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Este trabalho tem como objetivo conceituar os diversos tipos de críticas expostas na aula

(fonte, redação, forma e narrativa), destacando os seus pontos negativos e positivos (se
houverem). Estes tipos de críticas são, em essência, métodos científicos de interpretação dos
textos da Escritura. A crítica literária formalmente se constitui do primeiro passo metodológico
no caminho para a busca da origem de um texto.

A crítica das fontes é o estudo das fontes originais que formam a estrutura dos textos bíblicos.
A crítica de fontes busca investigar como os vários livros da Bíblia surgiram por meio do uso de
fontes diferentes. O objetivo da crítica das fontes é investigar a formação dos textos que
compõem um documento. No século XVIII, o padre francês Richard Simmons e depois o
médico francês Jean Astruc foram os primeiros a contestarem a autoria de Moisés do
Pentateuco. As principais observações de Astruc foram três: a repetição de determinadas
passagens, a alternância do nome de Deus e anacronismos nos cinco livros. A hipótese era de
que alguns escribas hebreus compilaram vários fragmentos de fontes diversas num único
documento e o atribuíram ao grande líder hebreu Moisés. Exemplos de crítica de fontes são a
hipótese de Wellhausen, que busca as origens do Pentateuco no Antigo Testamento; e a
hipótese das duas fontes que rastreia a origem dos quatro evangelhos do Novo Testamento.
Este método jamais concluiu ou resolveu as questões a respeito de suas hipóteses, deixando
muitas lacunas e levantando mais problemas de exegese. No entanto, as vantagens deste
método podem ser identificadas no esforço positivo que outros autores conseguiram dirimir
quanto aos problemas levantados, por exemplo, uma leitura mais atenta dos textos, mas sem
comprometer a integridade e unidade da mensagem e a ligação com a tradição judaica e
cristã.

A crítica da redação é o estudo da unidade da composição e de como os autores estavam


empenhados em buscar tal unidade. A crítica da redação, portanto, se concentra em descobrir
como e por que as unidades literárias foram originalmente editadas em suas formas finais.
KÖSTENBERGER (2015) declara que crítica da redação pode ser uma ferramenta muito útil
na exegese. No entanto, em lugar de iluminar o texto, existe o perigo de se importar
elementos de outras narrações da história do Evangelho. Assim, aconteceria uma tentativa de
pregara reconstrução da história, não o texto em si. Logo, substancialmente se estaria criando
um relato próprio do evangelho.

A crítica da forma é o estudo de como a comunidade cristã primitiva se esforçou em unir várias
tradições orais e atribuí-las a Jesus. A premissa principal dos estudiosos da crítica da forma é a
de que os autores do evangelho adicionaram ao “Jesus Histórico” tantas invenções de sua
mensagem teológica, curas, contextos muitas vezes contraditórios e diferentes que já não se
sabe realmente quem foi Jesus e qual foi a sua mensagem. Dessa premissa decorre a “busca
pelo Jesus Histórico”. O objetivo da crítica formal é encontrar o Evangelho dentro dos
Evangelhos. Segundo os seus proponentes, os quatro Evangelhos que existem servem apenas
como objeto de estudo para busca do verdadeiro Evangelho, que teria sido anterior aos quatro
Evangelhos canônicos e diferente deles, pressupondo como ponto de partida a idéia de que a
igreja primitiva compilou, editou e organizou os livros canônicos de forma inventada, de
acordo com seus próprios propósitos teológicos. O resultado da proposta da crítica formal é a
completa materialização da realidade dos evangelhos, não havendo espaço para o milagre e o
metafísico. Dessa forma, não se considera que haja alguma contribuição positiva dessa
metodologia. A crítica formal não busca escritos anteriores aos textos bíblicos, mas tradições
orais anteriores. Dessa forma, as fontes que supostamente passaram a compor a Bíblia foram
transmitidas por meio de diferentes formas orais, que auxiliam no acesso ao sitz im leben, ou o
ambiente vivencial.

A crítica narrativa é um esforço de se compreender um texto bíblico como parte de uma


história conectada com um propósito coerente. Busca entender como o escritor organizou a
narrativa para obter uma determinada resposta do público original. Este método explica por
que certas idéias, palavras ou eventos são apresentados como são e qual é o seu significado
pretendido. Aqui a idéia da crítica tem um sentido de exame, não de desaprovação. A crítica
narrativa assume que o escritor do texto tinha um significado específico em mente. Portanto,
para compreender com precisão qualquer parte ou parte desse texto, é preciso manter a
narrativa em mente. Como exemplo, toma-se as parábolas que são histórias narradas e que
devem ser compreendidas a partir de uma idéia, ou um ponto principal que autor quer deixar
claro. Na crítica narrativa este método é extrapolado para toda a Escritura. O crítico narrativo
examina o texto para discernir seu tipo (ficção ou não ficção, prosa ou poesia), gênero
(história, lenda, mito, etc.), estrutura (incluindo enredo, tema, ironia, etc.), caracterização, e
perspectiva narrativa.

Gedyson de Oliveira Lima


KÖSTENBERGER, Andreas; PATTERSON, Richard. Convite à Interpretação Bíblica: A Tríade
Hermenêutica; História, Literatura e Teologia. São Paulo: Vida Nova, 2015.

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