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Forum Sociológico

Série II
32 | 2018
Fraturas sociais e educativas: Desafios para a
sociologia da educação

A sociologia da educação em Portugal : Perspetivas


de futuro
Sociology of Education in Portugal : Future prospects

Bruno Dionísio, Leonor Lima Torres e Mariana Gaio Alves

Edição electrónica
URL: http://journals.openedition.org/sociologico/2098
DOI: 10.4000/sociologico.2098
ISSN: 2182-7427

Editora
CICS.NOVA - Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa

Edição impressa
Paginação: 59-69
ISSN: 0872-8380

Refêrencia eletrónica
Bruno Dionísio, Leonor Lima Torres e Mariana Gaio Alves, « A sociologia da educação em Portugal :
Perspetivas de futuro », Forum Sociológico [Online], 32 | 2018, posto online no dia 16 julho 2018,
consultado o 23 agosto 2019. URL : http://journals.openedition.org/sociologico/2098 ; DOI : 10.4000/
sociologico.2098

© CICS.NOVA
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL 59

A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL: PERSPETIVAS DE FUTURO


SOCIOLOGY OF EDUCATION IN PORTUGAL: FUTURE PROSPECTS

Bruno Dionísio1
Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA
de Lisboa, Portugal

Leonor Lima Torres


Centro de Investigação em Educação (CIEd), Instituto de Educação, Universidade do Minho, Portugal

Mariana Gaio Alves


Unidade de Investigação Educação e Desenvolvimento, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade NOVA de
Lisboa, Portugal

Resumo

Perspetivar o futuro da sociologia da educação requer que se examine o passado e o presente


GHVWHFDPSRFLHQWt¿FR&RPEDVHQHVVHSUHVVXSRVWRQHVWHDUWLJRDSUHVHQWDPVHUHVXOWDGRVGH
uma análise de conteúdo de dez entrevistas a sociólogos da educação de diferentes gerações e
¿OLDo}HVLQVWLWXFLRQDLV(VVDDQiOLVHpFRPSOHPHQWDGDFRPHVWXGRVVREUHDHYROXomRGDVRFLRORJLD
da educação realizados por autores portugueses, permitindo explorar as três dimensões constitu-
WLYDVGRFDPSRFLHQWt¿FRRHQVLQRDLQYHVWLJDomRHDLQWHUYHQomRVRFLRHGXFDWLYD

Palavras-chave: sociologia da educação, ensino, investigação, intervenção socioeducativa

Abstract

Prospecting the future of the sociology of education requires examining the past and present of this
VFLHQWL¿F¿HOG%DVHGRQWKLVDVVXPSWLRQWKLVDUWLFOHSUHVHQWVWKHUHVXOWVRIDFRQWHQWDQDO\VLVRI
WHQLQWHUYLHZVZLWKVRFLRORJLVWVRIHGXFDWLRQRIGLIIHUHQWJHQHUDWLRQVDQGLQVWLWXWLRQDODI¿OLDWLRQV
This analysis is complemented by studies on the evolution of the sociology of education carried
out by Portuguese authors, allowing the exploration of the three constitutive dimensions of the
VFLHQWL¿F¿HOGWHDFKLQJUHVHDUFKDQGVRFLRHGXFDWLRQDOLQWHUYHQWLRQ

Keywords: sociology of education, teaching, research, socio-educational intervention

$SUHVHQWDomR ridades, revelando-se adequado obter resultados


globais decorrentes do conjunto destas entrevistas.
Procurar perspetivar o futuro da sociologia Os dez entrevistados representam diferentes
da educação em Portugal requer que se examine gerações de sociólogos da educação, com distintos
RSDVVDGRHRSUHVHQWHGHVWHFDPSRFLHQWt¿FR2. A SHUFXUVRV GH IRUPDomR H H[SHULrQFLD SUR¿VVLRQDO
UHÀH[mRDSUHVHQWDGDQHVWHDUWLJRIRLVXVFLWDGDSHOD HFRP¿OLDo}HVHPYDULDGDVLQVWLWXLo}HVGHHQVLQR
análise de uma dezena de entrevistas a agentes deste superior (cf. Quadro 1), ou seja, ocupam posições
FDPSRFLHQWt¿FRSXEOLFDGDVHQWUHHQDV GLYHUVDVQRLQWHULRUGRFDPSRFLHQWt¿FR0DLRULWD-
newsletters periodicamente produzidas pela equipe riamente do sexo masculino e com uma formação
coordenadora da Secção Temática de Sociologia da inicial e pós-graduada em sociologia, alguns dos
Educação da Associação Portuguesa de Sociologia. entrevistados atingiram já o topo das suas carrei-
Considera-se, portanto, que se trata de um corpus ras académicas. Contudo, houve lugar à audição
que obedece à “regra da homogeneidade” (Bardin, de dois investigadores mais jovens, sediados em
1977), no qual não existem demasiadas singula- instituições diferentes.

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8PDSULPHLUD³OHLWXUDÀXWXDQWH´ %DUGLQ  cativa com impacto mais expressivo no domínio da


do corpus das entrevistas conduziu à organização sociologia da educação. Neste artigo, percorrem-se
da análise de conteúdo em torno de três eixos sucessivamente as três dimensões constitutivas
temáticos – o ensino, a investigação e a intervenção GR FDPSR FLHQWt¿FR GD VRFLRORJLD GD HGXFDomR
socioeducativa – que, no conjunto dos discursos dos o ensino, a agenda investigativa e a intervenção
agentes, emergiram como dimensões constitutivas socioeducativa.
GRFDPSRFLHQWt¿FRGDVRFLRORJLDGDHGXFDomRHTXH
simultaneamente, correspondem às principais ativi- 2HQVLQRGHVRFLRORJLDGDHGXFDomR
GDGHVSUR¿VVLRQDLVGRVGRFHQWHVGHHQVLQRVXSHULRU
Considerando a década de 1970 como o período de É habitualmente consensual a ideia de que a
institucionalização da sociologia em Portugal, percor- D¿UPDomRGDVRFLRORJLDGDHGXFDomRFRPRiUHDGH
remos os principais marcos nas décadas seguintes, ensino nas universidades e politécnicos em Portugal,
destacando as principais tendências e regularidades é indissociável da expansão dos cursos de formação
que emergiram dos depoimentos recolhidos e, de de professores (Egreja, 2016; Silva e Alves, 2015;
forma complementar, dos estudos sobre a evolução Vieira, 2004). No conjunto dos entrevistados, apenas
da sociologia da educação realizados por autores um era docente numa instituição de ensino superior
portugueses. Este exercício permitiu enquadrar os politécnico à data da entrevista, sendo os restantes
vários posicionamentos dos entrevistados e situar professores universitários. Não obstante, todos os
na diacronia algumas orientações de política edu- entrevistados destacam a estreita associação entre

Quadro 1 CorpusHPStULFRHSHU¿OGRVHQWUHYLVWDGRV

Filiação institucional e
Publicação
Entrevistados Entrevistador Áreas de formação FDWHJRULDSUR¿VVLRQDO
da entrevista
(à data da entrevista)
Licínio Lima Newsletter n.º 5 José Augusto Licenciatura em Ensino de Português-Inglês Instituto de Educação da Universidade
(Lima, E1) – março 2011 Palhares (1981) do Minho
Doutoramento em Educação, área
de conhecimento em Organização e Professor Catedrático
Administração Escolar (1991)
Sérgio Grácio Newsletter n.º 6 Ana Matias Licenciatura em Sociologia (1970) Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
(Grácio, E2) – julho 2011 Diogo Doutoramento em Sociologia da Educação da Universidade Nova de Lisboa
(1992)
Professor Aposentado
Bruno Dionísio Newsletter n.º 7 Pedro Abran- Licenciatura em Sociologia (2001) Escola Superior de Educação de
(Dionísio, E3) – outubro 2011 tes Doutoramento em Sociologia (2010) Portalegre

Professor Adjunto
Telmo Caria Newsletter n.º 8 José Augusto Licenciatura em Sociologia (1984) Universidade de Trás-os-Montes e Alto
(Caria, E4) – janeiro 2012 Palhares Doutoramento em Sociologia da Educação Douro
(1987)
Professor Catedrático
6R¿D0DUTXHV Newsletter n.º 10 Pedro Abran- Licenciatura em Ciências da Educação (2001) Faculdade de Psicologia e Ciências de
da Silva – outubro 2012 tes Doutoramento em Ciências de Educação Educação da Universidade do Porto
(Silva, E5) (2008)
Professora Auxiliar
Carlos Alberto Newsletter n.º 11 José Augusto Licenciado em Sociologia (1980) Instituto de Educação da Universidade
Gomes – janeiro 2013 Palhares Doutoramento em Sociologia da Educação do Minho
(Gomes, E6) (1998)
Professor Auxiliar
Maria Manuel Newsletter n.º 12 Ana Matias Licenciatura em Sociologia (1982) Instituto de Ciências Sociais da
Vieira – junho 2013 Diogo Doutoramento em Sociologia (1998) Universidade de Lisboa
(Vieira, E7)
Investigadora
Almerindo Jane- Newsletter n.º 14 Leonor Lima Licenciatura em Ciências Políticas e Sociais Instituto de Educação da Universidade
la Afonso – janeiro 2015 Torres (1980) do Minho
(Afonso, E8) Doutoramento em Sociologia (1997)
Professor Associado
Teresa Seabra Newsletter n.º 15 Mariana Gaio Licenciatura em Sociologia (1989) ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa
(Seabra, E9) – outubro 2015 Alves Doutoramento em Sociologia (2008)
Professora Auxiliar
José Manuel Re- Jornal de Sociolo- Bruno Dionísio Licenciatura em Sociologia (1983) Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
sende gia da Educação, Doutoramento em Sociologia (2001) da Universidade Nova de Lisboa
(Resende, E10) n.º 0 – maio 2017
Professor Associado com Agregação
Fonte: elaboração própria.

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DD¿UPDomRGDVRFLRORJLDGDHGXFDomRFRPRXPD bastantes sociólogos (Pinto, 2007), resultando no


área de ensino nas universidades e politécnicos e HQULTXHFLPHQWRGDSHTXHQDFRPXQLGDGHFLHQWt¿FD
a expansão dos cursos de formação de professores nacional e na criação de espaços institucionais para
nessas instituições de ensino superior. Trata-se de o ensino da sociologia. Desde então, a sociologia da
um traço característico inequívoco no desenvolvi- educação tem vindo a integrar planos de estudos
mento da sociologia da educação em Portugal, que é que visam a formação de sociólogos e até de outros
também assinalado noutros trabalhos sobre ensino SUR¿VVLRQDLVSRUH[HPSORWpFQLFRVGHVHUYLoRVRFLDO
da sociologia (Egreja, 2016) e da sociologia da edu- como destaca Teresa Seabra (E9).
cação em particular (Vieira, 2004) em instituições Reportando-se ao novo século, vários entrevis-
de ensino superior. tados sublinham que temos assistido a um conjunto
No plano cronológico, as origens do ensino da GHPXGDQoDVTXHHVWmRDUHFRQ¿JXUDURVHVSDoRV
sociologia da educação podem ser situadas no início institucionais de ensino da sociologia da educação,
do século XX, quando a disciplina integrou planos de moldando os seus desenvolvimentos futuros. Uma
estudos de cursos de habilitação ao magistério nas parte dessas mudanças decorre da retração na pro-
Faculdades de Letras de Lisboa e Coimbra (Stoer, cura de cursos de formação de professores e pode
1992). Contudo, as décadas de 1970 e 1980 são resultar num alargamento do lugar dos sociólogos
PDUFRVWHPSRUDLVFUXFLDLVQRTXHUHVSHLWDjD¿U- GDHGXFDomRQDIRUPDomRGHRXWURVSUR¿VVLRQDLV
mação da sociologia da educação como uma área pois observam-se
de ensino superior, o que é indissociável de serem
igualmente períodos de forte crescimento do sistema recomposições da matriz inicial da formação
educativo português (Alves, 2017). de professores, especialmente nas escolas
Como destaca Almerindo Afonso (E8) “a superiores de educação, que, sem descurar o
sociologia da educação em Portugal teve uma projeto educativo que animou a sua gestação,
grande expansão com as licenciaturas em ensino [se deslocam] para outras ofertas formativas
[...] mas acompanhou também o crescimento da nas esferas social, cultural e comunitária
pós-graduação (mestrados académicos, mestrados (serviço social, educação social, animação
SUR¿VVLRQDLVHGRXWRUDPHQWRV HDSUR¿VVLRQDOL]DomR sociocultural, etc.). (Dionísio, E3)
dos professores em serviço” pelo que “os nossos
primeiros interlocutores da sociologia da educação Outras mudanças referenciadas pelos entre-
a partir de 1975/76, e durante toda a década de 80, vistados associam-se a alterações das ofertas
são alunos no quadro da formação de professores” formativas decorrentes do Processo de Bolonha
(Lima, E1), o que se articula com a “centralidade HQRFDVRHVSHFt¿FRGDIRUPDomRGHSURIHVVRUHV
crescente que a educação tem vindo a assumir como à “tendência para uma crescente psicologização
prioridade social e política” nas últimas décadas, e didatização dessa formação, as quais ocupam
como refere Maria Manuel Vieira (E7). cada vez mais espaço” (Afonso, E8). Em paralelo,
Na verdade, a intenção política de expandir o existem indícios de que a sociologia de educação
acesso à escola, anunciada pelo governo português como área de especialização no âmbito de for-
QR¿QDOGDGpFDGDGHWRUQDVHXPDSULRULGDGH mações em sociologia se mantém “com bastante
inquestionável no período de democratização polí- procura” (Seabra, E9), assumindo “forte relevância
tica do país que se inicia com a revolução de 25 de ao nível [...] da formação avançada (mestrados,
Abril de 1974. Consequentemente, é observável o doutoramentos, ou projetos de pós-doutoramento)”
surgimento de cursos de formação de professores (Vieira, E7).
que propiciam espaços institucionais para o ensino A estreita associação entre cursos de formação
da sociologia da educação, quer no quadro das de professores e ensino de sociologia da educação
universidades já existentes, quer no interior nas como traço característico inequívoco no desenvol-
novas universidades e institutos politécnicos criados vimento da disciplina em Portugal tem implicações
na década de 1970, numa fase de expansão do ao nível das temáticas que são privilegiadas pelos
ensino superior em Portugal. Mais tarde, a partir da docentes e, nesse âmbito, é transversal aos vários
GpFDGDGHpWDPEpPLGHQWL¿FiYHORHQVLQR entrevistados a ideia de que a escola assume uma
da sociologia da educação no quadro de licenciatu- clara centralidade. A este propósito são ilustrativas
ras em educação: “só no início dos anos 90 é que as palavras de Telmo Caria (E4), de que “a escola e
começamos a articular a sociologia da educação com a escolaridade são o centro de toda a investigação
outras problemáticas de formação no domínio dos H UHÀH[mR HGXFDWLYDV GH QDWXUH]D VRFLROyJLFD´ H
licenciados em educação, por exemplo” (Lima, E1). também de Sérgio Grácio (E2):
Em paralelo, a mudança política de 1974 possi-
bilita a criação de cursos universitários de sociologia provavelmente a sociologia da educação ligada
em Portugal (Costa, 1992) e o regresso ao país de à formação de professores acabou por direcio-
um amplo conjunto de intelectuais, entre os quais nar predominantemente a investigação para as

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temáticas das desigualdades sociais perante a Em segundo lugar, sublinhe-se que alguns
educação, da multiculturalidade e da intercul- entrevistados sugerem que estudar sociologia da
turalidade, dos próprios professores enquanto educação implica, ainda, desenvolver o espírito
JUXSRSUR¿VVLRQDOPDVVREUHWXGRWDOYH]SDUD crítico sobre a escola e a sala de aula, bem como
as suas práticas e atitudes educativas. sobre as práticas educativas nesses contextos, o que
consideram da maior importância. Neste sentido,
Todavia, essa centralidade (ou hegemonia, como entende-se o estudo da sociologia da educação como
também é apelidada pelos entrevistados) da escola um contributo não apenas para a compreensão, mas
QmRVLJQL¿FDTXHWHPiWLFDVUHODWLYDVDIRUPDVSUR- também para o questionamento crítico das realidades
cessos e contextos não-escolares estejam ausentes educativas que se deseja que suscite a mudança
do ensino da sociologia da educação. Expressões de perspetivas, de atitudes e eventualmente até
como “intersecções entre a escola e outras institui- GH SUiWLFDV 7UDWDVH D¿QDO GH UHFRQKHFHU FRPR
ções educativas [...] e temáticas de educação não- inerente à própria sociologia a adoção “em perma-
-formal” (Silva, E5) ou “o não-escolar é um mundo QrQFLD GH XPDDWLWXGHGHUHÀH[LYLGDGHDXWRFUtWLFD´
a descobrir!” (Gomes, E6) ou “desescolarização da (Pinto, 2007, p. 108).
sociologia da educação” (Seabra, E9) ou ainda “olhar Globalmente, a análise deste conjunto de entre-
SDUDXPPRGRGHTXDOL¿FDomRGDVSHVVRDVDSDUWLU vistas parece evidenciar que o ensino da sociologia da
da escola e do desenvolvimentos da escolarização, HGXFDomRVHHQFRQWUDQXPDIDVHGHUHFRQ¿JXUDomR
mas olhando também para a inserção dessas cate- dos respetivos espaços institucionais, na medida em
gorias noutros espaços para além da escolarização” que se assiste a um declínio nos cursos de formação
(Resende, E10) revelam como, na perspetiva singu- de professores que coexiste com a continuidade
lar de cada um destes entrevistados, se evidencia da disciplina nos cursos de sociologia e com a sua
a presença de contextos e processo educativos inclusão no âmbito de outras ofertas formativas
escolares e não-escolares no ensino da sociologia (não exclusivamente direcionadas a professores
da educação. Aliás, no plano do ensino, Lima (E1) ou a sociólogos). Nestas condições, perspetivar o
nota que “hoje, há um certo desenvolvimento, ao futuro do ensino da sociologia da educação requer
ponto de a sociologia da educação se desdobrar em TXHVHHYLGHQFLHPRVGHVD¿RVUHODFLRQDGRVFRPD
‘sociologia da educação e políticas educativas’, em VXD UHFRQ¿JXUDomR HP HVSDoRV LQVWLWXFLRQDLV QRV
‘sociologia da educação não-escolar’, em ‘sociologia quais a mesma se articula com outras áreas de
da educação e da formação’”. especialização da própria sociologia e com outras
A existência de uma pluralidade de temáticas disciplinas para além da sociologia. As ideias de que
presentes no ensino da sociologia da educação importa “não olhar para a sociologia da educação
relaciona-se, estreitamente, com o modo como nas como uma área disciplinar fechada sobre si própria
últimas décadas se tem assistido ao aumento do (apesar da sua autonomia relativa)” (Resende, E10)
número de pesquisas sociológicas desenvolvidas e, e de que é importante “estabelecer um permanente
simultaneamente, articula-se com o alargamento dos diálogo quer com a matriz sociológica mais vasta quer
objetos de estudo para além da instituição escolar. com outras ciências sociais” (Vieira, E7) assumem
Porém, na perspetiva de alguns entrevistados, a hoje uma relevância redobrada tendo em conta a
opção pela pluralidade de temáticas emerge “a partir UHFRQ¿JXUDomRGRVHVSDoRVLQVWLWXFLRQDLVFRQWHQGR
também daquelas que são preocupações educativas um potencial de enriquecimento da pluralidade e
contemporâneas que atravessam as vidas dos/as profundidade de temáticas e perspetivas teórico-
nossos/as estudantes” (Silva, E5). Ou seja, “são -conceptuais consideradas no ensino de sociologia
PDWpULDVTXHHQWUDPSRUXPODGRSRUVR¿VWLFDomR GD HGXFDomR 2 HQIUHQWDPHQWR GHVVHV GHVD¿RV
teórica, académica, conceptual [...] mas também exige que se repensem quais são e podem ser os
entram por uma agenda política, social, cultural contributos do ensino da sociologia da educação,
HWF SRU XPD VRFLHGDGH TXH VH YDL FRPSOH[L¿FDU equacionando o desenvolvimento de práticas de
muitíssimo” (Lima, E1). ensino que continuem a valorizar os contributos
3RU¿PFRQVLGHUDQGRDSHUVSHWLYDGRVHQWUH- da disciplina na formação dos alunos do ensino
vistados sobre os contributos, para os alunos, do superior no futuro.
ensino da sociologia da educação nas universidades
e politécnicos, pretendemos destrinçar dois aspetos. $LQYHVWLJDomRHPVRFLRORJLDGDHGXFDomR
Primeiramente, note-se que é transversal aos entre-
vistados, bem como muito frequente e valorizada, A investigação desenvolvida em Portugal no
a referência a aspetos como “compreender” e/ou campo da sociologia da educação tem sido objeto
“explicar” as dinâmicas escolares e educativas que de variadas análises, que vêm recenseando os prin-
resultam num enriquecimento da formação, seja cipais objetos, contributos teóricos e os enfoques
GRV SURIHVVRUHV VHMD GH RXWURV SUR¿VVLRQDLV TXH metodológicos (cf. Abrantes, 2004; 2010; Afonso,
estudem sociologia da educação. 2001; 2005; 2009; Stoer, 1990, 1992; Stoer e

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Afonso, 1999; Torres e Palhares, 2010; 2014) Com mais evidência a partir da década de
adotados ao longo das várias conjunturas históricas 1990, o desenvolvimento da sociologia da educa-
e institucionais que marcaram a expansão deste ção, inicialmente impulsionado pela expansão da
FDPSRFLHQWt¿FR$ULTXH]DHDH[DXVWLYLGDGHGHVWHV IRUPDomRGHSURIHVVRUHVTXHVHYHUL¿FRXQRSHUtRGR
mapeamentos teóricos e metodológicos dispensam pós-revolução, percorre duas vias disciplinares que
qualquer exercício de metassíntese, não só pela sua ora se aproximam, ora se distanciam: uma inscrita
redundância analítica, como pela desadequação à na sociologia e outra nas ciências da educação
QDWXUH]DGDDERUGDJHPUHÀH[LYDTXHSUHWHQGHPRV (Abrantes, 2004). A criação de cursos de graduação
desenvolver. Todavia, nesta abordagem projetiva de interface com a sociologia (educação, animação
do futuro da sociologia da educação, torna-se fun- cultural, entre outros) e a multiplicação da oferta
damental compreender a sua trajetória histórica formativa pós-graduada ocorrida num período
para, a partir dela, “imaginar” sociologicamente marcado pela expansão do ensino superior induziu
novos horizontes e alternativas de desenvolvi- a abertura a novos objetos de pesquisa, quer para
mento. Nesta breve incursão retrospetiva, guiada GDUFRQWDGRVQRYRVGHVD¿RVFRORFDGRVSHORVSHU¿V
pela voz dos entrevistados, uma primeira tendência formativos, quer para acompanhar as já visíveis
emerge como central: a sobredeterminação da LQÀXrQFLDVGDVDJHQGDVSROtWLFDVLQWHUQDFLRQDLV$
agenda de pesquisa pela agenda política (nacional amplitude investigativa que se abre propicia a mobi-
e internacional), que, aliás, constitui também um lização de múltiplos contributos disciplinares que se
fator condicionador do desenvolvimento do ensino cruzam neste panorama, uns mais estreitamente
da sociologia da educação, bem como das diversas ¿OLDGRV j VRFLRORJLD RXWURV PDUFDGRV VREUHWXGR
formas de intervenção socioeducativa. pelas abordagens inscritas nas ciências da educação.
No tocante à investigação, é notória, numa Embora se constate um deslocamento da escala de
primeira fase de emergência da sociologia da edu- observação para o nível mega, focada na análise das
cação, o interesse pelas abordagens macroana- políticas educativas de âmbito global e nos temas da
líticas, focadas essencialmente nas dinâmicas de globalização, mundialização, europeização, e no papel
funcionamento do sistema educativo, na década das organizações internacionais, simultaneamente,
de 1970, e, de forma mais acentuada, nas políticas LQWHQVL¿FDVHRLQWHUHVVHSHODVDERUGDJHQVPDFURH
educativas, na década de 1980. Impulsionada pela meso, agora voltadas para as questões da avaliação
UHYROXomR GHPRFUiWLFD D D¿UPDomR GD VRFLRORJLD educacional e para as esferas do ensino superior.
em Portugal encontra um contexto propício à sua Nas últimas décadas deste século assistiu-se a
expansão: a criação das Universidades Novas e das XPDVLJQL¿FDWLYDGLYHUVL¿FDomRWHPiWLFDIRPHQWDGD
Escolas Superiores de Educação, a par do desen- não só pelo aumento de pesquisas desenvolvidas
volvimento do modelo integrado de formação de no âmbito académico como pelo alargamento dos
professores, que contemplava nos planos curricu- objetos de estudo para fora da instituição escolar. O
lares a área da sociologia da educação, embora sob incremento de políticas de educação de adultos, o
diferentes designações, tal como sublinha Licínio aumento da escolaridade obrigatória para 12 anos, a
Lima: “A própria expressão sociologia da educação implementação da escola a tempo inteiro, a aposta
é uma expressão relativamente rara. [...] Não é nos programas TEIP e a transferência de competên-
uma expressão que surja com frequência” (E1). FLDVSDUDRSRGHUORFDOFRQ¿JXUDPDSHQDVDOJXPDV
No plano político-administrativo, a implementação medidas políticas que condicionaram as incidências
progressiva da “gestão democrática” nas escolas e investigativas. O facto de alguns destes programas
o processo de Reforma Global do Sistema Educa- terem estimulado um acréscimo de projetos de
tivo, espoletado com a publicação da Lei de Bases investigação, ora por encomenda, ora enquadradas
do Sistema Educativo (Lei n.º 46/86), constituíram HP¿QDQFLDPHQWRVS~EOLFRVHRXSULYDGRV QDFLRQDLV
PDUFRV LPSRUWDQWHV QD GH¿QLomR GDV SULRULGDGHV e internacionais), contribuiu para a ampliação dos
investigativas. Por exemplo, os primeiros trabalhos enfoques e para a própria visibilidade social desta
sociológicos produzidos neste período incidiram área de conhecimento. Como bem observa Maria
VREUH SUREOHPiWLFDV TXH UHÀHWLDP DV SUHRFXSD- 0DQXHO9LHLUD ( DSDUGDFRQWUDomRYHUL¿FDGD
ções dominantes da formação de professores, tais nos cursos de formação de professores, que veem
FRPRRVLQGLFDOLVPRHRSUR¿VVLRQDOLVPRGRFHQWHD a componente sociológica reduzida nos seus planos
interação nos contextos pedagógicos, o (in)sucesso de estudo (Afonso, E8; Lima, E1), as abordagens
e o currículo escolares, a escola de massas. Já na sociológicas da educação ganham outro vigor no
década de 1980, o interesse volta-se para o papel contexto da formação avançada
do Estado e das políticas educativas, lançando as
bases de uma abordagem focada na “sociologia das para onde se tem deslocado a “especialização
políticas educativas” (Afonso, 2009, p. 67), que nas disciplinar” (em teses de mestrado, doutora-
décadas seguintes se fortaleceu ao alargar o seu mento ou projetos de pós-doutoramento),
horizonte aos contextos internacionais. quer do desenvolvimento de pesquisa cien-

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Wt¿FD HPYROXPHGHSURMHWRVVXEPHWLGRVD de resistência a uma certa propensão para


¿QDQFLDPHQWRQDFLRQDORXLQWHUQDFLRQDOHP R³IHFKDPHQWRHP¿OLDo}HVUtJLGDV´UHJLGDV
número de publicações e comunicações em pela mesma “bitola analítica” (Dionísio, E3).
HYHQWRVFLHQWt¿FRV TXHUDLQGDGDUHDOL]DomR Considerado um obstáculo epistemológico
de pesquisa por encomenda. (Vieira, E7) FHQWUDO HVWH ³HQTXLVWDPHQWR DV¿[LDQWH
numa dada especialização comporta o
Este movimento evolutivo mais amplo teve risco de automatismos teóricos e analíticos
HIHLWRV QD SUySULD GLYHUVL¿FDomR GDV HVFDODV GH se instalarem” (Vieira, E7), com efeitos
análise, agora mais focadas nos planos mega-macro, nefastos no processo de construção do
com especial destaque para a regulação das polí- conhecimento. O diálogo interdisciplinar
ticas públicas (supra)nacionais e para as análises constitui uma via profícua à descoberta
comparadas, e nos planos meso-micro, privilegiando de novos olhares sobre os problemas, as
o estudo das dinâmicas organizacionais da escola GLQkPLFDV H RV GHVD¿RV HGXFDWLYRV GDV
(autonomia, agrupamentos, lideranças, sucesso e sociedades contemporâneas;
abandono, …), bem como outros lugares e agentes ii) A abertura a outras matrizes disciplinares
educativos (universidades de terceira idade, empre- poderá ter um efeito profícuo na reatua-
sas, associações, centros de explicações…). lização e rejuvenescimento dos objetos
Olhando em perspetiva a evolução da socio- da sociologia da educação, ao alargar os
logia da educação em Portugal, é de sublinhar a horizontes teóricos e metodológicos e ao
importância que a sua “dupla condição periférica e propiciar a emergência de “outros proces-
iniciática” (Vieira, E7) exerceu sobre a amplitude e sos, contextos, tempos e espaços onde
pluralidade de ângulos de abordagem. As sinergias ocorrem formas de educação e formação
internacionais desde cedo propiciadas pelo contacto suscetíveis de se constituírem como objeto
FRP WUDEDOKRV FLHQWt¿FRV H DXWRUHV SURYHQLHQWHV de estudo sociológico” (Afonso, E8). Por
de várias latitudes potenciou, certamente, alguma exemplo, Afonso e Caria sublinham a
versatilidade e abertura teórica e metodológica do importância de pensar o não-escolar para
campo. Não obstante este pano de fundo, algumas além dos horizontes escolares, por via
regularidades e limitações investigativas mereceram de uma “análise situacional e contextual”
um relativo consenso entre os investigadores entre- (Caria, E4). No mesmo sentido, Seabra
vistados. Destacamos aqui apenas dois tópicos: i) as ( GHVWDFDFRPRGHVD¿RVGHFRUUHQWHVGD
desigualdades sociais têm permanecido um objeto crescente desescolarização da sociologia da
dominante de investigação, uma marca distintiva educação, o estudo dos “processos educa-
deste campo, embora com variantes teóricas e meto- tivos em seio familiar, das aprendizagens
dológicas ao longo da linha temporal, elas próprias proporcionadas pelas NTIC ou pela arte, da
sobredeterminadas pela agenda política: o estudo da educação dos contextos de trabalho, nos
igualdade, da exclusão e da democraticidade, num tempos livres e lúdicos”, tópicos igualmente
primeiro momento; mais recentemente, as questões aludidos por Dionísio (E3), quando releva
do género, da equidade, da multiculturalidade, da a necessidade de entrelaçar os fenómenos
justiça; ii) por outro lado, a notória prevalência de educativos com as esferas da família, do
uma sociologia da escola (Silva, E5) e dos proces- trabalho e dos ciclos de vida. Por outro lado,
sos de educação formal (Afonso, E8), bem como DFRPSOH[L¿FDomRSROtWLFDHRUJDQL]DFLRQDO
das metodologias de natureza fundamentalmente das escolas, resultante da constituição dos
qualitativa. agrupamentos e de uma maior intervenção
A panorâmica condensada nestas breves linhas GRVPXQLFtSLRVYHPODQoDUGHVD¿RVjFRP-
pretende tão-somente situar algumas invariantes preensão sociológica da instituição escolar
LQYHVWLJDWLYDV TXH DX[LOLHP H LQVSLUHP D UHÀH[mR inserida em dinâmicas territoriais diversas
VREUH RV GHVD¿RV TXH KRMH VH FRORFDP D HVWH que reclamam um olhar radial, porventura
FDPSRFLHQWt¿FR'HVWDFDUHPRVQHVWHWH[WRDOJXQV fora dos cânones teóricos e metodológicos
reptos fundamentais que, apesar da sua estreita convencionais.
interligação, serão enunciados a partir de quatro iii) O alargamento dos objetos de pesquisa
registos: epistemológico, teórico, metodológico e exige a mobilização de diversas escalas
político-institucional: de análise que, por sua vez, reclamarão
i) Numa altura em que a sociologia da educa- “dispositivos metodológicos mais criati-
ção conquistou uma solidez teórica notável vos” (Dionísio, E3; Vieira, E7), que deem
HQTXDQWRVXEGLVFLSOLQDFLHQWt¿FDDSUiWLFD conta da pluralidade e complexidade dos
efetiva da interdisciplinaridade é conside- processos educativos na escola e para além
rada pela maioria dos entrevistados como dela. O recurso a ferramentas qualitativas
o principal horizonte de futuro, uma forma suscetíveis de captarem em profundidade

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A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL 65

a ação e a construção quotidiana da ordem discussão, que não é nem nova nem ultrapassada,
escolar (Resende, E10), mas igualmente pode conduzir-nos a uma miríade de frentes: as
a exploração de novas articulações entre condições de produção, disseminação e apropriação
HVFDODV GH REVHUYDomR D¿JXUDVH XPD do conhecimento, os modos singulares de o
estratégia heuristicamente pertinente. O sociólogo se envolver, os sentidos da utilidade quer
aprofundamento das mesoabordagens, internamente ao campo (objetos que se engrandecem
por exemplo, poderá abrir novos rumos de HGHVTXDOL¿FDPQRVWULOKRVGDVDJHQGDVFLHQWt¿FDV
pesquisa, uma vez que exige um olhar a políticas e mediáticas) quer externamente (enquanto
partir de dentro (organização, contexto), SUR¿VVLRQDLVGRVRFLDOQRVSHUFXUVRVGHD¿UPDomR
mas simultaneamente capaz de buscar do seu ofício)... Discutir a intervenção implica,
articulações entre as dimensões macros- pois, um movimento de sentido duplo sobre o que
sistémicas e as micro-unidades de análise. VLJQL¿FDID]HUVRFLRORJLDGDHGXFDomRSRUXPODGR
A própria complexidade da vida escolar e intervir no mundo educativo, por outro.
(em termos de novos públicos, estrutura Este debate não é exclusivo de uma sociologia
organizacional, tempo e intensidade de da educação portuguesa que está entrando na idade
permanência) exige um olhar que vá além adulta. Lá fora, ele é igualmente premente e estende-
do “ângulo instrumental de aquisição de -se a outros campos disciplinares. Bernard Lahire,
conhecimentos para a preparação de um por exemplo, dirigiu um trabalho (justamente no
IXWXURSUR¿VVLRQDORXFtYLFR´ 5HVHQGH(  DQRGDPRUWHGH3LHUUH%RXUGLHX HPTXHGHVD¿DYD
e da mera lógica aplicativa de instrumentos alguns reputados sociólogos franceses da atualidade
estandardizados. a responder à questão provocadora: “para que serve
iv) Do ponto de vista político-institucional, a sociologia?” (Lahire, 2002). Onze anos volvidos,
RV GHVD¿RV SRGHP VHU FRORFDGRV D GRLV François Dubet desenvolve um exercício similar mas
níveis: por um lado, a criatividade teórica deslocando o foco da utilidade da sociologia para a
e metodológica advinda dos olhares inter- utilidade do sociólogo: “para que serve verdadeira-
disciplinares exigirá uma cultura institucio- PHQWHXPVRFLyORJR"´ 'XEHW 1HVVDUHÀH[mR
nal e académica alicerçada na “liberdade 'XEHWRSWDSRUXPHVWLORQDUUDWLYRDXWRELRJUi¿FR
FLHQWt¿FDDEHUWDjGHVFREHUWDVXEPHWLGD com base na ideia de que uma sociologia útil deve
à crítica dos pares, mas desvinculada ser uma sociologia encarnada: uma “sociologia em
GH ¿GHOLGDGHV SDUDGLJPiWLFDV LPSRVWDV´ carne viva”, que “existe para os cidadãos” (Amândio,
(Vieira, E7); por outro lado, num contexto Abrantes e Lopes, 2016), uma sociologia pública
fortemente marcado pela mercadorização (Burawoy, 2005).
da ciência e da técnica e pela subordina- Situando em Pierre Bourdieu (contribuir para
ção a “critérios de utilidade mercantil ou a denúncia crítica dos mecanismos de dominação),
a lógicas de rentabilidade pragmática”, a em Raymond Boudon (contribuir para aumentar a
FRPXQLGDGH FLHQWt¿FD GHYHUi LQYHVWLU QD racionalidade social e individual) e em Alain Touraine
alteração das “conceções dominantes de (contribuir para elevar o nível de consciência e de
utilidade e de relevância” (Afonso, E8), engajamento dos atores nos movimentos sociais) as
EHP FRPR QD GH¿QLomR FODUD GH ³OLPLWHV três vias da tradição francesa recente no que toca
GHUD]RDELOLGDGHFLHQWt¿FD´ 9LHLUD( QD aos modos úteis de o sociólogo intervir na realidade
aceitação e desenvolvimento de pesquisas. social, Dubet, não obstante a sua herança tourainiana
Por exemplo, a pressão para a produtividade TXHQmRUHQHJD HQDOWHFHRGHVD¿RGRSOXUDOLVPR
tem impedido o desenvolvimento de pesqui- que, partindo das sociologias disponíveis, seja capaz
sas eminentemente qualitativas e de cariz de evitar as aporias quer do entendimento da vida
HWQRJUi¿FRIUHTXHQWHPHQWHLQFRPSDWtYHLV social como uma dominação total quer dissolvendo a
com a dimensão temporal exigida (Caria, vida social numa microssociologia (Dubet, 2011, p.
E4; Gomes, E6). 151). O sociólogo seria assim pluralmente útil: seja
quando é crítico, quando mostra que a sociedade
+RUL]RQWHVGHLQWHUYHQomRGRVVRFLyORJRV não é o que crê ser, quando aconselha, ou quando
GDHGXFDomR “apenas” produz ciência “pura”. Essa utilidade plural
HQIUDTXHFHULD GH FHUWR PRGR R GXHOR LQÀDPDGR
Os horizontes de atuação de um sociólogo da entre os partidários de uma “sociologia social” e
educação não se esgotam nas duas camadas de os partidários de uma “sociologia experimental”
que acabámos de dar conta: ensino e investigação. – para usar as designações adotadas por Lahire
Mas como equacionar o debate em torno da ideia (2002, p. 43).
– por vezes nebulosa, porosa e controversa – de Contudo, ao longo do livro, não deixa de ser
intervenção? Se “intervir” e “intervencionar” não são explícita a primazia dada por Dubet a uma sociolo-
apenas uma questão de morfologia gramatical, a JLDTXHSHUPDQHoD¿HOPHQWHOLJDGDDRVSUREOHPDV

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66 Bruno Dionísio, Leonor Lima Torres e Mariana Gaio Alves

VRFLDLV$FRPSDQKDR5REHUW&DVWHOTXHVHD¿UPD posicionamento “partidário” do sociólogo ao referir


“contra a situação de extraterritorialidade total do não ver “mal algum em que haja intervenções mili-
sociólogo face à demanda social” (Castel, 2002, p. tantes desde que o autor do trabalho torne explícito
76). Para o autor de $V0HWDPRUIRVHVGD4XHVWmR o tipo de implicação política e militante que tem
Social, o rigor sociológico não é incompatível com um perante o tipo de análise que está a realizar”. Já em
engajamento militante do sociólogo nas respostas Maria Manuel Vieira (E7), o “comprometimento com
TXHRVRFLDOOKHGHPDQGD3HORFRQWUiULRD¿UPD a sociedade (e com o poder político) será, pois, pro-
duzir, disponibilizar, divulgar produtos-conhecimento
estou perfeitamente consciente de ocupar que contribuam para a ação informada”.
uma posição “partidária” e de me inscrever Se as ciências sociais “provam a sua utilidade
no quadro de uma luta ideológica… Mas o social quando intervêm com um ponto de vista
IDFWRGHSHUWHQFHUDXPFDPSRD¿QDDEXVFD próprio (assegurando) a sua autonomia relativa
pelo rigor, rigor por um dispositivo tão preciso face a outros campos simbólicos” (Caria, E4), a
quanto possível sobre a situação atual. (Castel, SHUFHomRVREUHDVXDHIHWLYDLQÀXrQFLDHDVDSUR-
2002, p. 76) priações sociais e políticas do conhecimento que se
produz geram sentimentos compósitos e algumas
Essa é, pois, a postura que a “sociologia social” apreensões:
SHU¿OKD DR FRQVLGHUDU TXH ³JUDoDV DRV JUDYHV
problemas sociais… seria imoral e abusivamente do ponto de vista da divulgação e aceitação da
luxuoso ocupar-se de objetos socialmente menores perspetiva sociológica na análise e na tomada
e desprovidos de luta ideológica” (Lahire, 2002, de decisão sobre os problemas educacionais,
p. 50), numa clara contestação a uma sociologia tenho algumas dúvidas. Talvez seja neces-
experimental pura, não comprometida com o sofri- ViULRUHDOL]DUXPDSHVTXLVDHVSHFt¿FDVREUH
mento e a miséria do mundo. D LQÀXrQFLD VRFLDO GD VRFLRORJLD HP JHUDO
Entre nós, a questão da utilidade da sociologia e e da sociologia da educação em particular.
das singularidades do ofício de sociólogo da educação (Gomes, E6)
estão bem presentes no discurso dos entrevistados.
Licínio Lima (E1), por exemplo, enfatiza que “uma Estas reservas – “lutar para não a deixar desa-
sociologia neutra, despolitizada, descomprometida parecer” (Gomes, E6) – são, de certo modo, miti-
ou totalmente descomprometida, é uma impossibi- gadas por outras perceções, talvez mais otimistas,
lidade”. Carlos Alberto Gomes (E6) acrescenta esse que destacam o reconhecimento e a apropriação
raciocínio ao considerar que dos resultados da sociologia da educação por parte
dos contextos escolares (Silva, E5), a “demonstra-
sociologia da educação foi sempre e sempre ção da mais-valia tanto no equacionamento como
será uma sociologia política da educação, na resolução ou atenuação dos problemas sociais
porque a análise sociológica sempre teve e sentidos nos contextos reais” (Seabra, E9), os usos
sempre terá implicações sociais e sobretudo H HIHLWRV VRFLDLV H SROtWLFRV GDV UHÀH[}HV VRFLROy-
políticas. É genético, é o seu ADN, é a sua gicas nas políticas educativas (Resende, E10). De
doença infantil, como diria Lenine. facto, como nota Pedro Abrantes, “os sociólogos
estiveram profundamente associados a transforma-
Adicionalmente, Almerindo Janela Afonso (E8) ções de fundo. Não apenas tivemos três sociólogos
complementa essa ideia ao referir-se à aporia da como ministros da Educação, mas também muitos
neutralidade, considerando que a sociologia só é sociólogos estiveram envolvidos, a vários níveis,
socialmente útil na exata medida em que ela seja em programas educativos muito marcantes nas
uma sociologia pública: últimas décadas, em Portugal”, apesar de continuar
a não ser invulgar o sentimento de que o discurso e
parece-me que os sociólogos da educação (e os prática sociológicos ora não são compreendidos ora
sociólogos em geral) se têm, com frequência, raramente transpostos para os discursos e práticas
esquecido de responder à pergunta de Howard das instituições (Abrantes, 2017).
Becker – “de que lado estamos?”. E isso sugere Há, porém, um trabalho interno ao próprio
que a crença numa suposta neutralidade cien- FDPSR GLVFLSOLQDU H SUR¿VVLRQDO GRV VRFLyORJRV GD
Wt¿FDDLQGDQmRIRLFRPSOHWDPHQWHSRVWDGH educação no sentido de confecionar a utilidade, seja
parte. Além disso, sem uma sociologia pública SHOD³LQWHQVL¿FDomRGRVODoRVHQWUHDXQLYHUVLGDGHH
(tradicional ou orgânica) perde-se uma boa as instituições, associações, escolas [...] no sentido de
parte da utilidade e da relevância da sociologia. comunicar mais e melhor com as escolas, pois é com
elas que a mudança pode ser efetiva” (Seabra, E9),
Por sua vez, José Resende (E10), a este título, seja através de um “maior investimento das equipas
frisa o imperativo ético e moral de explicitação do e instituições em desenhar políticas de divulgação

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e de comunicação que possam chegar próximo das A escola tem uma relação cronicamente
DXGLrQFLDVJHUDLVRXPDLVHVSHFt¿FDV´ 6LOYD(  ambivalente, quiçá bipolar, com a sociologia. O
A luta pelo reconhecimento público e pela contrário também não será menos verdadeiro.
D¿UPDomRSUR¿VVLRQDOQmRpH[FOXVLYDGRVRFLyORJR Desocultar a “caixa negra” inquieta; desconstruir
da educação. Se, como bem sinaliza Sérgio Grácio abala rotinas; dessacralizar rui os alicerces do
(E2), “os principais concorrentes no espaço escolar santuário escolar. Como observa Teresa Seabra
são os psicólogos e os assistentes sociais [...] reti- (E9), “o tópico da igualdade de oportunidades é,
rando espaço à intervenção dos sociólogos”, quer em muitos contextos, perturbador e incómodo”. O
RVSVLFyORJRVTXHUJOREDOPHQWHRV³SUR¿VVLRQDLVGR compromisso histórico da sociologia da educação
social” (Vieira e Dionísio, 2012) estão sujeitos às com as grandes bandeiras políticas da modernidade
GL¿FXOGDGHVGHD¿UPDomRGDVLQJXODULGDGHGRVVHXV educativa é evidente. Das promessas que essas
ofícios e aos percursos ziguezagueantes de reconhe- bandeiras ergueram, umas cumpriram-se, outras
cimento da sua utilidade dentro de um “santuário metamorfosearam-se, enfraquecendo os termos
escolar” que frequentemente os captura ou testa em que a crítica sociológica se sustentava desde
os seus limites éticos e deontológicos. os anos 1960. Isso acentua a necessidade de
Mas os tempos que correm parecem dar recomposição da crítica e de se “repensar os ideais
alguns indícios de que esta escola (já) não é para da justiça educativa” (Derouet, 2005) à medida
sociólogos. Como diagnostica Abrantes (2017), que a “preferência pelas desigualdades” (Dubet,
os problemas educativos parecem sofrer de “uma 2014) obriga a refundar os laços de solidariedade
economização no topo e de uma psicologização na no mundo educativo.
base, em ambos os casos atomizando os atores e Se, hoje, a “sociologia dos grandes indi-
negligenciando o peso das estruturas e das dinâmicas cadores” é útil para compreender, numa perspe-
sociais, a importância das interações, das culturas, tiva comparada, as grandes dinâmicas educa-
das desigualdades”. Ora, por um lado, essa “psicolo- WLYDVQXPXQLYHUVRJOREDOL]DGRHODQmRpVX¿FLHQWH
gização na base” pode agudizar a patologização dos SDUD GDU FRQWD QXPD SHUVSHWLYD HWQRJUi¿FD
fenómenos educativos através de uma intervenção das “artes de fazer o comum” (Resende, E10)
hipersingularizada, geradora de condições inóspitas numa escola singularizada. Como remata João
ao trabalho para o sociólogo da educação que resiste Sebastião,
à conversão do seu ofício num laboratório clínico.
Por outro lado, a “economização no topo” interfere a sociologia da educação só se continuará a
QDVSUySULDVFRQGLo}HVGHH[HUFtFLRSUR¿VVLRQDOHQD desenvolver se conseguir manter o seu foco
luta pela credibilidade da sociologia que será tanto nos processos sociais complexos que hoje se
maior quanto mais for capaz de “impor limites de desenvolvem nas escolas portuguesas e [se]
UD]RDELOLGDGH FLHQWt¿FD HP WHUPRV GH SUD]RV GH compreender como estes estabelecem liga-
realização, de desenhos metodológicos, de liberdade ções com os processos sociais mais amplos.
para expressão de resultados” (Vieira, E7). A dupla Em particular há uma efetiva necessidade de
LQMXQomRjH¿FiFLD ³FOtQLFD´H³HFRQyPLFD´ QXP “regressar” às escolas, à compreensão dos
mundo governado pela urgência no tratamento dos SURFHVVRVHGXFDWLYRVHGRVGHVD¿RVTXHKRMH
problemas, parece, pois, não ser compatível com se lhes colocam, assim como renovar a capa-
um “exame calmo dos factos de sociedade” (Quéré, cidade de intervenção dos sociólogos nesses
2002, p. 79). processos. (Sebastião, 2017, p. 8)
Porém, esta atmosfera mais ou menos adversa
não curto-circuita a possibilidade de se descortinarem $¿UPDUDLQWHUYHQomRGRVRFLyORJRGDHGXFDomR
outros horizontes para a intervenção. Grácio (E2) no quadro de uma escola singularizada, à escala
considera que uma auscultação mais precisa sobre a individual, só é uma heresia se não se olhar para o
atividade dos sociólogos na escola, alargada a outros singularismo como uma “forma inédita de consciência
campos de exercício como as autarquias e institui- social de si próprio” e, por isso mesmo, uma “fábrica
ções centrais ou locais de educação e formação, formidável de exigência igualitária” (Martuccelli,
ajudaria a mapear “possibilidades de intervenção 2008). Longe dos dourados anos 1960/70, outros
QmRH[SORUDGDVRXLQVX¿FLHQWHPHQWHH[SORUDGDV´$ horizontes da intervenção se vislumbram. Parafra-
“monitorização permanente do sistema de ensino e a seando Dubet (2011, p. 100), se já não é possível
avaliação da implementação de políticas educativas” GH¿QLU R TXH p D ERD HVFROD GHYHPRV HVIRUoDU-
(Vieira, E7) continuam a ser um campo fértil de -nos por pensar o que será uma escola boa para
possibilidades, além da exploração de novas frentes, as pessoas. Nessa perspetiva, não só esta ainda é
FRPRD¿JXUDGR³VRFLyORJRPHGLDGRU´ 5HVHQGH uma escola para sociólogos como, porventura, a
E10), por exemplo, no quadro da reorganização dos sua intervenção nunca foi tão útil.
territórios escolares, como é o caso dos designados
mega-agrupamentos.

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68 Bruno Dionísio, Leonor Lima Torres e Mariana Gaio Alves

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Recebido a 02/10/2017. Aceite para publicação a 20/11/2017.

Bruno Dionísio (bmdionisio@gmail.com). Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA), Faculdade de


Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa. Avenida de Berna, 26 – C, 1069-061 Lisboa, Portugal.
Leonor Lima Torres (leonort@ie.uminho.pt). Centro de Investigação em Educação (CIEd), Instituto de Educação,
Universidade do Minho. Campus de Gualtar, 4710-057 Braga, Portugal.
Mariana Gaio Alves (mga@fct.unl.pt). Unidade de Investigação, Educação e Desenvolvimento, Faculdade de
Ciências e Tecnologia, Universidade NOVA de Lisboa. Campus de Caparica, 2829-516 Caparica, Portugal.

Sociológico
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N.º 32 (II Série, 2018)


pp. 59-69

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