DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Docente: Maycoln Leoni Martins Teodoro
Discentes: Heloísa Maria de Freitas Medeiros - 2018079098; Lucas Bento Morais - 2018064023; Renata Pessôa - 2017007247
1. Identifique as Crenças Nucleares de Paula, bem como as
Suposições/Regras, Pensamentos Automáticos e as Estratégias de Coping utilizadas por ela, as quais contribuem para manter os seus problemas/sintomas.
As crenças nucleares são as ideias centrais que a pessoa possui sobre si
mesma, os outros ou o mundo. Elas podem ser encaixadas em três categorias: de desamor, desvalor e/ou desamparo (Beck, 2013). No caso de Paula, suas crenças nucleares sobre si mesma são: “Eu sou incapaz/inadequada” (desamparo) e “Eu sou uma mãe/filha/esposa ruim” (desvalor). Exemplos de suas crenças intermediárias (suposições/regras) são: “Para ser boa em alguma coisa, tenho que me dedicar ao máximo”, “Devo priorizar as minhas obrigações”, “Não devo incomodar os outros”, “Não devo causar má impressão, para ser um exemplo”. Dessas crenças nucleares e intermediárias surgem pensamentos automáticos, que são, por exemplo: “Não poderia ter esquecido isto. Sinto que estou falando como mãe”, “Achei que [se fechasse a câmera para resolver algo] iria atrapalhar o andamento da aula, causar desconforto para os colegas”, “Não consigo dar conta de tudo, não estou sendo capaz como deveria ser”, “Melhor desistir da faculdade”, “Questionei-me se estava realmente cuidando bem dos meus pais”. Como estratégia de coping, Paula age de forma controladora, buscando ter o controle e domínio de todas as situações ao seu redor, ao evitar delegar tarefas. Além disso, costuma apresentar comportamento esquivo, ao faltar às aulas, possui altos padrões para si mesma e se sobrecarrega de atividades, ao gerar expectativas irrealistas. Para evitar a ansiedade, larga as tarefas que não está conseguindo realizar.
2. Identifique os dados das experiências de Paula que contribuíram para
formar e fortalecer as suas crenças e suas Estratégias de coping ao longo do seu desenvolvimento. Pontue o provável Fator Precipitante em suas experiências que contribuiu para intensificar os seus sintomas a ponto de comprometer seu funcionamento diário. Identifique as crenças centrais da paciente, bem como suas respectivas crenças intermediárias (suposições/regras), pensamentos automáticos e estratégias de enfrentamento que contribuem para seu funcionamento.
Paula foi criada em ambiente onde a aceitação, a atenção e o afeto
dependiam de fazer as coisas corretamente e de priorizar as obrigações. A falta de carinho e de atenção do pai, assim como as exigências de pai e mãe criaram expectativas de ser perfeita para ser amada e valorizada. Paula também se sentia pressionada durante a infância e adolescência a dar o melhor nos estudos e a ajudar em casa para se sentir valorizada, o que pode tê-la levado a pensar que só seria merecedora de amor se cumprisse suas obrigações, servisse aos outros e lhes desse orgulho. Outros dados relevantes da vida de Paula para o surgimento e manutenção das suas crenças nucleares são o fato de ela ser a irmã mais velha e seus pais terem lhe dito que sua obrigação era cuidar dos irmãos mais novos e servir de exemplo para eles. Isso a levou a pensar que era responsável por cuidar e proteger todos à sua volta, além de exigir de si mesma a perfeição. Por fim, as crenças herdadas de sua mãe, que falava que as obrigações vinham primeiro e que uma boa mãe e dona de casa é aquela que dá seu máximo para que as coisas fiquem bem, cumprem um papel importante na forma como Paula pensa e se vê. Essas atitudes podem ter feito com que ela não vislumbrasse outra alternativa que não tentar controlar o ambiente a sua volta, tratando os pais e o irmão como crianças, que precisam ser orientadas e protegidas, e se sobrecarregasse de obrigações, deixando o prazer e o descanso de lado. Por sua vez, sua atitude esquiva, de querer desistir da faculdade ao menor sinal de que não estaria dando conta, parece estar ligada à crença de que ela precisa ser exemplar em tudo o que faz e apenas dando conta de tudo poderia ser considerada uma boa mãe/filha/esposa. A situação se tornou mais desafiadora após seu ingresso na faculdade, ultrapassando os limites nos quais os padrões de exigência de Paula ainda eram atendidos. Diante de suas obrigações no trabalho, como mãe, esposa e dona de casa, ela relatou estar se sentindo sobrecarregada e não ter tido a ajuda que gostaria do marido para cuidar das tarefas domésticas. Além disso, não vem conseguindo ter momentos de prazer e descontração com as amigas por conta da pandemia. Tudo isso, somado à pressão que ela coloca em si mesma para ter um bom desempenho na faculdade, precipitaram os sintomas que ela vem apresentando. Mas especificamente com relação às suas crises, o fator precipitante parece ser as situações em que ela está ou acredita que esteja falhando ou não dando conta. As crenças centrais geralmente ocorrem aos pares (Kuyken, Padesky & Dudley, 2010, p. 32). Por exemplo, junto com a crença de “eu sou mau”, normalmente a pessoa também possui a crença central de que “eu sou bom”, sendo que cada crença pode ser ativada dependendo das circunstâncias. No caso de Paula, as crenças centrais que contribuem para seu funcionamento diário são “Eu sou capaz”, “Eu sou uma boa mãe/filha/esposa”. Da crença de que ela é capaz, derivam a crença intermediária de que “Eu consigo fazer faculdade e dar conta das minhas demais obrigações”, da qual surgem os pensamentos automáticos relacionados à necessidade de revisar a matéria durante com antecedência e fazer os exercícios. Da crença central de que ela é uma boa mãe/filha/esposa, surgem as crenças intermediárias de que “Devo ajudar e me preocupar com a minha família” e “Não posso negligenciar as necessidades da minha filha”, que fizeram surgir pensamentos automáticos de ligar para o pai dela para saber se havia corrido tudo bem no cardiologista e lembrar que precisava comprar o material escolar de sua filha. Essas crenças e pensamentos contribuem para que Paula tenha um bom funcionamento. Fazer faculdade pode ser de grande importância para seu desenvolvimento pessoal, então não é necessariamente ruim que ela se preocupe em dar conta e ter um bom desempenho. No entanto, ajudar Paula a rever e relativizar algumas de suas crenças, além de incentivá-la a tomar algumas atitudes para organizar melhor sua rotina, podem ser de grande ajuda para tentar solucionar sua ansiedade. Referências bibliográficas
BECK, Judith S. Terapia Cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2013.
KUYKEN, Willem; PADESKY, Christine A. & DUDLEY, Robert. Conceitualização de
Casos Colaborativa: o trabalho em equipe com pacientes em terapia cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2010.