços relacionados ao manejo de resíduos
sólidos e limpeza urbana.

O PMGIS consiste em um diagnóstico sobre o estado atual do


conjunto de resíduos gerado em um município. Ele serve para definir
as diretrizes, as estratégias e as metas a serem implantadas, visando
ao manejo desses resíduos. Recomenda-se que esse diagnóstico seja
elaborado para garantir a participação da sociedade como um todo,
buscando cumprir as metas estabelecidas pela PNRS.

No ano de 2017, a cidade de Belo Horizonte/MG, por meio da


Superintendência de Limpeza Urbana – SLU, apresentou à sociedade a
versão final do seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos. Esse plano estabeleceu que lâmpadas fluorescentes, de vapor

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de sódio e mercúrio (utilizadas na IP), além da luz mista, estariam


obrigadas à implementação de sistema de logística reversa,
envolvendo todos os participantes dessa cadeia: fabricantes,
importadores, comercializadores e usuários finais. Nesse sentido,
foram criados até o presente momento quatro pontos de coletas desses
tipos de lâmpadas em locais estratégicos do município.

5.1 ABNT – NBR 10004:2004 – Resíduos Sólidos -


Classificação

Essa norma foi criada com o objetivo de classificar os resíduos


sólidos quanto à sua periculosidade, considerando seus riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que eles
pudessem ser gerenciados de maneira correta.

De acordo com ela, os resíduos podem ser classificados como


perigosos (Classe I) ou não perigosos (Classe II). Os resíduos
perigosos são aqueles cujas propriedades físicas, químicas ou
infectocontagiosas podem acarretar riscos à saúde pública e/ou ao
meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada.
Entre as características que tornam um resíduo perigoso está a sua
toxicidade.

As lâmpadas que contêm mercúrio são classificadas com


Resíduo Classe I em decorrência da característica de periculosidade
tóxica do produto, atribuída à presença do mercúrio, substância essa
que, além de causar danos ao meio ambiente, também pode ocasionar
efeitos adversos em consequência de sua interação com o organismo
humano, seja por via cutânea, inalação ou ingestão, podendo
desencadear dores de estômago, diarreia, tremores, depressão,
ansiedade, sangramento de gengivas, insônia, fraqueza muscular,
falhas na concentração e até levar o indivíduo ao óbito. Adiciona-se o
efeito de bioacumulação do mercúrio no corpo. Isto é, como o
organismo não consegue metabolizá-lo, ele não é eliminado do corpo

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e tende a aumentar em concentração e em danos acumulados com o


tempo.

Logo, torna-se de grande importância controlar o manejo das


lâmpadas de IP após seu consumo, evitando a contaminação do solo,
das águas e o contato direto ou indireto do homem com esse material.
Dessa forma, o gerenciamento e o planejamento da coleta e destinação
desse tipo de lâmpada são imprescindíveis para a prevenção da
contaminação do meio ambiente e para o comprometimento da saúde
humana, além de ser necessário para que se prolongue o ciclo de vida
de seus materiais constituintes (vidro, metal, pó de fósforo),
possibilitando recapturar o valor por meio da reciclagem, da
reutilização ou mesmo da destinação adequada.

Ao final de sua vida útil, as lâmpadas de descarga que contêm


metais pesados em sua composição, principalmente o mercúrio – Hg,
não devem ser descartadas em aterros sanitários convencionais, uma
vez que esse mercúrio poderá contaminar o solo e posteriormente os
lençóis freáticos e também o homem. Destaca-se também a presença
de substâncias tóxicas na composição de luminárias LED. Apesar de
não ser incluído explicitamente como resíduo perigoso na legislação,
substâncias, como arsênio, chumbo, níquel e prata, que compõem as
luminárias LED, são substâncias que conferem periculosidade aos
resíduos desse produto. Essas substâncias estão em estado sólido e
não devem ficar expostas às intempéries e nem em contato com o solo.

A maioria dos resíduos eletroeletrônicos oriundos da IP pode ser


composta por uma grande quantidade de substâncias, incluindo
substâncias consideradas tóxicas pela ABNT 10.004/2004. Como
exemplo, observa-se as luminárias LED contendo arsênio, chumbo e
níquel. Por isso, precisam seguir diretrizes de manuseio,
armazenamento, transporte e destinação referentes a essa classe de
resíduos (ABNT 10.004/2004). A tabela 14.1, a seguir, apresenta os
principais efeitos dessas substâncias nos seres humanos

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Tabela 14.1 – Efeitos nos seres humanos

Substância Efeito
Problemas no estômago,
distúrbios renais e neurológicos,
Mercúrio
alterações genéticas e no
metabolismo.
Agente cancerígeno, afeta o
sistema nervoso, provoca dores
Cádmio reumáticas, distúrbios
metabólicos e problemas
pulmonares.
Provoca vômitos, diarreias e
Zinco
problemas pulmonares.
Irritabilidade, tremores
musculares, lentidão de
Chumbo
raciocínio, alucinação, insônia e
hiperatividade.
Causa doença de pele, prejudica
Arsênico o sistema nervoso e pode causar
câncer de pulmões.
Causam desordens hormonais,
Retardante de chamas – BRT
nervosas e reprodutivas.
Se for queimado e inalado, pode
Policloreto de vinila – PVC
causar problemas respiratórios.

No caso das luminárias LED, cabe destacar que o elemento


emissor de luz, ou diodo emissor de luz, é composto por cristais
semicondutores (geralmente silício ou germânio) dopados por
diferentes gases em sua formação. A dopagem consiste em introduzir
elementos que deixam o cristal semicondutor com carga positiva ou
negativa. No caso do LED, o cristal é dopado de forma a ficar de um
lado com carga positiva e do outro com carga negativa, sendo que,
entre esses dois extremos, deve haver um material isolante que
impeça a miscigenação dos elétrons entre os dois extremos.

Os LEDs mais comuns são feitos por ligas de gálio, arsênio e


alumínio; alterando a proporção de gálio e alumínio, é possível fabricar
LEDs que emitam várias cores dentro do espectro visível.

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As luminárias de LED, que vêm sendo cada vez mais usadas na


IP e que atualmente alcançam eficácia superior a 100 lumens por Watt,
também necessitam de um cuidadoso critério de reciclagem.

5.2 Instrução Normativa n° 13 do Ibama

Na data de 18 de dezembro de 2012, o Instituto Brasileiro do


Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, inspirado
na Lista Europeia de Resíduos Sólidos, publicou uma lista de resíduos
sólidos a ser utilizada como ferramenta para disciplinar as declarações
sobre a geração de resíduos sólidos no Brasil. Outro importante
objetivo dessa lista é o de facilitar o intercâmbio de informações no
âmbito da Convenção de Basileia, que dispôs sobre a movimentação
transfronteiras de resíduos.

Essa lista é composta de 20 capítulos e uma relação codificando


numericamente os resíduos propriamente ditos. Entre os materiais
elencados como resíduos, encontram-se as lâmpadas fluorescentes, de
vapor sódio, de mercúrio de luz mista, sob o código 20.01.21. Em
2018, cerca de 3% dos pontos de IP no Brasil possuíam tecnologia LED.
Dessa forma, houve um aumento na diversidade de equipamentos de
IP em uso. A tabela 14.2 a seguir apresenta o código de classificação
dos resíduos gerados, conforme a Instrução Normativa nº 13 do
Ibama, para os principais componentes do sistema de IP atual.

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Tabela 14.2 - Classificação de resíduos eletroeletrônicos

Equipamento Classificação do resíduo


Lâmpadas HID 20.01.211
Luminárias LED sem o
16 02 142 / 20 01 353
driver
Drivers 16 02 14/20 01 35
DPS 16 02 14/20 01 35
Reatores 16 02 14/20 01 35
Relés fotocontroladores 16 02 14/20 01 35
Ignitores 16 02 14/20 01 35
Cabos 17 04 114
Conectores 16 02 14
Braços 17 04 055

A Norma Reguladora 15 – NR 15 – Armazenamento


e operações em locais insalubres

A NR 15 define as atividades ou operações insalubres e, em seu


Anexo 13, essa NR define a relação das atividades ou operações
envolvendo agentes químicos, consideráveis insalubres. Assim, os
locais de fabricação e manipulação com mercúrio (todas as formas
exceto orgânica) são classificados de acordo com o grau de
insalubridade máximo. Isso dá diretriz para evitar tanto o rompimento
e quebra das lâmpadas quanto a utilização de espaços com
possibilidade de arejar, não acumulando o componente tóxico.

Essa mesma NR, informa que o exercício de trabalho em


condições de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de um
adicional, incidente sobre o salário, equivalente a 40% para
insalubridade de grau máximo. A eliminação ou neutralização da
insalubridade determinará a cessação do pagamento adicional

1 20 01 21 (*) Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista.


2 16 02 14 Resíduos de equipamentos elétrico e eletrônico – equipamento fora de uso
não abrangido em 16 02 09 a 16 02 13
3 20 01 35 (*) Produtos eletroeletrônicos e seus componentes fora de uso não

abrangidos em 20 01 21 ou 20 01 23, contendo componentes perigosos.


4 17 04 11 Cabos não abrangidos em 17 04 10.
5 Sucatas metálicas (incluindo ligas) – ferro e aço.

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Módulo 14 – Destinação final

respectivo. A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá


ocorrer com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o
ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância e com a
utilização de equipamentos de proteção individual – EPIs.

As lâmpadas de IP não possuem apenas compostos orgânicos


de mercúrio, mas também mercúrio metálico. No caso, ao analisar
alguns datasheet, só encontrei a forma metálica presente em
lâmpadas.

No caso do metálico, a insalubridade máxima se dá ao exceder


o limite máximo de concentração de Hg por 48 h. Isso dá diretriz para
evitar tanto o rompimento e a quebra das lâmpadas quanto a utilização
de espaços com possibilidade de arejar, não acumulando o componente
tóxico.

ABNT 12.235 – Armazenamento de resíduos


sólidos perigosos

Essa norma fixa as condições exigíveis para o armazenamento


de resíduos sólidos perigosos de forma a proteger a saúde pública e o
meio ambiente. Apesar de não haver diretriz específica sobre lâmpadas
ou resíduos de mercúrio, de acordo com essa norma, o
acondicionamento de resíduos perigosos, como forma temporária de
espera para reciclagem, recuperação, tratamento e/ou disposição final,
deve ser realizado em contêineres, tambores, tanques e/ou a granel.

O armazenamento deve ser feito em local arejado, protegido


das intempéries, devidamente separado para posterior envio à
empresa especializada de descarte e reciclagem.

Essa orientação se estende a equipamentos eletrônicos, por


mais que as luminárias LED ainda não sejam classificadas dessa forma,
os equipamentos auxiliares pertencem à essa classe de resíduos.

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Módulo 14 – Destinação final

Cabe destacar que o município deverá contratar apenas


empresas que estejam estabelecidas de forma legal, com todos os
certificados de operação válidos para esse tipo de atividade. Quando
da contratação dos serviços, deverá ser solicitado o Certificado de
Descontaminação. Esses cuidados não se restringem apenas a
empresa de destinação final, mas também ao responsável pelo
transporte.

O armazenamento de braços e de resíduos sólidos não


perigosos pode ser realizado seguindo as diretrizes da NBR
11174/1990. Essa norma indica especificações de local e define
requisitos para o armazenamento adequado de resíduos não perigosos,
incluindo diretrizes para que resíduos perigosos não sejam dispostos
em um mesmo compartimento que resíduos não perigosos, evitando
sua contaminação.

A PNRS define que toda operação de entrada ou saída de


resíduos deve ser registrada e incluída no Sistema Nacional de
Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos – Sinir, a fim de
contribuir com a rastreabilidade de resíduos.

A entrada do resíduo no armazenamento e acondicionamento


temporário, marca o ponto crítico para garantir o rastreio. Em
caso de falha desse controle, o art. 56 da Lei nº 9.605 (Lei dos
Crimes Ambientais), de 12 de fevereiro de 1998, prevê
penalização a quem não armazena, coleta e transporta
resíduos perigosos, seguindo diretrizes previstas em leis e
regulamentos (IBAMA, 2014).

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Módulo 14 – Destinação final

Acordo setorial para logística reversa de lâmpadas

A PNRS define Logística Reversa como instrumento de


desenvolvimento econômico e social. Ela é constituída por ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição
do resíduo ao setor empresarial, a fim de ser reaproveitado no ciclo do
próprio produto, de outras linhas de produção ou ter uma destinação
final ambientalmente correta.

A logística reversa é um meio para implementar a


responsabilidade compartilhada do produto, de modo que obriga o
retorno dos produtos aos seus fabricantes, comerciantes, importadores
e distribuidores sem depender do sistema público de limpeza urbana e
manejo dos resíduos sólidos. Por meio dela, todos os envolvidos no
ciclo de vida do produto têm responsabilidades para garantir um final
de vida adequado ao resíduo.

As lâmpadas utilizadas em IP são, na sua quase totalidade,


lâmpadas de descarga a alta pressão, tais como a vapor de sódio alta
pressão, vapor de mercúrio alta pressão e luz mista, e contêm, em seu
interior, elementos químicos tóxicos, como mercúrio, cádmio e
chumbo.

Todos os equipamentos de IP (lâmpadas, luminárias, reatores,


relés fotoelétricos, capacitores, cabos, conectores, etc.) necessitam de
descarte adequado, sendo as lâmpadas os equipamentos que merecem
maior atenção devido aos metais pesados que fazem parte de sua
composição.

Em 2014, mais de quatro anos após a publicação da PNRS, o


Ministério do Meio Ambiente e a Associação Brasileira da Indústria de
Iluminação – Abilux, entre outras associações, assinaram um acordo
setorial para logística reversa das lâmpadas que contêm mercúrio
utilizadas na IP.

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Módulo 14 – Destinação final

A logística reversa das lâmpadas de IP inclui o gerenciamento


da coleta, do armazenamento, do manuseio e da movimentação (no
município) e a coleta, o transporte, a movimentação e a armazenagem
para a indústria de reciclagem.

Nas definições estabelecidas no acordo, a IP é um gerador não


domiciliar, pois é um ator jurídico, público ou privado, que gera
resíduos de lâmpada em função do seu objetivo social, de maneira que
a participação no acordo se dá por meio de um contrato direto com a
entidade gestora, atualmente a Reciclus.

O tratamento final inclui a descontaminação dos componentes


da lâmpada do mercúrio e a segregação dos componentes tratados
para as cadeias de reciclagem (plástico, vidro e metal) ou, então, para
a disposição final ambientalmente adequada. Sem esses, ou com a
incorreta disposição final, ocorre o risco de contaminação com o metal
pesado.

A entidade gestora organiza o transporte e coleta, ficando a


cargo do ator que a contratou apenas informar quando os níveis de
coleta foram atingidos.

A meta do acordo de logística reversa é, em 2019, reciclar 20%


do total das lâmpadas importadas e produzidas no Brasil em 2012
(aproximadamente 300 milhões, segundo dados da Abilux). O custo
para o processo de logística reversa ficará a cargo das empresas
importadoras e fabricantes, que serão obrigados a pagar R$0,40 para
a entidade gestora por unidade fabricada ou importada.

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Módulo 14 – Destinação final

De toda forma, o ponto mais importante para que a logística


reversa funcione corretamente é a conscientização do
consumidor. “Os consumidores precisarão aprender a guardar
e levar as lâmpadas nos estabelecimentos. Eles são a parte
inicial e fundamental do processo, pois, se as lâmpadas não
chegarem no local correto, todo o processo estará
comprometido” (BLUM, 2014).

Caberá à empresa responsável pela retirada das lâmpadas do


sistema de IP obter a Licença de Operação emitida por órgãos
ambientais competentes, como as secretarias estaduais e/ou
municipais de meio ambiente, bem como o Ibama, abrangendo a
liberação do empreendimento no ramo da atividade social em que irá
atuar, nos termos da Resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – Conama nº 237/1997.

8.1 Reciclus – Associação Brasileira para Gestão da Logística


Reversa de Produtos de Iluminação

Esse Acordo Setorial resultou na criação de uma entidade


gestora, sem fins lucrativos, chamada Reciclus – Associação Brasileira
para Gestão da Logística Reversa de Produtos de Iluminação. Essa
entidade é responsável por todas as etapas da logística reversa, desde
a escolha dos pontos de coleta e contratação das empresas de
transporte e descontaminação das lâmpadas.

A Reciclus é formada por diversos fabricantes importadores de


lâmpadas, além de ter a participação de entidades de classe, como
Abilux e Associação Brasileira de Fabricantes e/ou Importadores de
Produtos de Iluminação – Abilumi.

Atualmente, a Reciclus organiza e desenvolve a coleta e o


encaminhamento correto de lâmpadas por meio de pontos de coleta
distribuídos pelo Brasil. A partir da coleta, ela torna-se responsável

20
Módulo 14 – Destinação final

pelo encaminhamento de cada um dos elementos das lâmpadas para


o armazenamento correto de componentes nocivos e reciclagem das
outras partes, como o vidro. Atualmente, existem 812 pontos de coleta
de lâmpadas no Brasil. No caso de geradores não domiciliares, há a
necessidade de contrato direto com a entidade gestora.

A Reciclus tem por base obedecer a Política Nacional de


Resíduos Sólidos, Lei Federal nº 12.305/2010, que fala na
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e na
logística reversa como soluções para o descarte correto de itens que
podem causar danos ao meio ambiente. Ela foi consolidada para operar
a logística reversa de descartes de lâmpadas de uso doméstico e assim
foi dimensionada para tal. Toda sua operação, distribuição de
coletores, sistema, entre outros têm como objetivo atender à logística
reversa de lâmpadas descartadas nos pontos de coleta vinculados a
Reciclus.

Segundo a PNRS, as entidades jurídicas deverão ter sua


logística reversa própria, entretanto, vale lembrar que, para entidades
jurídicas, a Reciclus poderá prestar esse tipo de serviço, porém com
custos e projetos à parte.

Como destacar corretamente as luminárias LED e


equipamentos eletroeletrônicos

Esse tipo de resíduo possui grande variedade de componentes.


Os riscos principais do manuseio inadequado são decorrentes dos
materiais tóxicos, contidos nos eletroeletrônicos e gerados em
processos inadequados de reciclagem e perda de capital a ser
explorado nos componentes com grande integridade e valor agregado
no processo de reciclagem (metais).

21
Módulo 14 – Destinação final

Os materiais tóxicos mais comuns são metais pesados, como


chumbo, muito usado em soldas de eletrônicos, e aditivos de diversas
funções, como retardante de chamas. Em específico no chip do LED,
substâncias como arsênio podem ser empregadas.

A maior dificuldade na reciclagem está na separação dos


materiais que constituem esse tipo de resíduo, pois, além de demandar
processos específicos, os custos econômicos podem inviabilizá-la.

O tratamento do resíduo eletroeletrônico se dá por uma


sucessão de operações unitárias que visam primeiro a desagregar os
componentes para, depois, separá-los usando suas propriedades
físicas. Por fim, o material separado segue para processos mais
refinados a fim de recuperar os materiais de interesse.

Como descartar corretamente uma lâmpada


utilizada na IP

As lâmpadas da IP (vapor de sódio alta pressão – VSAP, vapor


de mercúrio – VM, multivapor metálico – MVM e lâmpadas mistas –
LM) apresentam risco de contaminação ao meio ambiente quando seus
tubos de descarrega, que contêm mercúrio na forma líquida, se
quebram. Logo, cuidados especiais devem ser tomados para que o seu
uso e posterior descarte possam garantir a segurança da população e
do meio ambiente.

Esse tipo de lâmpada contém uma quantidade significativa de


mercúrio em sua composição. A tabela 14.3 a seguir apresenta a
quantidade média de mercúrio para cada tipo de lâmpada em função
de suas potências6.

6
Lâmpadas utilizadas na IP – ABILUX 2001.

22
Módulo 14 – Destinação final

Tabela 14.3 – Quantidade de mercúrio nas lâmpadas de


descarga

Variação das
Lâmpadas Quantidade
Variação de médias de
contendo média de
potências mercúrio por
mercúrio mercúrio
potência

Mista 160 W a 500 W 0,017 g 0,011 g a 0,045 g


Vapor de
80 W a 1000 W 0,032 g 0,013 g a 0,080 g
mercúrio
Vapor de sódio 70 W a 1000 W 0,019 g 0,015 g a 0,030 g
Vapor metálico 35 W a 2000 W 0,045 g 0,010 g a 0,170 g

Tendo em vista a depreciação do fluxo luminoso ao final da vida


útil das lâmpadas de descarga, não se recomendam ações como
consertos e reutilização dessas lâmpadas. A reciclagem é a opção
ambientalmente mais adequada para o descarte das lâmpadas da IP
após o seu uso. Durante o processo de reciclagem, o mercúrio presente
nas lâmpadas é recuperado, evitando-se, assim, a contaminação do
meio ambiente. Demais materiais, como o alumínio, o vidro e o pó de
fósforo, podem ser reaproveitados na produção de outros produtos.

A seguir, serão apresentados os principais cuidados que


deverão balizar o descarte das lâmpadas de descarga retiradas do
sistema de IP por terem atingido o final da vida útil, ou por conta da
implantação de novas tecnologias ou por outro motivo qualquer, de
forma que seja possível a garantia da segurança da população e a
qualidade do meio ambiente.

10.1 Manuseio

“Entende-se por manuseio de um resíduo toda e qualquer


manipulação e movimentação do mesmo, desde o seu local de
origem, até o local do seu tratamento ou disposição final
(PROCEL, 2004)”.

23
Módulo 14 – Destinação final

O manuseio das lâmpadas de descarga contendo mercúrio


deverá ser realizado com cuidado e atenção evitando sua queda e/ou
quebra.

Quando as lâmpadas de descarga forem retiradas de serviço,


deverá ser utilizada a embalagem da lâmpada nova (ou embalagem
equivalente) para o devido acondicionamento e transporte.

Já as lâmpadas quebradas devem ser manuseadas apenas se o


operador estiver utilizando os devidos equipamentos de proteção
individual (luvas, avental e botas plásticas).

“Quando houver quebra acidental de uma lâmpada de IP em


um local fechado, a primeira providência a ser adotada deve
ser abrir portas e janelas para o ar circular. Assim que possível
o local deverá ser limpo, de preferência por aspiração
(MANUAL RELUZ PROCEL, 2004)”.

10.2 Armazenamento e acondicionamento

As lâmpadas de descarga retiradas da rede de IP, por terem


atingido o final da vida útil ou por ouro motivo qualquer, em hipótese
alguma deverão ser quebradas.

Essas lâmpadas devem ser estocadas em uma área separada e


demarcada, acondicionadas preferencialmente em suas embalagens
originais (ou equivalentes). Caso isso não seja possível, poderá ser
utilizado outro dispositivo para proteção das lâmpadas, como jornal ou
papelão. O local de armazenamento deverá obedecer às condições
estabelecidas pelos órgãos ambientais, assim como estar devidamente
sinalizado para impedir o acesso de pessoas estranhas.

Aquelas lâmpadas que, porventura, se quebrarem deverão ser


acondicionadas em bombonas com tampas, revestidas internamente
com saco plásticos especial e devidamente lacradas para evitar a
contaminação.

24
Módulo 14 – Destinação final

10.3 Transporte e deslocamento do resíduo

A fase relativa ao transporte e ao deslocamento pode ser


dividida em três etapas:

Retirada da lâmpada no local


onde estava instalada;

Transporte dessa lâmpada até o local


de armazenamento temporário;

Seu transporte até a empresa de


reciclagem.

Durante o transporte, as lâmpadas deverão ser protegidas para


evitar que elas se quebrem durante essa etapa. Antes de permitir o
transporte, deve-se verificar a documentação necessária do
transportador e o carregamento deverá estar devidamente
identificado, com a data do carregamento, o número de lâmpadas, a
localização da origem e a destinação final.

O transporte até a empresa de reciclagem poderá ser realizado


pelo gestor da IP ou pela empresa recicladora, ou ainda por uma
empresa especializada em transporte de cargas perigosas, sempre
obedecendo às recomendações de segurança e às normas de
transporte.

25
Módulo 14 – Destinação final

10.4 Destinação final

A reciclagem é a opção ambientalmente mais adequada para o


descarte de lâmpadas de mercúrio após seu uso. Caberá à empresa
contratada para tal fim, credenciadas por órgão ambiental competente,
emitir para o cliente um Certificado de Destinação Final.

Fica vedada a disposição final das lâmpadas (velhas e/ou


quebradas) em aterros sanitários ou em processos de queima e
incineração.

Processo de descontaminação de lâmpadas de


descarga

O processo de descontaminação e reciclagem de lâmpadas de


descarga ocorre com a separação dos terminais (componentes de
alumínio, soquetes plásticos e estruturas metálico-eletrônicas), do
vidro (em forma de tubo, cilindro ou outro formato), do pó de fósforo
(pó branco contido no interior de alguns tipos de lâmpadas) e,
principalmente, o mercúrio que, ao final do processo, será recuperado
em seu estado líquido ou descartado como resíduo perigoso junto dos
componentes usados para filtrá-lo dos gases vindos da
descontaminação do material.

Os principais requisitos para o processo de reciclagem de


lâmpadas contendo mercúrio são:

Local: todo o processo de descontaminação é feito por meio


de equipamentos instalados em ambiente controlado, para
que não haja fuga de vapores e contaminação do ambiente
e das pessoas.
Triagem inicial: em ambiente enclausurado e sob pressão
negativa - para que não haja vazamento do mercúrio em
outros ambientes - as lâmpadas contendo mercúrio são

26
Módulo 14 – Destinação final

rompidas, as bases/terminais das lâmpadas são separados e


passam por um processo de segregação.
Separação dos componentes: o pó de fósforo
contaminado com mercúrio é retido e segue para o processo
de retirada do mercúrio. Então, o vidro é reciclado para a
fabricação de produtos não alimentícios; o alumínio e as
demais partes metálicas são enviados para a reciclagem em
uma fundição.
O mercúrio: a poeira de fósforo é enviada para a destilação,
o material é aquecido até o mercúrio vaporizar (em
temperaturas acima de 357°, ponto de ebulição do
mercúrio); o material vaporizado a partir desse processo é
então condensado e coletado em recipientes especiais ou
decantadores; o mercúrio obtido passa por uma nova
destilação, a fim de remover suas impurezas.

Nos casos em que a destilação e o reaproveitamento não sejam


economicamente viáveis, o pó de fósforo e/ou carvão utilizados na
filtragem devem ser descartados de forma correta.

Destinação de equipamentos LED e componentes

O ascarel é um óleo isolante, resultante da mistura de


hidrocarbonetos derivados do petróleo, que eram utilizados em
equipamentos elétricos, como transformadores e em capacitores
utilizados nos reatores de IP. Por ser tóxico e cancerígeno, desde a
década de 80, sua utilização foi proibida e atualmente o seu descarte
deve acontecer de maneira apropriada. Caso sejam encontrados nos
reatores da IP capacitores com o uso desse óleo, recomenda-se a sua
correta destinação, tomando todas as medidas similares àquelas
adotadas para descarte das lâmpadas de IP, buscando evitar a

27
Módulo 14 – Destinação final

contaminação das pessoas e do meio ambiente. Não se deve presumir


que o eletricista irá reconhecer o ascarel em um transformador ou
capacitor, assim, recomenda-se que todos os transformadores e
capacitores que tenham sido instalados antes da proibição do ascarel,
e que agora estejam sendo retirados, sejam tratados como
potencialmente contaminados.

Economia circular

Além da preocupação com a destinação final dos componentes


de iluminação, atualmente se discutem outros conceitos e práticas de
sustentabilidade pensando no ciclo de vida de um produto desde antes
de sua produção até o correto reaproveitamento dos materiais e
reciclagem. A economia circular parte do princípio de que sistemas e
produtos devem ser concebidos desde a etapa de projeto, de maneira
a evitar desperdício e descarte de materiais, e, caso sejam, possam
ser remanufaturados ou totalmente reciclados antes de ser reinseridos
no mercado para uso.

O custo de uma intervenção no sistema de IP gera poluição, uso


de equipamentos pesados, transtornos para a cidade e riscos para os
operadores, logo, o ciclo deve ser pensado como um todo e uma análise
de custos deve ser qualitativa e não somente quantitativa.

Por outro lado, pensar no ciclo de vida completo e nos custos


de um produto de iluminação proporciona, além de uma luz de
qualidade, um serviço de iluminação eficiente do ponto de vista
ambiental, econômico e social.

Com o uso dos LEDs, torna-se necessário avaliar todo o ciclo de


vida do projeto e sua manutenção, privilegiando cada vez mais a
durabilidade e a vida útil do produto. Dessa forma, a quantidade de
intervenções e trocas serão menores e o sistema gerido de forma

28
Módulo 14 – Destinação final

eficiente com o menor uso de recursos possível. Dessa forma, para o


recurso ser gerido com o menor uso de recursos possíveis, os modelos
de luminárias em caso de falhas são fáceis de analisar a fonte de tal
falha e realizar um reparo.

Com a evolução tecnológica recorrente, a economia circular


também permite a elaboração de produtos que possibilitam a sua
melhoria por meio da troca de módulos ultrapassados por outros mais
modernos e eficazes, evitando o descarte de toda a luminária. Um
exemplo desse processo seria a instalação de um dispositivo de
telegestão junto à luminária. Nesse caso, a telegestão poderia indicar
uma possível falha de um dos componentes da luminária, evitando,
assim, sua substituição por completo.

29
Módulo 14 – Destinação final

Exercícios de fixação

30
Módulo 14 – Destinação final

1. Está correto afirmar que um dos maiores


problemas que a humanidade enfrenta atualmente
é o de conciliar o desenvolvimento crescente com a
preservação do meio ambiente?

a) Sim

b) Não

2. É correto afirmar que gerir resíduos sólidos abrange


a racionalização do consumo, diretrizes de
mitigação do descarte prematuro e a troca
desnecessária?

a) Sim

b) Não

3. É verdade que atualmente, o Brasil não conta com


uma estrutura legal que orienta e disciplina a
gestão de resíduos sólidos?

a) Sim

b) Não

31
Módulo 14 – Destinação final

4. A Lei 12.305/2012 – Política Nacional de Resíduos


Sólidos estabeleceu:

a) Um conjunto de princípios e ações com vistas à gestão

integrada da iluminação pública.

b) Metas e ações com vistas à gestão integrada da

administração pública.

c) Um conjunto de princípios e ações com vistas à gestão

integrada dos resíduos sólidos.

d) Todas as opções acima estão corretas.

5. Das diretrizes de gestão para os resíduos sólidos da


PNRS, nota-se a seguinte ordem de prioridade:

a) Não geração, redução, reutilização, reciclagem,

tratamento dos resíduos sólidos.

b) Disposição final ambientalmente inadequada dos rejeitos.

c) Reciclagem, redução e descarte.

d) Todas as opções acima estão corretas.

6. Assinale a alternativa correspondente:

( ) A PNRS está baseada no conceito de responsabilidade


compartilhada.

( ) Apenas a sociedade é responsável pela PNRS.

32
Módulo 14 – Destinação final

( ) Apenas os governos e o setor privado são responsáveis pela


PNRS.

a) ( ) V, V, V

b) ( ) F, V, V

c) ( ) V, F, F

d) ( ) V, F, V

R=1) A 2) A 3) B 4) C 5) A e 6) C

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