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Filosofia

FILOSOFIA 11º ANO – 1º TESTE APONTAMENTOS

CETICISMO RADICAL

• PROBLEMA: o conhecimento é possível?


de acordo com os céticos,
NÃO

porque nada é certo

CETICISMO RADICAL

MAS O QUE É O CETICISMO RADICAL?

O ceticismo radical, é a teoria segundo a qual não temos crenças justificadas e, por isso, não temos
conhecimento (nada sabemos).

ARGUMENTO CÉTICO RADICAL (teses céticas)

• Se há conhecimento, as nossas crenças estão justificadas.


Nenhuma crença está justificada.
Então, não há conhecimento.

ARGUMENTO DA ILUSÃO DOS SENTIDOS


• Os nossos sentidos por vezes, iludem-nos.
Logo, não podemos confiar inteiramente nos nossos sentidos.

EX:. uma comida parece-me apetitosa (visão) mas quando provo (paladar) não gosto muito.
quando vejo à distância um jacto (visão) e ele parece-me pequeno, mas à medida que me vou
aproximando dele este vai-se revelando cada vez maior.

CRÍTICA → neste arumento, os céticos atribuem aos nossos sentidos responsabilidades que não
são deles.

ARGUMENTO DA DIVERGÊNCIA DE OPINIÕES

• Se há conhecimento, não há divergência de opiniões.


Há divergência de opiniões.
Então, não há conhecimento.

EX:. eu defender que “a Terra é redonda” e outro alguém discordar e defender que “a Terra é plana”.
CRÍTICA → eu defendo que a Terra é redonda, e de facto é verdade, logo podemos dizer que eu
tenho conhecimento, que existe conhecimento. Outro alguém discorda da minha opinião e derende
que a Terra é plana. Existe sim uma divergência de opiniões, no entanto não significa que não haja
conhecimento, porque da minha parte existe sim conhecimento pois a proposição que eu defendo é
verdadeira (definição tripartida do conhecimento).

ARGUMENTO DA REGRESSÃO INFINITA

• Só sabemos que uma proposição é verdadeira se acreditaros justificadamente nessa


proposição. (quando há justificação)
É impossível termos uja crença justificada numa proposição. (não há justificação)
Logo, nada sabemos. (não há conhecimento)

CRÍTICA → o ceticismo é uma teoria auto-refutante. Os céticos afirmam que “não há justificação”,
mas se não houvesse uma justificação, não haveria forma de justificar que não há justificação. Se
fosse verdade que não sabemos de nada, então não saberíamos sequer que não sabemos nada.

FUNDACIONALISMO
Nós, muitas vezes, baseamos as nossas crenças noutras crenças e os céticos assumem que
entramos num “ciclo vicioso”, contudo nem todas as nossas crenças precisam de ser justificadas por
outras.

FUNDACIONALISMO
(forma de superação do ceticismo)

crenças
↓ ↓
fundacionais não fundacionais
(básicas) (não básicas)
↓ ↓
são auto-justificadas e justificam-se através das
auto-evidentes crenças fundacionais.
(justificam-se por si mesmas sem
recorrer a outras crenças)

podem ser através da
experiência (empirismo) ou da
intuição racional (racionalismo)

EMPIRISMO E RACIONALISMO
• RESPOSTAS AO PROBLEMA: qual a origem do conhecimento?
- EMPIRISMO: fonte do conhecimento é a experiência (antes de qualquer contacto com a
experiência a nossa mente é como uma folha de papel);
a experiência é o ponto de partida e o limite do conhecimento;
o conhecimento que temos sobre o mundo é A POSTERIORI (existe
conhecimento A PRIORI mas nada nos diz sobre o mundo);
• RACIONALISMO: fonte do conhecimento é a razão;
A DESILUSÃO DE DESCARTES FACE AO SABER TRADICIONAL

Teorias aprendidas:
• falta de fundamentos sólidos;
• erros e contradições;
• falta de ordem na apresentação das ideias;

CARACTERÍSTICAS DA DÚVIDA CARTESIANA

O QUE É A DÚVIDA METÓDICA?

A dúvida metódica consiste na utilização de argumentos céticos de modo a encontrar certezas e,


assim, superar o ceticismo.

• metódica → método para alcançar a verdade (utiliza a dúvida);


• voluntária → descartes escolheu duvidar para chegar a um conhecimento;
• provisória → só recorre à dúvida até haverem razões que o façam duvidar, ou seja, quando
deixarem de haver razões ele párav de duvidar;
• construtiva → vai ser usada para construir um sistema/teoria do conhecimento que resista ao
ceticismo radical;
• hiperbólica → rejeita como se fosse falso tudo aquilo em que se note a mínima suspeita de
incerteza;
• radical → a dúvida vai aplicar-se a tudo, só não se aplica às normas da conduta, isto é, às
normas morais e às normas religiosas;
• metafísica → incidirá sobre uma entidade que, à semelhança de Deus, existiria para além do
mundo físico, e que tudo podia controlar (génio maligno).

TEORIA DAS IDEIAS DE DECARTES

De acordo com Descartes, existem 3 tipos de ideias:


• inatas;
• adventícias OU estrangeiras;
• forjadas OU factícias;

IDEIAS INATAS

EX:. Deus, Perfeito, alma, Eu, cogito

• conhecimentos advindos de conteúdos mentais que estão presentes desde o nosso


nascimento, isto é, que não são adquiridas nem aprendidas.
• claras e distintas/evidentes.
• descobertas pela razão.
• oferecem garantias de verdade no conhecimento.
• Implicam a existência daquilo que apresentam.

IDEIAS ADVENTÍCIAS
EX:. árvores, peixe, mulher, cavalo
• causadas por objetos físicos e pelos sentidos (entidades exteriores);
• não garantem a objetividade no conhecimento;
• não são claras nem distintas;

IDEIAS FACTÍCIAS

EX:. sereia, montanha dourada, pégasus, minotauro


• completamente dependentes da imaginação → combinação livre de ideias adventícias;

ideia de mulher + ideia de peixe = SEREIA → factícia


(adv) (adv)

• não oferecem garantia de verdade no conhecimento;


• não garantem a existência daquilo que é representado;

TEORIA DO CONHECIMENTO DE DAVID HUME

• David Hume, defende tal como Descartes, o fundacionalismo.


• Hume: fundacionalismo clássico → crenças fundacionais → empíricas

problema da origem → empirismo
do conhecimento

CONTEÚDOS MENTAIS OU PERCEÇÕES

• IMPRESSÕES → representam o limite do conhecimento;


- internas → sentimentos ou desejos
- externas → sensações

• IDEIAS → cópias enfraquecidas, recordações, pensamentos das impressões simples


- simples → resultam da nossa memória (ideias adventícias)
- complexas → combinação de ideias simples, por parte da memória e/ou imaginação
(ideias factícias)

• PERCEÇÕES (impressões + ideias)


- simples (indivisíveis) → EX:. vermelho, rugoso
- complexas (divisíveis) → EX:. maçã – textura
↓ – cor
↓ – forma
↓ – cheiro

é uma impressão complexa


porque se pode decompor
em vários elementos
• As impressões atuam na nossa mente de forma mais forte, enquanto as ideias são meras
cópias fracas dessas mesmas impressões e surgem semprem depois destas.

O PRINCÍPIO DA CÓPIA

O princípio, defendido por Hume, segundo o qual todas as nossas ideias resultam de impressões,
isto é, caso não existam impressões prévias, é impossível formar qualquer tipo de ideia.

O PRINCÍPIO DA BIFURCAÇÃO DE HUME

Outro princípio empirista de Hume é acerca das proposições. Este princípio divide o conhecimento
proposicional em dois e ficou conhecido por princípio da bifurcação de Hume:

• Todo o nosso conhecimento proposicional é ou de relações de ideias ou de questões de


facto.

relações de ideias questões de facto


↓ ↓
conhecidas A PRIORI conhecidas A
POSTERIORI
↓ ↓
entidades abstratas * entidades concretas *
↓ ↓
verdades necessárias * verdades contigentes
EX:. matemática, lógica, geometria EX:. física, química, biologia

* entidades abstratas → não existem no espaço ou no tempo e não entram em relações de causa
efeito.

* entidades concretas → existem no espaço e no tempo e entram em relações de causa efeito.

* verdades necessárias → proposições verdadeiras cuja negação implica uma contradição, sendo
portanto impossível (não podem ser falsas).

* verdades contigentes → proposições verdadeiras cuja negação não implica uma contradição,
sendo portanto possível (podem ser falsas).

SEMELHANÇAS ENTRE AS TEORIAS DE DESCARTES E DE HUME

• Semelhanças: ambos defendem o fundacionalismo;


• Diferenças: Descartes defende o racionalismo (para ele, as crenças fundacionais são
racionais), enquanto que o Hume defende o empirismo (para ele, as crenças fundacionais são
empíricas);
NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA DÚVIDA METÓDICA

• ILUSÃO DOS SENTIDOS;


• ILUSÃO DOS SONHOS;
• HIPÓTESE DO GÉNIO MALÍGNO;

O QUE É COLOCADO EM DÚVIDA EM CADA UM DOS NÍVEIS/MOMENTOS DE APLICAÇÃO DA


DÚVIDA METÓDICA?

• Dúvida relativa aos sentidos: duvida-se das qualidades sensíveis das coisas.
• Dúvida relativa aos sonhos: duvida-se da existência das coisas.
• Dúvida relativa à hipótese do génio malígno: duvida-se da existência das coisas, do mundo
físico, do conhecimento A PRIORI (razão humana);

ARGUMENTO DO SONHO

De acordo com Descartes, alguns sonhos são tão vividos, que não é possível distingui-los, com toda
a segurança, das perceções que temos enquanto estamos acordados. Além disso, Decartes diz:

“Quer eu esteja acordado quer durma, dois e três somados são sempre cinco e o quadrado nunca
tem mais do que quarto lados”.

RESUMINDO...

• não conseguimos distinguir, com segurança, o real e o imaginário;


• os pensamentos ocorrem com imensa vivacidade/intensidade como na realidade;

HIPÓTESE DO GÉNIO MALÍGNO

De acordo com Descartes, talvez a nossa mente esteja a ser controlada por um ser extremamente
poderoso e inteligente (génio malígno*), que faz tudo o que pode para nos enganar. Descartes não
nos diz que ele existe mas apenas coloca a hipótese de que este pode existir.

* génio malígno → ser extremamente poderoso e inteligente que, controlando a nossa mente, faz
tudo o que pode para nos enganar.

• leva-nos a acreditar em coisas que não existem;


• diverte-se a enganar-nos nas coisas mais simples;
• o facto de acreditarmos no mundo físico pode ser apenas uma ilusão;

A DESCOBERTA DO COGITO E A SUA NATUREZA

Ainda que quase nenhuma das nossas crenças seja indubitável (que não admite dúvida), Descartes
pensa que há algo de que não podemos duvidar. Afinal, se estamos a colocar as nossas crenças em
dúvida, estamos a duvidar, e duvidar é uma forma de pensar. E, se estamos a pensar, então
existimos. Cada um de nós pode então afirmar com toda a segurança:
“Eu penso, logo existo”: (cogito ergo sum)

• 1ª certeza/verdade;
• a existência é a condição de possibilidade para o conhecimento;
• é resistente a toda e qualquer dúvida → ele tem a certeza que é uma substância pensante
pois sabe que se pensa (que tem dúvidas e etc) tem que existir;
• é uma crença fundacional → justifica-se por si só, e é por isso inabalável (não se pode
duvidar);
• é uma ideia clara e distinta (ou seja, é uma ideia inata);
• não resulta de nenhuma demonstração porque o mundo exterior ainda está em dúvida;

O CRITÉRIO DE VERDADE

Tendo descoberto no cogito uma primeira certeza, Descartes tenta encontrar nela um critério de
verdade, colocando a seguinte questão:

• O QUE ME FAZ TER A CERTEZA DE QUE O COGITO ME LEVA À VERDADE?

Descartes responde que está certo do cogito porque percebe ou entende com toda a clareza e
distinção, que para pensar ele tem de existir. Desta resposta extrai o seguinte critério de verdade:

• Tudo aquilo que percebemos com distinção e clareza é verdade.

RESUMINDO...

De acordo com este critério, as ideias ou perceções claras e distintas jamais nos induzem em erro,
ou seja, levam-nos infalivelmente à verdade. Descartes sugere-nos então que quando vemos ou
compreendemos com toda a nitidez que algo é verdade, podemos ter a certeza de que não estamos
enganados. Assim, a intuição racional é uma fonte de conhecimento.

Descartes julga ser necessário justificar melhor o seu critério de verdade, então vai começar por
procurar primeiro provar a existência de DEUS.

ARGUMENTO ONTOLÓGICO (a favor da existência de Deus)

COMO FUNCIONA ESTE ARGUMENTO?

Baseia-se numa reflexão sobre o conceito de Deus.

• Um ser sumamente perfeito tem todas as perfeições.


A existência é uma perfeição.
Logo, existe um ser sumamente perfeito (Deus).

CRÍTICA A ESTE ARGUMENTO


Kant opõe-se a este argumento, dizendo que Descartes fala sobre a essência de Deus e que a
essência não implica a existência. A existência não é uma qualidade como “azul”, “alto”, porque
quando dizemos que uma coisa existe não estamos a atribuir nenhuma propriedade/qualidade
particular a essa coisa. Se não estamos a atribuir nenhuma propriedade/qualidade particular a essa
coisa, então não existe a qualidade de “existência”. Assim, a existência não tem de ser algo que
Deus tenha de possuir para ser Deus.

ARGUMENTO DA MARCA (a favor da existência de Deus)

• Tenho a ideia de ser um ser perfeito (Deus).


Se tenho a ideia de ser um ser perfeito, então ela só pode ser causada por um ser perfeito.
Se essa ideia só pode ser causada por um ser perfeito, então ele existe.
Logo, Deus existe.

COMO É QUE DESCARTES CHEGOU A ESTE ARGUMENTO?

• Ele sabe que é uma substância pensante imperfeita porque chegou ao cogito através da
dúvida.
• Para saber que é uma substância pensante, tem de admitir a ideia de PEREIÇÃO.

COMO SURGIU A IDEIA DE PERFEIÇÃO?

• não pode vir do exterior → porque ainda é uma dúvida;


• não pode ser causada por si mesmo
• é causada pelo “ser perfeito” (Deus) → que não pode ser enganador

Deus é veraz (é uma garantia de verdade)

porque é sumamente bom

logo, não é um ser enganador

não induz as suas criaturas em erro

CRÍTICA A ESTE ARGUMENTO

Criar a ideia de perfeição é diferente de criar a própria perfeição. Tal como diz Descartes, um efeito
não pode ser superior à sua causa (isto é, não pode haver mais realidade no efeito do que na causa)
e por isso um ser imperfeito não poderia criar um ser perfeito.

A CRÍTICA DO CÍRCULO CARTESIANO


Descartes entra num “ciclo vicioso”, pois justifica as ideias claras e distintas (critériio de verdade) com
a existência de Deus, e justifica a existência de Deus com as ideias claras e distintas. Descartes, está
portanto, a raciocinar de forma circular.

A REALIDADE DO MUNDO FÍSICO

Podemos estar certos de que as nossas perceções sensíveis representam objetos físicos reais.
Podemos saber então, que são causadas por eles.

DUALISMO MENTE – CORPO

O QUE É O DUALISMO CARTESIANO?

O dualismo cartesiano é a perspetiva segundo a qual a alma e o corpo são substâncias distintas. Um
objeto físico para Descartes, é uma substância extensa: uma coisa cuja propriedade fundamental é a
extensão. A extensão consiste em ocupar espaço. Uma mente, pelo contrário, é uma substância
pensante, mas não extensa. Assim, segundo Descartes, a nossa mente é algo que não existe no
espaço, é uma coisa imaterial (uma alma) à qual se devem os pensamentos (todos os estados de
consciência).

Descartes propõe então uma conceção dualista dos seres humanos – afirma que cada um de nós é
constituído por duas substâncias muito diferentes: um corpo/organismo (substância extensa) e uma
mente/alma (substância pensante).

Estas duas substâncias não têm a mesma importância para Descartes, pois para ele, só a alma nos é
essencial.

ALMA/MENTE:
• substância pensante;
• a essência da mente é ter pensamentos, não estados físicos;
• indestrutível;
• indivisível;
• melhor conhecido do que o corpo;

CORPO/ORGANISMO:
• substância extensa;
• a essência do corpo é estar situado no espaço;
• destrutível;
• divisível;

INTERAÇÃO ENTRE A MENTE E O CORPO

Apesar de Descartes acreditar que a alma e o corpo são substâncias distintas, julga que a mente e o
corpo interagem causalmente.

• Alguns movimentos causam movimentos no corpo.


• Algumas mudanças no corpo causam pensamentos.

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