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Texto 2
Berger, no seu livro, como o nome sugere, aborda os modos de ver de cada um, o que
os influencia e a importância da imagem. Irei, portanto, fazer uma breve reflexão sobre
a importância da imagem de acordo com a perspetiva de Berger.
Desde o inico da nossa existência que vemos antes de saber falar. O ato de ver é
insubstituível por quaisquer palavras, pois há coisas que vemos e não conseguimos
explicar. No entanto, ver não é apenas uma reação automática a certos estímulos, é
um ato voluntário. Só vemos aquilo para que olhamos, por outro lado, a nossa visão
está em constante movimento, o que significa que olhamos para muita coisa e
adquirimos muitos dados que, depois de selecionados, são transformados em
informação. Esta informação que vamos recolhendo ao longo de toda a vida,
juntamente com a nossa educação e história pessoal, faz de nós o que somos e define
o nosso modo de ver. Desta forma, toda a imagem é subjetiva porque depende do
modo de ver de cada pessoa. Por exemplo, o fogo, na religião cristã pode ser símbolo
de inferno e castigo ou de purificação, enquanto que na perspetiva histórica, não
passa de uma invenção útil para aquecer e iluminar. As fotografias, por sua vez, são
outro exemplo que demonstra perfeitamente a importância dos modos de ver. Cada
uma é única porque incorpora o modo de ver da pessoa que a tirou. Embora retratem
a realidade, que deve ser sempre retratada de forma objetiva e imparcial, têm sempre
a marca do autor, como o ângulo da fotografia. O mesmo acontece com a
interpretação do observador, que resulta, igualmente, das sua perspetivas, opiniões,
opções e até mesmo da sua personalidade.
As circunstâncias de cada indivíduo, nomeadamente a cultura, a religião, a
sexualidade, entre outros, determinam o seu modo de ver. Pois, há sempre algo em
nós que retrata a nossa maneira de ver o mundo e conhecê-lo. Estamos num mundo
enquanto seres que observam e aquilo que vemos condiciona aquilo que somos e
vice-versa, pois ver e conhecer estão relacionados. A arte constitui outro exemplo que
suporta a ideia de que diferentes fatores conduzem a perspetivas diferentes e modos
de ver, uma vez que a observação de uma obra de arte surge a partir das perceções
que o ser humano tem sobre o mundo e por isso, a perspetiva varia de indivíduo para
indivíduo. Sendo a arte, portanto, subjetiva.
Berger, quando fala da visão do mundo, afirma que “A vista não é uma reação física”,
“Somente vemos aquilo para que olhamos, ver é um ato voluntário”, ou seja, o nosso
olhar não é uma mera reação física dos símbolos/ estímulos, mas uma ação
voluntária, que implica a nossa intenção e escolha em criar significados. Por exemplo,
quando vemos um quadro, para além de reagirmos e apreciarmos, atribuímos
significado. Porém, há sempre a possibilidade de olharmos para mais do que um dado
objeto e escolhermos não o interpretar.
Em conclusão, a imagem resulta do modo de ver o mundo de cada indivíduo.