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1 ano / 2020\2021/ Licenciatura em Ciências da comunicação

Design, Estética e Visualidade


Exercício de Reflexão: Texto 1
A modernidade urbana é cada vez mais marcada pelo ecrã e pelos média visuais. As
sociedades contemporâneas vivem constantemente conectadas com a tecnologia
visual, quer pela procura e transmissão de informação como pela necessidade de
lazer. Assim sendo, proponho-me a refletir e a analisar o impacto da imagem na pós-
modernidade.
Mirsoeff, na obra “Introduction to Visual Culture”, começa por evidenciar a constante
necessidade de visualização da sociedade e, além disso, constata as implicações
dessa mesma influência. As câmaras de vigilância são um grande exemplo disso.
Foram criadas para garantir a segurança da sociedade. Captam a nossa imagem,
onde estamos e o que fazemos a toda a hora. No entanto, esta segurança ou
sensação de controlo sobre o que acontece é ilusória, já que as câmaras não
permitem prever ou evitar qualquer crime que aconteça. Podem até ser vistas como
uma ameaça à privacidade pessoal, uma vez que captam muita informação sobre
cada indivíduo e, se esta informação for parar às mãos erradas, pode causar graves
consequências na vida das pessoas em questão.
Por outro lado, o que não é filmado ou fotografado não existe e, por isso mesmo é que
cada vez mais as próprias pessoas gravam e registam visualmente o que estão a
fazer, onde estão e com quem. Seja em concertos, em situações catastróficas, em
paisagens naturais ou num simples e agradável pequeno-almoço, há a necessidade
de gravar, em vez de aproveitar o momento, para poder publicar no Instagram ou
noutra rede social, provando que estivemos lá, fizemos aquilo ou que tal coisa
aconteceu. Assim, como Miszoeff afirmou, “ver não é apenas uma parte do nosso
quotidiano, é a própria vida quotidiana”.
Desde logo, Mirzoeff salienta o poder da imagem sobre a sociedade. As imagens
fazem-nos encarar a realidade, senti-la e influenciam os nossos modos de ver. De tal
modo, um dos grandes problemas desta influência é a facilidade na distorção da
realidade. Já que, com o desenvolvimento da tecnologia, qualquer imagem ou vídeo
pode ser manipulado. Para além disto, Mirzoeff também refere a Automatização Visual
no contexto da Guerra do Golfo. Os americanos criaram armas inteligentes que
permitiam “ver” ou seus alvos. Via-se a guerra em direto na televisão e dava a
entender que os soldados dos EUA disparavam e matavam apenas o inimigo,
protegendo os civis. No entanto, veio-se a perceber que estas armas não eram mais
precisas do que as que não “viam”, quando se tratava de atingir alvos. Eram
exatamente iguais, mas com câmaras. Assim sendo, Mirzoeff revela a importância de
desconstruir e analisar as imagens, sendo essencial adquirir um certo ceticismo e não
aceitar tudo o que vemos como verdade, uma vez que somos constantemente
bombardeados com manipulações visuais, tais como as fakes news.
É notável que, atualmente, a imagem tem vindo a assumir um papel mais relevante,
uma vez que a sociedade procura o imediatismo e a rapidez, optando por aquilo que é
mais fácil. Por isso, até aquilo que era normalmente representado verbalmente tem
vindo a ser transformado em imagem. Assim sendo, todo o ramo de publicidade
costuma utilizar apenas uma imagem apelativa sem muito texto, para despertar o
interesse e incentivar o consumo do público alvo, como é o caso das empresas de
tabaco que, agora, ao invés de utilizar as “famosas” frases que usavam, inovaram os
maços colocando-lhes imagens apelativas ao seu público alvo.
Concluindo, Mirzoeff realça a importância da análise e desconstrução da imagem, para
que o ser humano não seja facilmente enganado com as constantes manipulações dos
meios visuais e acabe, assim, por criar uma perspetiva errada sobre a realidade.

Texto 2
Berger, no seu livro, como o nome sugere, aborda os modos de ver de cada um, o que
os influencia e a importância da imagem. Irei, portanto, fazer uma breve reflexão sobre
a importância da imagem de acordo com a perspetiva de Berger.
Desde o inico da nossa existência que vemos antes de saber falar. O ato de ver é
insubstituível por quaisquer palavras, pois há coisas que vemos e não conseguimos
explicar. No entanto, ver não é apenas uma reação automática a certos estímulos, é
um ato voluntário. Só vemos aquilo para que olhamos, por outro lado, a nossa visão
está em constante movimento, o que significa que olhamos para muita coisa e
adquirimos muitos dados que, depois de selecionados, são transformados em
informação. Esta informação que vamos recolhendo ao longo de toda a vida,
juntamente com a nossa educação e história pessoal, faz de nós o que somos e define
o nosso modo de ver. Desta forma, toda a imagem é subjetiva porque depende do
modo de ver de cada pessoa. Por exemplo, o fogo, na religião cristã pode ser símbolo
de inferno e castigo ou de purificação, enquanto que na perspetiva histórica, não
passa de uma invenção útil para aquecer e iluminar. As fotografias, por sua vez, são
outro exemplo que demonstra perfeitamente a importância dos modos de ver. Cada
uma é única porque incorpora o modo de ver da pessoa que a tirou. Embora retratem
a realidade, que deve ser sempre retratada de forma objetiva e imparcial, têm sempre
a marca do autor, como o ângulo da fotografia. O mesmo acontece com a
interpretação do observador, que resulta, igualmente, das sua perspetivas, opiniões,
opções e até mesmo da sua personalidade.
As circunstâncias de cada indivíduo, nomeadamente a cultura, a religião, a
sexualidade, entre outros, determinam o seu modo de ver. Pois, há sempre algo em
nós que retrata a nossa maneira de ver o mundo e conhecê-lo. Estamos num mundo
enquanto seres que observam e aquilo que vemos condiciona aquilo que somos e
vice-versa, pois ver e conhecer estão relacionados. A arte constitui outro exemplo que
suporta a ideia de que diferentes fatores conduzem a perspetivas diferentes e modos
de ver, uma vez que a observação de uma obra de arte surge a partir das perceções
que o ser humano tem sobre o mundo e por isso, a perspetiva varia de indivíduo para
indivíduo. Sendo a arte, portanto, subjetiva.
Berger, quando fala da visão do mundo, afirma que “A vista não é uma reação física”,
“Somente vemos aquilo para que olhamos, ver é um ato voluntário”, ou seja, o nosso
olhar não é uma mera reação física dos símbolos/ estímulos, mas uma ação
voluntária, que implica a nossa intenção e escolha em criar significados. Por exemplo,
quando vemos um quadro, para além de reagirmos e apreciarmos, atribuímos
significado. Porém, há sempre a possibilidade de olharmos para mais do que um dado
objeto e escolhermos não o interpretar.
Em conclusão, a imagem resulta do modo de ver o mundo de cada indivíduo.

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