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Luminotécnica Aplicada3
Luminotécnica Aplicada3
APLICADA
Introdução
O uso da iluminação nos ambientes influencia diretamente na nossa
percepção sobre eles e, por consequência, na nossa forma de vivenciá-
-los. A maneira como os percebemos está relacionada com a concepção
da iluminação, sua relação com os demais aspectos espaciais, com
nossa bagagem cultural e nossas experiências anteriores. O processo de
percepção do ambiente iluminado pode ser compreendido de forma
objetiva ou subjetiva, mesmo que sejam aspectos de um conjunto
indissociável.
Neste capítulo, você vai compreender as relações entre a iluminação e
a criação do ambiente por meio da iluminação, conhecendo as diferentes
fontes de iluminação e os diferentes efeitos possíveis a partir de técnicas
de iluminação.
2 Efeitos de iluminação no ambiente
Iluminação e ambiente
A iluminação é o recurso que nos permite ver e perceber o espaço cons-
truído. Sem ela, nossa experiência espacial seria bastante diferente e muito
mais limitada. Assim como a iluminação viabiliza a visão, também sua
forma de interação com o espaço é determinante na nossa percepção
visual. A distribuição da iluminação permite trabalhar a hierarquização
de elementos da composição, o destaque de objetos em relação ao seu
entorno ou o estabelecimento da homogeneidade dos níveis de iluminação
(INNES, 2014).
Historicamente, a iluminação artificial se desenvolveu com maior força
em ambientes industriais ou de escritórios, que tinham por característica a
uniformidade dos níveis de iluminação, uma vez que se destinavam a atender
funções laborativas, que requerem boas condições visuais. A qualidade da
iluminação nesses espaços visava maior produtividade por meio da melhoria
das condições de trabalho (GONÇALVES; VIANNA, 2001).
Assim, os primórdios da iluminação artificial consolidaram um ideário de
iluminação de qualidade relacionado à quantidade de iluminação existente no
ambiente. Entretanto, desde a década de 1970, o projeto de iluminação com
base em aspectos quantitativos já é dado como ineficiente para contemplar
as necessidades humanas e suas capacidades perceptivas (GANSLANDT;
HOFMANN, 1992).
Atualmente, o conceito de iluminação de qualidade estabelecido pela
IESNA (REA, 2000) (Figura 1) contempla necessidades humanas, como
visibilidade, desempenho de tarefas, conforto visual, comunicação social,
atmosfera, saúde, segurança, bem-estar e estética; aspectos de arquitetura,
como forma, composição, estilo, além das legislações; e, por fim, aspectos
econômicos e ambientais, como instalação, manutenção, operação, energia
e meio ambiente. Esses critérios são aplicados aos projetos de iluminação
conforme as funções desempenhadas pelos espaços iluminados.
Efeitos de iluminação no ambiente 3
Alguns limites espaciais podem ser definidos pela luz, seja iluminando ele-
mentos periféricos, seja criando zonas de luz em um entorno mais escurecido.
As definições de claro-escuro dos espaços podem conferir-lhes hierarquias,
ritmo e movimento, e o olhar pode ser direcionado pela luz, focalizando objetos
ou destacando elementos arquitetônicos, gerando um ponto de interesse visual
por meio do contraste entre objeto e entorno.
Mesmo dentro das categorias de luz direta e indireta, pode haver uma
grande variação nas quantidades de iluminância para cada tipo de incidência,
na ordem de 1:1000, dentro de um mesmo ambiente interno. Como forma
de simplificação, foram estabelecidos três tipos de céus: céu claro, parcial-
mente coberto (anisotrópico) e encoberto (isotrópico). Em dias de céu claro,
a radiação direta é predominante e há radiação difusa nas proximidades
do sol e do horizonte. Em dias de céu encoberto, o sol não é visível e há
um turvamento da abóboda celeste, gerando distribuição de luz uniforme
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2013).
As variações de intensidade e direção da luz natural, além das variações
do tipo de céu, são consequências da posição da Terra em relação ao Sol,
tanto no que se refere às estações do ano quanto às variações ao longo do
dia. Temos como direção predominante da luz natural a vertical — é assim
que ela se apresenta com maior frequência e, por isso, é registrada em
nossas memórias como a luz esperada. A luz é mais forte quando vem de
cima, ainda que a luz refletida possa contribuir significativamente para a
iluminação geral (INNES, 2014).
Há outros fatores que influenciam a quantidade de luz natural presente no
ambiente. Além das aberturas — suas quantidades, dimensões, seus formatos
e orientações —, é importante considerarmos a geometria do ambiente e
os coeficientes de reflexão dos materiais. As dimensões e proporções dos
ambientes podem gerar zonas mais escurecidas pelo distanciamento de
aberturas, assim como a reflexão dos materiais altera a quantidade de luz
refletida no ambiente, além de interferir diretamente na percepção do espaço
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2013).
Um parâmetro utilizado para a verificação da quantidade de luz natural
disponível no espaço interno é o coeficiente de luz diurna, também chamado
de contribuição da iluminação natural (CIN), que confere a proporção de
iluminância interna e externa, indicando a aparência do ambiente. Coeficien-
tes na ordem de 5% ou mais apresentam grande área de envidraçamento, na
ordem de ¼ da área de paredes, ou seja, bastante iluminado. Coeficientes na
ordem de 2% ou menos, por outro lado, demandam a utilização de iluminação
artificial (TREGENZA; LOE, 2015). Você pode conferir algumas dessas
relações a seguir, na Figura 2.
Efeitos de iluminação no ambiente 7
Leituras recomendadas
CHING, F.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman,
2014.
KELLER, M. Fantastic Light: The Art and Design of Stage Lighting. 3. ed. Munique: Prestel,
2010.
OSRAM. Iluminação: conceitos e projetos. 2008. Disponível em: <http://www.fau.
usp.br/arquivos/disciplinas/au/aut0274/ilumART.%20Manual%20Osram%20V2.pdf>.
Acesso em: 11 jan. 2019.
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