Você está na página 1de 54

UNIVERSIDADE GAMA FILHO

VICE-REITORIA ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
E ATIVIDADES COMPLEMENTARES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA E PERÍCIA AMBIENTAL

EDUARDO FREDERICO CABRAL DE OLIVEIRA

A PERÍCIA AMBIENTAL NA POLÍCIA MILITAR

Rio de Janeiro / RJ
2008
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
VICE-REITORIA ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
E ATIVIDADES COMPLEMENTARES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA E PERÍCIA AMBIENTAL

EDUARDO FREDERICO CABRAL DE OLIVEIRA

A PERÍCIA AMBIENTAL NA POLÍCIA MILITAR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Gama
Filho como requisito parcial para a
conclusão do curso de pós-
graduação Lato Sensu com
Especialização em Auditoria e
Perícia Ambiental.

Rio de Janeiro / RJ

2008
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
VICE-REITORIA ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
E ATIVIDADES COMPLEMENTARES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA E PERÍCIA AMBIENTAL

EDUARDO FREDERICO CABRAL DE OLIVEIRA

A PERÍCIA AMBIENTAL NA POLÍCIA MILITAR

1-CONTEÚDO

Nota _____Conceito_____

Avaliador ___________________________ _______________________


Erick Braga Ferrão Galante - Especialista assinatura

Avaliador ___________________________ _______________________


Manoel Pedro Côrtes – MSc assinatura

NOTA FINAL:____Conceito____

Rio de Janeiro ____de_____________de 2008.

_____________________________________
Coordenadora - Vera Lucia Correia Ornellas
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
VICE-REITORIA ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
E ATIVIDADES COMPLEMENTARES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA E PERÍCIA AMBIENTAL

A PERÍCIA AMBIENTAL NA POLÍCIA MILITAR

Rio de Janeiro ____ de ______________ de 2008.

Eduardo Frederico Cabral de Oliveira


Esta obra é dedicada a todos
os policiais militares devotados à causa
ambiental, que defendendo todas as
formas de vida sob o risco da sua própria,
proporcionam um futuro melhor e mais
justo para a presente e as futuras
gerações.
"Se a navegação aviventa o comércio e
a lavoura, não pode haver navegação
sem rios, não pode haver rios sem
fontes, não há fontes sem chuvas, não
há chuva sem umidade, não há
umidade sem florestas. Sem umidade
não há prados, sem prados não há
gado, sem gado não há agricultura,
assim tudo está ligado na imensa
cadeia do universo e os bárbaros que
cortam as suas partes pecam contra
Deus e a natureza e são os próprios
autores de seus males."

(José Bonifácio de Andrade e Silva)


RESUMO

Desenvolveu-se o presente trabalho com o objetivo de evidenciar as características


das atividades desempenhadas pelo Batalhão de Polícia Florestal e de Meio
Ambiente (BPFMA) da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Para
atingir esse objetivo, buscou-se analisar sua evolução da relação do homem com a
natureza e das instituições policiais com a natureza, identificando sua eficácia e
mostrando sua eficiência, bem como de verificar a aplicabilidade da criação de um
setor de perícia ambiental pelas outras Polícias Militares do Brasil. No decorrer do
estudo, com o fito da fundamentação científica, utilizando-se do método dedutivo,
foram pesquisadas por meio de levantamento bibliográfico, todas as atividades de
produção dos documentos técnicos elaborados pelo BPFMA entre 2002 e 2006. De
acordo com os dados, apurados e analisados qualitativa e quantitativamente no
presente estudo, concluiu-se que o BPFMA é um instrumento eficiente, de
fundamental importância estratégica para o assessoramento do Comando da
PMERJ no campo ambiental, mas precisa ser melhor capacitado de recursos
matérias para o melhor desempenho de seu corpo técnico.

PALAVRAS-CHAVE: polícia militar. meio ambiente. criminalística.


ABSTRACT

The present work was developed aiming to show the features of the activities
accomplished by The Environment Policy Battalion Center (BPFMA) of the Military
Police of Rio de Janeiro State (PMERJ). For this objective, the evolution of the man
with the nature and the polices institutions with the nature was studied, identifying its
efficacy and showing its efficiency; it was also analyzed the possibility of creating an
environment scientific police center in every Military Police Office in Brazil. During the
study, pointing to scientific basis, using the deductive method, the bibliography was
searched for all the production activities of technical documents elaborated by the
BPFMA between 2002 and 2006. According to data, quantitatively and qualitatively
analyzed in this study, the conclusion is that the BPFMA is an efficient instrument, of
major strategic relevance for the Command of the PMERJ, assisting it in environment
researches, but need to be more capable of materials recourses for the best practice
of its technical staff.

KEYWORDS: military police, environment, forensic science.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 11

2.1 O homem e a natureza ...................................................................................... 11

2.2 A instituição policial e a natureza .................................................................... 16

2.3 Instrumentos de proteção da natureza............................................................ 27

2.3.1 Política nacional de meio ambiente .............................................................. 27

2.3.2 Ação civil pública ........................................................................................... 29

2.3.3 Constituição da República Federativa do Brasil ......................................... 30

2.3.4 Crimes ambientais ......................................................................................... 30

2.4 A prova e a impunidade .................................................................................... 31

2.4.1 A impunidade .................................................................................................. 31

2.4.2 A perícia na PMERJ ........................................................................................ 35

2.4.3 A perícia no BPFMA ....................................................................................... 37

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 44

4 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46

ANEXOS ................................................................................................................... 51
9

1 INTRODUÇÃO

A realização de exames periciais e a elaboração de laudos ambientais por


policiais militares das unidades ambientais é assunto relativamente novo no Brasil.
Todavia, o Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA) é
solicitado por várias autoridades judiciárias para que elabore laudos periciais ou
pareceres técnicos ligados às questões ambientais.
Contudo, até a presente data, não houve um estudo com o escopo de se
avaliar efetivamente como estão ocorrendo essas solicitações, a fim de
retroalimentar a Corporação de dados sobre suas atividades e contribuições.
Um estudo desta natureza oferece uma oportunidade ímpar à Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) de ser alimentada de informações e
avaliar o passado, rever o presente e planejar o futuro, traçando estratégias sobre o
emprego e atuação do BPFMA.
Nosso estudo limitar-se-á exclusivamente a avaliar: como ocorrem as
solicitações ao BPFMA; a legalidade desses laudos; a capacidade técnicas dos
peritos; e se o suporte técnico oferecido a esses técnicos atende às suas
necessidades.
Para atingir seu escopo, o presente trabalho está dividido em quatro
momentos. O primeiro trata da relação do homem com a natureza, da forma como
ele se desenvolveu promovendo as diversas ondas evolutivas passando num
primeiro período de uma sociedade composta por poucos indivíduos consumindo
energia baseada na biomassa até outra composta por milhares de indivíduos e
obtendo suas energias de fontes não renováveis. A seguir é estabelecida a gênese
das polícias militares no mundo, e descreve-se as formas como a PMERJ lidou com
a natureza desde sua criação em 1809 até os dias atuais.
O segundo momento descreve sucintamente os principais dispositivos
legais de proteção ao meio ambiente de especial interesse ao presente estudo como
a Política Nacional de Meio Ambiente, a lei que disciplina a ação civil pública, a
Constituição e a Lei de Crimes ambientais, relacionando-os às atividades policias e
do BPFMA.
Dando andamento ao estudo, o terceiro momento tratará de apontar como
a impunidade estimula a criminalidade e a degradação ambiental, sendo aquela
10

estimulada pela baixa taxa de elucidação de delitos. A seguir descreve-se como foi e
evolução da perícia no mundo, no Brasil e na PMERJ, finalizando com um breve
histórico sobre as polícias militares ambientais brasileiras e seus efetivos e quantos
e de que maneira os laudos ambientais são elaborados pelo BPFMA.
O objetivo geral é assim estabelecido: o estudo pretende oferecer à
PMERJ em primeiro lugar, e às outras Polícias Militares do Brasil, uma análise da
viabilidade legal, técnica e estratégica da criação de um setor de perícia ambiental
na estrutura organizacional de suas unidades especializadas em policiamento
ambiental.
Os objetivos específicos são assim definidos: enumerar as solicitações de
elaboração de laudos periciais ambientais efetuadas ao BPFMA, desde a sua
criação, se vem aumentando ou diminuindo, e em que medida isto ocorre e;
diagnosticar o atual funcionamento do BPFMA no que tange às perícias ambientais,
através da análise da sua estrutura, identificando as variáveis que influenciam no
processo de produção de um laudo pericial ambiental.
Sendo assim, a realização deste estudo apresenta-se contemporâneo e
oportuno, não somente para PMERJ e à sociedade fluminense avaliarem de que
forma se procede a elaboração de laudos periciais ambientais por parte do BPFMA,
como também por oferecer às outras Polícias Militares do Brasil uma visão
estratégica, como uma política de médio e longo prazo, do quanto a criação de um
setor de perícia ambiental na estrutura organizacional de suas unidades de polícia
ambiental contribuiria para diminuição da impunidade daqueles que degradam o
meio ambiente.
11

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O homem e a natureza

As modernas teorias sobre a origem da humanidade baseadas no estudo


do genoma mitocondrial humano indicam que descendemos de um pequeno grupo
que surgiu no nordeste da África a cerca de 150 mil anos atrás e se espalhou para a
Ásia, Europa, Austrália e, finalmente chegou às Américas pelo estreito de Bhering
entre 35 e 15 mil anos atrás (MANO; PACHECO; BONELLI, 2005).
Nesse período em os seres humanos se espalharam pelo mundo
obtinham suas energias se alimentando de animais que caçavam e da coleta de
plantas. Como a caça e a coleta de plantas era sazonal, esses povos viviam como
nômades, seguindo para os locais onde existiam alimentos de forma mais
abundante.
Todavia quando voltavam àqueles sítios explorados na estação anterior
observavam que nos locais que haviam depositados os restos de alimentos novas
plantas haviam surgido. Começava a surgir a primeira grande onda evolucionária da
humanidade, a agricultura (DIAMOND, 2005).
Alvin Toffler (1980) ilustrou o progresso da Humanidade por meio de
ondas evolutivas culturais. Essas ondas de mudança são sucessivas, e estão se
acelerando cada vez mais, provocando alterações no cotidiano dos seres humanos,
que num primeiro momento parecem independentes, porém estão intrinsecamente
relacionadas.
A Primeira Onda começou por volta de 8.000 a.C. no sudoeste da Ásia,
na região conhecida hoje como Crescente Fértil, perdurando até 1.650 e 1.750 d.C.,
caracterizado pelo uso extensivo da agricultura, e a exploração de fontes de energia
renováveis. As sociedades da Primeira Onda tiravam suas energias da potência
muscular humana ou animal, do Sol, do vento e da água.
A agricultura proporcionou também a mudança do modo de vida daqueles
povos, passando de uma vida de permanente mudança, para se tornarem
sedentários. A maior disponibilidade de calorias por hectare permitia que
alimentassem mais pessoas, permitindo que o intervalo entre os nascimentos
12

fossem menores. Os grupos de caçadores-coletores precisavam ser mais ágeis e


muitas crianças pequenas dificultavam o deslocamento (DIAMOND, 2005).
Do ponto de vista da organização social essas civilizações da tinham a
“terra como base de sua economia, da vida, da cultura, da estrutura da família e da
política”. Viviam em pequenos núcleos, as aldeias, e a família era o núcleo do
sistema social, com divisões simples de trabalho e imobilidade social, onde o
nascimento determinava a posição da pessoa na vida (TOFFLER, 1980, p. 35).
O desenvolvimento da agricultura, principalmente com uma melhor
seleção das espécies de plantas domesticadas e da domesticação de animais,
proporcionou que houvesse excesso de alimentos, que passou a ser trocado, por
bens ou serviços, fazendo surgir inicialmente dois tipos de especialistas nas
sociedades sedentárias: os reis e os burocratas. Mais tarde, de acordo com o
desenvolvimento tecnológico das sociedades começaram a aparecerem outros como
os militares, os filósofos, os ferreiros, os comerciantes, os sacerdotes etc. Surgiam
as bases dos primeiros Estados no Velho Mundo (DIAMOND, 2005).
Com a constituição das primeiras Cidades-Estado, ou polis, seu governo
ou suas atividades passam a ser denominadas politéia (grego) ou politia, dando
origem ao vocábulo “polícia” (LAZZARINI, 1987). Sendo assim, como afirma Houaiss
(2001), a etimologia do termo polícia refere-se a “[...] organização política, governo,
sistema governativo [...] e [...] qualidade e direitos de cidadão, vida de cidadão; o
conjunto de cidadãos; vida e administração de homem de Estado [...]. Esse
significado perdurou até meados do século XVIII e XIX, quando passou a designar
um órgão ou instituição de controle social formal (SILVA, 2002).
No último século de predominância, a Primeira Onda começa a perder
força, quando começa a surgir na Europa uma nova onda de mudança, “assim, dois
processos de mudança, separados e distintos, rolavam através da terra
simultaneamente, a velocidades diferentes” (TOFFLER, 1980, p. 27).
No fim do século XVII a Segunda Onda já começava a impor suas
mudanças planetárias, fazendo surgir um novo processo, a industrialização. Como
conseqüência dessas mudanças vários paradigmas passaram a serem quebrados.
Do ponto de vista sócio-cultural as civilizações passaram de uma
sociedade calcada na agricultura, na família e organizada em aldeias, para outra
organizada com base na indústria, cujo valor máximo era o capital. Tudo era
13

avaliado sob termos econômicos, onde o homem valia por aquilo que ele tinha em
capital.
Do ponto de vista energético a sociedade da Segunda Onda diferiu
diametralmente daquela que ela sucedeu. Do uso extensivo de muitas fontes de
energias renováveis e dispersas, passaram a empregar uns poucos combustíveis,
fontes de energia não-renovável e concentrada (TOFFLER, 1980).
Nessa Segunda Onda de mudanças planetárias o meio ambiente
começou a ser direta e duramente atingido, conforme assevera Toffler (1980, p. 39):

[...] começaram a extrair sua energia de carvão de pedra, gás e petróleo –


de combustíveis fósseis insubstituíveis. [...] significou que, pela primeira vez,
uma civilização estava consumindo o capital da natureza em vez de apenas
viver do rendimento que ela fornecia.
[...] as nações construíram altas estruturas tecnológicas e econômicas, na
pressuposição de que os fósseis baratos estariam à disposição
interminavelmente.

Em torno de 1955 a Segunda Onda já apresenta sinais de declínio, cujo


marco histórico se deu nos Estados Unidos quando verificou-se que “os
trabalhadores de colarinho branco e de serviços gerais excederam em número os
trabalhadores de macacão”. Nessa mesma década ocorre a introdução generalizada
“dos computadores, dos jatos comerciais e da pílula anticoncepcional”, provocando
uma nova alteração comportamental. A Terceira Onda começava a dar os seus
primeiros sinais (TOFFLER, 1980).
Enquanto a Primeira Onda durou algo em torno de 10.000 anos, a
Segunda, aproximadamente 300 anos, a Terceira permaneceu por apenas 30 anos
e caracterizando-se pela informatização. Foi a era dos softwares, dos sistemas e dos
computadores. As civilizações buscavam informação, processos e criatividade.
A Quarta Onda está à porta e, mesmo inconscientemente, as sociedades
contemporâneas já a vivenciam. As civilizações já despertaram da ilusão de fontes
de energias não-renováveis inesgotáveis. Estão se conscientizando e buscando
ganhos e economias de energias, e acima de tudo, que o meio ambiente é o grande
patrimônio a ser protegido.
Acompanhando essas mudanças planetárias os conceitos e práticas de
gerenciamento ambiental foram sofrendo evoluções. Na década de 70 a filosofia de
gestão ambiental era voltada para o controle, já nessa época começaram a surgir os
14

primeiros movimentos preocupados com a poluição do ar, das águas, e com


recursos renováveis.
Tais práticas eram desenvolvidas por engenheiros que projetavam
equipamentos de controle da poluição, e a Conferência de Estocolmo em 1972, foi o
grande marco ambiental que chamou a atenção do planeta para a gravidade da
situação nesse setor.
Durante a década de 80 o gerenciamento ambiental se voltou
ideologicamente para a questão do planejamento. Para tanto visavam à reciclagem,
a recuperação de áreas degradadas e da redução dos riscos, apreensivos com os
riscos de contaminação dos solos e de acidentes, como o acidente nuclear ocorrido
na cidade Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.
Como conseqüência da mudança de ideologia, novos profissionais foram
sendo incluídos no contexto, em particular aqueles mais diretamente ligados às
questões ambientais, tais como: biólogos, geógrafos e, até políticos. Utilizando-se de
ferramentas mais precisas esses técnicos de ciências ambientais poderiam oferecer
um suporte mais preciso por intermédio das novas ferramentas colocadas a sua
disposição, entre elas: o estudo de impacto ambiental, o relatório de impacto
ambiental, auditorias e análises de risco.
Na década de 90 sedimenta-se a doutrina de gestão ambiental,
fundamentada em princípios de prevenção da poluição, em função das já
confirmadas alterações no equilíbrio ecológico planetário. A destruição da camada
de ozônio, o aquecimento global, a diminuição da biodiversidade já não era uma
ameaça potencial, era uma realidade.
Novos profissionais se juntaram àqueles preocupados em promover um
desenvolvimento sustentável e em analisar o ciclo de vida dos produtos. Aos
engenheiros e técnicos em ciências ambientais juntaram-se advogados,
economistas e administradores, que suplementaram os instrumentos anteriores com
o sistema de gestão ambiental, selos ambientais e a avaliação do ciclo de vida do
produto (FERNANDES, 2006).
Paralelamente a essas evoluções sócio-culturais, uma instituição de
extrema resiliência foi se adaptando às mudanças. Essa instituição é a polícia, que
vai se formando no decorrer da Primeira Onda, quando os Estado passam a ter uma
unidade e seus poderes passam a ser divididos (LAZZARINI, 1987).
15

Com o surgimento do Estado de Liberal no século XVIII, sedimenta-se o


Estado de Direito, que resgata para si o poder de punir, antes privativo dos
soberanos que o empregava indiscriminadamente inadmitindo recursos (DI PIETRO,
2004).
A Segunda Onda mostra sua força, e nesse período o Estado passa a se
submeter as suas próprias leis. Surgem diversos documentos que servem para
sedimentar tais princípios. As Declarações de Direito da Virgínia, em 1776, durante a
Guerra da Independência Norte-Americana, e a da França, em 1789, durante a
Revolução Francesa são exemplos emblemáticos desses documentos (LAZZARINI,
1987).
No Brasil, no limiar do século XIX, mais precisamente no dia 13 de maio
de 1809, é criada pelo Príncipe Regente D. João VI, a Divisão Militar da Guarda Real
de Polícia, cujas evoluções ao longo dos anos deram origem à Polícia Militar do
Estado do Rio de Janeiro e a todas as policias militares brasileiras (POLÍCIA
MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2006).
Bem antes de a Carta Magna vigente estabelecer em seu artigo 225 que
o meio ambiente é um direito de todos cabendo ao Poder Público e a sociedade
defendê-lo (BRASIL, 1988), as polícias militares brasileiras, em 1970, já possuíam a
missão de executar o policiamento florestal e de mananciais, fluvial e lacustre
(BRASIL, 1970).
Observa-se que antes mesmo da Conferência de Estocolmo, que foi um
marco no despertar mundial para a conscientização da séria ameaça que o meio
ambiente estava sofrendo, no Brasil já havia uma força específica para proteção das
florestas e mananciais, que eram as polícias militares.
Ainda hoje não é diferente, aquela legislação foi revogada e substituída
por outra em 1983 (BRASIL, 1983), mas a missão permaneceu inalterada. Os
conceitos e práticas de gerenciamento ambiental evoluíram e com eles também as
polícias militares.
A necessidade de profissionais multidisciplinares e cada vez mais bem
capacitados, naturalmente conduziu às policias militares brasileiras a criarem
organizações policiais militares especializadas em policiamento ambiental. Uma a
uma, foram surgindo em todos os estados da federação batalhões ou companhias
de polícia florestal em sua estrutura operacional.
16

No mês de maio do ano de 2006, se reuniram no Rio Grande do Sul, na


cidade de Bento Gonçalves todos os comandantes daquelas unidades
especializadas. Essa reunião foi denominada de 1º Encontro dos Comandantes das
Unidades Ambientais do Brasil.
Dentre outros aspectos se verificou que o efetivo de policiais militares
empregados especificamente no policiamento ambiental é aproximadamente de sete
mil e quinhentos homens. Esse montante é superior a qualquer outro órgão federal
ou estadual responsável pela fiscalização ambiental.
Somente no estado do Rio de Janeiro, o Batalhão de Polícia Florestal e
de Meio Ambiente possui um efetivo em torno de quatrocentos policiais militares
destinados ao policiamento ambiental. Esse efetivo é maior que todo efetivo de
fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) e da Fundação Instituto Estadual de Florestas (IEF) juntos.

2.2 A instituição policial e a natureza

O Imperador Augusto (63 a 14 a.C.) foi o primeiro que organizou a polícia


no Império Romano, retirando homens das centúrias de seu exército, para
exercerem funções policiais, que na época se confundiam com as de judicatura
(LAZZARINI, 1998).
Na Idade Média a estrutura policial encontra-se desorganizada, cabendo
à França as primeiras medidas para sua reorganização. No século XIII foi criado o
cargo de superintendente de Paris, que auxiliado por um corpo de investigadores e
sargentos, comandava uma pequena tropa de militares montadas e uma patrulha
noturna (BAYLEY, 2001).
Em 1356, a França criou uma força militar para patrulhar as estradas
contra criminosos saqueadores, comuns naquela época. Esses militares,
comandados por marechais, era chamada de marechausée, eram responsáveis pela
segurança interna e externa.
Com o advento da Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão em 1789, o artigo 12 previa a criação de uma força pública
para a garantia dos direitos estabelecidos naquela declaração. Assim, o sistema
17

vigente sofreu algumas alterações transformando a Marechausée em Gendarmeria,


do francês Gendarmerie, que tem origem na expressão Gens d’Armes, que significa
“homens em armas” (HISTÓRIA..., 2008).
Desse modo a Revolução e depois Napoleão Bonaparte com suas
campanhas, introduziu nos países conquistados o modelo policial semelhante ao
aos empregados nas unidades de elite de seu exército. O modelo de polícia francês
torna-se o principal modelo de escola policial mundial, conhecido como escola de
polícia latina, isto é, uma polícia fardada e militarizada, sendo disseminada por toda
a Europa, inclusive Portugal, e depois pelo resto do mundo (LAZZARINI, 1998).
Na Inglaterra o modelo policial latino não foi implantado. Em primeiro lugar
porque não havia a necessidade da manutenção de um exército forte e permanente,
bem como a diferença no processo de consolidação do Estado entre Inglaterra e
França. Enquanto na França havia a necessidade do controle forte por parte do
Estado para a manutenção de sua unidade, na Inglaterra o surgimento dos corpos
policiais ocorreu de baixo para cima, ou seja, do meio civil e descentralizado, dando
origem ao que hoje se denomina escola de polícia anglo-saxônica.
Assim, surgem os dois tipos de escolas policiais, a anglo-saxônica e a
latina, sendo que a primeira predominou nos Estados Unidos, Japão e Escandinávia,
e a última no restante do mundo (BAYLEY, 2001).
Apesar não haver uma preocupação de preservação dos recursos
naturais, a busca pelo “paraíso terrestre”, uma região de grande beleza cênica,
selvagem e desabitada, de onde o homem havia sido expulso, tem suas origens nas
crenças cristãs do final da Idade Média, sendo um dos objetivos das viagens do
descobrimento (DIEGUES, 2004).
Estudos recentes derrubaram o mito de que o ambientalismo mais
consistente e profundo não surgiu na Europa e sim no Caribe, na Índia, na África do
Sul, na Austrália e na América Latina, como uma reação às práticas de exploração
colonial massiva e predatória (SVIRSKY, CAPOBIANCO, 1997).
Fugindo da ameaça de invasão francesa das tropas napoleônicas
comandadas pelo General Junot, a Família Real Portuguesa deixa Portugal e aporta
em terras brasileiras em 1808, desembarcando em Salvador, se dirigindo depois ao
Rio de Janeiro, iniciando profundas modificações na vida e na infra-estrutura na
Colônia (NEVES, CARVALHO, 1994).
18

A opção pelo estabelecimento da Corte no Brasil se deu por ser esta a


colônia com maior possibilidade de prosperar devido as suas riquezas naturais.
Todavia, o Rio de Janeiro do início do século XIX não estava preparado para
receber a Família Real portuguesa e os cortesãos que os acompanhavam, com o
mesmo conforto que Lisboa oferecia. Era uma cidade cuja parte central possuía
brejos, pântanos, carência de água potável, iluminação pública, dentre outros
problemas de saneamento básico, que geravam problemas de saúde pública.
Logo que chega às terras brasileiras o Príncipe Regente D. João VI cria a
Intendência Geral de Polícia da Corte, aos moldes e com as mesmas atribuições
daquela que existia em Lisboa, ou seja, as de Corregedor do Crime e da Corte e
Casa, que incluía funções judicantes, arbitrando punições aos comportamentos
criminosos, e temas como controle alfandegário, salubridade, limpeza urbana,
iluminação pública e segurança.
Coube então à Intendência Geral de Polícia da Corte a realização de
obras de pavimentação de vias, aterramento de mangues, construção de aquedutos
e fontes públicas, a fim de melhorar o abastecimento de água, e a primeira
instalação regular e em grande escala de lampiões a óleo de baleia para iluminação
noturna.
Do descobrimento até 1603 o Brasil não conheceu nenhuma instituição
policial, estando todo o poder nas mãos dos governadores das cidades. O primeiro
esboço de organização policial surgiu somente em 1626 com a instituição dos
Quadrilheiros, que já existiam em Lisboa desde 1603. Eram coordenados pelo
Alcaide e tinham por missão a prisão de malfeitores em flagrante ou por ordem do
juiz.
Os Quadrilheiros permaneceram ativos em Lisboa até fins do século XVIII
quando, por influência da escola de polícia latina, novas filosofias atinentes à
segurança pública surgiram, em antítese ao modelo retrógrado da “quadrilhagem”,
levando o governo português a criar uma guarda com técnica, treinamento e
contingente militar (TEIXEIRA, 2005).
Com a chegada da Corte Portuguesa à Cidade do Rio de Janeiro o
sistema policial vigente, os Quadrilheiros, foram considerados ineficientes na opinião
de seu primeiro Intendente, o Desembargador Paulo Fernandes Vianna, que
aconselhou o Príncipe Regente a criar uma guarda aos moldes daquela que existia
em Lisboa. No dia 13 de maio de 1809, dia do seu aniversário, D. João VI assina o
19

decreto que cria a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia (DMGRP), na Cidade do
Rio de Janeiro (NEVES, CARVALHO, 1994):

Sendo de absoluta necessidade prover á segurança, e tranqüilidade pública


desta Cidade, cuja população e tráfico tem crescido consideravelmente, e
se augmentará todos os dias pela affluencia de Negócios inseparável das
grandes capitães; e havendo mostrado a experiência, que o
estabelecimento de huma Guarda Militar de Polícia he o mais próprio não só
para aquelle dezejado fim da boa ordem e socego publico, mas ainda para
obstar ás damnozas especulações do Contrabando, que nenhum a outra
providencia, nem as mais rigorozas Leis prohibitivas tem podido cohibir: Sou
Servido Crear huma Divizão Militar da Guarda real da Polícia desta Corte,
com a possível semelhança daquella, que com tão reconhecidas vantagens
Estabeleci em Lisboa, a qual se organizara´na conformidade do plano, que
com este baixa, assinado pelo Conde de Linhares, do meu Conselho de
Estado, Ministro, e secretário de Estado dos negócios Estrangeiros, e da
Guerra. O Conselho Supremo Militar o tenha assim entendido, e o faça
executar na parte, que lhe toca. Palácio do Rio de Janeiro em treze de Maio
de mil oitocentos e nove.

O comandante da DMGRP subordinava-se ao Governador das Armas da


Corte e ao Intendente Geral de Polícia, e para o melhor exercício de suas atividades
ela foi dividida em quartéis que eram distribuídos por toda a cidade a fim de poder
atingir a guarda e a vigilância de toda a cidade, por meio de rondas diárias,
mantendo a tranqüilidade pública da cidade.
A atuação da DMGRP na Cidade do Rio de Janeiro seguiu as tradições
absolutistas das nações européias da época, entre elas Portugal, cujos métodos se
baseavam na arbitrariedade e violência, a fim de dominar e sobrepujar as classes
subjugadas, mantendo um nível de conduta adequado de acordo com os padrões e
interesses da Corte (HOLLOWAY, 1997).
No campo ambiental, a preocupação pela preservação da natureza
acompanha o Brasil desde sua formação, mesmo que restrito a uns poucos
cidadãos. O ambientalismo surgiu principalmente entre os intelectuais, que
criticavam o modelo de exploração colonial perverso, caracterizado pelo latifúndio,
monocultura (principalmente a cana-de-açúcar e o café), o escravismo e os maus
tratos a terra. No final do século XVIII e início do XIX a rapidez com que ocorriam as
mudanças ambientais chamaram atenção dos intelectuais mais lúcidos. No Brasil
colonial se destacava José Bonifácio de Andrada e Silva.
Intelectual e cientista, era membro da Academia Real de Ciências onde
desde cedo pode estudar as ciências naturais. Nesse campo de estudo, trocavam
20

informações com cientistas franceses, pois, a França era o berço da maioria das
inovações, que além das informações científicas compartilhavam os ideais
iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade (DEAN, 1996).
Essa visão se transformou em ação política em 1823, quando em pleno
processo de independência do Brasil como primeiro-ministro propôs a abolição da
escravidão escrevendo (SVIRSKY, CAPOBIANCO, 1997):

“Nossas terras são ermas e as poucas que temos cultivado estão mal
cultivadas porque o são por braços indolentes e forçados. Nossas preciosas
matas vão desaparecendo, vítima do fogo e do machado, da ignorância e
do egoísmo. Nossos montes vão se ecalvando diariamente e, com o andar
do tempo, faltarão as chuvas fecundantes que favorecem a vegetação e
alimentam nossas fontes e rios, sem o que o nosso belo Brasil, em menos
de dois séculos, ficará reduzido aos desertos da Líbia e vira então esse dia
terrível e fatal em que a ultrajada Natureza se acha vingada de tantos erros
e crimes cometidos”.

Contudo, conforme assevera Dean (1996), apesar dos intelectuais da


virada do século XIX serem perspicazes em suas observações sobre a necessidade
de se conservar a natureza, eram instáveis na condenação do desperdício e da
ignorância de como os recursos naturais eram explorados pela Coroa, pois, eram
contratados dela. A dialética entre o que propunha a ciência e a tecnologia de
exploração dos recursos naturais do Brasil, em particular da Mata Atlântica,
começaram a despertar nesses a convicção de que a floresta deveria ser manejada
e não destruída, nascendo assim, os primeiros esforços conservacionistas no Brasil.
Em 1830 a DMGRP subordina-se diretamente ao Ministério da Justiça,
situação que perdura até o ano seguinte quando é dissolvida em razão de um grave
motim que teve a participação também do 26° Batalhão de Infantaria do Exército
regular. Após um breve período de instabilidade política as atribuições de segurança
pública na Cidade do Rio de Janeiro passaram a ser executadas pelo Corpo
Municipal de Guardas Permanentes.
No Segundo Império a polícia, que viria a ser a PMERJ, foi sofrendo
várias modificações em sua denominação, bem como começou a ser empregada
cada vez mais como força auxiliar do exército regular, tanto nos esforços de guerra,
como a Guerra do Paraguai, como em rebeliões, motins e revoltas populares, além
de operações fronteiriças de grande porte, sempre atendendo aos interesses dos
governantes.
21

As policias militares foram cada vez mais se afastando das ruas e se


tornando aquarteladas, atuando menos na defesa da sociedade e mais ações de
defesa interna e territorial. Suas patrulhas urbanas passaram a ser cada vez mais
esporádicas, se restringindo aos casos de emergência pública e missões militares
extraordinárias (MUNIZ, 2001).
A Inglaterra, por sua vez, em 1829 sobre a influência de Sir Robert Peel,
cria a Polícia Metropolitana de Londres, a partir do princípio que ganharia seu nome,
de que “a polícia deve ser estável, eficaz e organizada debaixo do controle do
governo”. Esse princípio também foi adotado pelos Estados Unidos ao criar seu
corpo policial, dando origem à escola policial anglo-saxônica (LAZZARINI, 1998).
De 1866 até a Proclamação da República, as atividades de policiamento
na cidade do Rio de Janeiro passaram a ser exercidas por outras instituições, semi-
profissionais, menores e de curta existência, como as guardas municipais e urbanas,
a Intendência de Polícia e os inspetores de quarteirão (MUNIZ, 2001).
A não ser pelo reflorestamento da Floresta da Tijuca, a fim de se
preservar os mananciais hídricos da cidade, que se encontravam escassos, e pelo
pensamento de alguns ambientalistas sobre o diagnóstico da situação ambiental do
Brasil, dentre eles Joaquim Nabuco, que alertavam sobre o empobrecimento do solo,
a independência não trouxe nenhuma melhora ou mudança no modelo de
exploração dos recursos naturais brasileiros.
Apesar de independente, o Brasil ainda adotava o sistema secular de
derrubada e queimada. Nossas florestas foram derrubadas a ferro e fogo para abrir
espaço para as monoculturas da cana-de-açúcar e do café, gado, lenha etc. Tudo o
que era considerado estéril deveria ser transformado em bem de capital apreciados
pelos estrangeiros, pois, eram dos países mais ricos da Europa e América que
deveriam vir divisas para o desenvolvimento brasileiro. Dean (1996) enfatiza o
desejo do governo imperial de ampliar o comércio, por meio das exportações e das
importações, visto que dessa última se originava praticamente todas as suas
receitas.
Até as epífitas inflorescentes (bromélias, cactos e orquídeas) eram
exportadas para a Europa na ordem de 100 a 200 mil por ano, tornando um grande
negócio. O alistamento compulsório de jovens pelo Exército regular, principalmente
entre os pequenos agricultores tornava inviável a manutenção da pequena
propriedade rural, que logo eram “compradas” pelos grandes latifundiários. Com a
22

evasão dos pequenos proprietários as terras ficavam livres para a invasão do gado e
as depredações dele advindas, que apesar de denunciadas à polícia de nada
adiantavam.
Tanto as forças militares como as policiais, por suas características
latinas, agiam em consonância com os interesses do monarca, mesmo os
econômicos. Sendo assim, tanto no período colonial como no Império, as forças
policiais brasileiras pouca atividade exerceram em prol do meio ambiente nacional.
Na Primeira República as atribuições das polícias militares não diferiram
muito do período imperial. Em 1908 aparece pela primeira vez a idéia de que os
corpos estaduais se constituíam em forças auxiliares. Ao longo desse período esses
laços que ligavam ao Exército regular foram ficando cada vez mais fortes com os
dispositivos legais que eram emitidos, bem como pelo desejo de seus integrantes, a
quem interessava a equiparação aos membros da força terrestre, continuando
aquarteladas (CHAVES, PINTO, MADUREIA, 1992).
No período que se seguiu, mesmo nos de exceção como a ditadura
Vargas (1937-1945) e a Revolução de 1964, a dupla atribuição das polícias militares
brasileiras persistiu, a de “polícia” e “força militar” (MUNIZ, 2001). Em 1946, com
uma nova Constituição liberal, a atividade dos corpos militares estaduais foi alterada,
mas a condição de força auxiliar e reserva do Exército continuou inalterada
(CHAVES, PINTO, MADUREIA, 1992).
A exceção foi a atuação da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
quando em 14 de dezembro de 1949 criou uma unidade especializada no
policiamento ambiental, contando inicialmente com cerca de 20 policiais. Segundo o
Coronel Policial Militar João Leonardo Mele, ex-comandante da corporação, as
razões para o desenvolvimento da Polícia Ambiental em São Paulo ocorreu
naturalmente em decorrência da “evolução e implementação da legislação ambiental
estadual e a própria conscientização da população com relação às questões
ambientais” (SECRETARIA..., 2004).
Não obstante o surgimento de Leis que marcaram a política de
administração dos recursos naturais como o Código de Águas e Minas (1934) e os
Códigos Florestais (1934 e 1967), o período compreendido entre 1920 e 1970 foi
prejudicado pela instabilidade política em função dos regimes políticos e formas de
governo que se alternavam. Não se discutia o desenvolvimento do país, os tipos de
23

industria a implantar, nem as conseqüências desse desenvolvimento (SVIRSKY,


CAPOBIANCO, 1997).
O processo desenvolvimento mundial iniciado na Revolução Industrial se
acelerou no Pós-Guerra, começou a mostrar seus efeitos em escala mundial. Era a
segunda onda que Toffler (1980) se referia mostrando suas conseqüências: a
poluição dos rios internacionais, a chuva ácida provocada pela emissão de gases
poluentes em diversos países, a depleção da camada de ozônio, o efeito estufa
dentre outros (BARBIERI, 2007).
Com a finalidade de tratar esses problemas a Organização das Nações
Unidas (ONU) realizou na Suécia, na cidade de Estocolmo em 1972, a I Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). O Brasil
se fez representar nessa conferência. Todavia os militares reagiram com arrogância
às propostas apresentadas, uma vez que consideravam que os países
desenvolvidos estavam apresentando obstáculos para que os países em
desenvolvimento atingissem o padrão de bem estar das populações dos países
desenvolvidos. Justificavam que o Brasil possuía capacidade de absorver
integralmente sua poluição. O então Senador José Sarney chegou a bradar “que
venha a poluição, desde que as fábricas venham com ela” (DEAN, 1996, p. 307).
Não obstante a posição dos militares, o Brasil já começava também a
sentir os efeitos da industrialização iniciado na década de 30 e intensificada na
década de 50, impulsionada pela indústria automobilística. Cubatão, em São Paulo,
nos anos seguintes iria se tornar um exemplo marcante dos danos que as ações
antrópicas poderiam causar ao meio ambiente, dentre tantas outras que lhe
sucedeu. Nesse sentido, é importante analisar a posição de Dean (1996, p. 281):

“O desenvolvimento econômico era mais que uma política governamental;


significava um programa social de enorme abrangência, energia e
originalidade. A idéia de desenvolvimento econômico penetrava a
consciência da cidadania, justificando cada ato de governo, e até de
ditadura, e de extinção da natureza. Acima de tudo, nas representações do
Estado, nos meios de comunicação e no imaginário popular, o
desenvolvimento econômico se vinculava à erradicação da pobreza. Isto se
mostrou uma quimera. Na realidade, a estratégia deliberadamente
perseguida colocava o crescimento econômico no lugar da distribuição da
riqueza. A maior parte dos ganhos do crescimento era outorgada àqueles
no topo ou próximo ao topo da escala social, intensificando a concentração
de renda”.
24

Um dos representantes brasileiros na conferência de Estocolmo não


cansava de repetir que “a pior forma de poluição é a pobreza” (DEAN, 1996, p. 307).
A situação brasileira não é hoje muito diferente dos chamados “anos de chumbo”.
Aquele senador se tornou presidente, e depois senador de novo, condição que
mantêm até os dias atuais. Sua filha é senadora e seu filho foi ministro do meio
ambiente, e o Brasil, apesar de ter melhorado na escala e passado para o grupo dos
países com melhor índice de desenvolvimento humano (IDH), ainda é um dos piores
países do mundo na distribuição de renda, segundo o último relatório do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (PROGRAMA..., 2007).
No campo da segurança pública a atuação das polícias militares no fim
dos anos 60 sofre profundas modificações. As polícias militares antes aquarteladas
há quase um século, executando apenas funções de guarda de pontos sensíveis e
controle de distúrbios civis, e tendo atuado ativamente ao lado nas forças federais
durante a ditadura militar, por força do Decreto-Lei n° 667, de 2 de julho de 1969,
elas passam a ter a exclusividade na execução do policiamento ostensivo fardado
(BRASIL, 1969).
Dentre os tipos de policiamento que as policias militares ficaram
encarregadas de executar, e com especial interesse ao presente estudo destacam-
se: o policiamento florestal, o de mananciais, o fluvial e o lacustre (BRASIL, 1970).
Esses tipos de policiamento eram executados muito mais por estar inserido na
doutrina de segurança nacional de proteção de pontos sensíveis, do que por uma
preocupação de preservar os recursos naturais.
O ambientalismo era visto pelos militares com uma forma de serem
controlados pelos países desenvolvidos e impedir o desenvolvimento. Os
ambientalistas civis integrantes dos órgãos ambientais recém criados resolveram
apelar para auto-estima dos militares e propuseram a noção de “segurança
ambiental” em cursos da Escola Superior de Guerra (ESG). Esse novo conceito
chamou a atenção dos generais, pois, era uma forma de criticar a burguesia,
considerada preguiçosa e irresponsável, culpando pela degradação ambiental
causada pela especulação imobiliária que provocavam.
Com o processo de redemocratização em andamento no limiar dos anos
80, o povo exigindo eleições diretas, os militares, atentos às pesquisas de opinião,
perceberam que “[...] o meio ambiente já era a segunda maior preocupação dos
jovens das cidades maiores [...]” e “[...] isto está passando a ser notado e explorado
25

pelas assim chamadas forças „renovadoras‟ como um argumento para agitação”


(DEAN, 1996, p. 323).
O processo de redemocratização em andamento provocou mudanças
sociais, e como não poderia deixar de ser, também na PMERJ. A primeira delas foi
deixar de importar oficiais do Exército para seus quadros, principalmente como
comandante geral. Somente após as eleições diretas para os governos estaduais foi
que, no caso do Rio de Janeiro, a polícia militar teve um comandante oriundo de
seus quadros. Em 18 de fevereiro de 1983 assume o comando da PMERJ o Coronel
Policial Militar Carlos Magno Nazareth Cerqueira.
Homem de formação humanística, o Coronel Cerqueira era graduado em
Psicologia e Filosofia, com curso de Técnicas de Ensino e Psicotécnica Militar,
estagiou na Gerdarmerie francesa. Seu comando foi marcado por uma espécie de
corte epistemológico, quebrando antigos paradigmas, principalmente no tange a
formação do profissional de polícia militar.
O primeiro desses paradigmas a ser quebrado foi o fato de ele ser oriundo
das fileiras da própria PMERJ. Naqueles anos de tensão política somente os
governadores do Rio de Janeiro e São Paulo tinham optado por ter a frente de suas
forças estaduais um policial militar de carreira. O segundo era o fato de ser negro,
sendo o primeiro negro a comandar a PMERJ, considerada mais antiga instituição
policial do Brasil.
Outra grande contribuição de Cerqueira foi na revisão dos currículos das
escolas militares da PMERJ, calcados principalmente em matérias militares e
jurídicas, introduzindo outras de interesse profissional que permitissem entender o
fenômeno criminal a partir de uma abordagem antropológica da sociedade brasileira.
Foi a partir da filosofia de polícia implantada por ele que as polícias militares
passaram a entender que são prestadoras de serviço da sociedade, modificando a
idéia de polícia do Estado para polícia de cidadania (NOBRE, 2000).
Depois de anos de crescimento acelerado, os anos 70 são marcados por
uma total desconsideração ao meio ambiente, sendo nesse período verificado os
primeiros traços do ambientalismo moderno. No início era um movimento que se
mantinha a margem da sociedade. Na década de 80 esse crescimento parou e
estagnou a economia, ficando conhecida como “década perdida” do ponto de vista
econômico.
26

Embora o clima de tensão social e política estivessem presentes com


várias manifestações populares pedindo eleições diretas para presidente, e o
aceleramento do processo de redemocratização em andamento com abertura
política, a crise econômica agravava a crise. Por mais dialético que possa parecer,
essa década foi o período que mais cresceu a consciência ambiental e o
ambientalismo no Brasil.
Essa aliás, foi uma característica singular do ambientalismo no Brasil.
Enquanto no resto no mundo a consciência ambiental cresceu nos períodos de
grande crescimento econômico, aqui ocorreu exatamente o inverso. A crise
econômica e o modelo de desenvolvimento passaram a ser alvos da crítica dos
ambientalistas, que logo se organizaram politicamente criando um partido político, o
Partido Verde (SVIRSKY, CAPOBIANCO, 1997).
Leonel Brizola, político populista, recém eleito governador do Estado do
Rio de Janeiro em 1983, e que não tinha nenhuma afinidade com a causa ambiental,
pois, quando criticado sobre as cabras que introduziu nos morros cariocas bradou “O
que é mais importante: preservar a Mata Atlântica ou resolver o problema
extremamente grave das crianças abandonadas” (DEAN, 1996, p. 346), foi o
responsável pela nomeação do Coronel Cerqueira como Secretário de Estado de
Polícia Militar, cargo que acumulava com o de comandante-geral.
Em 15 de dezembro de 1986, o Governador Leonel Brizola, cria por meio
do Decreto Estadual n° 9.520 o 23° Batalhão de Polícia Militar, com a missão de
executar o policiamento florestal. No ano seguinte a unidade tem a sua
denominação alterada para Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente, por
força do Decreto Estadual n° 10.376, de 25 de setembro de 1987, ampliando-se sua
atuação para proteção dos demais recursos naturais e preservação do meio
ambiente em todo o Estado do Rio de Janeiro.
O objetivo do presente estudo não é descobrir os motivos que levaram o
Coronel Cerqueira a propor a criação do BPFMA, uma vez que foi assassinado em
1999, mas podem-se conjecturar alguns deles pela análise da situação sócio-política
que o Brasil e o Rio de Janeiro passavam. Não foi pela influência do governador, ou
porque a degradação ambiental causa elevados custos sociais, principalmente aos
mais desafortunados, conhecimento esse que surgiria muito tempo depois.
Cerqueira procurava tornar a corporação permeável à participação
popular, e os movimentos ambientalistas crescentes e politizados, se aliando à
27

esquerda, assim como o partido a que era filiado, o Partido Democrático Trabalhista
(PDT), pudesse ter permitido que ele compartilhasse dos conceitos daquele
movimento. Outro motivo que pode ter contribuído para a criação dessa unidade
especializada foi o fato desse tipo de policiamento ser de competência das polícias
militares desde 1969 e a defesa do meio ambiente passou a se alinhar aos objetivos
dos governos militares, amenizando a desconfiança dos militares que não viam com
bons olhos as mudanças que estavam sendo implementadas na PMERJ, nem o
governador que havia ficado anos fora do país fugindo da perseguição imposta pela
ditadura. A ameaça latente de retomada do poder pairava sobre a sociedade
brasileira, ameaçando a jovem democracia renascida após 21 anos.

2.3 Instrumentos de proteção da natureza

Os anos 80 ficaram marcados como a fase holística do meio ambiente.


Nesse período vários instrumentos legais de proteção surgiram tutelando o meio
ambiente como um todo. Entre os instrumentos jurídicos de maior interesse ao
presente estudos destacam-se as leis que estabelecem a Política Nacional de Meio
Ambiente e a Ação Civil Pública, e a Constituição Federal promulgada em 1988.
No fim dos anos 90 as condutas tipificadas como crimes ambientais que
se encontravam esparsas em diversos dispositivos como o Código Penal, Lei das
Contravenções Penais e Código Florestal entre outros, são reunidas em sua maioria,
em um único dispositivo legal à Lei de Crimes Ambientais.

2.3.1 Política nacional de meio ambiente

A Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabeleceu a Política Nacional


de Meio Ambiente (PNMA). Essa lei trouxe importantes contribuições para o meio
ambiente, pois, estabeleceu os princípios, os objetivos, os instrumentos, as
responsabilidades da PNMA, bem como criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente
(SISNAMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).
28

Os princípios da PNMA são estabelecidos no artigo 2°, destacando-se a


manutenção do equilíbrio ecológico, a racionalidade, planejamento e fiscalização
dos recursos ambientais, e por fim a educação ambiental. No artigo 3° são
instituídos conceitos, que são fundamentais para o entendimento do texto legal,
dentre os mais importantes temos o conceito de “meio ambiente” e o de “poluidor”.

[...]
I. meio ambiente: conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas;
[...]
IV. poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental;
[...]

No artigo 9° são designados os instrumentos da PNMA, destacando-se


especialmente para este estudo o zoneamento ambiental, o licenciamento e a
revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a avaliação de impactos
ambientais e o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental. Este último tem especial importância para o presente estudo, pois, torna
obrigatório o registro de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria
técnica sobre problemas ecológicos e ambientais, inclusive para aqueles que se
dedicam à perícia ambiental (BRASIL, 1981).
O artigo 14 cria um novo princípio jurídico no Brasil. O Código Civil
Brasileiro, tanto o antigo de 1916 como o novo de 2002, estabelecem que a pessoa
física ou jurídica somente seria responsabilizada se no curso do processo fosse
comprovada sua culpa, caracterizada pela negligência, imprudência ou imperícia do
agente, era a denominada responsabilidade subjetiva. A PNMA cria o instituto da
responsabilidade civil ambiental, que é objetiva, ou seja, “é o poluidor obrigado,
independente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao
meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade”. Surge daí o Princípio do
Poluidor Pagador (GUSMÃO, 2007; SABOYA, GONÇALVES, 2004).
Esse mesmo artigo estabelece que o Ministério Público (MP) da União e
dos Estados são as partes legítimas para “propor ação de responsabilidade civil e
criminal, por danos ao meio ambiente”. Entretanto ainda não havia um instrumento
para pedir a reparação de um bem difuso.
29

2.3.2 Ação civil pública

Em 1985 a União promulga a Lei n° 7.347, em 24 de julho, que disciplina


a Ação Civil Pública (ACP) introduz o conceito de direito coletivo e difuso no Brasil.
Direito coletivo e difuso são direitos que tutelam bens que não possuem um
proprietário, não pertencem a ninguém especificamente, mas todos têm direitos
sobre eles, logo pertencem a todos, como é ocaso do meio ambiente.
A lei disciplina a ACP e dessa forma cria um instrumento jurídico que
fornece ao MP instrumentos para pedir a reparação do dano causado ao bem difuso,
e estende a competência para propor a ação principal e cautelar à União, aos
Estados e Municípios, bem como por autarquias, empresas públicas, fundações,
sociedades de economia mista ou por associação, desde que instituídas há pelo
menos um ano, e inclui entre suas finalidades institucionais, entre outras previstas
naquela lei a proteção ao meio ambiente.
O artigo 6° tem especial interesse aos servidores públicos, pois, lhes
impõe o dever de provocar a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-lhes as
necessárias informações com os necessários elementos de convicção sobre
quaisquer fatos que constituam objeto de ação civil. Essa faculdade poderá ser
exercida por qualquer pessoa (BRASIL, 1985). Meirelles (1996) alerta para o dever
de agir do administrador público, que não poderá renunciar, e caso o faça, gerará
responsabilidade para o agente omisso .
Logo, todo policial militar que tomar ciência de um fato lesivo ao meio
ambiente deverá comunicar ao MP, sob pena de prevaricar. As responsabilidades
dos policiais militares do BPFMA aumentam, pois, estão diuturnamente
presenciando fatos dessa natureza. Todo policial militar ao assumir uma ocorrência
preenche um documento interno denominado Talão de Registro de Ocorrência
(TRO), onde todos os dados da mesma são relacionados.
No BPFMA, além do TRO, todo policial militar, no atendimento de
ocorrências de fatos lesivos ao meio ambiente preenche um documento chamado de
Relatório Operacional (ROp) (ANEXO A). Esse documento possui campos
específicos não encontrados no TRO convencional, sendo enviados ao MP a fim
fornecer elementos de prova para impetrar a ACP, em cumprimento ao estabelecido
naquela lei.
30

2.3.3 Constituição da República Federativa do Brasil

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, e


denominada de “Constituição Cidadã”, estabeleceu um capítulo inteiro dedicado ao
meio ambiente. Nele, o País ratifica princípios estabelecidos pela CNUMAD em
1972, como o de “desenvolvimento sustentável”, e outros como, por exemplo, “bens
difusos”.

[...]
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade, e a coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Esse artigo é complementado por alguns parágrafos que dentre outros


estabelecem que os infratores ambientais estão sujeitos a sanções penais e
administrativas, independentes da obrigação de reparar os danos, e que a Floresta
Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-grossense
e a Zona Costeira são patrimônios nacionais (BRASIL, 1988).

2.3.4 Crimes ambientais

A Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, tipificou as condutas e as


punições na esfera penal e administrativas para as ações ou omissões lesivas ao
meio ambiente. O artigo 3° amplia às pessoas jurídicas ou seu representante legal
as responsabilidades administrativa, civil e penal pelas práticas de atos lesivos ao
meio ambiente.
O Parágrafo único do artigo 19 prevê o instituto jurídico da “prova
emprestada”, que significa dizer que “a perícia produzida no inquérito civil ou no
juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório”
(BRASIL, 1998).
31

2.4 A prova e a impunidade

Esta parte da revisão da literatura tem por objetivo descrever como a falta
de apuração das infrações penais leva à impunidade, e a impunidade leva à
violência e à degradação do meio ambiente. E como o BPFMA confeccionando
laudos ambientais pode colaborar na redução da impunidade e conservação da
natureza.

2.4.1 A impunidade

O sistema policial brasileiro é caracterizado por uma divisão dicotômica no


exercício da autoridade estatal do poder de polícia. Nomeou-se essa divisão do
sistema policial em “polícia administrativa” e “polícia judiciária”. No âmbito de suas
atribuições costuma-se dizer que a polícia administrativa tem caráter preventivo,
evitando a ocorrência de ilícitos, e a polícia judiciária tem caráter repressivo, atuando
na repressão criminal aos autores dos ilícitos penais.
Lazzarini (1987) alerta que a diferença não está somente em suas
atribuições, mas também nos seus objetos de atuação. Enquanto a polícia
administrativa age sobre bens, direitos e atividades e se difunde entre os diversos
órgãos da administração pública, a polícia judiciária é privativa de corporações
especializadas e age diretamente sobre pessoas.
A Carta Magna brasileira (BRASIL, 1988) estabelece em seu artigo 144,
parágrafo 4º, que a competência para o exercício da polícia judiciária e a apuração
das infrações penais, exceto as militares, cabe às polícias civis estaduais; no
parágrafo seguinte, o 5º, estabelece que às polícias militares estaduais são
responsáveis pelo exercício da polícia ostensiva e de preservação da ordem pública,
sendo assim, um dos tipos de polícia administrativa.
A falta de regulamentação do parágrafo 7º desse artigo dificulta delinear
exatamente as atribuições de cada um dos dois gêneros de polícia. Di Pietro (2004),
estudando o Direito Administrativo, assevera que por essa falta de regulamentação
não existe uma diferença absoluta, pois, a polícia administrativa tanto pode agir
32

repressivamente na repressão imediata aos ilícitos que seus agentes presenciarem,


como por exemplo, o porte de ilegal de arma ou a condução de veículos
automotores por indivíduos não habilitados ou alcoolizados. Nesses casos costuma
dizer que polícia administrativa age repressivamente em sentido estrito e
preventivamente em sentido genérico para toda a sociedade.
A polícia judiciária embora agindo repressivamente contra pessoas,
coligindo provas e auxiliando o Poder Judiciário a exercer o poder punitivo estatal,
também pratica atos característicos de polícia administrativa como a expedição de
porte de arma.
Apesar de sua complexidade, a diferença entre polícia administrativa e
polícia judiciária já está delineada pelos principais estudiosos do Direito
Administrativo brasileiro. A diferença não está no caráter militar ou civil do órgão, ou
título universitário do agente público, e sim na atividade de polícia desenvolvida
(LAZZARINI, 1987). Cerqueira (1985) ratifica afirmando que a destinação da Polícia
Militar deve ser entendida e interpretada a partir de sua função, pública e de
natureza civil, e não a partir do nome da Corporação. Militar, nesse caso, não é
oposto de Civil.
A Polícia Militar por ser o braço visível do poder estatal é, na maioria das
vezes, responsabilizada pelos problemas de violência e criminalidades nas cidades
brasileiras. Contudo, como afirma Cerqueira (1985), o problema é muito mais
complexo e envolve outras considerações de várias ordens. Senão vejamos. O que
é reprimir a criminalidade? A quem cabe reprimir a criminalidade? Somente as
polícias teriam a capacidade de conter a criminalidade, para reprimi-la e contê-la
convenientemente?
Observa-se que para prevenção da criminalidade faz-se necessário a
ação de outros atores nesse cenário, pois, não será somente aumentando o número
de policiais nas ruas que o medo difuso que paira sobre todos os cidadãos se
dissipará. Assim, são idealizados os atores que fazem parte do “sistema de
prevenção da criminalidade”: o policiamento ostensivo (fardado), a polícia de
investigação, a polícia judiciária, o Ministério Público, a Justiça Criminal, os
advogados, o sistema carcerário, os meios de comunicação social, os governos e a
população.
O presente estudo limitar-se-á a dar uma contribuição de como as polícias
militares podem colaborar para melhorar a eficiência e a eficácia do sistema de
33

prevenção da criminalidade, exercendo ações de polícia de investigação, reunindo


provas contra os autores de ilícitos ambientais, pois, entende-se que a impunidade é
o grande fator incentivador da criminalidade e da violência.
Quando se trata de meio ambiente a situação se agrava, pois, observa-se
a falta de profissionais qualificados nas polícias de investigação científica, hoje
afetas no Estado do Rio de Janeiro à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, para
a confecção de laudos periciais ambientais.
A própria investigação criminal desenvolvida pela Polícia Civil do Estado
do Rio de Janeiro (PCERJ) é muito deficiente, se limitando, na maioria das vezes à
investigação dos casos de maior repercussão nos meios de comunicação. O Boletim
de Monitoramento e Análise do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de
Janeiro (ISP), órgão vinculado à Secretaria de Segurança, de junho de 2003 pela
primeira e única vez publicou um relatório sobre a taxa de elucidação de homicídios
dolosos no estado referente ao primeiro semestre daquele ano. O resultado foi
estarrecedor.
Dentre as 10 Delegacias Policiais Legais com maior número de vítimas de
homicídios dolosos no Estado do Rio de Janeiro a média de investigações
concluídas com êxito foi de 2,7%, incluídas nesse percentual as prisões em
flagrante, efetuadas em sua maioria pela polícia ostensiva, onde todos os elementos
de autoria e materialidade são apresentados à delegacia, restando apenas àquele
órgão a lavratura do auto de prisão em flagrante delito (INSTITUTO..., 2003). A
Tabela 1, apresenta as taxas de elucidação de outros ilícitos.

Tabela 1 – Taxa de elucidação de ilícitos penais pela PCERJ


(1° semestre de 2003)
média de investigações
Ilícito Penal
concluídas com êxito (%)
homicídio doloso 2,7
roubo de carga 5,4
roubo a banco 2,0
roubo a transeunte 3,0
roubo de residência 4,5
roubo a estabelecimento comercial 3,7
roubo em coletivo 3,9
latrocínio 8,6
Fonte: ISP, 2003.
34

Essa falta de investigação não é exclusividade do Rio de Janeiro.


Segundo Carvalho (2006), 90% dos homicídios cometidos no Rio de Janeiro e 80%
em São Paulo não são punidos, enquanto nas Europa, Estados Unidos e Canadá o
percentual de punibilidade é de cerca de 45%, e na Inglaterra de 90%.
A entrevista que Nunes (2006a), fez com o Delegado Vinícius George,
então presidente do Sindicato dos Delegados é preocupante, pois, a informação é
de um dos dirigentes daquela instituição. Na entrevista George confirma a baixa
produtividade da PCERJ nas investigações criminais, o que gera impunidade.
Luiz Antônio Ferreira de Araújo, presidente da Associação do Ministério
Público do Rio de Janeiro (AMPERJ), declara em entrevista (NUNES, 2006b) várias
varas criminais estão sendo extintas por falta de investigação, isto é, “existem crimes
demais e investigação de menos”, levando a uma situação preocupante,
aumentando a sensação de insegurança da sociedade, onde a violência, o roubo e o
furto crescem e a impunidade é flagrante.
Rodrigo Colaço, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil
(AMB), quando entrevistado (NUNES, 2006c) chama atenção para a falta de
estrutura da PCERJ para investigar, e com isso prejudicando acima de tudo a
população, deixando intranqüilo o meio social.
O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Carlos Murta
Ribeiro, em uma entrevista esclarecedora (MOTTA, BARROS, 2007), ratifica que a
impunidade é a principal causa de crimes, visto que a certeza da punição é eficaz
para combatê-los, e nos aponta uma forma de se evitar a criminalidade elegendo a
educação como solução.
Se no Brasil, e no Rio de Janeiro em particular, as investigações criminais
têm níveis baixíssimos de elucidação em se tratando de crimes contra a pessoa e
contra o patrimônio, o que dizer então dos crimes ambientais? A situação parece ser
bem pior, já que somado à falta de investigação desses crimes soma-se a falta de
conhecimento sobre a legislação ambiental, tanto a penal, como a cível e a
administrativa, por parte das autoridades públicas, tanto do poder executivo como do
judiciário.
Outro fator que agrava a situação de impunidade sobre os autores de
crimes ambientais é a falta de capacitação técnicas dos peritos criminais da PCERJ
para a realização de exames referentes ao meio ambiente. A maioria dos peritos
35

criminais trabalha em regime de escalas, normalmente de 24 horas de serviço por 72


horas de folga, principalmente no interior do estado.
A situação se agrava nesse caso, visto que nos dias de serviço pode
haver um profissional de uma área não afeta às ciências ambientais, como ocorreu
em novembro de 2006 quando uma equipe do BPFMA apreendeu aproximadamente
seis toneladas de sardinha no Porto de Jurujuba, em Niterói, pescadas ilegalmente.
Essa equipe teve que esperar cerca de 10 horas para a liberação e doação do
pescado, pois, o perito da PCERJ se declarou incompetente para atestar a
qualidade do produto, o que foi feito pelo tenente veterinário do BPFMA, e após
confeccionar o respectivo laudo (ARAÚJO, 2006).

2.4.2 A perícia na PMERJ

À medida que as técnicas agrícolas da primeira onda se desenvolviam, e


excedentes e estoques de comida eram mantidos, permitiu que o número dos
integrantes dessas sociedades aumentassem, se tornando densamente povoadas,
estratificadas e sedentárias. Essa estratificação social permitiu que várias classes de
especialistas surgissem, dentre elas filósofos, militares, comerciantes etc. O grande
número de especialistas possibilitou o desenvolvimento de várias tecnologias, dentre
elas a matemática e química, permitindo a construção de armas de aço, navios
(DIAMOND, 2005).
Em função desse progresso encontram-se registros de exames realizados
por pessoas versadas em diversas ciências o que contemporaneamente se
denominaria “perícia”. Tochetto (1995, p. 647) conceitua perícia como “os exames
procedidos por um especialista, investigações e conclusões delas derivadas, para o
esclarecimento de um fato”.
A nova ciência que surgia no século XIX recebeu várias denominações:
antropologia criminal, psicologia criminal, polícia técnica, policiologia, polícia criminal,
técnica policial, polícia judiciária, polícia científica e, finalmente criminalística. Essa
última denominação foi utilizada pela primeira vez pelo juiz alemão Hans Gross, em
1893, em seu livro “Manual do juiz de instrução”.
36

A partir do empenho de vários cientistas para o desenvolvimento da


Criminalística, esses passaram a colaborar com os organismos policiais oferecendo
diretrizes baseadas em processos científicos em substituição aos processos
empíricos adotados até então. Dentre esses destacou-se um dos mais renomados
professores da Universidade de Roma: Ottolenghi.
Ele passou a ministrar aulas na Escola Pública Sicurezza, que formava os
policiais italianos, colaborando na formação desses profissionais em matéria técnica-
científica. Como conseqüência desse trabalho, começou a surgir na Europa vários
laboratórios de pesquisas direcionadas ao estudo do delito. Dessa forma o Velho
Mundo influenciou as Américas, e por conseqüência o Brasil, onde começaram a
surgir laboratórios de Criminalística (TOCHETTO, 1995).
O Brasil somente começou a destinar uma real importância à perícia com
a decretação do Código de Processo Penal (CPP), em 1941, quando em seu artigo
158 tornou indispensável à realização do exame de corpo de delito quando a
infração deixar vestígios. O CPP estabeleceu os requisitos para exercer as funções
de peritos, ou seja, o profissional encarregado de realizar o exame de corpo de
delito.
Dentre os requisitos para a realização de exames que estão
estabelecidos no artigo 159, que exige que as perícias sejam realizadas por dois
peritos oficiais. O legislador ciente das deficiências brasileiras no campo da polícia-
técnica, vislumbrou a possibilidade da ausência de peritos oficiais, e autorizou que
na ausência desses os exames sejam realizados por duas pessoas portadoras de
curso superior, de preferência dentre aquelas que tiverem habilitação específica
relacionada à natureza do exame (BRASIL, 1941).
Na década de 80, com a introdução da disciplina de Investigação Criminal
no currículo do Curso de Formação de Oficiais da Escola de Formação de Oficiais
(EsFO) da PMERJ, observou-se uma total ausência de oficiais com conhecimentos
técnicos e científicos para ministrar o módulo que tratava da parte de polícia técnica,
já que na parte da investigação subjetiva podia-se valer daqueles oficiais com
adequada experiência neste campo, se bem que, por vezes, sem uma formação
acadêmica para lhe dar suporte.
Outro fator relevante a se ressaltar, é que o órgão de polícia técnica do
Estado do Rio de Janeiro, no caso o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE),
somente atendia nessa ocasião, às solicitações da PMERJ nos casos de inquérito
37

policial militar e auto de prisão em flagrante, na medida de suas limitações de


pessoal, instalações e acúmulo de serviço. Tal situação perdura até os dias atuais.
No âmbito desse contexto histórico e político, surge o primeiro embrião
daquilo que seriam as bases para a criação do Centro de Criminalística (C CRIM) da
PMERJ. Em 1986 é apresentada ao Comando da Corporação uma proposta
elaborada pelo, então, 1º Tenente Policial Militar Luis Antonio Abrantes Coelho,
sobre a realização de um curso de perícia criminal, a nível de especialização. A
proposta é aceita, e em 1987 se realiza o primeiro Curso de Investigação e Perícia
Criminal (CIPC) da PMERJ, contando com 20 oficiais da corporação (OLIVEIRA,
2004).
Com um corpo de oficiais tecnicamente preparados, em 1988 é criado o
Núcleo do Centro de Criminalística da PMERJ (Nu/CCPMERJ). Dez anos depois
essa organização policial militar é transformada em C CRIM, tendo sua estrutura
ampliada mas mantendo a vedação “a realização de exames que versem sobre
matéria pertinente à Legislação outra que não a criminal militar” (POLÍCIA MILITAR,
1988).
Ao longo de 20 anos o C CRIM vem atendendo indistintamente todos os
encarregados de procedimentos administrativos e de inquéritos policiais militares,
bem como a outras organizações integrantes da estrutura administrativa federal,
estadual e municipal, confeccionando exames periciais que têm atendido as
expectativas dos solicitantes em mais de 90%. O que significa dizer que a maioria
absoluta dos solicitantes utilizou-os para formarem a convicção final em seus
procedimentos investigatórios.

2.4.3 A perícia no BPFMA

Atualmente a maioria das polícias militares do Brasil possui pelos menos


uma unidade especializada em policiamento ambiental. A primeira unidade foi criada
em 1949 na Polícia Militar do Estado de São Paulo. Desde então todos os estados
da federação criaram suas unidades de polícia militar ambiental.
No ano de 1986 o governador do estado do Rio de Janeiro cria o 23°
Batalhão de Polícia Militar com a missão específica “a execução do policiamento nas
38

florestas e outras formas de cobertura vegetal, assim como dos demais recursos
naturais em território do Estado do Rio de Janeiro” (RIO DE JANEIRO, 1986). Essa
unidade operacional da PMERJ, no ano seguinte perde a numeração ordinal e passa
a denominar-se Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA), e tem a
missão ampliada para “execução de policiamento florestal, e de outras formas de
cobertura vegetal, assim como dos demais recursos naturais e de preservação do
meio ambiente no território do Estado do Rio de Janeiro” (RIO DE JANEIRO, 1987).
Para a execução de sua missão o BPFMA está dividido atualmente em
cinco companhias, onde cada uma é responsável pelo policiamento ambiental em
certo número de municípios entre os 92 do estado. Essas companhias têm sede nos
municípios de Maricá, Cachoeiras de Macacu, Campos dos Goytacazes, Angra dos
Reis e Aperibé.
Ao longo desses anos as unidades de polícia militar ambiental vêm
prestando relevantes serviços ao meio ambiente do Brasil, e por vezes esse serviço
teve o custo altíssimo da vida de seus integrantes. O Quadro 1 apresenta o
mapeamento de efetivos das polícias militares ambientais.

Quadro 1 – Mapeamento de efetivo das polícias militares ambientais (2006)


Unidades da federação Efetivo
Acre 85
Alagoas 101
Amapá 392
Amazonas 80
Bahia 125
Ceará 101
Distrito Federal 260
Espírito Santo 152
Goiás 273
Maranhão 92
Mato Grosso 210
Mato Grosso do Sul 370
Minas Gerais 1.845
Pará 184
Paraíba 85
Paraná 650
Pernambuco 187
Piauí 48
Rio de Janeiro 394
Rio Grande do Sul 70
Rio Grande do Norte 69
Rondônia 130
Roraima 0
Santa Catarina 430
São Paulo 2.393
Sergipe 80
Tocantins 109
Total 8.915
Fonte: Rabelo, 2006.
39

As polícias militares ambientais vêm se tornando a maior força de defesa


do meio ambiente do Brasil. A soma de seus efetivos, algo em torno de 9.000
homens supera em muito a quantidade de fiscais do IBAMA. A cada dia esses
profissionais procuram se atualizar em cursos, sendo um dos mais concorridos o
Curso Estratégias para Conservação da Natureza, da Polícia Militar de Mato Grosso
do Sul.
O BPFMA tem procurado capacitar seus profissionais e recrutar aqueles
com formação superior que permita o melhor desempenho de sua missão específica.
Atualmente ele tem em seus quadros profissionais graduados em Biologia,
Veterinária, Agronomia e Geografia, muitos deles com cursos de extensão lato e
stricto senso. O alto grau de capacitação desses profissionais levou ao longo dos
anos que várias autoridades requisitassem ao BPFMA, inclusive a PCERJ, a
elaboração de laudos e pareceres ambientais. O Quadro 2 detalha essas
solicitações.

Quadro 2 – Laudos e pareceres realizados.


Ano Laudos e pareceres Solicitações de outros órgãos
2002 36 0
2003 19 2
2004 16 2
2005 28 4
2006 16 4
Total 115 12
Fonte: BPFMA, 2006.

Ao longo de cinco anos os técnicos do BPFMA realizaram 115 exames


entre laudos e pareceres, não sendo contestada ou argüida a incompetência desses
profissionais para procederem os mesmos. Não o foi por acaso que não os
contestaram, porque não há o que se contestar.
Existem diversos tipos de prova, cada uma com suas características.
Todavia o ordenamento jurídico brasileiro não estabelece uma prevalência entre elas
quando do julgamento pelo magistrado. Os artigos 157 e 182 do CPP estabelecem
que o juiz apreciará livremente a prova, isto é, ele tem liberdade para escolher entre
os diversos tipos de provas existentes nos autos do processo e poderá descartá-las
ou aceitá-las, no todo ou em parte.
Sobre este fato se manifesta Espindula (2002):
40

[...] não há hierarquia de provas. Todas, em princípio, tem o mesmo valor


probatório. Todavia, o que temos observado ao longo de muitos anos é que
a prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais.
Certamente o legislador, nesse artigo, quis assegurar ao magistrado o seu
livre convencimento diante do conjunto de provas, pois anteviu que se assim
não assegurasse, a prova pericial acabaria prevalecendo, tanto técnica
quanto juridicamente, sobre as demais.
É muito simples explicar essa preferência. Ocorre que a prova pericial é
produzida a partir de fundamentação científica, enquanto que as chamadas
provas subjetivas dependem do testemunho ou interpretação de pessoas,
podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de capacidade
da pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má fé, onde
exista a intenção de distorcer os fatos para não se chegar à verdade.
[...]
Sem dúvida, já em 1941 o legislador anteviu a importância da prova
científica, pois mesmo prevendo no artigo 157 que o juiz formará sua
convicção pela livre apreciação da prova, deixa claro no texto daquele artigo
182, que o laudo não deverá ser apreciado como uma verdade absoluta.
Mais uma vez nota-se a importância da prova científica, tamanha a
preocupação do legislador em criar mecanismos para que o laudo não fosse
usado exclusivamente, em detrimento de outros meios de prova.(grifo do
autor)

Tendo o juiz a liberdade de escolher entre as provas, tem ele também o


dever de justificar tal decisão. O CPP determina em seu artigo 381, inciso III, que a
sentença deverá conter "[...] a indicação dos motivos de fato e de direito em que se
fundar a decisão". Ou seja, não importa a origem da prova desde que esteja técnica
correta.
Os peritos criminais da PCERJ, mesmo não conseguindo atingir a todo o
estado e nem todos serem capacitados para a realização exames referentes ao meio
ambiente, alegam que somente eles, por serem peritos oficiais, podem confeccionar
laudos referentes à matéria criminal. Todavia, o legislador processual penal, em seu
artigo 159 foi sábio ao possibilitar a realização de perícias por duas pessoas de nível
superior com conhecimento técnico sobre o assunto na ausência dos peritos oficiais.
Se não bastasse o previsto no CPP, a Lei n° 7.347/85, que disciplina a
ação civil pública como visto na Seção 2.3.2, tem especial importância nesse
aspecto porque determina aos servidores públicos que forneçam ao MP todos os
dados sobre fatos que possam constituir objeto de instauração dessa ação. O
BPFMA cumpre essa determinação legal remetendo ao MP todos os TRO e ROp
que possam servir de base para instauração de ação civil pública. Ora, se esses
documentos forem acompanhados de um laudo pericial, maiores e melhores
elementos de prova serão fornecidos ao MP, que poderá requerer ao juízo
competente a instauração de ação civil pública. Já a Lei n° 9.605/98 abre a
41

possibilidade das provas produzidas no inquérito civil serem aproveitadas no


processo penal.

Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível,


fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e
cálculo de multa.
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível
poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório

O promotor Sávio Bittencourt (2007), chefe do Centro de Apoio


Operacional de Tutela Coletiva do MP, durante o Curso de Técnicas de Fiscalização
Ambiental, promovido pela Secretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro,
ministrado aos policiais militares do BPFMA, ao ser indagado se vislumbrava
qualquer ilegalidade na realização de laudos periciais ambientais por integrantes
daquela unidade, respondeu que não e foi além. Acrescentou que estaria disposto a
intermediar a celebração de um convênio entre o MP e a PMERJ nesse sentido.
Depreende-se do exposto que independente do juízo a apreciar a prova
pericial produzida pelo BPFMA, quer seja o cível ou criminal, o que importa é que
provas técnicas serão produzidas possibilitando ao magistrado aplicar a medida
legal prevista, reduzindo a impunidade e preservando o meio ambiente.
A Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, que instituiu o Código de
Processo Civil (CPC) brasileiro, exige apenas um perito para a realização de exames
técnicos que são materializados por um laudo pericial, desde que ele possua nível
universitário.

Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou


científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.
o
§ 1 Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário,
devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto
no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. (Incluído pela Lei nº 7.270, de
10.12.1984)
o
§ 2 Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que
deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem
inscritos. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
o
§ 3 Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que
preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos
será de livre escolha do juiz.

O órgão de classe que a lei se refere ainda não existe, pois, não há órgão
de classe que regulamente a profissão de perito (ORNELLAS, 2007). Todavia, é de
bom alvitre a inscrição no Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de
42

Defesa Ambiental, a fim de atender o prescrito na lei que estabelece a Política


Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 1981).
Não obstante o BPFMA possuir um corpo técnico capacitado para realizar
exames periciais ambientais falta-lhe uma infra-estrutura mínima para tal mister. A
fim de subsidiar o escalão superior, o comando do BPFMA determinou em 2006 que
fosse realizado um estudo de estado-maior sobre a necessidade da implantação de
uma subseção técnica na unidade, onde estaria subordinado um setor de perícia
ambiental.
Esse estudo foi desenvolvido por oficiais daquela unidade que
apresentaram o problema, fundamentaram a necessidade de se criar um setor de
perícia ambiental e estabeleceram os condicionantes legais, verificando ao final que
não há vedação legal que impeça a realização de laudos periciais ambientais pelo
BPFMA. Em novembro de 2006 esse estudo foi encaminhado ao comando da
corporação não se obtendo uma resposta até o final do presente estudo.
Se levarmos em consideração que a quantidade de ocorrências
ambientais atendidas pelo BPFMA nos anos de 2004 a 2006 chegaram ao montante
de 1561 notificações, conforme o Quadro 3, e o número de exames periciais
realizados no mesmo período foram de 60, entre laudos e pareceres, constatamos
uma enorme demanda reprimida, uma vez que os exames periciais atingiram
somente 3,84% das ocorrências.

Quadro 3 – Ocorrências ambientais atendidas pelo BPFMA.


CRIMES extração ilegal
de contra a contra a pesca
de substância TOTAL
ANO poluição fauna flora ilegal
mineral
2004 35 36 105 143 40 359
2005 54 55 120 154 50 433
2006 36 59 249 267 158 769
TOTAL 125 150 474 564 248 1561
Fonte: BPFMA, 2006.

Quando se verifica a demanda reprimida com relação às ocorrências


ambientais atendidas pelo BPFMA, o que já justificaria a criação de um setor de
perícia ambiental em sua estrutura, vem em auxílio a essa pretensão Minc (2005, p.
148), que nos alerta sobre a necessidade de equipar os órgãos ambientais a fim de
43

não alimentar a impunidade, conseqüência da ineficácia das Leis, e compara o


Brasil a outros países desenvolvidos:

“As leis ecológicas continuarão com reduzida eficácia, caso os órgãos


ambientais sigam desequipados e com pouco poder político e a Justiça
permaneça insensível às conseqüências dos crimes ambientais,
alimentando a impunidade. Nos países desenvolvidos, os governos
destinaram parcelas maiores do orçamento aos órgãos ambientais por
causa das cobranças persistentes da sociedade. A Justiça nesses países
age de forma implacável contra os crimes ambientais, pelo fato de a
sociedade não tolerar a impunidade e porque a própria formação técnica
dos juízes incorpora o conhecimento detalhado da legislação ambiental. As
polícias e o Ministério Público nesses países têm divisões especializadas de
meio ambiente, com grande capacidade de investigação e formação dos
processos há duas décadas, o que só recentemente e de forma desigual,
segundo as regiões, começa a existir no Brasil”.

Cabe ressaltar, por derradeiro, que as atividades a serem desenvolvidas


pelo BPFMA não se sobrepõe aquelas já desenvolvidas pelo C CRIM, uma vez que
esse último tem por finalidade a realização de exames atinentes à matéria penal
militar, no que não se enquadram os crimes ambientais, bem como carece de
profissionais capacitados tecnicamente para o exercício dessa atividade.
44

3 METODOLOGIA

A metodologia de abordagem utilizada foram os dedutivos, onde partiu-se


de enunciados gerais básicos, tidos como verdadeiros, a fim de se chegar a uma
conclusão particular, tida também como verdadeira.
Com isso pretende-se provar que os laudos periciais ambientais
elaborados pelo BPFMA são legais e legítimos, ancorados pelo que estabelece o
Código de Processo Penal e o Código de Processo Civil.
Na pesquisa, adotar-se-á a técnica de documentação indireta, valendo-se
tanto da pesquisa documental quanto da pesquisa bibliográfica.
Constituirão as fontes da pesquisa todos os dados sobre a produção dos
laudos periciais ambientais fornecidos pelo BPFMA, bem como entrevistas livres às
autoridades que, em tese, poderiam solicitar a elaboração desses laudos.
Todos estes dados foram analisados, tabulados e descritos conforme os
princípios estatísticos, expressando suas freqüências e percentuais, apresentados
em gráficos e tabelas que, somados à pesquisa bibliográfica e documental
permitiram sua análise e interpretação, conduzindo, naturalmente, o estudo realizado
para suas melhores conclusões.
45

4 CONCLUSÕES

A partir dos dados apresentados e analisados, de acordo com os


objetivos específicos, foram alcançados pontos conclusivos sobre a necessidade de
se criar um setor que realize laudos periciais ambientais no BPFMA e em outras
unidades de polícia militar ambiental do Brasil, como uma forma de fornecer
elementos de prova ao juízo competente, a fim de permitir que o Poder Judiciário
cumpra a sua função punitiva estatal àqueles que de qualquer forma degradam o
meio ambiente.
O presente estudo demonstrou de forma patente que ao longo de cinco
anos, de 2002 a 2006, 115 laudos e pareceres foram produzidos pelo BPFMA,
sendo cerca de 10% deles proveniente de solicitações de outros órgãos estranhos à
PMERJ. Não se conseguiu comprovar cientificamente se há uma tendência de
aumento na demanda uma vez que essa atividade não está consolidada entre as
atividades ordinárias da unidade, ou seja, não é do conhecimento comum que
integrantes do BPFMA estejam capacitados a esse mister.
A falta de consolidação dessa atividade, isto é, a inexistência do setor de
perícias ambientais não permitiu estabelecer uma estrutura mínima de suporte à
atividade, tais como: fotógrafos, auxiliares, desenhistas, digitadores etc. Urge,
portanto a criação de um setor de perícia ambiental no BPFMA, a fim de desenvolver
essa atividade na corporação, aumentando a eficácia de suas ações preventivas em
sentido genérico, fornecendo informações de maior e melhor qualidade ao MP a fim
de que a pretensão punitiva estatal seja aplicada repressivamente a todo aquele que
degradar o meio ambiente, diminuindo a impunidade e preservando a natureza.
O assunto é amplo e não está esgotado. Recomenda-se a continuação do
presente estudo a fim de obter maiores e melhores subsídios aprofundando-se a
pesquisa, o que não foi possível no presente trabalho de conclusão de curso.
46

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Isabel de. Polícia apreende sardinhas. O Fluminense, Niterói, 16 nov.


2006, p. 8.

BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de


mudanças da Agenda 21. 8. ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2007. 159 p.

BAYLEY, David H. Padrões de policiamento: uma análise comparativa


internacional. São Paulo:USP, 2001.

BITTENCOURT, Sávio. Notas de aula. Secretaria de Estado do Ambiente. Curso de


Técnicas de Fiscalização Ambiental. Niterói, 2007.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado, 1988.

______. Decreto nº 66.862, 8 jul. 1970. Aprova o regulamento para as polícias


militares e corpos de bombeiros militares (R-200). Diário Oficial da União. Brasília,
8 jul.1970.

______. Decreto nº 667, 2 jul. 1969. Reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de


Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, e dá outras
providências. Diário Oficial da União. Brasília, 2 jul.1969.

______. Decreto nº 88.777, 30 set. 1983. Aprova o regulamento para as polícias


militares e corpos de bombeiros militares (R-200). Diário Oficial da União. Brasília,
30 set. 1983.

______. Decreto-Lei n.º 3689, 3 out. 1941. Código de processo penal. Diário Oficial
da União, Rio de Janeiro, 13 e retificado em 24 out. 1941.

______. Lei nº 10.406, 10 jan. 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União.
Brasília, 10 jan.2002.

______. Lei nº 3.071, 1° jan. 1916. Código Civil. Diário Oficial da União. Rio de
Janeiro, 1° jan. 1916.

______. Lei nº 5.869, 11 jan. 1973. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial
da União. Brasília, 11 jan.1973.
47

______. Lei nº 7.347, 24 jul. 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade
por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e dá outras providências. Diário
Oficial da União. Brasília, 24 jul. 1985.

______. Lei nº 9.605, 12 fev. 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 12 fev. 1998.

CARVALHO, Jailton. Impunidade é a regra nos assassinatos no país. O Globo, Rio


de Janeiro, 06 ago. 2006. O País, p. 19.

CERQUEIRA, Carlos Magno Nazareth. Para uma metodologia do estudo da


criminalidade e da violência. Rio de Janeiro: Secretaria da Polícia Militar do Estado
do Rio de Janeiro, 1985. 87 p.

CHAVES, Wilson de Freitas; PINTO, Humberto; MADUREIRA, Nilson Pinto. PM:


reflexões e ações. Rio de Janeiro: Polícia Militar, 1992. 104 p.

DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica


brasileira. Tradução de Cid Knipel Moreira. Revisão técnica José Augusto
Drummond. 6. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 484 p.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas,
2004.

DIAMOND, Jared. Armas, germes e aço: o destino das sociedades humanas.


Tradução de nota assessoria Silvia de Souza Costa. 7. ed. Rio de Janeiro: Record,
2005. 472 p.

DIEGUES, Antonio Carlos Sant‟Ana. O mito moderno da natureza intocada. 4. ed.


São Paulo: Hucitec, 2004. 161 p.

ESPINDULA, Alberi. Perícia criminal e cível: uma visão completa para peritos,
advogados, promotores de justiça, delegados de polícia, defensores públicos e
magistrados. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002. 344p.

FERNANDES Ricardo. Notas de aula. Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro,


2006.

GUSMÃO, Antonio Carlos. Notas de aula. Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro,
2007.
48

HISTÓRIA DA PM. Disponível em:< http://www.polmil.sp.gov.br/inicial.asp>.Acesso


em: 10 jan. 2008.

HOLLOWAY, Thomas H. Polícia no Rio de Janeiro: repressão e resistência numa


cidade do século XIX. Tradução de Francisco de Castro Azevedo. 1. ed. Rio de
Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1997. 344 p.

HOUAISS, Antonio (Instituto). Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua


Portuguesa. Versão 1.0. Ed. Objetiva, 2001. 1 CD-ROM.

INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Boletim mensal de monitoramento e


análise julho de 2003. Rio de Janeiro, 2003. http://www.isp.rj.gov.br/Conteudo
.asp?ident=75. Acesso em: 05 dez. 07.

LAZZARINI, Alvaro. et. al. Direito administrativo da ordem pública. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1987. 229 p.

LAZZARINI, Alvaro. Por uma polícia estável, eficaz e organizada. Revista Unidade,
Porto Alegre, n. 22, jan./mar. 1998.

MANO, Eloisa Biasotto; PACHECO, Élen Beatriz Acordi Vasques; BONELLI, Cláudia
Maria Chagas. Meio ambiente, poluição e reciclagem. 1. ed. São Paulo: Edgard
Blücher, 2005. 182 p.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22. ed. São Paulo:
Malheiros Editores Ltda., 1996. 733 p.

MINC, Carlos. Ecologia e cidadania. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2005. 152 p.

MOTTA, Cláudio; BARROS, Jorge Antonio. Todo mundo tem que vestir a mesma
camisa. O Globo, Rio de Janeiro, 01 abr. 2007. Rio, p. 30.

MUNIZ, Jaqueline. A crise de identidade das polícias militares brasileiras:


dilemas e paradoxos da formação educacional. Security and Defense Studies
Review. Rio de Janeiro, v. 1, 2001. Disponível em: <http://www.ndu.edu/chds
/journal/PDF/Muniz-final.pdf>. Acesso em: 19 jan. 07.

NEVES, Carlos Alberto Fernandes; CARVALHO, Erasto Miranda de. Polícia Militar
do Estado do Rio de Janeiro: resumo histórico. 3. ed. Rio de Janeiro: Centro de
Estudos Históricos da PMERJ, 1994. 32 p.

NOBRE, Carlos. Coronel Nazareth Cerqueira: um exemplo de ascensão negra na


Polícia Militar do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2000. Originalmente apresentado
como pesquisa do Centro de Estudos Afro-asiáticos (CEAA) da Universidade
49

Cândido Mendes. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros


/aladaa/nobre.rtf. Acesso em 05 dez. 07.

NUNES, Marcos. Baixa produtividade nas DPs. Extra, Rio de Janeiro, 25 set. 2006,
p. 3.

______. MP quer reabrir investigações. Extra, Rio de Janeiro, 28 set. 2006, p. 10.

______. Sem investigação, mais roubos. Extra, Rio de Janeiro, 29 set. 2006, p. 14.

OLIVEIRA, Eduardo Frederico Cabral de. Centro de criminalística: evolução e


contribuições para Polícia Militar. Florianópolis, 2004. Originalmente apresentado
como monografia de especialização, Universidade do Sul de Santa Catarina, 2004.

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Histórico da Polícia Militar.


Disponível em: <http://www.policiamilitar.rj.gov.br>. Acesso em: 01 set. 2006.

POLÍCIA MILITAR. Ato do Comandante Geral. Revoga as Instruções Provisórias


para funcionamento do Nu/CCPMERJ (IP-27). Aprova as Instruções reguladoras
para funcionamento do Centro de Criminalística da PMERJ (C CRIM). Classifica as
referidas instruções e determina sua impressão. Aditamento ao Boletim da Polícia
Militar. Rio de Janeiro, n. 135, 15 p., 27 jul. 1998.

______. Estudo n° 001/06. Rio de Janeiro: Batalhão de Polícia Florestal e de Meio


Ambiente, nov. 2006. 19 p.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD).


Relatório de desenvolvimento humano 2007/2008. Tradução do Instituto
Português de Apoio ao Desenvolvimento. New York, 2007. Disponível em:
<http://www.pnud.org.br>. Acessado em: 27 nov. 07.

RABELO, Angelo. Notas de aula. VII Curso estratégias para conservação da


natureza. Polícia Militar do Mato Grosso do Sul. Corumbá, 2006.

RIO DE JANEIRO. Decreto Estadual nº 10.376, 25 set. 1987. Altera a denominação


de Batalhão de Polícia Militar, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 25 set.1987.

______. Decreto Estadual nº 9.520, 15 dez. 1986. Cria o 23º Batalhão de Polícia
Militar com destinação específica e dá outras providências. Diário Oficial do Estado
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 15 dez.1986.

SABOYA, Jorge; GONÇALVES, Sebastião. Legislação ambiental descomplicada.


Rio de Janeiro: Auriverde, 2004. 237 p.
50

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Polícia


Ambiental comemora 55 anos com megaoperação em todo o Estado, São
Paulo, 14 dez. 2004. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/destaque/2004
/dezembro/14_PM.htm>. Acessado em 05 fev. 08.

SILVA, Jorge da. Unificação Policial Estadual no Brasil: uma visão dos limites e
possibilidades. São Paulo: Editores Associados, 2002.

SVIRSKY, Enrique; CAPOBIANCO, João Paulo R. (Org.). Ambientalismo no


Brasil: passado, presente e futuro. São Paulo: Instituto Socioambiental, 1997. 112 p.

TEIXEIRA, Luiz Gustavo Lima. A instituição policial no Rio de Janeiro na


primeira metade do século XIX: implantação e consolidação de suas organizações.
Niterói, 2005. Originalmente apresentado como monografia de especialização,
Universidade Federal Fluminense, 2004.

TOCHETTO, Domingos. et. al. Tratado de perícias criminalísticas. Porto Alegre:


Sagra – DC Luzzatto, 1995.
51

ANEXOS
ANEXO A – Modelo de Relatório Operacional 52
(anverso)

POLICIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


COMANDO DAS UNIDADES OPERACIONAIS ESPECIAIS
BATALHÃO DE POLICIA FLORESTAL E DE MEIO AMBIENTE

Relatório Operacional Nº
Referência:
01. Data Inicio 02. Hora Inicio 03. Data Término 04. Hora Término 05. Município

06. Endereço 07. Número

08. Bairro 09. Coordenadas 10. OPM da Área


Lat. Long
11. Equipe (Grad, RG, Nome).

12. Viaturas (Nº de Ordem) 13. Km percorrido. 14. Tipo de Serviço

15. Cód Ocorrência 16. Cód BPFMA 17. TRO nº 18. RO nº

19. Flagrante nº 20. Auto de Constatação nº 21. Notificação 22. TAD/TEI

23. Unidade de Conservação 24. APP (Enquadramento Legal)

25. DP da Área 26. Tempo DP 27. Benef. 9099/95 28. Área (Localização)
( ) Urbana ( ) Rural ( ) Entorno UC
29. Fundamentação Legal

30. Envolvidos 31. Tipo 32. Idade 33. Sexo

34. Material Apreendido


Ave(s) Animal(ais) Peixes(Kg) Rede(s) Tarrafa(s) Réptil(eis)
Arma(s) Madeira(m³) Areia(m³) Pedra(m³) Crustáceo(Kg) Balão
Carvão(m³) Veículo(s) Munição Moto-Serra Pá(s) Gaiola (s)
Foice Machado Saibro(m³) Argila(m³) Outros
35. Destino Material 36. Recebedor
ANEXO A – Modelo de Relatório Operacional 53
(verso)

Relatório Operacional Nº
37. Documentos Fiscalizados 38. Nº 39. Expedição 40. Validade

41. Relato da Ocorrência (se necessário utilizar folha complementar)

42. Croqui (obrigatório - destacar pontos de referência e indicar distâncias entre os locais)

_______________________________
ASSINATURA RESPONSÁVEL/CARIMBO

43. Despacho CMT de CIA 44. Despacho Chefe da P/3

Em: Em:

_______________ ________________
ASSINATURA ASSINATURA

Você também pode gostar