Os processos que se desenvolvem abaixo da superfície da terra são
a infiltração, o fluxo sub-superficial e o fluxo subterrâneo. A infiltração é o fenômeno de penetração da água nas camadas do solo próximas à superfície do terreno. O fluxo sub-superficial é o que se produz como resultado do fluxo da água no meio não saturado através do solo. O fluxo subterrâneo é o que se produz como resultado do fluxo saturado através dos estratos do solo ou rocha. O fluxo sub-superficial e o subterrâneo, sob certas condições, podem sair para a superfície, transformando-se em escoamento. Os estratos de solo e rocha, que permitem a circulação do fluxo através de si, denominam-se de meio poroso. O fluxo é não saturado quando o meio poroso tem seus vazios ocupados por ar, e é saturado quando os vazios estão completamente ocupados por água. O nível freático é a superfície onde a água no meio poroso saturado se encontra a pressão atmosférica. Abaixo do nível freático, a água está a uma pressão maior que a atmosférica. Acima do nível freático, as forças capilares podem saturar o meio poroso em uma espessura não muito grande do solo, chamada de franja capilar. Acima desta camada, o meio poroso normalmente não está saturado, exceto imediatamente depois de uma chuva, quando se produz condição de saturação. A infiltração pode ser definida como o fenômeno de penetração da água nas camadas de solo próximas à superfície do terreno, movendo-se para baixo, através de vazios, sob a ação da gravidade, até atingir uma camada suporte que a retém, formando então a água do solo. É um fenômeno que depende da água disponível para infiltrar, da natureza do solo, do estado da superfície, da vegetação e das quantidades de água e ar, inicialmente presentes no seu interior. À medida que água infiltra pela superfície, as camadas superiores do solo vão se umedecendo de cima para baixo, alterando gradativamente o perfil de umidade. Enquanto há aporte de água, o perfil de umidade tende à saturação em toda a profundidade, sendo a superfície, naturalmente, o primeiro nível a saturar. Quando o aporte de água à superfície cessa, isto é, deixa de haver infiltração, a umidade no interior do solo se redistribui, evoluindo para um perfil de umidade inverso, com menor teor de umidade próximo à superfície e maior nas camadas mais profundas. Nem toda a umidade é drenada para as camadas mais profundas do solo, já que parte é transferida para a atmosfera por evapotranspiração. Podem ser distinguidas 4 zonas: Zona de saturação: próxima da superfície; Zona de transmissão: de fluxo saturado e conteúdo de umidade aproximadamente uniforme; Zona de umidade: a umidade decresce com a profundidade; Frente úmida: a mudança do conteúdo de umidade com a profundidade é tão grande que tem a aparência de uma descontinuidade aguda entre o solo molhado acima e o solo seco abaixo. A diferença entre infiltração e percolação é que a infiltração é o processo de passagem da água pela superfície do solo e a percolação é o avanço descendente da água na zona não saturada, ou seja, é o movimento da água no solo. Capacidade de infiltração e taxa de infiltração O conceito de capacidade de infiltração é aplicado no estudo da infiltração para diferenciar o potencial que o solo tem de absorver água pela sua superfície, em termos de lâmina de água por tempo, da taxa real de infiltração que acontece quando há disponibilidade de água para penetrar no solo. Normalmente representa-se a taxa de infiltração como f(mm/hora). A maior parte das equações de infiltração descrevem a taxa de infiltração potencial. Quando cessa a infiltração, parte da água no interior do solo propaga-se para camadas mais profundas no solo e parte é transferida para a atmosfera por evaporação direta ou por transpiração dos vegetais. Esse processo faz com que o solo vá recuperando sua capacidade de infiltração, tendendo a um limite superior à medida que as camadas superiores do solo vão se tornando mais secas. Se uma precipitação atinge o solo com uma intensidade menor que a capacidade de Infiltração, toda a água penetra no solo, provocando uma progressiva diminuição da própria capacidade de infiltração, já que o solo está se umedecendo. Quando a precipitação cessa a taxa de infiltração real anula-se rapidamente e a capacidade de infiltração volta a crescer, porque o solo continua a perder a umidade para as camadas mais profundas. A infiltração acumulada F é definida como o volume acumulado de água infiltrada, dentro de um período de tempo dado, e é igual a integral da taxa de infiltração nesse período. A taxa de infiltração por sua vez, é a derivada temporal da infiltração acumulada.
Medição da Infiltração
Os aparelhos utilizados para medir a infiltração são chamados de
infiltrômetros, e são basicamente de dois tipos: Infiltrômetro com aplicação de água por inundação e infiltrômetro com aplicação de água por aspersão ou simulador de chuva.
Propriedades Físicas do Solo
A infiltração da água no solo só é possível pelo fato do solo ser um
meio poroso que compreende uma matriz de solo composta por partículas sólidas granulares e vazios que podem ser preenchidos com água ou ar. O arranjo entre essas 3 fases resulta em diferentes propriedades físicas do solo como por exemplo a cor, a textura (ou granulometria), a estrutura do solo, a porosidade e a presença de nódulos e concreções. Cor
Escuras - indicam presença de matéria orgânica e estão
relacionadas com os horizontes mais superficiais. Vermelhas - indicam condições de boa drenagem e aeração do solo. Estão relacionadas com a presença de hematita (óxido de Fe). Amarelas - podem indicar condições de boa drenagem, mas com regime mais úmido. Estão relacionadas com a presença de goetita (óxido de Fe). Claras - indicam presença de minerais claros (caolinita e quartzo). Pode significar a perda de materiais corantes e solos altamente lixiviados. Acinzentadas - indicam condições de saturação do solo com água (redução do ferro). Mosqueadas - (manchas amarelas, vermelhas, pretas, em uma matriz ou fundo normalmente acinzentado) – lençol freático oscilante. Textura ou Granulometria A Granulometria refere-se à distribuição das partículas em termos de tamanho. O tamanho das partículas é que determina o número de partículas por unidade de volume ou de peso, a superfície e o tamanho dos poros. Estrutura do Solo Refere-se ao arranjo das partículas de areia, silte e argila no solo, formando ou não agregados. Tipos de estrutura: • Laminar • Blocos • Prismática ou colunar • Granular, ou • Ausência de estrutura • Grão simples (p.e. areia da praia) • Massiva (massa coesa e uniforme) Porosidade
Refere-se ao volume de solo ocupado pela água e pelo ar. Estão
incluídos todos os poros existentes: macro e microporosidade. Somente os macroporos são visíveis. Influencia diretamente no movimento da água no solo. Determina a capacidade de armazenamento de água no solo.
Nódulos e Concreções
Corpos cimentados de origem pedogenética (do próprio solo) que
podem ser removidos intactos do solo. Os nódulos distinguem-se de concreções pois estas apresentam organização interna. Devem ser identificados quanto à quantidade, tamanho, dureza, forma, cor e natureza do material (composição provável). Ex. Concreções ferromagnesianas; carbonáticas, nódulos gibsíticos, etc. Têm origem pedogenética e não devem ser confundidos com resíduos da decomposição da rocha.
Potencial de Água no Solo
Toda molécula de água no solo está sujeita a uma série de forças que determinarão o sentido e velocidade de deslocamento desta molécula dentro do solo. Potencial gravitacional - Depende principalmente da posição da partícula de água dentro do campo gravitacional, em relação a um referencial potencial de posição Potencial de pressão ou potencial mátrico (p ou m): Solo saturado pressão que a coluna de fluido exerce sobre um dado ponto Solo não saturado força de adesão da água nas partículas sólidas: potencial mátrico ou matricial Potencial osmótico - decorrente de diferenças na composição química da água do solo (sais minerais, substâncias orgânicas) (normalmente negligenciado).
Estado de Energia da Água no Solo
Solo saturado: a água pode fluir ou percolar pelos poros do solo - Água gravitacional. Solo seco: A água fica retida nas partículas sólidas por forças de adesão superficial - Água adsorvida. Solo não saturado: Situação mais comum - Água capilar.
Medição do Potencial de Água no Solo
Tensiômetro; Blocos Porosos; Câmara de Richards (Laboratório).