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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE FÍSICA

INDE ANTÓNIO MAFUNGA JANO

ALFABEITIZAÇÃO ENERGÉTICA IMPLEMENTADA À


ALUNOS DO ENSINO SECUNDÁRIO GERAL NA CIDADE DA
BEIRA – MOÇAMBIQUE: Um Ensaio Pedagógico para a
Promoção de Economia de Energia no Sector Residencial

Dondo
2022
INDE ANTÓNIO MAFUNGA JANO

ALFABEITIZAÇÃO ENERGÉTICA IMPLEMENTADA À ALUNOS DO


ENSINO SECUNDÁRIO GERAL NA CIDADE DA BEIRA –
MOÇAMBIQUE: Um Ensaio Pedagógico para a Promoção de Economia de
Energia no Sector Residencial

Monografia apresentada ao curso de Física da Faculdade de


Ciências e Tecnologias como requisito para a obtenção do
título de licenciado em Ensino de Física com Habilidade em
Energia Renováveis.

Orientador: Mestre Rui Muchaiabande

Dondo
2022
INDE ANTÓNIO MAFUNGA JANO

ALFABEITIZAÇÃO ENERGÉTICA IMPLEMENTADA À ALUNOS DO ENSINO


SECUNDÁRIO GERAL NA CIDADE DA BEIRA – MOÇAMBIQUE: Um Ensaio Pedagógico
para a Promoção de Economia de Energia no Sector Residencial

Trabalho de conclusão apresentado ao Departamento de Ciências e Tecnologias como


requisito para a obtenção do título de Licenciado em Ensino de Física com Habilidade em
Energias Renováveis
Juri:

____________________________________________________________
Presidente do júri: MsC Carlos Mário Carlos

_____________________________________________________________
Arguente: MsC Benjamim António Curado

____________________________________________________________
Supervisor: MsC Rui Muchaiabande

Dondo, abril de dois mil e vinte dois


Agradecimentos

Agradeço à todos os docentes do departamento de ciências e tecnologias, em especial aos


docentes do curso de Física.
Um agradecimento especial ao meu supervisor, MsC Rui Muchaiabande, pelo
acompanhamento e orientação sábia para a materialização deste trabalho.
Aos meus colegas do curso que foram excelentes companheiros de batalha durante a
formação.
Aos meus superiores do serviço também vai um agradecimento.
Aos pais e encarregados de educação que autorizaram os seus educandos a participar no
curso A Fazenda Energética e aos próprios alunos que fizeram parte deste treinamento vai o
meu muito obrigado, foram cinco semanas de muita diversão e aprendizagem.
Por fim à minha família pela paciência e apoio, principalmente naquelas noites
prolongadas fazendo trabalhos da escola.
Lista de figuras

Figura 1: Enquadramento geográfico da área de estudo ..................................................... 17


Figura 2: Exemplo de características e benchmarks das dimensões da AE. ....................... 22
Figura 3: Formas de energia ................................................................................................ 30
Figura 4: Impactos socio-ambientais causados pelo uso de energia. .................................. 31
Figura 5: Soluções energéticas limpas ................................................................................ 31
Figura 6: Barragens hidroeléctricas de Moçambique (actuais e futuras) ............................ 32
Figura 7: Quadro simulando instalação eléctrica residencial .............................................. 33
Figura 8: Parte traseira do quadro modelo de demonstração do circuito residencial .......... 34
Figura 9: Resumo dos desempenhos com relação as três dimensões da AE ........................ 43

Lista de tabelas

Tabela 1.1: Características dos alunos que participaram da AE .......................................... 15


Tabela 1.2: Número de alunos por bairro que participaram no programa de AE................. 16
Tabela 4.1: : Desempenho cognitivo dos alunos em tópicos sobre energia e EE................. 39
Tabela 4.2: Atitudes e comportamentos positivos dos alunos em tópicos sobre energia e EE41
Lista de abreviaturas e siglas

AE – Alfabetização energética
CCMER – Centro Comunitário Multifuncional de Energias Renováveis
DEE – Desafio em Eficiência energética
DOE – Department Of Energy
EE – Eficiência Energética
EEVE – Energia, Eficiência e Vigilância Energética
EDM – Electricidade de Moçambique
ER – Energia Renovável
ESG – Ensino Secundário Geral
EUA – Estados Unidos da América
LED – Díodo Emissor de Luz
MIREME – Ministério de Recursos Minerais e Energia
ODS – Objectivos de Desenvolvimento Sustentável
PEE – Programa de Eficiência Energética
PDIE – Plano Director Integrado de Infraestruturas Eléctricas
PNE – Política Nacional de Energia
RDC – República Democrática do Congo
SADC – Comunidade de desenvolvimento da Africa Austral
SNE – Sistema Nacional de Educação
TV – Televisão
Unilicungo – Universidade Licungo
Resumo

Moçambique é um país de baixa renda com cerca de 30 milhões de habitantes, dos quais,
cerca de 34% tem acesso a energia eléctrica, ou seja, cerca de 19,8 milhões de habitantes não têm
acesso à rede eléctrica nacional, para além disso, o país apresenta altos índices de desperdício de
energia e uma das causas associadas ao alto índice de desperdício de energia é o baixo nível da
população em alfabetização energética. Deste modo, o presente estudo teve como objectivo,
implementar a alfabetização energética à alunos do ensino secundário geral na cidade da Beira.
O estudo teve uma abordagem qualitativa e teve como amostra, dezoito alunos da 11ª classe
provenientes de cinco escolas da cidade da Beira. A colecta de dados foi através de questionário
escrito adaptado de DeWaters e Powers (2009). Os resultados apontaram para um bom
desempenho cognitivo e com relação a atitude com uma pontuação de 60,3% e 74,4%
respectivamente. Quanto a dimensão comportamental os alunos obtiveram uma pontuação
moderada com 58,6%. Com esses resultados, pode-se afirmar que, primeiro os alunos mostraram
vontade de contribuir como parte da solução dos problemas relacionados a energia, porem essa
vontade pouco se reflectiu nas suas acções, segundo, a implementação da alfabetização
energética à alunos mostrou ser uma ferramenta fundamental na conscientização das pessoas
sobre o uso racional de energia e deve ser incorporada nos currículos do sistema nacional de
educação através de programas educacionais de energia eficazes que levam em consideração
conteúdos que enfatizam não apenas o conhecimento, mas que tenham impacto nas atitudes,
valores e mudanças comportamentais dos alunos.

Palavras-chaves: Alfabetização energética. promoção de economia de energética. Sector


residencial.
Abstract

Mozambique is a low-income country with around 30 million inhabitants, of which


around 34% have access to electricity, that is, around 19.8 million people do not have access to
the national electricity grid, furthermore, the country has high rates of energy waste and one of
the causes associated with the high rate of energy waste is the low level of the population in
energy literacy. Thus, the present study aimed to implement energy literacy to students of general
secondary education in the city of Beira. The study had a qualitative approach and had as a
sample, eighteen students from the 11th grade from five schools in the city of Beira. Data
collection was done using a written questionnaire adapted from DeWaters and Powers (2009).
The results pointed to a good cognitive and attitude performance with a score of 60.3% and
74.4% respectively. As for the behavioral dimension, students obtained a moderate score with
58.6%. With these results, it can be said that, first, the students showed a willingness to
contribute as part of the solution of problems related to energy, but this desire was little reflected
in their actions, second, the implementation of energy literacy to students proved to be a tool
fundamental in raising people's awareness of the rational use of energy and must be incorporated
into the curricula of the national education system through effective energy educational programs
that take into account content that not only emphasizes knowledge, but also has an impact on
attitudes, values and behavioral changes of students.

Keywords: Energy literacy. energy saving promotion. Residential sector..


Resumen

Mozambique es un país de bajos ingresos con alrededor de 30 millones de habitantes, de


los cuales alrededor del 34% tiene acceso a la electricidad, es decir, alrededor de 19,8 millones de
personas no tienen acceso a la red eléctrica nacional, tiene altos índices de desperdicio de energía
y uno de Las causas asociadas a la alta tasa de desperdicio de energía es el bajo nivel de
alfabetización energética de la población. Por lo tanto, el presente estudio tuvo como objetivo
implementar la alfabetización energética a estudiantes de educación secundaria general en la
ciudad de Beira. El estudio tuvo un enfoque cualitativo y tuvo como muestra dieciocho alumnos
del 11º grado de cinco escuelas de la ciudad de Beira. La recolección de datos se realizó mediante
un cuestionario escrito adaptado de DeWaters y Powers (2009). Los resultados apuntaron a un
buen desempeño cognitivo y actitudinal con una puntuación de 60,3% y 74,4% respectivamente.
En cuanto a la dimensión conductual, los estudiantes obtuvieron una puntuación moderada con
un 58,6%. Con estos resultados, se puede decir que, en primer lugar, los estudiantes mostraron
disposición a contribuir como parte de la solución de problemas relacionados con la energía, pero
este deseo se vio poco reflejado en sus acciones, en segundo lugar, la implementación de la
alfabetización energética a los estudiantes demostró ser una herramienta fundamental en la
concientización de las personas sobre el uso racional de la energía y debe ser incorporada a la
currícula del sistema educativo nacional a través de programas educativos energéticos efectivos
que tengan en cuenta contenidos que no solo enfaticen los conocimientos, sino que también
incidan en las actitudes , valores y cambios de comportamiento de los estudiantes.

Palabras clave: Alfabetización energética. promoción del ahorro de energía. Sector residencial.
Índice

1 Introdução............................................................................................................................... 11

1.1 Justificativa ..................................................................................................................... 11

1.2 Problematização .............................................................................................................. 12

1.3 Objectivos ....................................................................................................................... 12

1.3.1 Geral .............................................................................................................................. 12

1.3.2 Específicos .................................................................................................................... 12

1.4 Metodologias .................................................................................................................. 13

1.4.1 Caracterização de pesquisa............................................................................................ 13

1.4.2 Etapas da pesquisa ......................................................................................................... 13

1.4.3 Instrumento de avaliação ............................................................................................... 14

1.4.4 População e amostra ...................................................................................................... 15

1.4.5 Processo de selecção de amostra ................................................................................... 15

1.4.6 Área de Estudo .............................................................................................................. 17

1.4.7 Limitações ..................................................................................................................... 17

2 Revisão Bibliográfica ............................................................................................................. 18

2.1 Alfabetização energética ................................................................................................. 18

2.3 Dimensões da alfabetização energética .......................................................................... 20

2.4 Papel da alfabetização energética ................................................................................... 23

2.5 Factores que Influenciam na Alfabetização Energética .................................................. 24

2.6 Alfabetização energética no contexto moçambicano ...................................................... 25

3 Curso a Fazenda Energética ................................................................................................... 27

3.1 Materiais ......................................................................................................................... 28

3.1.1 Cartazes ......................................................................................................................... 29

3.1.2 Quadro modelo de demonstração do circuito residencial (QMDCR) ........................... 32


3.2 Implementação da Alfabetização Energética .................................................................. 34

3.2.1 Descrição das aulas ....................................................................................................... 35

4 Análise e Discussão de Resultados ........................................................................................ 39

4.1 Análise dos resultados .................................................................................................... 39

4.1.1 Análise do desempenho com relação ao conhecimento ................................................ 39

4.1.2 Avaliação dos desempenhos com relação a atitude e comportamento.......................... 40

4.2.3 Avaliação da média dos desempenhos nas três dimensões referentes a AE ................. 42

4.2 Discussão dos resultados ................................................................................................ 43

4.3.1 Desempenho cognitivo .................................................................................................. 43

4.3.2 Desempenho com relação a atitude ............................................................................... 45

4.3.3 Desempenho com relação ao comportamento ............................................................... 46

5 Conclusão ............................................................................................................................... 47

6 Referência Bibliográfica ........................................................................................................ 49

7 APÊNDICE A - Questionário sobre Alfabetização Energética ............................................. 52


11

1 Introdução

As necessidades das sociedades em energia têm vindo a aumentar ao longo da história,


particularmente após a revolução industrial nos meados do século XVII (BCSD Portugal, 2005).
É do conhecimento geral que nas últimas décadas, o desenvolvimento económico,
caracterizou-se por uma utilização intensa de energia produzida a partir de recursos fósseis e a
natureza finita desses recursos naturais e o impacto ambiental da sua produção e consumo,
alertaram o mundo para a necessidade de mudança dessas premissas de suporte de modelo de
desenvolvimento (BCSD Portugal, 2005).
Por isso, novos caminhos devem ser encontrados para viabilizar a manutenção dos
padrões de vida das sociedades desenvolvidas e as justas aspirações dos países em
desenvolvimento sem, no entanto, comprometer o futuro das gerações vindouras (BCSD
Portugal, 2005).
Uma das formas de contornar esse desafio, no curto e médio prazo é através da
implementação da educação energética no contexto de eficiência energética.

1.1 Justificativa
Segundo Teixeira (2008), a questão energética requer uma mudança de postura das
lideranças políticas e conscientização da população sobre a necessidade de se buscar um
desenvolvimento sustentável e uma das formas é a educação pois, de acordo com Dias (2003), os
processos de ensino-aprendizagem no contexto da energia têm se mostrado como uma ferramenta
de intervenção social de significativa importância.
Assim sendo, a escolha deste tema justifica-se, pelo facto das projecções do plano director
integrado de infra-estruturas de aumentar as ligações de energia eléctrica de 165.000 por ano em
2018 para 350.000 em 2020 e para 590.000 em media de 2025 ate 2030 (MIREME, 2019)..
Esse aumento tem a ver com o cumprimento do sétimo objectivo do desenvolvimento
sustentável, que visa assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e, a preço acessível,
recomendando que os países deverão, até 2030, duplicar a taxa global de melhoria de eficiência
energética (Muchaiabande et al., 2021). Para além disso, a área residencial é apontada como
sendo a maior carteira dos clientes da empresa fornecedora de energia eléctrica, a Electricidade
de Moçambique (EDM).
12

Portanto, acredita-se que o aumento do acesso a energia eléctrica deve ser acompanhado
por um plano que promova a eficiência energética na população e isso pode ser possível através
da implementação da AE dentro e fora das escolas pois, segundo Teixeira (2008) o aluno é
considerado agente multiplicador natural de ideias nas comunidades.

1.2 Problematização

Moçambique é um país de baixa renda (UNDP, 2020), com aproximadamente 30 milhões


de habitantes, dos quais 34% tem acesso a energia eléctrica, isto é, cerca de 19,8 milhões de
habitantes não têm acesso a energia eléctrica da rede nacional (Muchaiabande et al., 2021).
Olhando para esse cenário, o governo moçambicano adoptou a agenda 2030 das Nações Unidas e
comprometeu-se em atingir os objectivos de desenvolvimento sustentável (ODS), (MIREME,
2019).
Por outro lado, Moçambique apresenta altos índices de desperdícios energéticos, por
exemplo, Moçambique está entre os três países da SADC com maior intensidade energética
(REN, 2018), causados de alguma forma pelo uso de lâmpadas eléctricas não eficientes
(Muchaiabande et al., 2020), deste modo, esses altos índices de desperdício energético podem de
certo modo comprometer o cumprimento do sétimo objectivo do desenvolvimento sustentável.
A partir desses pressupostos, coloca-se a seguinte questão norteadora da pesquisa: de que
maneira a implementação da alfabetização energética nas escolas pode provocar mudanças
significativas em outras esferas sociais?

1.3 Objectivos

1.3.1 Geral
O presente trabalho tem como objectivo geral, analisar o desempenho dos alunos após a
implementação da alfabetização energética no contexto de eficiência energética.

1.3.2 Específicos
O trabalho tem como objectivos específicos os seguintes:
 Elaborar uma sequência de conteúdos didácticos para a alfabetização energética;
 Produzir materiais instrucionais (cartazes, textos e quadro de circuitos residencial);
 Implementar a alfabetização energética;
 Avaliar o desempenho dos alunos sobre a Alfabetização Energética
13

1.4 Metodologias

Neste subcapítulo faz-se a descrição do roteiro utilizado para dar o seguimento da


pesquisa, nele são descritos os instrumentos e métodos de recolha de dados, o processo de
escolha de grupo alvo e a caracterização da pesquisa.

1.4.1 Caracterização de pesquisa


A problemática dos altos índices de desperdício energético tem um impacto significativo
na expansão da rede eléctrica nacional, atendendo que há uma capacidade limitada da geração da
energia eléctrica no país. Com isso, para a materialização do presente estudo, foram adoptados os
seguintes tipos de pesquisa:
Quanto a natureza, a pesquisa é básica pura visto que com o estudo, pretende-se ampliar
conhecimentos e desenvolver iniciativas para a do uso racional de energia.
Quanto a abordagem, a pesquisa é qualitativa pois consistiu na análise crítica dos
resultados e aponta as particularidades subjectivas do grupo estudado.
Em relação aos objectivos, a pesquisa é descritiva visto que descreve as características do
grupo estudado e estabelece relações entre variáveis.
Quanto ao procedimento a pesquisa é de campo pois, consistiu na interacção entre o
pesquisador e o grupo estudado.

1.4.2 Etapas da pesquisa


O desenvolvimento da pesquisa obedeceu três etapas a saber: Fase preparatória para a
implementação da alfabetização energética, implementação da alfabetização energética e a
análise dos resultados alcançados.
A fase preparatória para a implementação da AE: consistiu na elaboração de materiais
que foram usados durantes a segunda etapa. Dos materiais elaborados, destacam se os planos de
aulas, cartazes, montagem do quadro simulando iluminação residencial, elaboração e distribuição
de questionários, identificação do local onde posteriormente decorreu o treinamento e a selecção
dos participantes.
14

Fase da implementação da alfabetização energética: Na segunda etapa, consistiu na


implementação da alfabetização energética aos alunos pré-seleccionados através de aulas que
tiveram lugar no Instituto Bíblico de Sofala (IBS). Nesta etapa, os alunos foram atribuídos pastas
de quatro cores diferentes (branco, verde, amarelo e azul) onde cada pasta continha caderno, livro
paradidáctico EEVE e caneta. As quatro cores marcavam a formação de quatro grupos onde os
alunos que tivessem uma determinada cor deviam juntar-se para fazer um grupo.
Nessa fase também foi criada uma plataforma virtual o WhatsApp, na qual vários assuntos
relacionados aos conteúdos ministrados no treinamento eram discutidos. De igual forma foi usada
uma máquina de filmar e de fotografar para registar todos os momentos importantes do
treinamento.
Fase da análise de dados: consistiu na apresentação dos resultados alcançados através de
tabelas e gráficos, igualmente consistiu na descrição qualitativa e comparação dos resultados.

1.4.3 Instrumento de avaliação


O presente estudo, usa a versão modificada do Questionário de Alfabetização Energética
do DeWater e Powers (2009) para melhor compreensão dos níveis de alfabetização energética
entre estudantes do ensino médio de algumas escolas da cidade da Beira.
Questionário de Alfabetização Energética (QAE) é um questionário escrito projectado
para administração em sala de aula e está intimamente alinhado com critérios que descrevem a
alfabetização energética em termos de amplo conhecimento e habilidades cognitivas relacionadas
à energia dos alunos, aspectos afetivos como atitudes e valores e comportamentos (Fah et al.,
2012).
Assim, o instrumento mostrou-se uma medida quantitativa válida e confiável. A
confiabilidade da consistência interna de cada subescala, medida pelo Cronbach Alfa, é 0,79
(cognitivo), 0,83 (atitude) e 0,78 (comportamental), todos satisfazendo os critérios geralmente
aceites para consistência interna (Fah et al., 2012).
Para o presente estudo, o questionário modificado continha 48 questões divididas em três
categorias correspondentes às três dimensões da alfabetização energética (conhecimento, atitude
e comportamento), vide apêndice A.
A dimensão com relação ao conhecimento continha 23 questões de múltipla escolha
contendo cinco opções de respostas onde o participante tinha que escolher apenas a que achasse
correcta.
15

A dimensão com relação a atitude, continha 16 questões, das quais, embora não houvesse
uma resposta correcta, eram apresentadas cinco opções de respostas representadas por letras A
(concordo plenamente), B (concordo parcialmente), C (nem concordo e nem discordo), D
(discordo moderadamente) e E (discordo fortemente).
Por fim, a dimensão com relação ao comportamento continha 9 questões com cinco
opções de respostas. Tal como aconteceu com o desempenho com relação à atitude, não havia
resposta correcta e as opções eram representadas por letras onde A (quase sempre ou sempre, B
(frequentemente), C (as vezes), D (não muito frequentemente) e E (quase nunca ou nunca).

1.4.4 População e amostra


A recolha de dados resultantes da pesquisa, foi feita na cidade da Beira e o grupo alvo foi
constituído por alunos do ensino secundário do segundo ciclo concretamente da 11ª classe.
A escolha dos alunos da 11ª classe deveu-se ao facto de, para além de ser uma classe sem
exames, os alunos já terem tido conteúdos ligados a conceitos sobre energia nas disciplinas de
Ciências Naturais da 3ª a 7ª classes e Física da 8ª a 10ª classes segundo INDE/MINED citado por
(Muchaiabande et al., 2019).
Quanto ao tipo de amostra é intencional, onde o autor usou o seu julgamento para a
selecção do grupo alvo a participar na pesquisa. A abordagem da amostragem por julgamento
pode ser útil quando inclui um pequeno numero de amostra (Oliveira, 2001).

1.4.5 Processo de selecção de amostra


São apresentados na tabela 1.1 os dados correspondentes ao número de alunos que cada
uma das cinco escolas contribuiu para a realização do treinamento. Quanto ao género, há que
destacar que a turma era composta maioritariamente por raparigas, contribuído com 66,7% dos
participantes. Na tabela 1.2 é apresentado o número de alunos participantes no programa de AE
por bairro.
Tabela 1.1: Características dos alunos que participaram da AE

Escola, n = 18
Variável
1 2 3 4 5
Frequência 6 3 4 3 2
Percentagem 33,3 16,7 22,2 16,7 11,1
Género (%) Masculino 1 1 0 2 2
16

Feminino 5 2 4 1 0
Legenda:
1. Escola Secundária Mateus sansão Mutemba
2. Escola Secundária da Ponta-Gêa
3. Escola Secundária Nossa senhora de Fátima
4. Escola Secundária American Board
5. Escola Secundária São José da Munhava

Tabela 1.2: Número de alunos por bairro que participaram no programa de AE.
Bairro n %
Alto da Manga 1 5,6
Pioneiro 2 11,1
Munhava-Central 3 16,7
Esturro 2 11,1
Mananga 2 11,1
Maraza 4 22,2
Macurungo 2 11,1
Matacuane 1 5,6
Nhangau 1 5,6
Total 18 100,0
17

1.4.6 Área de Estudo

Figura 1: Enquadramento geográfico da área de estudo

1.4.7 Limitações
As restrições impostas pela pandemia de COVID-19 através do decreto presidencial nº
50/2021 de 16 de Julho, que previa a suspensão das aulas presenciais por 30 dias a contar da data
do seu anúncio (Imprensa Nacional de Moçambique, 2021), e foi prorrogada por mais 30 dias
através do decreto presidencial nº 56/2021 de 13 de Agosto . Esses decretos, adiaram a realização
da AE para finais de outubro depois que as aulas presencias foram retomadas com o anúncio do
decreto presidencial nº76/2021 de 24 de setembro e por conseguinte, o número de sessões ficou
condicionado para seis.
Por outro lado, o numero máximo de participantes ficou limitado para 20 alunos com o
anuncio do decreto presidencial nº 76/2021 de 24 de setembro, que prevê a retoma das aulas
presenciais, mas condicionadas ao máximo de 20 alunos por turma, (Imprensa Nacional de
Moçambique, 2021).
18

2 Revisão Bibliográfica

Neste capítulo faz-se um levantamento teórico de obras relacionadas a Alfabetização


Energética que irão suportar o presente estudo. Nele, são descritos os conceitos da alfabetização
energética, importância, dimensões e a situação da alfabetização energética no contexto de
Moçambique.

2.1 Alfabetização energética


Certamente, a energia é indispensável para as atividades humanas e um recurso
fundamental para manter e desenvolver nossas sociedades (Yutaka, 2018). Porem, o consumo
excessivo de energia proveniente de recursos fosseis para satisfazer as necessidades humanas,
desencadeou questões críticas de esgotamento, emissões de gases de efeito estufa e mudanças
climáticas globais (Dewaters & Powers, 2013; Yutaka, 2018). Por outro lado, o uso ineficiente da
energia, é apontado como sendo um agravante para os impactos ambientais causados pelo uso de
energia (Usman & Huda, 2021).
Com efeito, as sociedades são confrontadas a definir novas direcções em relação à
selecção de recursos energéticos e padrões de consumo de energia (Dewaters & Powers, 2013),
através da mudança de postura, não só das lideranças politicas e dos profissionais, como também
o envolvimento de cada cidadão que participa na sociedade sobre as necessidade de se buscar um
desenvolvimento sustentável (Dewaters & Powers, 2011; Teixeira, 2008; Usman & Huda, 2021).
Por isso, vários autores concordam que o recurso potencial mais excelente para enfrentar a
escassez de recursos energéticos e os impactos ambientais causados pelo uso de energia é a
alfabetização energética (Dias, 2003; Mola et al., 2018; Teixeira, 2008; Usman & Huda, 2021),
pois, um público informado e com conhecimento em energia tem mais probabilidade de
envolver-se no processo de tomada de decisão e de fazer escolhas ponderadas e responsáveis
relacionadas à energia (DeWaters & Powers, 2013; Usman & Huda, 2021)

2.2 Conceito da alfabetização energética


A definição de alfabetização energética varia amplamente, desde o uso individual de
energia na vida diária até questões nacionais e globais.
19

Com efeito, em 1988, Lawrenz argumentou pela primeira vez que a educação energética
eficaz deve desenvolver alunos bem informados com atitudes positivas em relação à conservação
de energia (Dewaters & Powers, 2013).
Então, em 1989, Barrow & Morrisey definiram um “indivíduo alfabetizado em energia”
como alguém que está ciente e tem conhecimento das razões para a conservação de energia, a
necessidade de alternativas aos combustíveis fósseis e o impacto do sistema energético no
ambiente (Halpin, 2018).
Utilizando definições de alfabetização científica, tecnológica e ambiental como modelos,
DeWater e Powers, definem a Alfabetização Energética como sendo o domínio do conhecimento
básico relacionado à energia, juntamente com uma compreensão dos impactos da produção e do
consumo de energia no meio ambiente, como a energia é usada na vida quotidiana e a adopção de
comportamentos de economia de energia (Dewaters & Powers, 2011). Para além disso, os autores
consideram um individuo energeticamente alfabetizado como sendo aquele que:

 Possui uma base de conhecimento conceitual sólida, bem como uma compreensão
completa de como a energia é usada na vida quotidiana;
 Entende o impacto que a produção e o consumo de energia têm em todas as
esferas do nosso meio ambiente e da sociedade;
 É solidário com a necessidade de conservação de energia e a necessidade de
desenvolver alternativas aos recursos energéticos baseados em combustíveis fósseis;
 Está ciente do impacto que as decisões e acções pessoais relacionadas à energia
têm na comunidade global;
 E mais importante, se esforça para fazer escolhas e exibir comportamentos que
refletem essas atitudes em relação ao desenvolvimento de recursos energéticos e ao
consumo de energia.

Apesar da definição e compreensão de alfabetização energética de DeWaters et al. ter sido


usada em toda a literatura recente sobre alfabetização energética, conforme explorado
posteriormente (Fah et al., 2012; Lee et al., 2015; Mola et al., 2018; Usman & Huda, 2021),
outros autores, relacionam a definição da alfabetização energética com a noção económica de
custo e beneficio, (Brounen et al., 2013; Kalmi et al., 2017), também (Blasch et al., 2018) define
a alfabetização energética como sendo a alfabetização financeira relacionada a energia.
20

Finalmente, o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) criou uma definição
de alfabetização energética por meio de sua campanha “Energy Literacy Framework” onde
oferece uma visão mais ampla, afirmando que a alfabetização energética abrange a compreensão
da natureza e do papel da energia no mundo e na vida quotidiana e a capacidade de aplicar esse
entendimento para responder a perguntas e resolver problemas (US Departiment of Energy,
2017).
Outrossim, o Departamento de Energia dos EUA (DOE) classifica uma pessoa
alfabetizada em energia como sendo aquela que pode aplicar esse conhecimento de energia para
resolver problemas, pensa em energia em termos de sistemas inteiros, saber de onde vem sua
energia e quanto ela usa, pode avaliar a confiabilidade das informações sobre energia e é capaz de
tomar decisões informadas sobre energia e uso de energia com base na compreensão dos
impactos e consequências, podem se comunicar sobre energia e se esforçam para aprender mais
sobre energia ao longo de suas vidas (US Departiment of Energy, 2017).
Em suma, considerando as definições apresentadas, toma-se como referência a definição
fornecida pelo Departamento de Energia. dada a sua abrangência, permite incorporar as diversas
definições apresentadas, incluindo as três dimensões da alfabetização energética propostas por
DeWaters & Powers, mas também a capacidade de realizar cálculos financeiros sugeridos por
Blasch et al.

2.3 Dimensões da alfabetização energética

A discussão sobre alfabetização energética, de acordo com (Martins, Madaleno, &


Ferreira, 2020) começou com foco no conhecimento, mas os pesquisadores, mais tarde
perceberam que se trata de um conceito mais abrangente, ou seja, reconhece-se a importância do
conhecimento porem o acesso a ele por si só não determina um uso responsável da energia.
Desta forma, a alfabetização energética surge na literatura mais recente, como um
conceito amplo que abrange três dimensões: conhecimento, atitude e comportamento.
O conhecimento - é a compreensão de conceitos científicos básicos, regras e teorias,
processos de transferência e transformação de energia, a influência dos fluxos de energia e o
papel que a energia desempenha nos ecossistemas. (Martins, Madaleno, & Ferreira, 2020; Mola
et al., 2018),
21

A atitude - avalia a compreensão das situações comuns de abastecimento e desligamento


de energia, os processos de produção e utilização da energia e os consequentes impactos
ambientais, a influência das questões energéticas na vida humana e as convicções e ideologias de
cada pessoa, com base nos conhecimentos sobre energia, que influenciam no processo de tomada
de decisão (Martins, Madaleno, & Ferreira, 2020; Mola et al., 2018);
O comportamento - avalia a consciência pessoal do impacto das acções do dia a dia, da
produção e uso da energia, da responsabilidade de cada um como cidadão do mundo e do
compromisso com ações eficazes e verdadeiramente comprometidas na economia de energia
(Martins, Madaleno, & Ferreira, 2020).
A figura 1, apresenta a síntese das características e benchmark de cada dimensão da
alfabetização energética, embora da autoria de DeWaters et al (2011), foi elaborada com base em
vários outros autores de diferentes áreas de estudo.
22

Atributo Característica Benchmark

Conceitos básicos de energia Identificar formas


de energia

Entender a primeira
Conhecimento Fontes e recursos energéticos e a segunda lei da
termodinâmica

Identificar as
Impactos sócio-ambientais unidades de energia
e potencia

Sensibilidade/consciência Prevenir/remediar a
sobre questões globais de contaminação
energia ambiental

Responsabilidade
Atitude Atitudes positivas com econômica pelo uso de
relação a energia recursos renováveis

Potencial para adaptar


Crenças de eficácia estilos de vida para
aliviar problemas de
energia

Intensão de conservar

Comportamento Padrões de
Decisões ponderadas
comportamento de
consumo de energia
Defende a mudança

Figura 2: Exemplo de características e benchmarks das dimensões da AE. Fonte: ( DeWaters & Powers, 2011)
23

2.4 Papel da alfabetização energética

Para (US Departiment of Energy, 2017), sem uma compreensão básica de energia, fontes
de energia, geração, uso e estratégias de conservação, os indivíduos e as comunidades não podem
tomar decisões informadas sobre tópicos que vão desde o uso inteligente de energia em casa e as
escolhas do consumidor até a política energética nacional e internacional, em suma, um individuo
alfabetizado energeticamente pode:
 Levar a decisões mais informadas,
 Melhorar a segurança de uma nação,
 Promover o desenvolvimento económico,
 Levar ao uso sustentável de energia,
 Reduzir riscos ambientais e impactos negativos e
 Ajudar indivíduos e organizações a economizar dinheiro.
Por isso, questões nacionais e globais actuais, como o suprimento de combustíveis fósseis
e as mudanças climáticas, destacam a necessidade de educação em energia, (US Departiment of
Energy, 2017).
Por outro lado, (Dewaters et al., 2007; Dewaters & Powers, 2011; Fah et al., 2012) não
fogem muito da visão do DOE e defendem que um indivíduo alfabetizado em energia é aquele
que possui uma sólida base de conhecimento conceitual, bem como uma compreensão completa
de como a energia é usada na vida quotidiana, entende o impacto que a produção e o consumo de
energia tem em todas as esferas de nosso meio ambiente e da sociedade, é simpático a
necessidade de conservação de energia e a necessidade de desenvolver alternativas aos recursos
baseados em combustíveis fósseis, está ciente do impacto que as decisões e acções pessoais
relacionadas à energia têm na comunidade global e, o mais importante, se esforça para fazer
escolhas e exibir comportamentos que reflitam essas atitudes no que diz respeito ao
desenvolvimento de recursos energéticos e ao consumo de energia.
Portanto, a alfabetização energética é agora, mais do que nunca, uma habilidade de vida
importante para capacitar os alunos e também o público em geral, visto que, esses estarão
munidos de ferramentas adequadas para fazer escolhas ponderadas nas suas decisões relacionadas
a energia.
24

2.5 Factores que Influenciam na Alfabetização Energética

A maioria dos estudos revelam que os níveis de alfabetização energética da população são
baixos (Dewaters & Powers, 2011; El-Hassan & Alghamdi, 2017; Fah et al., 2012; Usman &
Huda, 2021), principalmente por causa dos baixos resultados na dimensão cognitiva.
Com efeito, DOE apresenta alguns factores que influenciam nas decisões energéticas tais
como: factores económicos, políticos, ambientais e sociais (US Departiment of Energy, 2017).
Quanto aos factores económicos, DOE escreve que os custos da energia afectam a tomada
de decisões sobre energia em todos os níveis visto que, a energia exibe características tanto de
uma comodidade quanto de um produto diferenciável. Os custos de energia estão frequentemente
sujeitos a flutuações de mercado, e as escolhas energéticas feitas por indivíduos e sociedades
afectam essas flutuações.
Os factores políticos desempenham um papel na tomada de decisões sobre energia em
todos os níveis (US Departiment of Energy, 2017). Esses factores incluem estrutura
governamental e equilíbrio de poder, acções tomadas por políticos e acções partidárias ou de
interesse próprio tomadas por indivíduos e grupos.
No que concerne aos factores ambientais, (US Departiment of Energy, 2017) descreve que
os custos ambientais resultantes das decisões sobre energia afectam a tomada de decisões sobre
energia em todos os níveis pois, todas as decisões energéticas têm consequências ambientais
sejam elas positivas ou negativas.
No que diz respeito aos factores sociais, o DOE aponta para as questões ética, moralidade
e normas sociais como sendo responsáveis na tomada de decisões sobre energia em todos os
níveis, pois, os factores sociais geralmente envolvem os outros três factores nomeadamente
econômicos, políticos e ambientais.
Por outro lado, Martins et al (2020) apresentam outros factores que também podem
influenciar na AE dos quais destacam-se: o nível de escolaridade, género (masculino ou
feminino), idade, a responsabilidade em pagar a conta da electricidade, forma de pagamento da
conta de energia (pré-pago ou pós-pago) entre outros.
Em relação ao nível de escolaridade, a literatura mostra que indivíduos com maior nível
de escolaridade tendem a obter pontuação significativamente melhor na AE do que os indivíduos
de baixo nível de escolaridade (Dewaters & Powers, 2011; Martins, Madaleno, & Dias, 2020).
Igualmente indivíduos formados em áreas exactas e engenharias apresentam um desempenho
25

positivo com relação a AE quando comparados com indivíduos de outras áreas (Martins,
Madaleno, & Dias, 2020).
No concernente ao género, há uma divergência quanto aos achados, por exemplo na
pesquisa de (Dewaters & Powers, 2011; Lee et al., 2015; Martins, Madaleno, & Dias, 2020),
demostraram que as raparigas tendem a desenvolver mais comportamento e atitudes positivas
com relação a energia quando comparadas com os rapazes. Em contraste, (Mola et al., 2018)
demostraram que os rapazes superaram as raparigas principalmente na dimensão cognitiva. Por
isso não pode ser um factor conclusivo e carece de mais estudos aprofundados sobre a matéria.
Assim como o género, a idade é um factor controverso e não conclusivo, por isso, o autor
não ira incluir a idade como um factor determinante que pode influenciar na AE.
Outra questão que parece afectar a conscientização sobre a economia de energia é a forma
como a energia é paga e por quem é paga (Martins, Madaleno, & Ferreira, 2020), isto é, quando a
electricidade é pré-paga, os consumidores tendem a gastar mais do que aqueles que têm contas
pós-pagas. Do mesmo modo e de acordo com os mesmos autores, quando a pessoa paga a conta
de luz, é provável que apresente um nível mais elevado de literacia energética.
Deste modo, pode-se afirmar que a descrição do DOE sobre os factores que influenciam
nas decisões sobre energia são mais abrangentes e holísticas, ao passo que, as apresentações de
Martins et al, são mais restritas e podem ser enquadrados no contexto dos factores sociais
propostos pelo DOE.

2.6 Alfabetização energética no contexto moçambicano

O tema ligado a Alfabetização Energética, é muito pouco falado a nível de Moçambique


todavia, há que destacar alguns trabalhos realizados por alguns autores.
Muchaibande et al (2019), fizeram um estudo comparativo entre Moçambique e África do
Sul na componente da integração dos conceitos ligados a energia nos currículos de cada pais,
cujos resultados apontaram para uma diferença grande entre ambos, constatou-se por exemplo,
que a taxa média de integração dos conceitos ligados a energia situava se em 12% contra 30% da
Africa do Sul (Rui Muchaiabande et al., 2019). Para além disso, a carga horaria disponibilizada
para abordar conceitos ligados a energia situou-se em 72 horas para Moçambique contra 221
horas da Africa do sul.
26

Outro estudo, também realizado por Muchaiabande et al (2020), avalia a Política Nacional
de Energia (PNE) como directriz para a expansão do acesso à energia, com foco no papel
atribuído à escola nos Programas de Eficiência Energética na matriz de iluminação eléctrica. Dos
resultados apresentados nesse estudo, apontam para a TV como o meio que leva informação aos
alunos sobre como poupar a energia eléctrica com 73,6% e a participação da escola praticamente
é insignificante com apenas 3.3% dos participantes apontarem para ela como o meio de promoção
de eficiência energética (Muchaiabande et al., 2020). Como se não bastasse, o estudo trouxe
outro dado importante sobre as lâmpadas eléctricas, onde constatou-se que a lâmpada
incandescente era a mais usada no sector residencial com 36,6%.
Olhando para os resultados dos dois trabalhos de Muchaiabande e tal (2019, 2020)
apresentados nos parágrafos anteriores, pode-se afirmar que Moçambique precisa desenvolver
mecanismos legais para controlar os tipos de lâmpadas eléctricas que são importadas para serem
comercializadas e incluir no sector da educação, currículos com conteúdos que promovam a
eficiência energética principalmente no sector residencial.
Em face deste cenário exposto no paragrafo anterior, os mesmos autores Muchaiabande et
al, escreveram um livro paradidáctico lançado em 2021, com o título Eficiência Energética e
Vigilância Energética, onde descrevem com detalhes sobre como poupar energia. Como forma de
implementar os conteúdos do livro EEVE, foi elaborado um programa de implementação da
alfabetização energética que culminou com a realização deste trabalho.
27

3 Curso a Fazenda Energética

Nesse capítulo, faz-se a descrição das actividades realizadas no curso a fazenda energética
que se integra no âmbito da implementação da alfabetização energética, da estrutura do curso,
dos temas a serem abordados e os respectivos objectivos, os matérias utlizados far-se-á a
abordagem da implementação da alfabetização energética.
A princípio, o curso A fazenda energética teve como público alvo 18 alunos da 11ª
classe provenientes das diferentes escolas secundarias da cidade da Beira conforme apresentado
na tabela 1.2.
Apesar do objectivo principal do curso ser a implementação da alfabetização energética
no contexto da promoção de eficiência energética residencial no domínio da iluminação eléctrica,
nele também foram abordadas outras áreas de promoção de eficiência energética como por
exemplo, o uso correcto de electrodomésticos (geleira, congeladores, aparelhos de ar
condicionado, TVs, entre outos)
Acresce-se que as aulas foram presenciais, no entanto, para garantir a continuidade das
aulas mesmo fora da sala de aulas, foi criada uma plataforma virtual WhatsApp onde nela eram
discutidos assuntos relacionados a energia, apresentadas dúvidas e também propostos exercícios.

O curso teve a seguinte estrutura:

 Duração: 5 semanas
 Carga horária: 20 horas
 Objectivos:
Tema 1: Promover discussão inicial sobre a capacidade que as pessoas têm de
fazer o uso das diferentes formas de energia;
Tema 2: Criar uma consciência de que o uso sustentável da energia em
Moçambique depende não somente das acções do governo, mas também das
decisões individuais sobre os hábitos e padrões de consumo que cada cidadão
decide adoptar;
Tema 3: Estabelecer uma reflexão sobre a demanda de energia eléctrica nacional e
como as atitudes e comportamento das pessoas podem afectar a sua
disponibilidade e segurança;
28

Tema 4: Ter consciência sobre os impactos socioambientais que podem ser


causados pelo uso dos diferentes tipos de lâmpadas;
Tema 5.1: Verificar através de actividades práticas de auditoria energética e
desafio em eficiência energética.
Tema 5.2: Avaliar o consumo de energia eléctrica de uma residência no seu todo e
dos equipamentos e electrodomésticos disponíveis numa residência

3.1 Materiais
Os materiais paradidácticos utilizados no programa de alfabetização energética foram o
livro Energia, Eficiência e Vigilância Energética (EEVE), cartazes, quadro com experiência
simulando uma residência. Esses materiais, são fontes previamente elaborados e disponibilizados
ao autor do TCC que passou a usar como material integrante da sua pesquisa a fim de verificar a
eficácia da AE
Quanto ao livro EEVE, da autoria de Muchaiabande et al. (2021), é constituído por cinco
capítulos nomeadamente Energia e suas formas, Matriz Energética, energia eléctrica, Iluminação
Eléctrica Residencial e Eficiência Energética, igualmente foram utilizados vários cartazes com a
demostração de imagens correspondentes a cada tema que era tratado. A seguir segue o resumo
dos capítulos do livro EEVE.
No capítulo I é apresentado o conceito da energia envolvendo a sua definição, as leis e as
formas pela qual a mesma é disponibilizada. Neste capítulo estabelece-se uma discussão inicial
sobre a capacidade que as pessoas têm de fazer uso das diferentes formas de energia reflectindo
se sobre os impactos socioambientais que este uso pode criar.
O capítulo 2 tem como objecto de estudo o conceito de matriz energética. Para
contextualizar a situação de Moçambique, neste capítulo faz-se uma breve abordagem histórica
da matriz eléctrica de Moçambique e são apresentadas as principais acções que o governo e
outras instituições estão a desenvolver para tornara energia eléctrica mais disponível, segura e
limpa. O foco da discussão visa a criar nos alunos uma consciência de que o uso sustentável da
energia em Moçambique depende não somente das acções do governo, mas também das decisões
individuais sobre os hábitos e padrões de consumo que cada cidadão decide adoptar.
No capítulo 3 são discutidos os conceitos básicos da energia eléctrica sob ponto de vista
da sua geração, transporte, distribuição consumo. Alem desses aspectos cognitivos, procura-se
29

neste capítulo estabelecer uma reflexão sobre a demanda de energia eléctrica nacional e como as
atitudes e comportamentos das pessoas podem afectar a sua disponibilidade e segurança.
Apos a discussão dos conceitos básicos da energia eléctrica, o capítulo 4 dedica-se a
aprofundar uma das suas aplicações, precisamente ligados a iluminação eléctrica residencial.
Neste capítulo faz-se a abordagem de alguns conceitos da luminotécnica com o propósito de levar
o aluno a ter consciência dos impactos socioambientais que o uso dos diferentes tipos de
lâmpadas eléctricas pode trazer.
O processo educacional a partir do primeiro ao quarto capítulo, cria as condições para que
o aluno comece a reflectir na necessidade de usar a energia eléctrica de forma mais eficiente e
sustentável sendo esse o principal assunto do último capítulo. No capítulo aborda-se o conceito
de selo de eficiência energética em geral e, de modo específico o seu papel na escolha de uma
lâmpada eléctrica para iluminação no sector residencial. Também faz-se uma reflexão sobre os
impactos socioambientais causados no uso de lâmpadas fluorescentes. Este capítulo tem como
objectivo central, verificar através de actividades práticas de auditoria energética e DEE, os
resultados de aprendizagem alcançados pelos alunos ao transcorrer todo o livro.
Basicamente, os conteúdos do livro EEVE estão configurados de tal modo que o processo
de ensino e aprendizagem alcance as dimensões cognitiva, de atitude e de comportamento. Com
esta pretensão didáctica, o livro apresenta uma estrutura que agrega quatro domínios:
 Abordagem dos conceitos científicos ligados a energia com foco na energia
eléctrica e toda a sua cadeia;
 Actividades práticas – exercícios, medições e avaliação de grandezas eléctricas
associadas a economia de energia;
 Visitas técnicas e entrevistas – para a observação e colecta de depoimentos e
argumentos que permitem o aluno aprender e pensar, a reflectir e a rever suas
posições e julgamentos a cerca dos hábitos pessoais, da sua família e da sociedade
em geral, em relação a energia eléctrica e toda a sua cadeia e;
 Jogos e vídeos – Material complementar que permite aprofundar o tema em
estudo.

3.1.1 Cartazes
Quatro (4) cartazes fizeram parte do programa de Alfabetização Energética em eficiência
energética nomeadamente:
30

Cartaz 1 (C1) – nele são apresentadas diferentes formas de energia e os alunos eram
desafiados a identificar cada uma delas.

Figura 3: Formas de energia

Cartaz 2 (C2) – nele são apresentados os problemas socioambientais causados pelo


processo de produção, transporte e utilização de energia.
31

Figura 4: Impactos socio-ambientais causados pelo uso de energia.

Cartaz 3 (C3) – o cartaz três, traz as soluções energéticas limpas

Figura 5: Soluções energéticas limpas


32

Cartaz 4 (C4) – apresenta o papa de moçambique com a localização de barragens


hidroeléctricas existentes e em projectos.

Figura 6: Barragens hidroeléctricas de Moçambique (actuais e futuras)

3.1.2 Quadro modelo de demonstração do circuito residencial (QMDCR)


No decorrer do treinamento, foi apresentado um quadro simulando iluminação eléctrica
residencial. A parte frontal (figura 7) do quadro estava constituído por uma instalação eléctrica
composta por quatro diferentes lâmpadas nomeadamente incandescente, fluorescente compacta,
fluorescente tubular e LED, também continha interruptores para cada lâmpada incluindo um
sensor de presença, uma tomada, cinco medidores de grandezas eléctricas de cada lâmpada e um
medidor de consumo de energia de toda a instalação.
33

Figura 7: Quadro Modelo de demonstração de instalação residencial (QMDIR)

As lâmpadas, apesar de possuírem potências distintas, apresentavam o mesmo fluxo


luminoso e com base nos medidores de energia foi possível registar a energia consumida por cada
lâmpada num determinado período. Com base nos valores disponibilizados pelos medidores, fez-
se a comparação e a posterior identificação das lâmpadas com menor consumo de energia
eléctrica sem, no entanto, comprometer o desempenho em termos de iluminação.
Do lado oposto do quadro (figura 8), apresentava um cartaz com imagens das quatro
lâmpadas que estavam na instalação, nele estavam descritos os tipos de lâmpadas, suas vantagens
e desvantagens quando usadas em residências. As descrições estavam a cores desde vermelha
para lâmpadas menos eficientes, verde clara para lâmpadas com eficiência moderada e verde
escuro para lâmpadas mais eficientes.
Deste modo, os alunos tinham a oportunidade de identificar os tipos de lâmpadas
eléctricas em uso nas suas residências e aprimorar as respetivas vantagens e desvantagens,
processo esse que foi enfatizado durante a apresentação do quadro simulando iluminação
residencial.
34

Figura 8: Parte traseira do quadro modelo de demonstração da instalação residencial

3.2 Implementação da Alfabetização Energética

A implementação da alfabetização energética teve lugar no Instituto Bíblico de Sofala, e


consistiu na formação de uma turma inicialmente composta por 19 alunos provenientes de cinco
escolas da cidade da Beira e terminou com 18 alunos.
O início foi marcado pela apresentação do professor aos alunos e vice-versa, igualmente
foi marcado pela distribuição de material escolar (caderno, caneta, livro, pasta e crachá) aos
alunos. As pastas estavam agrupadas em quatro cores nomeadamente: branca, amarela, verde e
azul onde os alunos foram instruídos a escolherem aleatoriamente uma pasta.
Foram criados grupos através do agrupamento de alunos que calharam com pastas da
mesma cor, assim sendo os grupos foram designados pela cor das suas pastas, ou seja, grupo
branco, grupo amarelo, grupo verde e por fim grupo azul.
35

Depois que os grupos foram criados, foram apresentados aos alunos os objectivos da
implementação da alfabetização energética

3.2.1 Descrição das aulas


3.2.1.1 Primeira aula

Tema: Energia e sua forma

Objectivos da aula

 Demonstrar o papel da Energia na natureza, e na vida


 Definir a energia, suas unidades e as leis da conservação de energia
 Classificar as formas de energia sublinhando o sol como a fonte primária
 Avaliar os impactos socio ambientas na exploração e uso dos diferentes recursos
energéticos
 Conhecer o princípio de produção de Biogás

A primeira aula foi introdutória, para além da apresentação do curso “A fazenda


Energética”, foram estabelecidas regras de convivência na turma e fora da turma, falou-se
resumidamente sobre a Alfabetização Energética e sua importância. Ainda na primeira aula
introduziu-se o primeiro tema do livro paradidácticos EEVE Energia e sua Forma.
Antes de avançar-se com o tema, apresentou-se o primeiro cartaz (figura 2), que apresenta
as diferentes formas de energia, que era para explorar o conhecimento prévio dos alunos sobre
fontes de energia. embora com algumas dificuldades os alunos apresentaram as suas ideias sobre
o que viam no cartaz.

3.2.1.2 Segunda aula


Tema: Matriz energética

Objectivos da aula

 Definir matriz energética e matriz eléctrica;


 Caracterizar a matriz energética de Moçambique;
 Conhecer os impactos da Política Nacional de Energia (PNE) de Moçambique no
acesso a energia eléctrica.
36

 Localizar geograficamente as principais fontes de geração de electricidade em


Moçambique

A segunda aula foi marcada pela introdução da matriz energética mundial de uma forma
geral e da moçambicana de forma partícula. Também nela foi abordada a matriz eléctrica
nacional e a diferença existente entre matriz energética e eléctrica.
Antes da introdução do tema da segunda aula, a turma foi convidada a efeituar uma visita
de estudos ao Centro Comunitário Multifuncional de Energias Renováveis (CCMER) localizado
na Munhava, onde os alunos tiveram a oportunidade de ver os processos de transformação de
dejetos em biogás e em fertilizantes, transformação de resíduos sólidos em carvão vegetal e o
funcionamento de concentradores de raios solares para aquecimento de alimentos.

3.2.1.3 Terceira aula


Tema: Energia eléctrica
Objectivos da aula
 Definir a energia eléctrica
 Compreender o processo de geração, transporte, distribuição e consumo de
energia eléctrica;
 Reconhecer os perigos da energia eléctrica;
 Saber os cuidados a tomar no uso da electricidade
O início da aula deu se com a definição da energia eléctrica e para explicar como a
energia eléctrica é gerada, o professor (orientador) recorreu a um exemplo simples e pratico, onde
através de uma imagem apresentando dois tanques designados por A e B contendo água, um com
maior quantidade de água que o outro. Nesse caso, se os tanques estivesse se comunicando
através de um tubo, a água fluiria do tanque com maior quantidade de água para o de menor
quantidade.
Com essa explicação análoga, os alunos tiveram uma ideia sobre como é originada a
energia eléctrica que é através de diferença de potencial entre dois pontos A e B.
Igualmente, falou-se de circuito eléctrico igualmente falou-se dos componentes básicos de
um circuito eléctrico. Depois da explicação do professor, os alunos (em grupo), foram atribuídos
a tarefa de fazer a medição de algumas grandezas eléctricas através de multímetro e anotar nos
cadernos. Também contou com a presença de um palestrante da EDM, que explicou todo o
37

processo desde a geração, transporte, distribuição e consumo de energia eléctrica que chega ate
na cidade da Beira.

3.2.1.4 Quarta aula


Tema: Iluminação eléctrica

Objectivos da aula

 Definir a iluminação.
 Compreender o impacto da iluminação sobre as fontes primárias de energia.
 Conceituar lâmpada eléctrica.
 Conhecer os tipos de lâmpadas em uso residencial, suas vantagens e desvantagens.
 Conhecer a iluminação adequada em diferentes ambientes da residência.

Para falar da iluminação eléctrica, o professor começou por descrever o historial do


surgimento das primeiras lâmpadas eléctricas e o seu impacto na sociedade desde que foi
descoberta. Descreveu-se igualmente os diferentes tipos de lâmpadas eléctricas, vantagens e
desvantagens de cada uma delas e debruçou-se dos conceitos luminotécnicos.
Ainda na quarta aula, fez-se a medição da iluminância na sala de aulas e os valores foram
comparados com os valores recomendados para uma sala de aulas, nisso constatou-se que dois
grupos estiveram num ambiente normal de iluminamento. Os outros dois, um abaixo dos níveis
recomendados e o outro esteve num ambiente com níveis muito acima dos valores recomendados.
Com isso, advertiu-se das consequências de não obedecer os níveis de iluminamento
dentro dos padrões recomendados. Os grupos ainda foram desafiados a determinar a energia que
diferentes tipos de lapadas podem consumir durante um determinado período.
Por fim a turma foi levada a uma outra sala para observar um quadro simulando
iluminação eléctrica residencial (figuras 6 e 7).
3.2.1.5 Descrição da quinta aula
A quinta aula ficou reservada para a discussão e atribuição de desafios para a produção de
material de promoção de eficiência energética nas residências. Dos quatro grupos, dois grupos
decidiram apresentar teatro, um grupo decidiu escrever uma fábula no contexto de maus hábitos
de consumo de energia e a sua devida correcção para hábitos tendentes a poupança de energia e o
38

último grupo decidiu produzir poesia relatando os diferentes tipos de lâmpadas, suas vantagens e
desvantagens.

3.2.1.6 Encerramento do curso


O encerramento do curso, foi marcado pela presença de altos quadros da Universidade
Licungo, convidados e encarregados de educação. Os grupos integrantes da turma, apresentaram
os materiais que desenvolveram para a divulgação de mecanismos de promoção de eficiência
energética, actividades essas já descritas na quinta aula. Igualmente foram atribuídos os
certificados de participação aos alunos, foi dada a palavra de agradecimento através da
representante dos alunos e também ouviu-se o testemunho de uma encarregada de educação.
39

4 Análise e Discussão de Resultados

Neste capítulo, são analisados e discutidos os resultados obtidos durante a realização do


trabalho

4.1 Análise dos resultados

Nesse subcapítulo, serão analisados os resultados referentes aos desempenhos com


relação as três dimensões da AE, nela vai-se focalizar nas questões onde os alunos obtiveram
maiores pontuações e nas que obtiveram baixas pontuações.

4.1.1 Análise do desempenho com relação ao conhecimento


Os resultados referentes ao desempenho com relação ao conhecimento são apresentados
na tabela 4.1. Os alunos destacaram-se positivamente na definição da energia com 100% de
aproveitamento, a identificação das maiores barragens hidroeléctricas nacionais e a identificação
das circunstâncias em que mais gasta-se energia também foram questões com um bom
aproveitamento com 88,9% e 88,2% respectivamente. As questões com baixo desempenho estão
relacionadas com a identificação das duas coisas que determinam o consumo da energia eléctrica
com 33,3% e as outras em que os alunos tiveram um baixo aproveitamento tinham a ver com o
significado de recursos energéticos renováveis e do principal recurso energético renovável mais
utilizado em Moçambique com 38,9% cada. A média do desempenho com relação ao
conhecimento situou-se em 60,3%.

Tabela 4.1: : Desempenho cognitivo dos alunos em tópicos sobre energia e EE

Q, n=18
%
26. Toda e qualquer acção na Terra envolve...[B] 55,6
27. A fonte original de energia para quase todos os seres vivos na Terra é...[A] 66,7
28. Qual das seguintes afirmações melhor DEFINE a energia? [D] 100,0
29. Como se sabe que um pedaço de madeira tem armazenado energia potencial química? [C] 55,6
30. Todas as seguintes são formas de energia EXCEPTO... [E] 50,0
31. A quantidade de ENERGIA ELÉCTRICA que usamos é medida em unidade chamada...[A] 72,2
32. Quais são as duas coisas que determinam a quantidade de ENERGIA ELÉCTRICA que um
33,3
aparelho eléctrico irá consumir? [D]
40

33. Quando se liga uma lâmpada INCANDESCENTE, pequena parte de energia eléctrica é convertida
66,7
em… e grande parte é convertida em….[A]
34. Quando se liga uma lâmpada LED, pequena parte de energia eléctrica é convertida em… e grande
52,9
parte é convertida em….[B]
35. É impossível...[C] 50,0
36. O termo "recursos energéticos renováveis" significa...[E] 38,9
37. Qual dos seguintes recursos energéticos NÃO é renovável [B] 33,3
38. Que recurso fornece cerca de 76% da energia utilizada em Moçambique? [A] 55,6
39. A maior fonte de ENERGIA RENOVÁVEL utilizada em Moçambique para obtenção de
38,9
electricidade é ...[B]
40. A maior barragem hidroeléctrica de Moçambique localiza-se na província de…[D] 50,0
41. As três maiores Barragens hidroeléctricas de Moçambique são…[A] 88,9
42. A energia eléctrica que chega na cidade da Beira é gerada nas albufeiras dos rios…[B] 77,8
43. Qual é o combustível fóssil mais explorado actualmente em Moçambique? [A] 44,4
44. A MAIOR RAZÃO para comprar um aparelho com selo de eficiência energética é porque...[B] 61,1
45. Em que circunstâncias se gasta mais energia eléctrica? [D] 88,2
46. Que recurso fornece a maior parte da ENERGIA ELÉCTRICA utilizada em Moçambique? [D] 52,9
47. Qual das seguintes actividades relacionadas com a energia é MUITO prejudicial para a saúde
82,4
humana e o ambiente? [C]
48. Qual das seguintes lâmpadas eléctricas pode ser MUITO prejudicial para a saúde humana e o
70,6
ambiente…[C]
Media 60,3

4.1.2 Avaliação dos desempenhos com relação a atitude e comportamento


São apresentados na tabela 4.2 os resultados relacionados aos desempenhos com relação a
atitude e ao comportamento.
Quanto ao desempenho com relação a atitude, 100% dos alunos acreditam que a poupança
de energia é importante, também acreditam que todos os aparelhos eléctricos devem ter um selo
que mostre os recursos utilizados na sua fabricação, as suas capacidades de consumo e os custos
de funcionamento, 94,4% dos alunos acredita que a Educação energética deve ser uma parte
importante do currículo de todas as escolas. Em contrapartida, 66,7% dos alunos concorda na
priorização da geração da energia mesmo que isso resulte na degradação do meio ambiente,
igualmente, metade dos alunos concordou com a expansão dos campos de exploração de gás
natural mesmo em áreas protegidas pela lei ambiental. A media do desempenho com relação a
atitude situou-se em 74,4%.
41

No que diz respeito ao desempenho com relação ao comportamento, cerca de 88,9% dos
alunos mostraram se despostos a encorajar as suas famílias lâmpadas LEDs ou fluorescentes
compactas mesmo sabendo que são mais caras por essas serem energeticamente eficientes,
igualmente, cerca de 72,2% dos alunos respondeu que as suas famílias compram lâmpadas LEDs
ou fluorescentes compactas por essas serem mais eficientes e apenas 72,2% dos alunos apaga
lâmpadas quando sai do quarto. Por outro lado, cerca de 44,4% respondeu que as suas famílias
ainda compram lâmpadas incandescentes por essas serem mais baratas, apenas 44,4% dos
respondentes desliga TV quando ninguém esta a assistir. A média do desempenho com relação ao
comportamento situou-se em 58,6%.

Tabela 4.2: Atitudes e comportamentos positivos dos alunos em tópicos sobre energia e EE

Q, n=18
%
1. A educação energética deve ser uma parte importante do currículo de todas as escolas. 94,4
2. Eu faria mais para poupar energia se soubesse como. 83,3
3. A poupança de energia é importante. 100,0
4. A forma como eu pessoalmente utilizo a energia não faz realmente diferença para os problemas
55,6
energéticos que a nossa nação enfrenta.
5. Não preciso de me preocupar em desligar as luzes na sala de aula, porque a escola paga a
72,2
electricidade.
6.Os moçambicanos devem poupar mais energia. 82,4
7. Não temos de nos preocupar em poupar energia, porque serão desenvolvidas novas tecnologias
83,3
para resolver os problemas energéticos para as gerações futuras.
8. Todos os aparelhos eléctricos devem ter um selo que mostre os recursos utilizados na sua
100,0
fabricação, as suas capacidades de consumo, e os custos de funcionamento.
9. Deveríamos fazer mais da nossa electricidade a partir de recursos renováveis. 83,3
10. Moçambique deveria desenvolver mais formas de utilizar energias renováveis, mesmo que isso
61,1
signifique que a energia vai custar mais.
11. Os esforços para desenvolver tecnologias de energia renovável são mais importantes do que os
esforços para encontrar e desenvolver novas fontes de combustíveis fósseis (petróleo, gás, carvão 47,1
mineral).
12. As leis que protegem o ambiente natural devem ser tornadas menos rigorosas, a fim de permitir
33,3
que mais energia seja produzida.
13. Devem ser construídos parques fotovoltaicos para gerar electricidade, mesmo que esses parques
66,7
estejam localizados em vales paisagísticos, terras agrícolas, e áreas de vida selvagem.
42

14. Mais campos de gás e carvão mineral devem ser desenvolvidos à medida que são descobertos,
50,0
mesmo que se situem em áreas protegidas por leis ambientais.
15. Acredito que posso contribuir para a resolução dos problemas energéticos, fazendo escolhas e
83,3
acções apropriadas relacionadas com a energia.
16. Acredito que posso contribuir para a resolução dos problemas energéticos trabalhando com
94,1
outros.
Média (Atitude) 74,4
17. Eu tento poupar energia eléctrica. 61,1
18.Quando saio de um quarto apago as luzes. 72,2
19. Desligo o televisor quando ninguém está a assistir. 44,4
20. Muitas das minhas decisões diárias são afectadas pelos meus pensamentos sobre o uso de
33,3
energia.
21. A minha família compra lâmpadas INCANDESCENTES porque são mais baratas 44,4
22. A minha família compra lâmpadas LEDs ou lâmpadas FLUORESCENTES compactas porque
72,2
são mais eficientes
23. Estou disposto a encorajar a minha família a comprar lâmpadas LEDs ou lâmpadas
FLUORESCENTES COMPACTAS mesmo sabendo que são mais caras porque são 88,9
energeticamente mais eficientes.
24. Estou disposto a comprar menos coisas a fim de poupar energia. 44,4
25. O lixo de lâmpadas FLUORESCENTES quebradas ou queimadas pode ser descartado como lixo
66,7
comum que produzimos em casa
Média (Comportamento) 58,6

4.2.3 Avaliação da média dos desempenhos nas três dimensões referentes a AE


O resumo do desempenho das três dimensões é apresentado na figura 8, nela é possível
visualizar que o desempenho com relação a atitude teve a maior pontuação com 74,4% seguido
pelo desempenho cognitivo com 60,3% e por fim o desempenho com relação ao comportamento
com 58,6%.
43

80.00% 74.40%

70.00%
60.30% 58.60%
60.00%

50.00%

40.00%

30.00%

20.00%

10.00%

0.00%
Desempenho cognitivo Desempenho em relação a Desempenho em relação ao
atitude comportamento

Figura 9: Resumo dos desempenhos com relação as três dimensões da AE

4.2 Discussão dos resultados

Nesse subcapítulo, são discutidos os resultados referentes aos desempenhos nas três
dimensões da AE.

4.3.1 Desempenho cognitivo


Com base na tabela 4.1, vai-se discutir o desempenho cognitivo de algumas questões
individualizadas através de uma comparação com outros estudos previamente realizados em
alguns países, como é o caso dos EUA e Japão. Apenas questões discutidas nos trabalhos
realizados nesses dois países foram tomadas em consideração e obedecem a seguinte sequencia:
Conservação de energia, potência e energia, conceitos básicos de energia e recursos energéticos.
Conservação de energia (pergunta 44): cerca de 61% dos alunos reconheceu que a maior
razão para a compra de electrodomésticos com selo de eficiência energética é da indicação da
quantidade de energia que estes electrodomésticos poderão consumir, entretanto, este resultado é
ligeiramente baixo quando comparado com os resultados apresentados em estudos realizados nos
EUA por DeWaters & Powers (2011) e no Japão por Yutaka com 73% e 83% respectivamente.
Potência e energia (perguntas 31 e 32): apenas 33,3% dos alunos que participaram deste
estudo foi capaz de identificar as duas variáveis que determinam a quantidade de energia
consumida por um electrodoméstico, resultado um pouco abaixo dos resultados obtidos nos
44

estudos de DeWaters & Powers (2011) e Yutaka (2018) que obtiveram mais de 40%. Todavia,
apenas 10% dos alunos dos EUA e 37% dos alunos japoneses poderiam identificar a unidade da
energia eléctrica (Akitsu, 2018; Dewaters & Powers, 2011), resultados de longe abaixo dos
encontrados na presente pesquisa, onde cerca de 72% dos alunos sabiam que a unidade da energia
eléctrica é o Wh ou KWh.
Conceitos básico de energia (pergunta 33): cerca de 66,7% dos alunos foram capazes de
dizer que grande parte da energia eléctrica fornecida à uma lâmpada incandescente é convertida
em calor e pequena parte em iluminação, este resultado está em concordância com os resultados
obtidos por DeWaters e Powers (2011) nos EUA com 65%, porem, ligeiramente abaixo dos
achados no Japão por Yutaka (2018) com 75,8% (Dewaters & Powers, 2011; Yutaka, 2018).
Recursos energéticos (pergunta 36, 39): apenas 39% dos alunos foram capazes de dizer o
significado de “Recurso energético renovável” e identificar a maior fonte de energia renovável
utilizada para gerar electricidade em Moçambique. Quando comparado com os resultados obtidos
nos EUA constata-se que os alunos americanos obtiveram maior pontuação que os do presente
estudo, ou seja, 50% contra 39%, em contrapartida, esse resultado é bem acima que o resultado
encontrado no Japão por Yutaka (2018) com 15%. Dando seguimento aos recursos energéticos,
apenas 44% dos alunos conseguiu identificar o recurso energético fóssil mais explorado em
Moçambique, uma percentagem acima da encontrada por (Dewaters & Powers, 2011) com
26,6%, porem, ligeiramente abaixo do resultado obtido no Japão por Yutaka (2018).
Com esses resultados relativamente aos diferentes domínios do conhecimento discutidos
acima, pode-se constatar, de uma forma geral, um desempenho bom e ligeiramente acima dos
dois estudos realizados tanto nos EUA por DeWaters & Powers (2011) bem como no Japão por
Yutaka (2018). Essa tendência positiva das diferentes questões do domínio cognitivo, resultou
numa média de 60,3%.
Com efeito e para concluir na senda do desempenho cognitivo, pode-se afirmar que em
média, os resultados alcançados nesse estudo, demostraram algumas similaridades e diferenças
quando comparados com estudos previamente realizados em outros países. Por exemplo, vários
estudos como de (Dewaters & Powers, 2011; Fah et al., 2012; Usman & Huda, 2021; Yutaka,
2018), realizados nos Estados Unidos da América (40,17%), Malásia (32,66%), Indonésia
(48,6%) e Japão (41,17%) respetivamente, mostraram um desempenho muito baixo quando
45

comparados com os achados nesse estudo, igualmente estão muito abaixo quando comparados
com os desempenhos com relação a atitude e comportamento.
Por outro lado, e contrariando essas projecções, Lee et al (2015) na sua pesquisa realizada
em Taiwan, revelou resultados que estão em concordância com os resultados obtidos nesse
trabalho, ou seja, 60,3% para a presente estudo e 63% para a pesquisa do Lee et al.
A explicação para a pontuação relativamente maior no desempenho cognitivo em relação
aos trabalhos previamente realizados nos quatro países acima mencionados, pode se encontrar na
implementação da alfabetização energética, ou seja, todo o processo que envolveu a alfabetização
energética, fez com que os alunos tivessem um melhor entendimento sobre os conceitos de
energia, os impactos socio-ambientais, conservação de energia, recursos energéticos a nível de
Moçambique, etc.

4.3.2 Desempenho com relação a atitude


Ao se examinarem algumas questões referentes à atitudes positivas (Tabela 4.3), verifica-
se que todos alunos (100%) concordaram que a poupança de energia é importante, igualmente
concordaram que os moçambicanos deveriam conservar mais energia (82,4%) e que deveríamos
fazer mais da nossa electricidade a partir de recursos renováveis (83,3%), contudo, a sua
concordância cai substancialmente (61,1%) quando envolve maior custo de energia.
Por outro lado, os alunos também demostraram a vontade de fazerem parte da solução dos
problemas energéticos, por exemplo, 83,3% concordaram que fariam mais para poupar energia se
soubesse como.
Em suma, relativamente ao desempenho com relação a atitude, cerca de 74,4% dos alunos
em média, demostrou uma atitude positiva quanto ao uso racional de energia, essa pontuação, é a
mais alta quando comparada com pontuações referentes aos desempenhos com relação ao
conhecimento e ao comportamento. Esses resultados estão em concordância com estudos
previamente realizados, por exemplo (Dewaters & Powers, 2011; Fah et al., 2012; Usman &
Huda, 2021; Yutaka, 2018) nos seus estudo também obtiveram maior desempenho com relação a
atitude quando comparados com os desempenhos com relação ao conhecimento e
comportamento, embora alguns trabalhos com pontuações mais altas que os outros.
46

4.3.3 Desempenho com relação ao comportamento


Apesar dos alunos concordarem que fariam mais para poupar energia, as suas respostas
referentes ao desempenho com relação ao comportamento, não reflectiram a sua atitude positiva.
Por exemplo, cerca de 72,2% desligam as lâmpadas eléctricas quando saem dos quartos, mas
apenas 44,4% desligam a TV quando ninguém está a assistir. Da mesma forma, 88,9% estavam
despostos a encorajar suas famílias a comprarem lâmpadas fluorescentes compactas ou LEDs, em
contrapartida, menos que a metade dos alunos (44,4%) estava desposto a comprar menos coisas
para poupar energia. por fim, apenas 33,3% concordaram que muitas das suas decisões diárias
são afectadas pelos seus pensamentos sobre o uso de energia.
Tal como nas pesquisas anteriores, exemplo (Dewaters & Powers, 2011; Lee et al., 2015;
Mola et al., 2018; Yutaka, 2018) parece haver discrepância entre as atitudes dos alunos e as suas
acções. Essa discrepância é esclarecida por (Dewaters & Powers, 2011) que considera que apesar
dos alunos se mostrarem preocupados com os problemas de energia enfrentados na sociedade, a
falta de conhecimento e habilidade constituem um obstáculo para efectivamente trabalharem
para a solução desses problemas.
47

5 Conclusão

Neste capítulo apresentam-se as principais conclusões do estudo. As conclusões também


são acompanhadas de algumas sugestões.
Actualmente, o uso de energia tem trazido vários problemas entre ambientais, sociais,
económicos e até mesmo guerras, a responsabilidade para minimizar esses problemas não deve
ser apenas dos profissionais em tecnologias ou em políticas energéticas, mas sim através do
envolvimento de toda a sociedade com base em escolhas acertadas no uso de energia.
Desta feita, o presente trabalho, visava a implementação da alfabetização energética aos
alunos do ensino secundário geral para a promoção da economia de energia, pois, entende-se que
a alfabetização energética que abrange uma vasta gama de conteúdos relacionados ao
conhecimento, atitude e comportamento, pode capacitar os indivíduos a fazer escolhas e acções
informadas relacionadas à energia.
Os resultados apontaram para um desempenho cognitivo de 60,3%, desempenho com
relação a atitude de 74,4% e desempenho com relação ao comportamento situou-se em 58,6%. A
intercorrelação entre o conhecimento e o comportamento é próxima, contrariando as tendências
de maior proximidade entre a atitude e o comportamento observados em outros estudos.
A partir desses resultados formulam-se as seguintes conclusões: o nível da alfabetização
energética dos alunos após a implementação da alfabetização energética é bom e encorajador.
Também mostrou que os alunos desenvolveram atitudes positivas com maior pontuação quando
comparados com outras dimensões da alfabetização energética, dando a entender que estão
despostos a dar o seu contributo e a fazerem parte da solução dos problemas causados pelo uso de
energia.
Por outro lado, apesar da intenção dos alunos fazerem parte da solução dos problemas
relacionados a energia, as suas intenções não reflectiram nas acções, isto é, eles reconhecem os
problemas relacionados ao uso de energia, mas pouco fazem para minimizar esses problemas.
Outro dado importante que pode se tirar desse estudo é que a quantidade de conhecimento
não afecta necessariamente outros domínios de alfabetização energética dos alunos por isso, para
incentivar um comportamento contínuo pró-ambiental e de conservação de energia, é importante
a melhoria da auto-eficácia energética individual através de acções e experiências que possam
reconhecer a sua contribuição para os objetivos das questões relacionadas com a energia.
48

Para concluir e responder a pergunta de pesquisa pode se afirmar com base nos resultados
alcançados que a implementação da alfabetização energética, mostrou-se ser uma ferramenta
fundamental na promoção da eficiência energética e pode trazer impactos positivos significativos
na esfera social e ambiental quando incluída nos currículos do Sistema Nacional de Educação,
por isso como sugestão, encoraja-se aos fazedores da politica, principalmente na área de
educação a desenharem planos estratégicos por forma a desenvolverem programas educacionais
de energia eficazes que levam em consideração conteúdos que enfatizem não apenas o
conhecimento, mas que tenham impacto nas atitudes, valores e mudanças comportamentais dos
alunos.
49

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7 APÊNDICE A - Questionário sobre Alfabetização Energética

A. Por favor, indique a sua opinião sobre cada declaração abaixo. Não há respostas certas ou erradas. Leia cada
declaração cuidadosamente, depois coloca um círculo na sua folha de respostas para a letra que melhor descreve
o quanto concorda ou discorda, usando a seguinte chave:
“A" representa "concordo plenamente".
"B" representa "concordo parcialmente".
"C" representa "nem concordo nem
discordo"
"D" representa "discordo moderadamente".
"E" representa "discordo fortemente".

1. [ ] A educação energética deve ser uma parte importante do currículo de todas as escolas.
2. [ ] Eu faria mais para poupar energia se soubesse como.
3. [ ] A poupança de energia é importante.
4. [ ] A forma como eu pessoalmente utilizo a energia não faz realmente diferença para os problemas energéticos
que a nossa nação enfrenta.
5. [ ] Não preciso de me preocupar em desligar as luzes na sala de aula, porque a escola paga a electricidade.
6. [ ] Os moçambicanos devem poupar mais energia.
7. [ ] Não temos de nos preocupar em poupar energia, porque serão desenvolvidas novas tecnologias para resolver os
problemas energéticos para as gerações futuras.
8. [ ] Todos os aparelhos eléctricos devem ter um selo que mostre os recursos utilizados na sua fabricação, as suas
capacidades de consumo, e os custos de funcionamento.
9. [ ] Deveríamos fazer mais da nossa electricidade a partir de recursos renováveis.
10. [ ] Moçambique deveria desenvolver mais formas de utilizar energias renováveis, mesmo que isso signifique que
a energia vai custar mais.
11. [ ] Os esforços para desenvolver tecnologias de energia renovável são mais importantes do que os esforços para
encontrar e desenvolver novas fontes de combustíveis fósseis (petróleo, gás, carvão mineral).
12. [ ] As leis que protegem o ambiente natural devem ser tornadas menos rigorosas, a fim de permitir que mais
energia seja produzida.
13. [ ] Devem ser construídos parques fotovoltaicos para gerar electricidade, mesmo que esses parques estejam
localizados em vales paisagísticos, terras agrícolas, e áreas de vida selvagem.
14. [ ] Mais campos de gás e carvão mineral devem ser desenvolvidos à medida que são descobertos, mesmo que se
situem em áreas protegidas por leis ambientais.
15. [ ] Acredito que posso contribuir para a resolução dos problemas energéticos, fazendo escolhas e acções
apropriadas relacionadas com a energia.
16. [ ] Acredito que posso contribuir para a resolução dos problemas energéticos trabalhando com outros.

B. Para as declarações seguintes, por favor seleccione a escolha que melhor descreve o seu comportamento. Seja
honesto, não há respostas certas ou erradas. Leia cada declaração cuidadosamente, depois coloca um círculo na
sua folha de respostas para a letra que melhor descreve o quanto concorda ou discorda, usando a seguinte
chave:
"A" representa "quase sempre" ou "sempre".
"B" representa "frequentemente"
"C" representa "às vezes"
"D" representa "não muito frequentemente".
"E" representa "quase nunca" ou "nunca"
Adaptado de Jan De Waters (2009). Clarkson University, Potsdam, NY
17. [ ] Eu tento poupar energia eléctrica.
18. [ ] Quando saio de um quarto apago as luzes.
19. [ ] Desligo o televisor quando ninguém está a assistir.
20. [ ] Muitas das minhas decisões diárias são afectadas pelos meus pensamentos sobre o uso de energia.
21. [ ] A minha família compra lâmpadas INCANDESCENTES porque são mais baratas
22. [ ] A minha família compra lâmpadas LEDs ou lâmpadas FLUORESCENTES compactas porque são mais
eficientes
23. [ ] Estou disposto a encorajar a minha família a comprar lâmpadas LEDs ou lâmpadas FLUORESCENTES
COMPACTAS mesmo sabendo que são mais caras porque são energeticamente mais eficientes.
24. [ ] Estou disposto a comprar menos coisas a fim de poupar energia.
25. [ ] O lixo de lâmpadas FLUORESCENTES quebradas ou queimadas é descartado como lixo comum que
produzimos em casa

C. Dados sobre o conhecimento em aquisição, consumo e conservação de energia. Uma única opção está
correcta. Em cada questão, apenas marque uma opção. Quando terminar, transfere as suas escolhas para a
folha de respostas.

26. Toda e qualquer acção na Terra envolve...


A. Alimentação
B. Energia
C. Sol
D. Água
E. Movimento
27. A fonte original de energia para quase todos os seres vivos na Terra é...
A. Sol
B. Água
C. Solo
D. Vida vegetal
E. Vento
28. Qual das seguintes afirmações melhor DEFINE a energia?
A. Uma força que move alguma coisa
B. Potencial e cinética
C. O ritmo a que o trabalho é feito
D. A capacidade de realizar trabalho
E. Combustíveis fósseis
29. Como se sabe que um pedaço de madeira tem armazenado energia potencial química?
A. Pode ser convertido noutras coisas, tais como papel e porta
B. É um objecto imóvel
C. Liberta calor quando queimado
D. Foi em tempos um ser vivo
E. A madeira não tem energia potencial armazenada
30. Todas as seguintes são formas de energia EXCEPTO...
A. Química
B. Calor
C. Mecânica
D. Electromagnética
E. Carvão
31. A quantidade de ENERGIA ELÉCTRICA que usamos é medida em unidade chamada...
A. Kilowatt-hora (kWh)
Adaptado de Jan De Waters (2009). Clarkson University, Potsdam, NY
B. Kilowatts (kW)
C. Unidade Térmica Britânica (BTU)
D. Volts (V)
E. Cavalo-Vapor (CV)
32. Quais são as duas coisas que determinam a quantidade de ENERGIA ELÉCTRICA que um aparelho eléctrico irá
consumir?
A. O tamanho do aparelho (volume), e o custo da electricidade
B. A temperatura do aparelho quando é ligado, e o período de tempo durante o qual é ligado
C. A potência nominal do aparelho (watts ou kilowatts), e o custo da electricidade
D. A potência nominal do aparelho (watts ou kilowatts), e o período de tempo em que é ligado
E. A potência nominal do aparelho (watts ou kilowatts), e o tamanho da tomada eléctrica
33. Quando se liga uma lâmpada INCANDESCENTE (observa a figura ao lado), pequena parte
de energia eléctrica é convertida em… e grande parte é convertida em….
A. Luz/Calor
B. Electrões /Temperatura
C. Temperatura /Calor
Incandescente
D. Calor/Luz
E. Electrões /Luz
34. Quando se liga uma lâmpada LED (observa a figura ao lado), pequena parte de energia
eléctrica é convertida em… e grande parte é convertida em…. A. Temperatura /Calor
B. Calor/Luz
C. Electrões /Temperatura
D. Luz/Calor LED
E. Electrões /Luz

35. É impossível...
A. Converter energia química em energia térmica
B. Medir a quantidade de energia nos alimentos
C. Construir uma máquina que produza mais energia do que aquela que utiliza
D. Utilizar etanol para alimentar um automóvel
E. Poupar energia através da redução, reutilização e reciclagem de produtos

36. O termo "recursos energéticos renováveis" significa...


A. Recursos que são gratuitos e convenientes de utilizar
B. Recursos que podem ser convertidos directamente em calor e electricidade
C. Recursos que não produzem poluição atmosférica
D. Recursos que são muito eficientes de utilizar para a produção de energia E.
Recursos que podem ser repostos pela natureza num curto período de tempo
37. Qual dos seguintes recursos energéticos NÃO é renovável?
A. Solar
B. Carvão
C. Biomassa (madeira, lenha, carvão vegetal, resíduos de animais e plantas, combustíveis alcoólicos) D.
Água (hídrica)
E. Geotermal
38. Que recurso fornece cerca de 76% da energia utilizada em Moçambique?
A. Biomassa tradicional (lenha, carvão vegetal e alguns resíduos animais)
B. Água (hídrica)
C. Nuclear
D. Vento
Adaptado de Jan De Waters (2009). Clarkson University, Potsdam, NY
E. Combustíveis fósseis
39. A maior fonte de ENERGIA RENOVÁVEL utilizada em Moçambique para obtenção de electricidade é ... A.
Solar
B. Água (hídrica)
C. Vento
D. Biomassa (madeira, resíduos, plantas, combustíveis alcoólicos)
E. Geotermal
40. A maior barragem hidroeléctrica de Moçambique localiza-se na província de…
A. Manica
B. Inhambane
C. Zambézia
D. Tete
E. Maputo
41. As três maiores Barragens hidroeléctricas de Moçambique são…
A. Chicamba, Mavuzi e Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB)
B. Mepopole, HCB e Curumana
C. Lucheringo, Pequenos Libombos e HCB
D. Mavuzi, HCB e Lucheringo
E. Curumana, Pequenos Libombos e Mavuz
42. A energia eléctrica que chega na cidade da Beira é gerada nas albufeiras dos rios…
A. Búzi, Pungue e Zambeze
B. Revue, Zambeze e Chicamba
C. Búzi, Chicamba e Zambeze
D. Zambeze, Búzi e Revue
E. Save, Pungue e Búzi
43. Qual é o combustível fóssil mais explorado actualmente em Moçambique?
A. Carvão mineral
B. Gás natural
C. Petróleo bruto (petróleo)
D. Carvão vegetal
E. Madeira

44. A MAIOR RAZÃO para comprar um aparelho com selo de eficiência energética (observa exemplo de um selo na
figura ao lado) é porque...
A. O selo indica que o aparelho foi aprovado pelo governo de Moçambique para ser comercializado no
nosso país
B. O selo indica o nível de energia que o aparelho vai consumir
C. O selo indica o país de origem e o período de garantia do aparelho
D. O selo indica que o aparelho é moderno
E. O selo indica que o aparelho não é caro.

45. Em que circunstâncias se gasta mais energia eléctrica?


A. Durante a preparação das refeições
B. Durante os finais de semanas ou em dias de celebrações (aniversários, datas festivas, etc.) C. Durante a
noite
D. Depende do comportamento das pessoas que estão a usar essa
energia E. Durante o uso do ferro eléctrico de engomar

46. Que recurso fornece a maior parte da ENERGIA ELÉCTRICA utilizada em Moçambique?
Adaptado de Jan De Waters (2009). Clarkson University, Potsdam, NY
A. Petróleo
B. Carvão
C. Gás natural
D. Água (hídrica)
E. Energia nuclear

47. Qual das seguintes actividades relacionadas com a energia é MUITO prejudicial para a saúde humana e o
ambiente? A. Geração de electricidade com células fotovoltaicas (painéis solares)
B. Extracção e transporte de gás natural
C. Queima de combustíveis fósseis para produzir electricidade
D. Fabrico de células fotovoltaicas (painéis solares) para produção de electricidade
E. E. Extracção e transporte de carvão mineral

48. Qual das seguintes lâmpadas eléctricas (observa a figura ao


lado) pode ser MUITO prejudicial para a saúde humana e o
ambiente se forem mal descartadas no fim do seu ciclo de
vida ou quando acidentalmente se quebrarem?
A. Lâmpadas Incandescentes
B. Lâmpadas LEDs Incandescente LED
C. Lâmpadas Fluorescentes
D. Todas não são prejudiciais
E. Todas são prejudiciais na mesma medida
Fluorescente
Fluorescente Compacta Tubular

Adaptado de Jan De Waters (2009). Clarkson University, Potsdam, NY

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