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| GABRIELE ROCKENBACH |
| CAROLINE BANDEIRA |
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
SOBREPESO E OBESIDADE EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
UFSC 2020
| SILVIA GISELLE IBARRA OZCARIZ |
| GABRIELE ROCKENBACH |
| CAROLINE BANDEIRA |
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
SOBREPESO E OBESIDADE EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
UFSC 2020
FLO R I A N ÓP O LIS
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS)
Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS)
Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN)
3
Autores Silvia Giselle Ibarra Ozcariz
Gabriele Rockenbach
Caroline Bandeira
4
Diagramação/Esquemáticos/ Laura Martins Rodrigues
Infográficos/Finalização
ISBN 978-65-87206-64-6
CDU: 612-3
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APRESENTAÇÃO 8
2.1.7 Ações de Vigilância Alimentar e Nutricional
1 ASPECTOS DO SOBREPESO E DA OBESIDADE (VAN) na Atenção Primária à Saúde (APS) 35
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 10 2.1.8 Promoção da Alimentação Adequada e
1.1 FATORES EPIDEMIOLÓGICOS 11 Saudável por meio de Guias Alimentares 35
1.1.1 Prevalências de sobrepeso e obesidade 2.2 ESPECIFICIDADES DE ALIMENTAÇÃO
em crianças e adolescentes 12 E NUTRIÇÃO EM CRIANÇAS 36
1.1.2 Dados da América Latina e do Brasil 13 2.2.1 Dificuldades alimentares 36
1.1.3 Fatores sociais e acesso a ambientes 2.2.2 Publicidade dos alimentos 37
obesogênicos 14 2.2.3 A mídia sobre alimentos para crianças 38
1.2 DETERMINANTES DO EXCESSO DE PESO 17 2.2.4 Saúde bucal e hábitos alimentares 38
1.2.1 Formação de hábitos alimentares 18 2.2.5 Deficiências de micronutrientes
1.2.2 Padrões e comportamentos alimentares 24 e excesso de peso 39
1.2.3 Fatores genéticos 25 2.3 ESPECIFICIDADES DE ALIMENTAÇÃO
1.2.4 Atividade física e comportamento sedentário 27 E NUTRIÇÃO EM ADOLESCENTES 40
2.3.1 Transtornos alimentares 40
2 PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO NUTRICIONAL 29 2.3.2 Dietas da moda 42
2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS DE 2.3.3 Uso de suplementos 43
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO PARA CONTROLE E 2.3.4 Mídia e redes sociais 44
PREVENÇÃO DO SOBREPESO E DA OBESIDADE 30 2.4 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA E DAS PRÁTICAS
2.1.1 Programa Nacional de Alimentação CORPORAIS NA PREVENÇÃO E NO CONTROLE DO
Escolar (PNAE) 31 EXCESSO DE PESO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 44
2.1.2 Programa Saúde na Escola (PSE) 32
2.1.3 Programa Crescer Saudável 32 3 AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL 47
2.1.4 Portaria Interministerial nº 1.010 33 3.1 AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DO ESTADO
2.1.5 Política Nacional de Atenção Integral ALIMENTAR E NUTRICIONAL 48
à Saúde da Criança (PNAISC) 33 3.1.1 Avaliação e diagnóstico do estado
2.1.6 Programa academia da saúde 34 nutricional da criança 49
6
3.1.2 Avaliação e diagnóstico do estado
nutricional do adolescente 58
ENCERRAMENTO DO MÓDULO 80
REFERÊNCIAS 81
MINICURRÍCULO DOS AUTORES 90
7
APRESENTAÇÃO
Olá!
8
APRESENTAÇÃO
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UN1
ASPECTOS DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 1
CRIANÇAS E ADOLESCENTES ASPECTOS DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES ASPECTOS DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
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Como profissional da APS, é importante em países de baixa e média renda como o publicado importantes artigos que avaliam
considerar que o ganho de peso excessivo Brasil (ABARCA-GOMEZ et al., 2017). a evolução das prevalências de sobrepeso e
na infância e na adolescência aumenta O papel dos profissionais da APS é de de obesidade em nível mundial (NG et al., 2014;
consideravelmente a chance de crianças e extrema importância nesse sentido, visto que ABARCA-GOMEZ et al., 2017; RIVERA et al., 2014),
adolescentes com sobrepeso e obesidade as ações em saúde e de prevenção precisam visando monitorar as taxas do sobrepeso e
permanecerem obesas quando adultas, ser abordadas por várias perspectivas, da obesidade em crianças e adolescentes.
contribuindo para o maior risco de adquiri- considerando a atuação multidisciplinar das Uma das publicações avaliou o estado
rem outras doenças crônicas ao longo da diversas áreas da saúde. Segundo a OMS, nutricional de crianças e adolescentes de
vida, tanto em curto quanto em longo prazo, ainda há trabalho a ser feito para entender 2 a 19 anos. Foram considerados dados
aumentando de forma importante os gastos as múltiplas manifestações da má nutrição de peso e estatura, tanto aferidos quanto
em saúde (WHO, 2016). para podermos prevenir e combater a autorreferidos, e descritas a evolução das
doença de forma mais assertiva (WHO, 2016). taxas de sobrepeso e obesidade entre os
Esta unidade auxiliará você a compreender anos de 1980 e 2013. Os dados indicaram
Você sabia? Em uma pesquisa inter-
nacional, realizada com mais de mil
melhor a distribuição do excesso de peso um aumento substancial nas prevalências
crianças e adolescentes, entre crian- na infância e na adolescência e os diversos de sobrepeso e obesidade de crianças e
ças que aos 4 anos de idade eram fatores envolvidos na sua etiologia. adolescentes de países em desenvolvimento
obesas, em torno de 20% tornaram-
-se adultos com obesidade, e que
como o Brasil, veja a seguir (NG et al., 2014).
entre os adolescentes obesos esse 1.1.1 Prevalências de sobrepeso
percentual foi de 80% (ABARCA-GO- e obesidade em crianças 12,9%
13,5%
MEZ et al., 2017; WHO, 2016).
e adolescentes
Cada vez mais, torna-se necessária uma Considerando a relevância dos riscos 8,1% 8,4%
nova abordagem para ajudar a prevenir, associados ao aumento nas taxas de
reduzir e combater, ao mesmo tempo, a sobrepeso e obesidade, que vem ocorrendo
desnutrição e a obesidade, já que ambos de forma quase universal, a OMS adotou
os problemas estão associados às rápidas uma meta voluntária de interromper o
mudanças nos sistemas alimentares, e isso aumento da obesidade até 2025 (WHO, 2013). 1980 2013 1980 2013
tem se mostrado especialmente importante Pensando nessa necessidade, a OMS tem
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Outro estudo importante, em nível mundial, meninos (74 milhões), em 2016. Combinado, sejam afetados por sobrepeso e obesidade,
foi realizado pelo Imperial College of London o número de obesos com idade entre 5 e 19 e que aproximadamente 7% das crianças
em conjunto com a OMS. Por tratar-se de anos cresceu de 11 milhões em 1975 para menores de 5 anos de idade (3,8 milhões)
uma revisão da literatura, trouxe dados mais 124 milhões em 2016. Isso sem considerar estejam na mesma condição. Entre as crian-
fidedignos ao avaliar as taxas de sobrepeso os outros 213 milhões de crianças e ado- ças em idade escolar (6 a 11 anos), as taxas
e obesidade realizadas somente por meio de lescentes que estavam com sobrepeso no podem variar entre 15% a 35%, a depender
medidas aferidas (não foram considerados mesmo ano (ABARCA-GOMEZ et al., 2017). do país latino-americano (RIVERA et al., 2014).
dados autorreferidos). Os dados abrangeram O relatório Ending Childhood Obesity da
o período entre 1975 e 2016, abarcando um 1.1.2 Dados da América Latina e do Brasil OMS indica que no Brasil, no ano de 2014,
maior período para descrição das taxas de a prevalência de sobrepeso e obesidade em
sobrepeso e obesidade. Os autores indicaram Na América Latina e no Caribe, estima-se crianças menores de 5 anos encontrava-se
que o número de crianças e adolescentes (de que, em geral, 20% a 25% das crianças e ado- na faixa de 5% a 9,9% (WHO, 2016), conforme
5 a 19 anos) obesos em todo o mundo aumen- lescentes com menos de 19 anos de idade pode ser visto na figura a seguir.
tou dez vezes nas últimas quatro décadas, e
que se as tendências atuais de sobrepeso e
obesidade continuarem até 2022 haverá mais
crianças e adolescentes com obesidade do
que com desnutrição moderada e grave, in-
vertendo a realidade encontrada atualmente
Prevalência
no nosso país e em outros países em desen- de sobrepeso
volvimento (ABARCA-GOMEZ et al., 2017). e obesidade em
Segundo o Imperial College of London crianças menores
de 5 anos
e a OMS, de 1975 até 2016, as taxas de
obesidade em crianças e adolescentes em Sem informação
< 5.0%
todo o mundo aumentaram de menos de 1% 5.0 – 9.9%
(equivalente a cinco milhões de meninas e 10.0 – 14.9%
15.0 – 19.9%
seis milhões de meninos) para quase 6% ≥ 20%
em meninas (50 milhões) e quase 8% em
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Coexistência entre a nutrição inadequada (desnutrição) Saiba mais sobre esta entrevista
Mudanças
e o ganho de peso excessivo (sobrepeso e obesidade). acessando o link:
na dieta <https://www.paho.org/bra/index.
Mudanças das dietas tradicionais para uma alimenta- php?option=com_content&view=
article&id=6082:mais-de-um-em-
Transição ção ultraprocessada e mais densa em energia
cada-tres-paises-de-baixa-e-media-
nutricional renda-enfrentam-extremos-da-ma-
nutricao&Itemid=839>.
Desviam-se de altos níveis de ocupação e de
Mudanças na
atividade física como meio de locomoção para
atividade física Tenha em mente que, enquanto os níveis
estilos de vida mais sedentários.
de obesidade na infância e na adolescência
Fonte: WHO, 2016. continuam a aumentar, é importante levar em
consideração os fatores socioeconômicos no
que, quando o desenvolvimento de um país OMS, o diretor do departamento de nutrição contexto do nosso país. Finalmente, fica evi-
aumenta, a escassez de alimentos, a fome para saúde e desenvolvimento, Francesco dente que, à medida que o desenvolvimento
e a desnutrição se tornam menos comuns. Branca, referiu: global aumenta, projeta-se que os segmentos
Assim, os grupos (incluindo crianças e mais pobres da sociedade apresentem maio-
adolescentes) de baixa renda experimentam Todas as formas de má nutrição têm res aumentos nas taxas de sobrepeso e de
menos desnutrição, aumentando sua relativa um denominador comum – sistemas obesidade (BROYLES et al., 2015).
alimentares que não fornecem a to-
adiposidade e as taxas de sobrepeso e obe- das as pessoas dietas saudáveis, Pesquisa realizada em nível escolar na po-
sidade. No Brasil, o sobrepeso e a obesidade seguras, acessíveis e sustentáveis. pulação adolescente brasileira, em conjunto
convivem com quadros de desnutrição, assim Mudar isso exigirá ação em todos com o Ministério da Saúde, aponta que existe
os sistemas alimentares – da pro-
como em outros países de renda baixa ou dução e processamento, passando um risco de sobrepeso e obesidade mais ele-
média (BROYLES, 2015; CONDE et al., 2018; WELLS pelo comércio e distribuição, pre- vado entre os adolescentes das famílias mais
et al., 2020; UZÊDA et al., 2019; POPKIN et al., 2020). ços, marketing e rotulagem, até o pobres, sugerindo mudanças da distribuição
consumo e o desperdício. Todas as
Em entrevista, um dos principais autores políticas e investimentos relevantes do excesso de peso e da obesidade na socie-
do relatório sobre o atual estado nutricional devem ser radicalmente reexamina- dade brasileira (CONDE et al., 2018). Esse perfil
e de segurança alimentar realizado pela dos (JAACKS et al., 2019). é característico das sociedades marcadas
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pela desigualdade social ou de renda, e está também estão associados ao nível de de- energia e pobres em nutrientes, que são ba-
associado a piores indicadores de saúde para senvolvimento econômico e humano e ao ratos e prontamente disponíveis. Ao mesmo
toda a sociedade, com menor acesso a servi- investimento realizado pelo país. Esses tempo, as oportunidades de prática de ativida-
ços sociais e de saúde para os mais pobres. fatores afetam de forma mais pontual as de física, tanto em casa quanto no ambiente
ações e escolhas individuais realizadas pela escolar, foram reduzidas e as atividades de
Acesso a espaços de promoção população. Com a globalização e a urbaniza- lazer sedentárias, baseadas em telas, como
da atividade física e alimentação ção, a exposição ao ambiente obesogênico uso de celulares, videogames, tablets e note-
adequada e saudável está aumentando, tanto nos países de alta books, são cada vez mais frequentes.
Adicionalmente aos fatores associados renda quanto nos de baixa e média renda, e Os países da América Latina começaram
ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em todos os estratos socioeconômicos. a sofrer profundas mudanças no ambiente
existem outros aspectos importantes relacio- Nas últimas décadas, têm ocorrido inten- alimentar na década de 1990, quando super-
nados ao acesso a espaços adequados para sas alterações na disponibilidade e no tipo de mercados, lojas de conveniência, restauran-
a prática de atividade física e para uma ali- alimentos ofertados, aliados a um declínio na tes de fast food e máquinas de venda auto-
mentação adequada e saudável (WHO, 2016). atividade física para transporte ou lazer, que mática começaram a ganhar um espaço de
O excesso de peso surge de uma resultaram em desequilíbrio energético, em destaque no cenário alimentar (POPKIN, 2014;
combinação da exposição da criança e do que há cada vez menos gasto de energia e MONTEIRO et al., 2013). A expansão destes es-
adolescente a um ambiente obesogênico maior ingestão de calorias, gorduras e açúca- tabelecimentos contribuiu para o aumento
e a respostas comportamentais e biológi- res. As crianças e adolescentes são expostos da oferta e venda de ultraprocessados. Na
cas inadequadas a esse ambiente. Essas a alimentos ultraprocessados, densos em América Latina, entre 2000 e 2013, a venda
respostas variam entre os indivíduos e são
fortemente influenciadas por fatores rela-
cionados ao seu ciclo vital (WHO, 2016).
Hoje, muitas crianças e adolescentes es-
tão crescendo neste contexto, que contribui
para o ganho de peso e a obesidade (WHO,
2016). O acesso a espaços que propiciem
uma alimentação adequada e saudável,
assim como a prática de atividade física,
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de alimentos ultraprocessados e de fast Da mesma forma, o uso de aparelhos ele- desordenados, é entender e influenciar po-
food aumentou em 27,5% e 38,9%, respec- trônicos também irá variar conforme nível de sitivamente os determinantes modificáveis
tivamente, contribuindo para o aumento da renda familiar, em que, provavelmente, aque- dos comportamentos alimentares saudáveis
exposição da população a quantidades ex- les com mais vantagens socioeconômicas na infância e na adolescência.
cessivas de açúcar, sódio e gordura (OPAS, reduzirão a prática de atividade física e, conse-
2018). Esses estabelecimentos fornecem quentemente, elevarão o risco de aumentar as
predominantemente alimentos ricos em taxas de sobrepeso e obesidade em crianças e
calorias, processados, com alto teor de açú- adolescentes. O mesmo acontece em relação
car, alto teor de gordura e alto teor de sódio, ao acesso a uma alimentação adequada e
além de bebidas adoçadas com açúcar. saudável. Agora, uma pergunta a você.
Em relação aos níveis de atividade física,
imagine a diferença entre uma criança e um
Será que crianças e adolescentes de
adolescente que reside na periferia com quem diferentes classes sociais, situação
mora na região central de um município. de residência ou expostas a diferen-
Perceba que existirão diferenças nos padrões tes condições de infraestrutura urba- O sobrepeso e a obesidade são determi-
nas têm o mesmo acesso a espaços
de deslocamento utilizados, em que, provavel- iluminados e seguros de lazer, onde nados por diversos fatores, interconectados
mente, uma criança ou um adolescente de bai- possam brincar, correr, jogar bola? de maneira complexa, dentre os quais,
xa renda utilizará como meio de transporte as Você consegue pensar em algum em nível mais macro e distal, temos os
exemplo relacionado com a alimen-
caminhadas, bicicleta ou o transporte público, tação? Tente dialogar com os seus fatores contextuais seguidos por fatores
enquanto aqueles com maior renda costumam colegas a respeito. sociais e econômicos (por exemplo, nível
se deslocar de carro até o local de interesse, de desenvolvimento humano do país, crime,
aumentando os comportamentos sedentários. trânsito, renda individual, sexo, níveis de
Por outro lado, as crianças e adolescentes que 1.2 DETERMINANTES DO escolaridade, etc.), seguidos por variáveis
residem em locais de maior renda terão mais EXCESSO DE PESO psicossociais (por exemplo, suporte social,
oportunidades de realizar atividades físicas barreiras percebidas, depressão, ansiedade,
diversificadas em suas escolas, bem como de Uma abordagem importante para comba- autopercepção corporal), variáveis compor-
participarem de atividades com supervisão de ter a obesidade, e reduzir o risco do desen- tamentais (alimentação, prática de atividade
técnicos e professores. volvimento de comportamentos alimentares física, dentre outros) e variáveis biológicas
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O uso de controle excessivo sobre a e de alta densidade energética, o que aumenta Crianças e adolescentes que participam
alimentação de uma criança desconsidera a probabilidade de ganho de peso excessivo de menos refeições em família consomem
a sua independência. Pelo contrário, ser (SCAGLIONI et al., 2018; PATEL et al., 2018). mais alimentos não saudáveis. Existe uma
indulgente com os pedidos de comida de Além disso, a oferta de alimentos pelos relação positiva entre refeições familiares
uma criança também é inadequado, pois pais para controlar emoções negativas é frequentes e maior consumo de alimentos
pode anular a capacidade de uma criança de outra prática coercitiva que associada ao au- saudáveis (ou seja, frutas, vegetais e
comer de acordo com sinais internos de fome mento do IMC da criança e a comer na ausên- alimentos ricos em cálcio). Estudos indicam
e saciedade. Esses dois comportamentos, cia de fome. Os adultos que recordam o uso que comer a mesma comida que os pais
quando realizados pelos pais, podem levar de alimentos pelos pais para controlar seus parece ser o melhor preditor do consumo de
ao excesso de ganho de peso (SCAGLIONI et comportamentos quando crianças, por meio vegetais em idade pré-escolar (SCAGLIONI et
al., 2018; PATEL et al., 2018). de recompensa ou punição, também relatam al., 2018; HARRISON et al., 2015).
O uso de ameaças/premiações baseadas níveis mais altos de compulsão alimentar e São vários os benefícios de compartilhar
em alimentos se associa com o aumento de restrição alimentar (PATEL et al., 2018). três ou mais refeições familiares por sema-
peso na infância e com maior probabilidade na. Confira!
de apresentar comportamentos alimentares Comer na companhia dos pais
obesogênicos, como comer emocionalmen- e qualidade na alimentação Benefícios de compartilhar refeições
te, tanto na infância como na adolescência As refeições em família e as interações
(PATEL et al., 2018). Esses fatores parecem sociais durante as refeições são eventos Redução do excesso de peso
afetar também o IMC (peso dividido pela es- importantes na vida de uma criança e um
tatura elevada ao quadrado) na idade adulta. adolescente, e estão ligadas ao estado nu-
Isso ocorre porque o status de recompensa tricional, assim como ao desenvolvimento Redução do consumo de
alimentos não saudáveis
colocado nos alimentos restritos aumenta o de seus padrões alimentares. Existem re-
valor afetivo do alimento e a conveniência, lações entre a frequência das refeições em
Redução das taxas de
aumentando assim a probabilidade de serem família e ingestão de nutrientes, consumo
desordem alimentar
consumidos em quantidades excessivas. de alimentos, obesidade, práticas alimen-
Normalmente, os alimentos utilizados como tares perturbadas/desordenadas e efeitos
Aumento do consumo de
forma de punição ou premiação tendem a ser psicossociais em todas as faixas etárias alimentos saudáveis
alimentos ultraprocessados, hiperpalatáveis (SCAGLIONI et al., 2018; DALLACKER et al., 2018).
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O açúcar é considerado um dos itens Influência do ambiente escolar na da América Latina. No Brasil, as cantinas e
mais importantes de um amplo mercado de formação de hábitos alimentares e os estabelecimentos que oferecem princi-
alimentos não saudáveis que frequentemente prevenção de sobrepeso e obesidade palmente alimentos ultraprocessados (ricos
minam as estratégias educacionais e de Há fortes evidências de que o ambiente em energia e pobres em nutrientes) estão
modificação comportamental entre jovens escolar influencia nas escolhas alimentares frequentemente situados perto das escolas
(SICHIERI; SOUZA, 2008). e, portanto, no estado nutricional das crian- públicas e, consequentemente, crianças e
ças e adolescentes (COMINATO et al., 2018). adolescentes compram fast food de baixa
Incentivo e incorporação de habilidades qualidade nutricional. Ações que visem
culinárias entre pais e filhos transformar esse ambiente obesogênico em
Uma das recomendações do novo guia ambiente saudável e favorável a escolhas
alimentar para a população brasileira é a mais saudáveis contribuem para o combate
divisão de tarefas na cozinha, no momento a obesidade infantil (COMINATO et al., 2018).
de organizar e preparar as refeições. A Apesar desses fatores, que estão nega-
incorporação de habilidades culinárias tivamente associados com a formação de
parece estar relacionada a uma maior hábitos alimentares saudáveis, a escola
consciência alimentar na infância, assim pode ser considerada como um espaço de
como a uma maior aceitabilidade de promoção da saúde pelo papel destacado na
alimentos minimamente processados e formação cidadã, estimulando a autonomia,
a preparações culinárias. Famílias que o exercício dos direitos e deveres, o controle
incorporam hábitos de preparo de alimentos e A disponibilidade de alimentos de baixa das condições de saúde e qualidade de vida,
divisão de tarefas, tendem a consumir menor qualidade nutricional oferecidos nas esco- bem como na obtenção de comportamentos
quantidade de alimentos ultraprocessados las, como bebidas açucaradas e alimentos e atitudes considerados como saudáveis.
na rotina alimentar, o que pode impactar ultraprocessados, está associada a um maior No Brasil e no mundo, há indícios que
positivamente na redução das prevalências consumo desses produtos por crianças e o IMC médio de adolescentes escolares é
de sobrepeso e obesidade na infância e na adolescentes ao longo do dia, fora do horário maior em escolas cujas cantinas vendem
adolescência (MARTINS et al., 2020). escolar. Uma série de fatores pode influenciar alimentos ultraprocessados como refrige-
a compra de ultraprocessados nas escolas rantes e guloseimas em relação às que não
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vendem (CLINTON-MCHARG et al., 2018; MENE- dificação do comportamento alimentar e na Consumo habitual do café da manhã
GOTTO, 2018; ROSSI et al., 2019). prevenção do excesso de peso, que devem, O hábito de consumir o café da manhã
Considerando estes resultados, no Brasil, portanto, ser consideradas no planejamento diariamente parece ser um padrão de ali-
algumas regiões já estabeleceram a Lei das de estratégias para prevenção do sobrepeso mentação capaz de prevenir o sobrepeso e a
Cantinas Saudáveis, em que diversos tipos e da obesidade em crianças e adolescentes. obesidade. Crianças e adolescentes que cos-
de alimentos ultraprocessados não podem tumam pular o café da manhã apresentam
ser comercializados, melhorando a quali- 1.2.2 Padrões e comportamentos maior risco de ter sobrepeso e/ou obesidade,
dade nutricional dos alimentos adquiridos alimentares sendo esta relação ainda mais consistente
pelos escolares. As escolas públicas, por em adolescentes (BLONDIN et al., 2016; ARDE-
meio do Programa Nacional de Alimentação Existem alguns fatores que são SHIRLARIJIANI et al., 2018). Adicionalmente, a
Escolar, garantem, além de uma alimentação observados em nível individual, dentre os qualidade nutricional do café da manhã im-
equilibrada, ações de educação nutricional quais os padrões alimentares diários, que pacta nas escolhas alimentares e qualidade
para profissionais e alunos das diversas abrangem: nutricional das refeições subsequentes. Ao
instituições de ensino ao redor do país. • A frequência em que a criança ou que parece, as escolhas realizadas no café
As atividades educativas promotoras de adolescente se alimenta. da manhã podem ser capazes de influenciar
saúde na escola, em particular a Promoção • Os momentos do dia em que a criança o apetite e o nível de saciedade ao longo do
da Alimentação Saudável (PAS), se mostram ou adolescente se alimenta. dia (BLONDIN et al., 2016).
como fatores propulsores da saúde, autoesti- • O intervalo de horários em que as
ma, comportamentos saudáveis e desenvol- refeições acontecem.
vimento de habilidades para a vida de todos • A qualidade nutricional da alimentação.
os membros da comunidade escolar. Tais Os padrões e comportamentos alimen-
atividades devem ser implementadas por tares têm recebido considerável atenção
meio de ações intersetoriais e transversais, pelo seu potencial papel na prevenção da
com inclusão do tema no projeto pedagógico obesidade (GARAULET; GOMEZ-ABELLÁN, 2014).
das escolas (CAMOZZI et al., 2015). Esses podem influenciar, por exemplo, na
Pensando nisso, destacamos a eficácia forma em que as calorias são consumidas,
potencial das intervenções escolares na mo- assimiladas e/ou gastas.
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Finalmente, a presença e companhia dos açúcares e gorduras, também conhecidos 1.2.3 Fatores genéticos
pais no momento de tomar o café da manhã como “comfort foods”, é frequentemente
se destacam como um fator importante na observado como forma de evitar estresse O papel dos genes na obesidade é de
formação de hábitos alimentares saudáveis. (BRAET et al., 2014). grande importância, especialmente na infân-
Quando os pais têm o hábito de tomar o Confira algumas informações importantes cia. Uma criança cujo pai e mãe são obesos
café da manhã com os filhos, o consumo sobre o tema ! tem de dez a doze vezes mais chances de ter
de bebidas açucaradas tende a diminuir
(SCAGLIONI et al., 2018).
Sentimentos de estresse podem afetar o comportamento alimentar
Tamanho das porções durante as refeições ou por meio de lanches.
Outra estratégia de marketing que tem Especificamente sob estresse leve, já é observado um consumo maior
sido difícil de combater diz respeito ao de alimentos em aproximadamente 30% a 43% de crianças e
maior tamanho das porções de alimentos ul- adolescentes, levando-os a escolhas alimentares não saudáveis, alto
traprocessados. O aumento do tamanho das consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar, alimentação na
porções de alimentos com alta densidade ausência de fome e um padrão alimentar mais desequilibrado.
energética, comercializados em supermer-
Para crianças e adolescentes com risco genético de excesso de peso,
cados e lojas de conveniência, pode ser um isso deve ser visto ainda com maior precaução.
fator importante na manutenção/aquisição
de um alto consumo energético, levando ao O ato de comer emocional é bastante observado e relatado por
consumo excessivo e consequente aumento adolescentes que, quando crianças, eram ensinadas a lidar com
das taxas de excesso de peso na população atitudes de premiação ou punição relacionadas a comidas com alta
densidade energética (SCAGLIONE et al., 2018).
(SCAGLIONI et al., 2018).
Como esses episódios de comer, em função de situações de estresse
Comer emocional ou de sensação de perda de controle, levam a escolha de alimentos
O ato do comer emocional, que leva ultraprocessados e densamente calóricos, há maior chance de
ao consumo aumentado de alimentos de ultrapassar as necessidades energéticas, levando a um ganho de peso
alta densidade de calorias provenientes de e, consequentemente, ao sobrepeso ou à obesidade.
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 1
CRIANÇAS E ADOLESCENTES ASPECTOS DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
obesidade se comparada àquelas crianças Estado de desnutrição metabólicas e obesidade. Essa via também
que têm ambos os pais com peso saudável Um deles é resultado do estado de des- pode envolver processos epigenéticos. Pes-
(WHITAKER, 2010). A base genética dessa as- nutrição, que pode ter acontecido durante quisas recentes indicam que a obesidade pa-
sociação sugere uma relação com um genóti- o desenvolvimento fetal e/ou na primeira terna também pode contribuir para um maior
po chamado gene FTO. Sugere-se que, devido infância que, juntamente com os efeitos am- risco de obesidade na criança (MCPHERSON et
à sua atuação no hipotálamo, por meio da bientais (ausência/presença de aleitamento al., 2014), provavelmente por meio de meca-
ligação direta com o controle do apetite e o materno, qualidade da alimentação, exposi- nismos epigenéticos. A alimentação infantil
acúmulo de gordura, ocorre uma estimulação ção a alimentos açucarados, etc.), alteram a inadequada também é capaz de afetar o
nessa região, que faz com que haja limite no função do gene (o que chamamos de efeitos desenvolvimento da biologia da criança.
uso da gordura e ela seja poupada. epigenéticos) e que muitas vezes podem
Adicionalmente, os fatores biológicos/ ser observados apenas alguns anos depois
genéticos podem levar a um aumento no ou até somente na vida adulta. As crianças
risco de obesidade em crianças, por meio que sofreram desnutrição e nasceram com
de duas vias gerais de desenvolvimento que baixo peso ou têm baixa estatura têm um
envolvem o que chamamos de Epigenética. risco muito maior de desenvolver sobrepeso
e obesidade em algum momento da vida,
quando expostas a dietas densas em ener-
Epigenética pode ser definida como
o estudo de alterações regulatórias gia, ricas em alimentos ultraprocessados e
herdáveis na expressão genética do com um estilo de vida sedentário (WHO, 2016;
ser humano, sem ocorrer alterações HANSON; GLUCKMAN, 2014).
na sequência de nucleotídeos. As
modificações epigenéticas podem
ser acionadas por fatores ambientais Fator biológico na gravidez Segundo a OMS, embora estudos
e alimentares ou associados à saúde Um segundo fator biológico se caracteriza longitudinais sugiram que a melhoria do
intestinal (microbiota intestinal).
por uma gravidez que inicia com um quadro IMC na idade adulta pode reduzir o risco
de obesidade ou diabetes pré-existente ou de morbimortalidade, a obesidade infantil
Veja, agora, mais informações sobre no desenvolvimento de diabetes gestacio- deixará uma marca permanente na saúde do
esses fatores que aumentam o risco de nal. Isso predispõe a criança a aumentar os adulto, em função das marcas epigenéticas
obesidade em crianças. depósitos de gordura associados a doenças previamente citadas (WHO, 2016).
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES ASPECTOS DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES ASPECTOS DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
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UN2
PROCESSO DE TRABALHO
NA ATENÇÃO NUTRICIONAL
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
No que se refere às políticas públicas O público-alvo desse programa inclui veis e colaboram com a aprendizagem, a
direcionadas à promoção da saúde dos estudantes de todas as etapas da educação boa saúde do escolar e a qualidade de vida
escolares no Brasil, destacam-se o Programa básica pública (educação infantil, ensino (BRASIL, 2009; CECANE/SC, 2018).
Saúde na Escola (PSE), o Programa Nacional fundamental, ensino médio e educação de Outro ponto que merece destaque, o PNAE
de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa jovens e adultos) matriculados em escolas propõe amplo enfoque à relação do escolar e
Crescer Saudável. PNAE e PSE são, inclusive, públicas, filantrópicas e em entidades do alimento a ele oferecido com as cadeias
elencados no eixo de promoção à saúde do comunitárias (conveniadas com o poder produtivas de alimentos. No contexto do
Plano de Ações Estratégicas para o Enfrenta- público) (BRASIL, 2009; BRASIL, 2013a). programa, é enfatizada a importância da
mento das Doenças Crônicas Não Transmis- Você conhece o propósito do PNAE? aquisição de alimentos saudáveis e com vín-
síveis no Brasil, o qual tem como uma de suas O programa tem como objetivo principal culo local, produzidos por meio da agricultura
metas a redução da prevalência de obesidade contribuir para o crescimento e o desenvol- familiar e empreendedores familiares rurais.
em crianças e adolescentes no período vimento biopsicossocial, a aprendizagem, o Ainda no âmbito do PNAE, vale mencionar
entre 2011 e 2022. Vamos, então, conhecer rendimento escolar e a formação de hábitos a Resolução n° 6, de 8 de maio de 2020, que
brevemente esses programas relacionados alimentares saudáveis em escolares (BRASIL, destaca a importância de se valorizar, na
à saúde da criança e do adolescente e que 2009). Destaca-se a importância das estra- alimentação escolar, as recomendações do
envolvem o ambiente escolar, acompanhe! tégias propostas pelo PNAE relacionadas à Guia Alimentar para a População Brasileira e
educação alimentar e nutricional, além da do Guia Alimentar para crianças menores de
2.1.1 Programa Nacional de oferta de refeições que cubram as necessi- dois anos (BRASIL, 2014a; BRASIL, 2019a), visto
Alimentação Escolar (PNAE) dades nutricionais dos estudantes durante o que a ampliação da oferta de alimentos in na-
período letivo, as quais estimulam a adoção tura ou minimamente processados e a restri-
O Programa Nacional de Alimentação de práticas e escolhas alimentares saudá- ção da oferta de alimentos ultraprocessados
Escolar (PNAE) corresponde ao programa
mais antigo na área de alimentação escolar e
de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)
no Brasil. Com mais de 60 anos de história, o
programa é gerenciado pelo Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e
possui caráter de atendimento universal.
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
pode contribuir com promoção da saúde, do rede pública de educação básica, por meio
crescimento e do desenvolvimento infantil de ações de prevenção, promoção e atenção Avaliação nutricional
(BRASIL, 2020b). O PNAE corresponde, portan- à saúde. O PSE objetiva, ainda, contribuir
to, a um programa com ações voltadas ao com enfrentamento das vulnerabilidades
ambiente escolar que podem contribuir com que comprometem o pleno desenvolvimento Promoção da
o enfrentamento e a prevenção de obesidade de crianças e jovens da rede pública de ensi- alimentação saudável
e sobrepeso de crianças e adolescentes. no (BRASIL, 2007a). O PSE é considerado um
espaço privilegiado para execução de práti- Educação permanente
cas de promoção e de prevenção de agravos em saúde
Para conhecer mais sobre o PNAE, e doenças como, por exemplo, o excesso de
assista ao vídeo disponível em:
<https://www.youtube.com/ peso. Além disso, o programa possibilita a Atividade física
watch?v=OGNvyi2CWoI>. integração e a articulação permanente entre
as políticas e ações de educação e de saú-
de, com a participação da comunidade es- Inclusão das temáticas de
2.1.2 Programa Saúde na Escola (PSE) educação em saúde no projeto
colar, envolvendo ainda as equipes de saúde
político pedagógico das escolas
da família e da educação básica.
Agora vamos conhecer o Programa Saú-
O PSE está organizado em diferentes
de na Escola (PSE), uma política intersetorial
componentes e suas respectivas ações.
da saúde e da educação que visa contribuir
Dentre as principais ações que podem 2.1.3 Programa Crescer Saudável
para a formação integral dos estudantes da
contribuir com a prevenção e o controle do
sobrepeso e da obesidade destacam-se, O Programa Crescer Saudável é uma agen-
entre outros, os itens ao lado (BRASIL, 2007a). da coordenada pelo SUS na qual prevalece
a articulação intersetorial, primordialmente
com a educação, em função da complexida-
Conheça um pouco mais sobre o
PSE, acessando o link: de dos determinantes da obesidade infantil
<https://www.youtube.com/ e da influência dos ambientes no seu desen-
watch?v=Al65bpmCsBcs>. volvimento.
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
praticadas pelo público infanto-juvenil, são alimentar de crianças, adolescentes, adul- 2.1.8 Promoção da Alimentação
danças, jogos e brincadeiras, indicando que tos, idosos e gestantes. O Sisvan reúne as Adequada e Saudável por
o programa pode incorporar a dimensão informações registradas tanto no próprio meio de Guias Alimentares
lúdica e cultural em suas atividades, aspecto Sisvan Web, quanto no Sistema de Gestão do
fundamental na promoção da saúde, na Programa Bolsa Família na Saúde e no Siste- As recomendações para uma alimentação
prevenção e no manejo do excesso de peso ma de Informação em Saúde para Atenção adequada e saudável estão dispostas
em crianças e adolescentes. Básica (Sisab). nos Guias Alimentares para a População
O Sisvan ressalta a importância do Brasileira e para Crianças Brasileiras
2.1.7 Ações de Vigilância Alimentar monitoramento sistemático de peso e Menores de Dois anos (BRASIL, 2014a;
e Nutricional (VAN) na Atenção altura para delineamento e implementação BRASIL, 2019a). Tais orientações apoiam a
Primária à Saúde (APS) de ações voltadas à organização da adoção de escolhas alimentares saudáveis
Atenção Nutricional no SUS - promoção da e problematizam os principais desafios
A VAN realizada na APS compreende alimentação adequada e saudável, vigilância encontrados pela população para adoção
a descrição contínua e a predição de alimentar e nutricional e atenção precoce de hábitos alimentares. Neste sentido,
tendências da alimentação e nutrição da e oportuna dos casos de desnutrição e as recomendações contidas nos Guias
população e seus fatores determinantes e é obesidade. Em 2019, mais de 30,4 milhões Alimentares também podem servir como
uma ação imprescindível para a gestão dos de pessoas tiveram peso e altura aferidos e ferramentas para a prevenção de sobrepeso
cuidados em saúde na APS. O Sistema de registrados durante os acompanhamentos e obesidade na população infanto-juvenil.
Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) realizados pelas equipes de APS em todo o Agora que você conheceu um pouco mais
é a principal ferramenta utilizada para a país. Destes, pouco mais de 900 mil crianças sobre essas políticas e esses programas
gestão das informações de VAN na APS. A apresentavam obesidade. que podem contribuir com a prevenção e o
partir do diagnóstico alimentar e nutricional controle da obesidade na infância e adoles-
individual ou coletivo de um território, as cência, faça uma reflexão, considerando a
equipes de APS podem organizar ações Acesse o link descrito a seguir para sua prática profissional: quais são as ações
conhecer os relatórios públicos do
adequadas à realidade local. Sisvan: <http://sisaps.saude.gov.br/ relacionadas às políticas públicas de alimen-
Os dados disponíveis incluem as infor- sisvan/relatoriopublico/index>. tação e nutrição realizadas no território de
mações de estado nutricional e de consumo saúde em que você trabalha?
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
sempre vai recusá-los. Eles poderão ser acei- comportamental alimentar (SCAGLIONI, 2018; mentação dos consumidores são: gênero,
tos em uma outra ocasião, desde que sejam WEFFORT, 2009). estrutura familiar, classe social e renda, raça
oferecidos novamente (em preparações e e etnicidade.
dias diferentes) (SAMPAIO et al., 2013). 2.2.2 Publicidade dos alimentos O estilo de vida e a situação geográfica
também contam (KOTLER, 2007). A indústria
Seletividade alimentar A Portaria nº 1.010, de 8 de maio de usa fortemente esses critérios, com o
A seletividade alimentar é caracterizada 2006, esclarece bem sobre as diretrizes objetivo de atrair a atenção das crianças,
por recusa alimentar, pouco apetite e desin- para a promoção da alimentação saudável por meio de desenhos e imagens ligadas a
teresse pelo alimento. É um comportamento nas escolas públicas e privadas, e possui energia, superpoderes e diversão.
típico da fase pré-escolar, mas, quando como um dos seus eixos prioritários a O novo Guia Alimentar para a População
presente em ambientes familiares desfavo- restrição ao comércio e à promoção co- Brasileira, publicado pelo Ministério da Saú-
ráveis, pode acentuar-se e permanecer até a mercial no ambiente escolar, de alimentos de em 2014, cita a influência da publicidade
adolescência (SAMPAIO et al., 2013). e preparações considerados não saudáveis de alimentos e a coloca como um dos obs-
(BRASIL, 2006a). táculos para a alimentação saudável. O guia
Devemos ainda considerar normal É importante que você saiba que, desde reforça que a regulação é necessária, pois a
que a criança diminua seu consumo de sempre, a administração de empresas tem publicidade estimula o consumo de alimen-
alimentos no período de 1 a 5 anos de se dividido e especializado com o intuito de
idade, época em que a redução do apetite melhorar o desempenho das instituições.
é consequência de uma desaceleração no Dessa forma, o século XXI observou o
crescimento, e quando as atenções estão maior desenvolvimento de todas as ciências
mais voltadas ao ambiente e não à comida. administrativas, dentre as quais o marketing.
Por volta dos 3 anos de idade, a criança vai Este se define como o desempenho das
demonstrando maior preferência por aquilo atividades comerciais que dirigem o fluxo de
que conhece e fazendo prevalecer a sua bens e serviços do produtor ao consumidor
vontade, no intuito de “confrontar” o adulto. ou usuário.
São manifestações temporárias que, se Um dos primeiros critérios observados
bem compreendidas e toleradas pelos pais, ao se planejar uma publicidade é a idade
não trazem consequências ao seu futuro do público-alvo, e outros pontos de seg-
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
tos ultraprocessados e induz a população a marketing para captar as crianças e 2.2.4 Saúde bucal e hábitos alimentares
considerá-los mais saudáveis, com qualida- adolescentes, já que eles são importantes
de superior aos demais, além de associá-los partes influenciadoras nas compras dos A promoção da saúde deve ser iniciada
a uma falsa imagem de bem-estar, felicidade pais. Nesse contexto, os pais possuem uma ainda na infância, e um fator muito importante
e sucesso. contribuição essencial para a influência e a é a saúde bucal após a introdução alimentar.
formação de hábitos alimentares saudáveis É nessa fase que se inicia a formação dos
2.2.3 A mídia sobre alimentos dos seus filhos. hábitos alimentares que, consequentemente,
para crianças É fundamental que, como profissional influenciará a saúde ao longo da vida. A
da saúde, você incentive os pais no alimentação adequada também desempenha
Existe um alto investimento das acompanhamento e na escolha de programas papel essencial na contribuição da formação
indústrias na divulgação e comercialização e redes sociais que seus filhos assistem na e manutenção da dentição.
de alimentos ultraprocessados, ricos em televisão ou na internet ao longo da infância.
gorduras, açúcar e sal, bem como pobres em Esta fase é fundamental para a formação
nutrientes. Com isso, estamos cada vez mais dos hábitos alimentares, sendo essencial
com crescentes taxas globais de obesidade que os pais sirvam de exemplo aos bons
e doenças crônicas não transmissíveis, hábitos (BRASIL, 2014a).
porque o uso das mídias na propaganda e
a publicidade de tais alimentos contribuem
para um ambiente obesogênico, o que Conheça o documentário Muito
torna as escolhas saudáveis mais difíceis, Além do Peso, que apresenta o caso
da obesidade infantil, principalmen-
especialmente para crianças e adolescentes. te no território nacional, mas tam-
A principal doença bucal que acomete
Sabemos que o público infantil é o bém nos outros países no mundo, crianças é a cárie dentária, comumente
mais vulnerável aos apelos promocionais entrevistando pais, representantes associada a uma má alimentação. A
das escolas, membros do governo
veiculados nas mídias, que envolvem a e responsáveis pela publicidade de
introdução de bebidas açucaradas de forma
promoção de diversos alimentos, como alimentos no link: precoce, associada a não higienização bucal
biscoitos, refrigerantes, fast foods e <https://www.youtube.com/ adequada, favorecem o surgimento da cárie,
watch?v=8UGe5GiHCT4>.
alimentos ultraprocessados. Além disso, além de perdas dentárias precoces (DOS
a indústria utiliza-se de estratégias de SANTOS et al., 2016).
38
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
2.2.5 Deficiências de micronutrientes mundo é afetada pela deficiência de vitamina Nesse sentido, ações do Ministério da
e excesso de peso A, ferro ou iodo. A carência de vitamina Saúde têm por objetivo reduzir as deficiências
A é considerada uma das deficiências de de micronutrientes na população brasileira e
O consumo insuficiente de micronutrien- micronutrientes mais prevalentes no mundo, estão apoiadas também na suplementação
tes está entre os dez principais fatores de afetando principalmente crianças nos países com megadoses de vitamina A e suplemen-
risco para a carga total global de doenças em desenvolvimento. Manifestações clínicas tos de sulfato ferroso, na fortificação de
em todo o mundo, considerado o terceiro dessas carências, como morte materna e alimentos, como farinhas de trigo e milho
fator de risco de doenças crônicas não infantil, resposta imunológica diminuída, com ferro e ácido fólico e na adição de iodo
transmissíveis, podendo trazer sérias cegueira, retardo mental e anemia, afetam no sal para consumo humano (BRASIL, 2007b).
consequências à saúde da criança (LEÃO; mais de meio bilhão da população mundial O pré-escolar é o grupo infantil mais
SANTOS, 2012). (WISEMAN et al., 2017). atingido pela hipovitaminose A, devido ao
O Ministério da Saúde conta com Outros dois bilhões de pessoas residen- seu rápido crescimento e desenvolvimento,
programas de suplementação dos principais tes em áreas de baixo nível socioeconômico, necessitando de maior aporte de vitaminas e
micronutrientes em carência na população tanto na área urbana quanto na rural, são micronutrientes. Geralmente está associada
materno-infantil, que devem ser vistos de deficientes marginais em micronutrientes, à desnutrição energético proteica.
maneira ampliada, de modo a garantir a sua impossibilitados de alcançar seu potencial Em relação ao ferro, aproximadamente
efetividade. Uma em cada três pessoas no de desenvolvimento físico e mental. 10% das crianças em países desenvolvidos e
30% a 80% nos países em desenvolvimento
têm anemia por volta de um ano de idade,
Algumas consequências do consumo podendo sofrer de retardo psicomotor. Ao
insuficiente de micronutrientes:
entrarem na escola, suas habilidades de
linguagem e coordenação motora fina (mo-
• Cansaço
vimentos delicados, tal como escrever, fazer
• Fraqueza
• Alterações comportamentais e cognitivas desenhos, pinturas, colagens, recortar papel,
• Prejuízo do crescimento e do desenvolvimento fazer traçados em folhas) poderão estar re-
• Aumento da morbimortalidade infantil duzidas significativamente. Alguns trabalhos
demonstram que crianças com deficiência de
ferro e anemia têm menor desempenho em
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
testes de desenvolvimento mental e psico- 2.3 ESPECIFICIDADES DE ALIMENTAÇÃO dade psiquiátrica, que independe do peso do
motor do que crianças não anêmicas. E NUTRIÇÃO EM ADOLESCENTES indivíduo. Um adolescente com transtorno
Dessa forma, evitar a anemia por alimentar apresentará comportamentos ou
deficiência de ferro na infância é muito A adolescência pode ser considerada como pensamentos frequentes e persistentes so-
importante (BRASIL, 2007b). As políticas de um período crítico, quando grandes mudanças bre alimentação ou ao ato de comer que lhe
saúde pública e as intervenções pediátricas, físicas e psicológicas ocorrem durante um causam prejuízo ou sofrimento (AMERICAN
principalmente na parte nutricional que período muito curto de tempo. Mudanças nos PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
objetivam a prevenção, são as estratégias hábitos alimentares podem induzir diferentes Quando o começo do transtorno alimentar
mais seguras, uma vez que a maior tipos de distúrbios nutricionais e provavel- ocorre durante a adolescência, isso pode
prevalência ocorre entre crianças de seis a mente vão continuar durante a idade adulta, prejudicar as relações sociais e familiares, e
24 meses de idade. se não houver estratégias de prevenção e/ a idealização suicida torna-se mais comum
ou intervenção adequada nessa fase da vida (NARCISO et al., 2019).
(CONDE et al., 2016; NARCISO et al., 2019). Os transtornos alimentares podem apre-
Você pode acessar um resumo do
relatório da UNICEF, de 2019, sobre Na adolescência, os problemas nutricio- sentar diversas causas na fase da adolescên-
a situação mundial da infância em nais mais prevalentes não são apenas a obe- cia, tais como influências ambientais, sociais
relação à alimentação e nutrição,
clicando aqui:
sidade e suas comorbidades, mas também e biológicas. As influências ambientais
<https://www.unicef.org/brazil/ algumas deficiências de micronutrientes, incluem idealizações sociais em relação ao
comunicados-de-imprensa/ma- como deficiências de vitamina D e de ferro, peso e ao corpo, além do ambiente familiar
alimentacao-prejudica-saude-das-
criancas-em-todo-o-mundo-alerta-o-
além da presença de alguns transtornos estressante. O incentivo familiar ao emagre-
unicef>. alimentares relacionadas ao sobrepeso e à cimento, assim como a individualização das
Acesse, também, o Caderno de Aten-
obesidade nessa fase do ciclo vital (NARCISO refeições pelos membros da família, com
ção Básica voltado às carências de et al., 2019). consumo de alimentos diferentes, em locais
micronutrientes em: e horários distintos, podem contribuir com o
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/cadernos_atencao_
2.3.1 Transtornos alimentares maior uso de métodos purgativos, compulsão
basica_carencias_micronutrientes. alimentar e realização de dietas restritivas.
pdf>. O Transtorno Alimentar (TA) pode ser defi- A participação em atividades competi-
nido como uma desordem mental grave, com tivas desde cedo, como ginástica olímpica,
elevado risco de morte, morbidade e mortali- natação, etc., também parecem ser caracte-
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
oferece, também leva à sensação de privação A anorexia nervosa pode ser do tipo
emocional. A restrição gera, portanto, uma restritivo, quando o adolescente não se
sensação de privação não apenas biológica, envolve em episódios recorrentes de
mas também psicológica (SILVA et al., 2014). compulsão alimentar, ou comportamento
A seguir, abordaremos brevemente dois purgativo como vômitos autoinduzidos
transtornos alimentares mais comuns e pre- ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou
valentes na adolescência, que são a anorexia enemas durante os últimos três meses.
nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN). Isso ocorre quando a perda de peso foi
obtida essencialmente por meio de dieta,
Anorexia nervosa jejum e/ou exercício excessivo. Mas,
rísticas de risco, em função da alimentação A anorexia nervosa (AN) normalmente ini- também, a anorexia nervosa pode ser do
restritiva que crianças e adolescentes cia durante a adolescência ou na idade jovem tipo compulsão alimentar purgativa, quando
esportistas acabam adquirindo ao longo do adulta, e pode ser definida como uma “busca ocorrem episódios recorrentes de compulsão
processo. Exigência de padrões de desem- incansável pela magreza”, que pode levar a alimentar seguidos por comportamentos
penho, medo de engordar, perfeccionismo graus extremos de desnutrição e caquexia. O compensatórios inapropriados (AMERICAN
e forte presença de críticas também podem curso e o desfecho da anorexia variam mui- PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
influenciar no desenvolvimento de algum TA to, pois pode haver recuperação total após A distorção da imagem corporal incentiva
(DE ABREU GONÇALVES et al., 2013). primeiro episódio ou curso crônico ao longo frequentes consultas ao espelho, acom-
Dentre as influências sociais, podemos da vida, podendo levar à morte. Ela é alcan- panhadas da autopercepção de estar com
citar as dificuldades que os adolescentes çada por meio de restrição alimentar rígida excesso de peso ou de ter algumas partes
podem ter para interagir com grupos, como e intensa, em geral associada à atividade do corpo com formas aumentadas, recorren-
o uso exacerbado da internet, bullying e/ou física exagerada. Na anorexia nervosa há um do, por vezes, a roupas largas (AMERICAN
cyberbullying, dificuldades sociais na escola medo intenso de engordar e uma autoavalia- PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
e problemas culturais também podem ser ção excessivamente baseada no peso e no Em adolescentes, a perda de peso signifi-
fatores de risco (AMERICAN PSYCHIATRIC aspecto do corpo. Esse sentimento e atitude cante torna-se especificamente preocupante,
ASSOCIATION, 2014). relacionados à imagem corporal são comuns pois a baixa ingestão calórica irá se refletir
A privação do prazer de comer em um também na bulimia nervosa (AMERICAN em atraso no desenvolvimento (DE ABREU
contexto social, ou do conforto que a comida PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). GONÇALVES et al., 2013).
41
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Bulimia nervosa após, induzirem o vômito para não engordar do grupo de alimentos com um todo, a forma
Na bulimia nervosa (BN), os adolescentes e aliviar o sentimento de culpa (AMERICAN em que combinamos os alimentos, o modo
praticam episódios recorrentes de compulsão PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). em que comemos, assim como o nível de
alimentar e adoção de comportamento processamento industrial da alimentação
compensatório para evitar o ganho de peso 2.3.2 Dietas da moda e as emoções ligadas ao ato de comer
e aliviar o sofrimento gerado, como vômitos (BRASIL, 2014a). É importante lembrar que a
autoinduzidos, uso de medicamentos e Principalmente na adolescência, inicia- realização de dietas da moda, que costumam
exercícios físicos em excesso. A bulimia se uma fase de idealização e cobrança do ser restritivas e normalmente associadas
nervosa é rara antes dos 12 anos, sendo corpo magro ou com curvas, como referência ao efeito sanfona, em que o adolescente
mais característico das mulheres jovens estética, de beleza e sucesso. Juntamente volta a recuperar o peso perdido em pouco
e adolescentes. A preocupação excessiva com essa cobrança vem ocorrendo um tempo, pode levar a constantes frustrações,
com a forma e o peso corporal é intensa, número sem fim de dietas prometendo aumentando as chances de adquirir um
assim como na anorexia nervosa. Entretanto, efeitos rápidos e milagrosos, que chamam a transtorno alimentar e/ou aumentar as taxas
diferente dela, os indivíduos com bulimia atenção desse grupo etário. de sobrepeso e obesidade nos adolescentes.
nervosa mantêm um peso corporal igual Como profissionais da saúde, é importan- Por isso, apesar da grande quantidade de
ou apresentam sobrepeso e obesidade. Na te ter a noção dos reais efeitos de cada uma propagandas e notícias divulgando benefí-
bulimia nervosa não há restrição da ingestão dessas dietas sobre a saúde da população. As cios milagrosos de certas dietas e alimentos,
calórica. Diferente do usuário com anorexia, dietas da moda constituem-se normalmente
o usuário com bulimia não tem o desejo de padrões de comportamento alimentar
de emagrecer cada vez mais (AMERICAN pouco saudáveis e nada reais se realizados
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). a longo prazo. Geralmente as dietas são
Geralmente, o adolescente com bulimia focadas na restrição de nutrientes e/ou gru-
nervosa demonstra uma preocupação pos alimentares específicos (BRASIL, 2014a).
excessiva em relação ao corpo e inicia uma Além disso, não levam em consideração as
dieta com restrições alimentares, mas sem individualidades de cada pessoa, tampouco
a obstinação comum à anorexia. Depois as questões sociais, ambientais e culturais.
disso, passam a ingerir grandes quantidades Uma alimentação saudável não se resume
de alimentos em curtos períodos para, logo a ingestão de nutrientes, mas sim à qualidade
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
questione e pesquise sempre a respeito da Veja, a seguir, a necessidade de suplementação de cada um desses itens.
veracidade da informação e procure evidên-
cias científicas que comprovem a relevância Proteínas Manutenção do crescimento
clínica desses benefícios. Para garantir uma
alimentação saudável, recomenda-se que as Devido ao aumento da retenção de cálcio
Cálcio
refeições principais sejam coloridas, diversi- para formação da massa óssea
ficadas, com aspectos sensoriais e visuais
Vitamina A Devido à estreita correlação com o crescimento
agradáveis, à base de alimentos in natura
e minimamente processados, respeitando
sempre as características de consumo Vitamina C Devido à atuação na função normal dos osteoclastos
alimentar local e evitando o consumo de
alimentos ultraprocessados (BRASIL, 2014a). Devido ao rápido crescimento e aumento da massa
Ferro muscular, do volume sanguíneo, das enzimas respiratórias
e pela menarca nas meninas
2.3.3 Uso de suplementos
43
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
44
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
doenças crônicas, as atividades físicas Outros benefícios da atividade física, para óssea, melhora da cognição, autoestima,
auxiliam na melhora do rendimento escolar. a promoção da saúde de crianças e adoles- sentimento de bem-estar e socialização
Evidências indicam que a atividade centes, estão comprovados na literatura, tais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017).
física durante a infância e a adolescência como, aumento do volume de ejeção cardía- Há evidências de que jovens com suporte
é capaz de contribuir no enfrentamento ca, dos parâmetros ventilatórios funcionais dos pais para a prática de atividades físicas
da obesidade por meio de pelo menos por e do consumo de oxigênio, redução da são mais ativos, assim como pais mais
três caminhos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE pressão arterial, aumento da sensibilidade ativos têm filhos mais ativos (SOCIEDADE
PEDIATRIA, 2017), conforme pode ser visto a à insulina e da tolerância à glicose, melhora BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017). Dessa forma,
seguir, acompanhe. do perfil lipídico, aumento da mineralização é importante considerar o perfil de prática
de atividade física, tanto da criança e do
adolescente como de seus pais, para traçar
uma estratégia conjunta e promissora para a
A prática de atividade física na infância e adolescência adesão a essa prática, garantindo a mudança
auxilia no equilíbrio do balanço energético e, dos hábitos em toda a família.
consequentemente, na prevenção e no tratamento da Nesse sentido, os profissionais da
obesidade e de doenças relacionadas à obesidade
atenção primária à saúde têm papel
nesta fase da vida.
fundamental na promoção da prática de
atividade física em crianças e adolescentes
Jovens ativos tendem a se tornar adultos ativos, usuários do sistema de saúde, na prevenção
aumentando o gasto energético durante todo e no controle do excesso de peso.
o ciclo de vida.
45
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 2
CRIANÇAS E ADOLESCENTES POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPECIFICIDADES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
46
UN3
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO
ALIMENTAR E NUTRICIONAL
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
utilização do SISVAN e de outros sistemas primária à saúde, na qual são obtidas explicadas. Assim sendo, é relevante o uso
de informação em saúde para identificar informações relacionadas ao estado de de habilidades que facilitem a comunicação
indivíduos ou grupos que apresentem saúde e nutricional da criança. nessa etapa do atendimento, de modo a
agravos e riscos para saúde, relacionados ao Para a execução da anamnese, é encorajar o responsável pela criança a
estado nutricional e ao consumo alimentar fundamental que você, como profissional prover o máximo de informações acerca
(BRASIL, 2013c). da saúde, a família e a criança estabeleçam da realidade pessoal e do meio em que a
uma relação de confiança. O momento da criança vive (BRASIL, 2012).
3.1.1 Avaliação e diagnóstico do anamnese tem carácter especialmente A seguir, são apresentadas algumas
estado nutricional da criança exploratório, portanto, sugere-se que ao sugestões de pontos que você pode explorar
abordar a criança e sua família você utilize na execução da anamnese de crianças
A avaliação e o diagnóstico do estado algumas perguntas abertas, como forma (LACERDA; ACCIOLY, 2009; BRASIL, 2012;
nutricional objetivam verificar o crescimento de facilitar a compreensão dos motivos SCAGLIONI et al., 2018):
e as proporções corporais de um indivíduo para a consulta, pois isso permitirá que • Dados relacionados à história dietéti-
ou de coletividades para, assim, estabelecer você explore condições que necessitam ser ca, como ocorrência de intolerâncias
atitudes de intervenção. A avaliação do e aversões alimentares, inapetência,
crescimento é a medida que melhor define seletividade alimentar, qualidade e
a saúde e o estado nutricional de crianças, quantidade alimentar geralmente con-
já que distúrbios na saúde e nutrição, sumida, horários das refeições, local
independentemente de suas etiologias, de realização das refeições, quem é
invariavelmente afetam o crescimento o responsável pela preparação das
infantil. Além disso, o monitoramento do refeições oferecidas à criança, grau de
crescimento infantil é também uma medida autonomia da criança ao se alimentar.
indireta da qualidade de vida da população. • Hábito de se alimentar em frente a
televisão ou telas.
Anamnese • História de aleitamento materno (dura-
A anamnese é considerada uma etapa ção), introdução alimentar e evolução
importante nos atendimentos realizados na aceitação de novos alimentos.
pela equipe de profissionais da atenção • Ingestão hídrica.
49
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
• Função intestinal da criança (frequên- de transferência de renda e outros pazes de estabelecer isoladamente (BRASIL,
cia de evacuações e consistência das tipos de auxílio. 2012).
fezes). • Condições socioeconômicas da famí-
• Alterações recentes de peso. lia, de moradia e saneamento básico.
• Dados pregressos relacionados ao
nascimento, como peso ao nascer, Além disso, durante a consulta é
nascimento prematuro ou a termo. importante que você observe alguns
• Tempo de atividade física diária no sinais físicos que possam contribuir de
lazer (extraclasse) ou na unidade maneira complementar com a avaliação
educativa (curricular). e o diagnóstico do estado nutricional da
• Tempo da criança em frente às telas criança. Por exemplo, crianças com algum
(TV, computador, videogame). agravo relacionado ao estado nutricional
• Período de permanência da criança e/ou história alimentar inadequada podem
na unidade educativa. ser investigadas quanto a sinais clínicos de
• Dados relacionados ao sono da criança deficiências nutricionais em cabelos, olhos,
(quantas horas a criança dorme, dorme pele e unhas (LACERDA; ACCIOLY, 2009).
com quem e se tem sono tranquilo). Por fim, vale mencionar que, durante a
• História familiar de doenças crônicas avaliação e o acompanhamento de saúde Antropometria
não transmissíveis (diabetes, obesida- das crianças, podem surgir intercorrências A antropometria tem sido muito utilizada
de, doenças cardiovasculares, etc.). que demandem a solicitação de exames para o diagnóstico nutricional, inclusive
• História de internações hospitalares complementares, como, por exemplo, na infância, pela facilidade de execução,
prévias e diagnósticos clínicos ante- hemograma e perfil lipídico (colesterol, pelo baixo custo e pela inocuidade (VITOLO;
riores. HDL, triglicerídeos e LDL). Atente-se para o LOUZADA, 2015). As medidas das dimensões
• Uso medicamentos de uso contínuo ou fato de que exames complementares são, corporais associadas a idade, sexo ou outras
suplementos alimentares. como o próprio nome diz, complementares à variáveis antropométricas permitem conhe-
• Disponibilidade e variedade de ali- consulta, sendo preferencialmente aplicáveis cer o estado de saúde e de risco nutricional
mentos na família e recebimento de no estabelecimento de diagnósticos em que de indivíduos em geral, mas especialmente
benefícios provenientes de programas a anamnese e o exame físico não forem ca- de crianças. Nesse sentido, a triagem nutri-
50
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
cional e a monitorização do crescimento e do Considerando a importância da pela criança em relação aos dados
estado nutricional são consideradas as duas padronização da aferição das medidas coletados.
principais formas de uso da antropometria, o antropométricas nos serviços de saúde, o • Para a avaliação antropométrica
que nos permite identificar precocemente e Ministério da Saúde publicou um material você deverá atentar para a aplicação
monitorar possíveis problemas nutricionais contendo orientações relacionadas a técni- correta do método, a disponibilidade
(ARAUJO, 2007). cas e equipamentos para coleta de dados de equipamentos em boas condições
Recomenda-se que você obtenha dados antropométricos (BRASIL, 2011b). Importante de uso e um ambiente apropriado
antropométricos e demográficos indicados que você lembre, ainda, que para a execução (BRASIL, 2015b).
pelo SISVAN para avaliação de crianças, que das técnicas é fundamental a utilização de Em resumo, os passos para a etapa
são os descritos a seguir. equipamentos calibrados e adequados para de avaliação antropométrica de crianças
cada tipo de aferição corporal. envolvem:
Dados antropométricos e demográficos 1. Cálculo da idade em anos completos
e meses.
Para conhecer melhor as técnicas e 2. Aferição de peso e estatura da criança
instrumentos para coleta dos dados
Peso antropométricos de crianças, consul- e cálculo do IMC.
te a parte III do material intitulado: 3. Registro dos dados no formulário do
“Orientações para a Coleta e Análise SISVAN, nos sistemas de informação
de Dados Antropométricos em Servi-
ços de Saúde”, disponível no link: em saúde (exemplo: SISVAN-Web) e
Estatura
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ no prontuário do usuário.
publicacoes/orientacoes_coleta_
analise_dados_antropometricos.pdf>.
Importante destacar também que, sempre
Sexo que forem coletados dados antropométricos,
Lembre-se: estes devem ser registrados nas curvas
• É importante que você realize as de avaliação de crescimento existentes na
Data de nascimento avaliações em locais reservados, Caderneta de Saúde da Criança, de modo
evite revelar as informações obtidas a permitir o acompanhamento do estado
a terceiros e esteja preparado para nutricional da criança ao longo do tempo,
Fonte: BRASIL (2008); BRASIL (2011b). oferecer orientações aos responsáveis bem como servir de subsídio na definição
51
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
de condutas e/ou propostas de intervenções Consumo alimentar da equipe de APS realize a avaliação dos
que auxiliem na manutenção ou recuperação A avaliação do consumo alimentar de marcadores de consumo (BRASIL, 2015c).
do estado nutricional e de saúde. indivíduos e populações é considerada um A avaliação do consumo alimentar é
Lembre, inclusive, que os dados antropo- passo fundamental na avaliação em saúde essencial para se direcionar o diagnóstico
métricos obtidos e registrados na Caderneta e deve ser realizada de forma rotineira nutricional da criança (VITOLO; LOUZADA,
de Saúde da Criança e nos formulários vin- (BRASIL, 2015c). 2015). Para essa avaliação existem três
culados ao sistema de vigilância alimentar Como instrumento para obtenção de opções de blocos de questões no formulário
e nutricional são ferramentas, portanto, informações sobre o consumo alimentar, de marcadores recomendado pelo SISVAN:
utilizadas para diagnóstico, vigilância e na rotina dos serviços de atenção primária, • Crianças menores de seis meses
monitoramento do crescimento e estado recomenda-se a utilização dos formulários • Crianças de seis a 23 meses e
nutricional infantil. Por isso, siga sempre para avaliação de marcadores de consumo 29 dias de idade
as recomendações de coleta de dados alimentar (BRASIL, 2015b; BRASIL, 2015c). Esses • Indivíduos com 2 anos ou mais
antropométricos com a maior acurácia e formulários propõem a obtenção de dados (BRASIL, 2015c)
responsabilidade possíveis. relacionados aos alimentos consumidos Importante ressaltar que em crianças com
no dia anterior e contemplam questões até 7 anos de idade, os dados relacionados
que possibilitam que qualquer profissional ao consumo alimentar são fornecidos predo-
Acesse as versões atuais da Cader-
neta de Saúde da Criança para me-
ninos e meninas, respectivamente,
nos links:
<https://portalarquivos2.saude.
gov.br/images/pdf/2019/abril/10/
caderneta-2019-menino.pdf>
<https://portalarquivos2.saude.
gov.br/images/pdf/2019/abril/10/
caderneta-2019-menina.pdf>
CONSUMO
ALIMENTAR
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
minantemente pelas mães ou responsáveis Diagnóstico do estado estado nutricional: para crianças menores
(VITOLO; LOUZADA, 2015). nutricional de crianças de 5 anos, utiliza-se como referência as
Com base nos dados obtidos na etapa de curvas de crescimento infantil publicadas
avaliação das crianças (peso, estatura, sexo em 2006 e para as crianças de 5 a 10 anos
Conheça o formulário de marcado-
e idade) e posterior plotagem desses dados incompletos, utiliza-se a referência lançada
res de consumo alimentar proposto
pelo SISVAN no link a seguir: nas curvas disponíveis na Caderneta de no ano de 2007 (BRASIL, 2008).
<http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/ Saúde da Criança, você conseguirá classificar Para avaliação do estado nutricional de
public/file/ficha_marcadores_
e diagnosticar o estado nutricional, por meio uma criança ou um grupo delas, é funda-
alimentar.pdf>.
da avaliação e interpretação dos índices mental a definição de alguns elementos que,
antropométricos mais utilizados para essa reunidos e devidamente interpretados, pos-
Neste módulo, daremos enfoque às faixa etária (BRASIL, 2011b). Importante sibilitarão diagnosticar o estado nutricional.
crianças maiores de 2 anos de idade. Como esclarecer que o Ministério da Saúde adota Esses subsídios são índices e indicadores
você pode perceber, o formulário destinado as recomendações da OMS no que se refere antropométricos, critério de classificação e
à avaliação da alimentação de indivíduos às curvas de referência para avaliação do tabelas de referência de crescimento (ARAU-
com mais de 2 anos de idade inclui questões JO, 2007). No caso de avaliação de crianças,
relacionadas a alguns marcadores saudáveis é importante você considerar que essa fase
e não saudáveis de consumo de alimentos e do curso da vida possui referências e pontos
bebidas, além de práticas relacionadas ao de corte específicos.
ato de comer (BRASIL, 2015b).
Em relação à periodicidade de registro de
marcadores de consumo alimentar, assim Para conhecer mais sobre índices,
como de dados antropométricos, reco- indicadores, pontos de corte, popu-
lação de referência, percentil e es-
menda-se que os profissionais da atenção core-z, acesse as páginas 9 a 11 do
primária sigam o mesmo calendário mínimo documento a seguir:
de consultas para a assistência à saúde <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/orientacoes_coleta_
(BRASIL, 2015b). Para crianças com mais de analise_dados_antropometricos.pdf>.
2 anos de idade, recomenda-se, no mínimo,
um registro por ano.
53
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Para avaliação de crianças, os índices/ Esses índices, utilizados no diagnóstico do estado nutricional de crianças, permitem
parâmetros recomendados são (BRASIL, acompanhar sistematicamente o crescimento e desenvolvimento infantil, sendo importantes
2015b) os seguintes: para o monitoramento das condições de saúde e nutrição da criança. Veja no quadro abaixo
(BRASIL, 2015b).
Índice Detalhamento
Crianças menores de 5 anos
Índice que expressa a relação existente entre a massa corporal e a ida-
de. Amplamente utilizado para avaliar a desnutrição, porém o déficit de
Peso para Idade
peso para a idade observado pontualmente não determina se o quadro
• IMC para idade é recente ou de longo prazo.
• Estatura para idade
• Peso para estatura Índice que indica o crescimento linear e reflete os efeitos cumulativos
• Peso para idade Estatura para Idade da situação de saúde e nutrição em longo prazo, ou seja, o déficit neste
índice deve ser interpretado como uma condição crônica.
Nota: Os índices IMC para a Idade e Peso para a Estatura tendem a mostrar
resultados muito semelhantes.
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Critérios de classificação do estado nutricional de crianças com base nos diferentes índices antropométricos
Índices antropométricos
Valores críticos
Crianças de 0 a 5 anos incompletos Crianças de 5 a 10 anos incompletos
Peso para Peso para IMC para Estatura Peso para IMC para Estatura
Percentil Escore-z
idade estatura idade para idade idade idade para idade
≥ 3 e < 15 ≥ –2 e < –1
Peso ade- Eutrofia Peso ade- Eutrofia
≥ 15 e ≤ 85 ≥ –1 e ≤ +1 quado para a quado para a
idade Estatura ade- idade Estatura ade-
> 85 e ≤ 97 > +1 e ≤ +2 Risco de sobrepeso Sobrepeso
quada para a quada para a
> 97 e ≤ 99,9 > +2 e ≤ +3 Sobrepeso idade Obesidade idade
Peso eleva- Peso eleva-
do para a do para a
Obesidade
> 99,9 > +3 idade Obesidade idade
grave
Importante: atente-se para os pontos de corte/valores críticos de classificação de sobrepeso e obesidade, segundo os índices Peso para Idade e IMC para Idade.
Fonte: BRASIL, 2008.
55
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Especificamente em relação aos pontos Após avaliar esses índices antropomé- diagnóstico encontrado à mãe, ao pai ou ao
de corte de IMC para classificação de tricos e observar a orientação dos registros responsável pela criança, no momento do
sobrepeso e obesidade por idade e sexo, nas curvas de referência de crescimento atendimento, explicando o que representa
veja ainda a orientação na tabela a seguir (curva ascendente, horizontal ou descen- com as devidas orientações para cada caso
(BRASIL, 2014b). dente), é importante que você apresente o (BRASIL, 2008).
Pontos de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico de excesso de peso e obesidade
2,5 17,09 18,56 16,92 18,53 6,5 16,89 18,75 17,13 19,48
3,5 16,75 18,21 16,76 18,44 7,5 17,23 19,33 17,49 20,15
4,5 16,63 18,21 16,83 18,67 8,5 17,66 20,06 18,01 21,02
5,5 16,68 18,35 16,92 19,01 9,5 18,18 20,92 18,67 22,03
Observação: A idade completa é considerada até 5 meses e 29 dias. Por exemplo, uma criança com 3 anos 5 meses e 29 dias deverá entrar na faixa de
3 anos, e uma criança com 3 anos e 6 meses deverá entrar na faixa 3,5 anos
56
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
lidade e variedade de alimentos na cabelo e unhas; avaliação do estado de de cronológica torna-se uma variável pouco
família, ingestão hídrica, aversões ou hidratação da pele e características rela- adequada para caracterizar o crescimento,
intolerâncias alimentares e alergias; cionadas ao estágio puberal (BRASIL, 2017). sendo necessário associar os indicadores
• hábitos intestinais; E, quando necessário, os profissionais da de maturidade sexual às variáveis de peso,
• consumo de álcool e tabagismo; saúde podem solicitar exames bioquímicos estatura, idade e sexo para classificar o
• dados relacionados à atividade física complementares para uma melhor investi- estado nutricional de adolescentes (VITOLO;
no lazer e no ambiente escolar; gação sobre o diagnóstico nutricional e de CAMPAGNOLO, 2015).
• tempo de exposição às telas digitais saúde (exemplos: hemograma, glicemia de Compreenda que, na puberdade, o grande
(tablets, televisão, videogame, celular); jejum, lipidograma). incremento físico é conhecido como estirão
• percepção da imagem corporal; puberal. Estima-se que o ganho de estatura
• história clínica: doenças prévias e Antropometria no período da adolescência corresponda a
internações; Em primeiro lugar, para a aferição das aproximadamente 20% a 25% da estatura
• uso de medicamentos e suplementos; medidas antropométricas dos adolescentes, final do adulto e, quanto ao ganho de peso
• história familiar de doenças crônicas; destaca-se que, além do conhecimento ade- corporal, corresponda a cerca de 50%
• presença de sintomas depressivos ou quado a respeito das técnicas e da neces- (BRASIL, 2006b).
relacionados a transtornos alimentares; sidade de avaliação das medidas corporais A identificação do estágio de maturação
• dados relacionados ao sono; em locais reservados, é fundamental que o sexual permite avaliar em que fase do
• condições socioeconômicas da família; profissional da atenção primária demonstre desenvolvimento puberal o adolescente
• recebimento de recursos provenientes respeito, cordialidade e ética no trato com as se encontra. Esta etapa é realizada por
de programas de transferência de pessoas (BRASIL, 2015b). meio da avaliação do desenvolvimento dos
renda ou outros tipos de auxílio, dentre A avaliação e o diagnóstico nutricional caracteres sexuais secundários (desenvolvi-
outros (BRASIL, 2017; SOCIEDADE BRASI- neste grupo etário apresenta uma comple- mento da genitália e pilosidade pubiana em
LEIRA DE PEDIATRIA, 2019). xidade adicional, uma vez que a maturação meninos; mamas e pilosidade pubiana em
Destaca-se que a anamnese do adoles- sexual influencia a interpretação dos resulta- meninas), incluindo desde o seu início até
cente pode ser, ainda, complementada com dos (BRASIL, 2006b). Isso quer dizer que ado- o completo desenvolvimento físico, parada
informações obtidas por meio de exame lescentes da mesma idade e do mesmo sexo de crescimento e aquisição da capacidade
físico, por exemplo, avaliação de sinais de podem se encontrar em estágios distintos reprodutiva. Para identificação do estágio de
carências nutricionais em pele e mucosas, de maturação sexual e, nesse período, a ida- maturação sexual, utilizam-se critérios siste-
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
matizados por Tanner, em 1989 (BRASIL, 2006b; BRASIL, 2008). Confira os critérios de Tanner nas
figuras ilustradas a seguir.
8 a 13 anos 9 a 14 anos
Mamas em fase de botão Presença de pelos longos, macios,
11 anos e (elevação da mama e auréola ligeiramente pigmentados, ao longo
5 meses como pequeno montículo dos grandes lábios
10 a 14 anos
10 a 14 ½ anos
Maior aumentos das
Pelos mais escuros, ásperos,
mamas, sem separação
sobre o púbis
dos contornos
60
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
9 ½ a 13 ½ anos 11 a 15 ½ anos
Aumento do escroto, dos Presença de pelos longos,
testículos, sem aumento macios, ligeiramente
do pênis pigmentados, na base do pênis.
10 ½ a 15 anos
11 ¾ a 16 anos
Ocorre também o aumento do
Pelos mais escuros, ásperos,
pênis, inicialmente em toda a
sobre o púbis.
sua extensão
13 a 17 anos
12 ½ a 17 anos
Tipo adulto, estendendo-se até
Tipo adulto
a face interna das coxas.
61
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Dentre os marcadores contemplados nas substituir uma anamnese alimentar Vale mencionar que o IMC para a idade
questões do formulário de avaliação ali- mais detalhada. é recomendado internacionalmente para
mentar para o grupo etário de adolescentes, • Qualquer profissional da APS pode diagnóstico individual e coletivo dos
são considerados como sendo saudáveis: aplicar o formulário de marcadores de distúrbios nutricionais na adolescência,
consumo de frutas, verduras/legumes e consumo em adolescentes. como, por exemplo, identificação dos casos
feijão; e como não saudáveis o consumo • A avaliação de consumo se refere ao com excesso de peso (BRASIL, 2011b), pois
de hambúrguer e embutidos, bebidas ado- dia anterior. parece refletir melhor do que outros índices
çadas, macarrão instantâneo, salgadinhos • A periodicidade recomendada de re- as mudanças da forma corporal (VITOLO;
de pacote e biscoitos salgados, bem como gistro de dados de consumo alimentar CAMPAGNOLO, 2015).
o consumo de biscoitos recheados, doces e antropométricos no sistema de infor- O SISVAN indica o uso desse índice no
e guloseimas (BRASIL, 2015c). O formulário mação em saúde é de, no mínimo, uma diagnóstico nutricional do adolescente
contempla, ainda, coleta de informações vez ao ano em caso de adolescentes. devido ao fato de que o IMC foi validado
sobre quais/quantas refeições são realiza- como indicador de gordura corporal total
das ao longo do dia e práticas relacionadas Diagnóstico do estado nutricional nos percentis superiores e proporciona
ao ato de comer, como o hábito de realizar Para a etapa de diagnóstico do estado uma continuidade com o indicador utilizado
refeições assistindo à televisão, mexendo no nutricional do adolescente, você utilizará entre adultos (BRASIL, 2011b). Além do IMC,
computador ou celular. alguns índices idênticos aos relacionados à o SISVAN recomenda a utilização do índice
Veja algumas vantagens de se utilizar o criança, já detalhados em capítulo anterior estatura por idade na avaliação e diagnósti-
formulário do SISVAN (BRASIL, 2015c) para da unidade, que são: índice de massa co nutricional de adolescentes, uma vez que
avaliação do consumo alimentar: corporal (IMC) e estatura por idade (BRASIL, esse índice contribui para a avaliação do
• É uma ferramenta útil e prática para 2011b; BRASIL, 2015b). crescimento linear (BRASIL, 2011b).
apoiar as equipes de saúde na iden-
tificação de inadequações na alimen-
tação e no fornecimento de subsídios
para orientação acerca da promoção
da alimentação adequada e saudável,
entretanto, não tem como propósito
63
SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
De acordo com os protocolos do SISVAN, para a classificação do estado nutricional de de forma frequente, o que possibilita avaliar
adolescentes, são adotados os critérios (BRASIL, 2008) conforme você pode observar a seguir. a evolução e realizar o acompanhamento
do crescimento e desenvolvimento do ado-
Critérios de classificação do estado nutricional de adolescentes de acordo com a proposta do SISVAN lescente.
Para auxiliar no diagnóstico relacionado
Valores críticos Índices antropométricos para adolescentes
ao consumo alimentar dos adolescentes, é
Percentil Escore-z IMC para idade Estatura para idade importante que os profissionais da saúde
prestem atenção no relato de hábitos de
< 0,1 < –3 Magreza acentuada Muito baixa estatura para a idade consumo saudáveis e não saudáveis (BRASIL,
≥ 0,1 e < 3 ≥ –3 e < –2 Magreza Baixa estatura para a idade 2015c).
Lembre-se, ainda, de considerar situações
≥ 3 e < 15 ≥ –2 e < –1
Eutrofia de alerta que estejam relacionadas às
≥ 15 e ≤ 85 ≥ –1 e ≤ +1 práticas alimentares inadequadas, já que
> 85 e ≤ 97 > +1 e ≤ +2 Sobrepeso esses padrões podem representar fator de
Estatura adequada para a idade
risco para a ocorrência de excesso de peso e
> 97 e ≤ 99,9 > +2 e ≤ +3 Obesidade outras doenças crônicas.
> 99,9 > +3 Obesidade grave Vale lembrar que a utilização desses
indicadores de consumo alimentar em diag-
Importante: percentis superiores a 85 (IMC/idade) = excesso de peso corporal (sobrepeso/obesidade). nóstico coletivo, se observados de forma
regular, constitui ferramenta de cuidado e
gestão das ações de alimentação e nutrição
Quanto aos pontos de corte de IMC para dados antropométricos sejam registrados em diversos níveis. Além disso, o acompa-
a classificação de sobrepeso e obesidade, nas curvas disponíveis na Caderneta de nhamento dos dados relacionados ao padrão
você também pode utilizar como apoio Saúde do Adolescente, sendo que para a alimentar pode nortear ações relacionadas à
a tabela apresentada na página a seguir classificação do estado nutricional adota-se oferta do cuidado necessário conforme a si-
(BRASIL, 2014b). a referência da OMS (BRASIL, 2008). tuação alimentar e nutricional do sujeito que
Para o diagnóstico do estado nutricional Destaca-se a importância de que o regis- está em atendimento, bem como posterior
dos adolescentes, é importante que os tro nas curvas de crescimento seja realizado avaliação dos resultados (BRASIL, 2015c).
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SOBREPESO E OBESIDADE EM UN 3
CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pontos de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico de excesso de peso
Observação: A idade completa é considerada até 5 meses e 29 dias. Por exemplo, um adolescente com 15 anos 5 meses e 29 dias deverá entrar na faixa
de 15 anos, e um adolescente com 15 anos e 7 meses deverá entrar na faixa 15,5 anos
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
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RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES E COMPORTAMENTAIS
PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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4.2 OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES ção, nos últimos cinquenta anos, têm sido sando a reposição de perdas energéticas do
DA ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS estimuladas devido ao crescente processa- organismo; a qualidade, pela variabilidade
E ADOLESCENTES mento industrial dos alimentos, bem como de alimentos e o seu teor de nutrientes, o
às transformações sociais, econômicas e que permite operar com esquemas de subs-
Existem diversas especificidades na culturais ocorridas na sociedade. Nesse tituição e equivalência na hora de realizar
alimentação de crianças e adolescentes que sentido, precisamos facilitar a mudança escolhas alimentares (LIMA, 2009).
precisam ser abordadas nos atendimentos das escolhas alimentares realizadas pelas De uma forma um pouco mais clara expli-
individuais e coletivos. Usualmente, surgem famílias, focando na importância da tomada camos a você em subtópicos, acompanhe.
diversas dúvidas relacionadas ao tipo e de decisão com base na qualidade alimentar,
quantidade de alimentos consumidos no dia na variedade dos alimentos ofertados e na Qualidade
a dia, como por exemplo: se pode ou não priorização de alimentos frescos e minima- A qualidade do alimento refere-se à
utilizar adoçantes, café, alimentos diet/light, mente processados (MENEGASSE et al., 2018). composição de determinado alimento, que
dentre outros aspectos. inclui todos os nutrientes que devem ser
Ao realizar o acolhimento dessas dúvidas E, afinal, o que é quantidade e qualidade? ingeridos diariamente.
e/ou ao realizar as recomendações, procure A quantidade pode ser definida pela No momento de orientar as famílias, você
agir com empatia e escuta ativa para, suficiência de calorias na alimentação, vi- deve sempre focar na qualidade da alimenta-
posteriormente, informar adequadamente
sobre cada ponto. Para isso, você pode
utilizar de recursos como diálogo, jogos,
brincadeiras, atividades lúdicas, em grupo
ou de forma individualizada.
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ção. O novo guia alimentar para a população Nas orientações, foque em auxiliar a nutricional, explicando as suas diferenças,
brasileira orienta principalmente em relação criança e o adolescente a ouvir e entender o conforme descrito na figura abaixo.
à qualidade das escolhas alimentares, visto seu corpo e os sinais de saciedade. Oriente Explique dando exemplos:
que é muito mais complicado para a popula- a família a se alimentar apenas até se sentir • Um café da manhã com 4 bolachas
ção em geral realizar as suas escolhas com satisfeito e a não forçar a criança ou o recheadas e 1 copo de achocolatado
base na quantidade de calorias contidas na adolescente a comer tudo o que foi servido tem em torno de 300 calorias, muito
alimentação (BRASIL, 2014a). no prato. açúcar adicionado e praticamente
É importante orientar as famílias, com Um alimento pode ter a mesma quantidade nenhum micronutriente.
base na premissa da qualidade nutricional de calorias de outro, porém não fornecer • Já um café da manhã composto por 1
dos alimentos, entendendo que tudo o que nutrientes necessários para o corpo. Você fatia de pão integral, 1 ovo mexido, 1
vir da natureza e trouxer variedade de cores pode dar como exemplo para a família, laranja e 1 copo de leite contém o mes-
trará nutrientes e energia necessários para durante o seu atendimento, as diferenças mo teor calórico, mas uma qualidade
o crescimento adequado, tanto da criança e entre densidade energética e densidade nutricional infinitamente superior (vita-
do adolescente, quanto da sua família. Já,
uma alimentação baseada em alimentos
Densidade energética Densidade nutricional
“empacotados” será “rica” em calorias, mas
deficiente em nutrientes essenciais para o
desenvolvimento saudável, favorecendo o de- Alimentos com alta densidade energéti- A densidade nutricional significa que quanto
senvolvimento do sobrepeso e da obesidade. ca são aqueles que em uma pequena maior for a densidade nutricional do alimento,
quantidade de alimento têm uma elevada maior será a variedade de nutrientes benéficos
concentração de calorias, aumentando o para a saúde. Frutas e vegetais têm uma alta
Quantidade risco de obesidade. Normalmente os densidade nutricional e uma baixa densidade
A quantidade de alimento deve ser alimentos ultraprocessados apresentam energética, o que os torna alimentos adequados
suficiente para cobrir as exigências, princi- alta densidade energética e, por isso, o para a nossa saúde e devem ser indicados na
palmente energéticas e proteicas do orga- seu consumo deve ser desencorajado. alimentação diariamente.
nismo, e manter em equilíbrio o seu balanço.
No entanto, não deve ser o foco principal no
momento de realizar as orientações para
crianças e adolescentes.
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mina A, fibras, aminoácidos essenciais, alimentação saudável, equilibrada ou corpo, prevenir o surgimento de doenças
vitamina C, carboidratos complexos, adequada, deve ser baseada em práticas crônicas não transmissíveis e suprir a energia
cálcio, dentre outros nutrientes). alimentares que assumam o papel social e que se gasta nas atividades diárias, como
cultural dos alimentos como fundamento bá- andar, brincar, estudar, trabalhar, dançar, etc.
Escolhas alimentares (alimentação sico conceitual (BRASIL, 2005; BRASIL, 2014a). A alimentação de crianças e adolescen-
equilibrada, níveis de Neste sentido, é fundamental resgatar essas tes deve seguir as premissas de variedade,
processamento, dietas da moda) práticas bem como estimular a produção e o moderação e equilíbrio, respeitando as dife-
De uma forma geral, as escolhas alimen- consumo de alimentos saudáveis regionais rentes necessidades para cada grupo etário.
tares são influenciadas por diversos fatores (como legumes, verduras e frutas), sempre A criança por sua vez está em fase de
e dentre os quais estão os biológicos, levando em consideração os aspectos com- crescimento. Por meio da alimentação,
sensoriais, socioeconômicos, culturais e portamentais e afetivos relacionados às prá- que é guiada e oferecida pelos pais ou
psicológicos. Assim, pode-se dizer que de- ticas alimentares. Lembre-se de incentivar a responsáveis, irá formar seus hábitos
pendem, primeiramente, de acesso e dispo- aquisição de alimentos da produção local, alimentares e o seu paladar.
nibilidade do alimento, mas, também do que pois tendem a ter menor concentração de Utilize um diálogo mais lúdico para expli-
se conhece, aprende, acredita e sente sobre agrotóxicos e melhor qualidade nutricional. car como é importante praticar uma alimen-
determinado tipo de alimento (SPANIOL, 2014; A alimentação equilibrada, ou adequada tação variada. Você pode usar brinquedos
SCWARZENBERG et al., 2018). para idade, é fundamental para ajudar no ou desenhos, como forma de se aproximar
De acordo com o Ministério da Saúde, crescimento, desenvolver e fortalecer o da criança, e utilizar a pirâmide alimentar
para explicar todos os grupos alimentares.
Diga a ela que necessitamos incluir, no dia
a dia, todos os grupos e cores para garantir
uma alimentação saudável e equilibrada.
Já, os adolescentes passam por grandes
transformações corporais e hormonais
(corpo de uma criança vai se transformar no
corpo de um adulto). Portanto, é necessário
alimentar-se bem, de forma nutritiva e equi-
librada, garantindo bom desenvolvimento
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Você pode, por exemplo, propor uma atividade como a descrita a seguir, confira!
Dietas da moda
No que se refere a dietas da moda,
“Faça o mercado” devemos ter muito cuidado, com as crianças
e os adolescentes, pois dietas restritivas,
que visam o controle ou a perda de peso,
Materiais necessários: • Aplicativo gratuito “desrotulando”, acessível
no link: <https://desrotulando.com/> podem ser perigosas nessas faixas etárias.
• Embalagens de produtos
Desencoraje a realização de dietas restri-
alimentares diversos (solicitar que • Cestinha, carrinho de brinquedo ou sacola
tivas focadas em ingredientes específicos,
as crianças tragam de suas casas) ecológica
como, por exemplo, eliminação total de açú-
cares, glúten, lactose, gordura, entre outros.
Faça uma atividade prática em grupo, de forma intersetorial, no ambiente Explique que esse tipo de alimentação, além
escolar. Sugerimos que seja realizada com crianças de idade superior a de ser uma solução superficial, pode preju-
4 anos. Peça para as crianças e/ou os adolescentes levarem para
dicar o desenvolvimento e o crescimento, se
escola embalagens de alimentos consumidos pela família.
praticadas sem uma justificativa clínica. As
No dia da atividade, juntamente com o professor, distribua as embala- crianças e adolescentes precisam de uma
gens na mesa, como se estivessem nas prateleiras de um mercado.
alimentação variada e balanceada, desenvol-
Separe os alunos em grupos de quatro crianças, e peça para vendo assim hábitos alimentares saudáveis.
entrarem ao “mercado”, carregando na cestinha, carrinho de No caso de crianças e adolescentes
brinquedo ou sacola, as embalagens de produtos conside-
com sobrepeso ou obesidade, também é
rados saudáveis.
recomendado ter muita cautela ao enfatizar
Finalmente, com ajuda de um aplicativo de celular ou a restrição de certos alimentos. Na maioria
tablet de uso gratuito, chamado “desrotulando”, faça a
das vezes, não é aconselhável “cortar” ingre-
consulta dos alimentos e leitura dos rótulos e ingredien-
tes, avaliando junto dos alunos a sua composição nutri- dientes ou alimentos específicos. Por isso, é
cional. Essa atividade permite dialogar de forma muito importante trabalhar a educação nutri-
lúdica sobre as escolhas alimentares realizadas no cional, adequando a alimentação de acordo
dia a dia pelas crianças e adolescentes. com as recomendações dietéticas do guia
alimentar, estimulando a prática de atividade
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física e focando na qualidade alimentar, sem Para um alimento ser considerado light, principal e única fonte de hidratação deve
determinar tamanhos de porções. deve apresentar redução mínima de 25% de ser a água. A seguir, explicamos as reco-
Lembre-se de que cortar os alimentos do um determinado ingrediente ou nutriente mendações relacionadas ao consumo de
cardápio das crianças e dos adolescentes quando comparado ao alimento conven- líquidos para crianças e adolescentes, com
não é a solução para lidar com o sobrepeso cional, podendo envolver valor energético, mais detalhes, acompanhe.
e a obesidade infanto-juvenil. açúcar, sódio, gorduras, totais ou satura-
das, e colesterol, não sendo um alimento Água
Alimentos não recomendados recomendado para crianças e adolescentes De acordo com a Sociedade Brasileira de
(adoçantes, desnatados, light, diet) (SANTOS et al., 2015). Pediatria (2018), a recomendação de água é
O consumo de adoçantes, alimentos Alimentos diet são aqueles que a seguinte, confira.
desnatados, cafés e produtos light ou diet não possuem ou têm ausência de um
não são recomendados para o público determinado ingrediente, como sacarose,
infanto-juvenil, com exceção de situações proteína, gordura ou sódio, de maneira que Crianças de 1 a 3 anos de idade:
específicas e que devem ser individualmente sua composição atenda às necessidades 1,3 litros por dia
avaliadas. de pessoas em condições metabólicas,
De acordo com a Sociedade Brasileira de fisiológicas ou patológicas específicas.
Crianças 4 a 8 anos de idade:
Pediatria (2018), os adoçantes podem ser Esses alimentos não são indicados para
usados apenas por crianças e adolescentes crianças e adolescentes, somente em casos 1,7 litros/dia
com presença de diabetes mellitus, que de doenças específicas como, por exemplo,
necessitem controlar os níveis de glicose no diabetes (SANTOS et al., 2015). Pré-adolescentes entre
sangue. 9 a 13 anos de idade:
Crianças devem utilizar alimentos inte- Consumo de líquidos: água,
2,4 litros/dia
grais, a exemplo do leite, pois além da gor- sucos naturais, sucos, bebidas
dura, possui vitaminas que são essenciais adoçadas e refrigerantes
para as crianças. Já os adolescentes podem A oferta de líquidos, principalmente bebi- Adolescentes entre
utilizar alimentos desnatados ou semidesna- das açucaradas, como sucos industrializa- 14 e 18 anos:
tados (VITOLO, 2015; SOCIEDADE BRASILEIRA DE dos e refrigerantes, é elevada entre crianças 3,3 litros/dia
PEDIATRIA, 2018). e adolescentes. É importante reforçar que a
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES E COMPORTAMENTAIS
PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Precisamos incentivar o consumo de Comportamento alimentar do como base o novo Guia Alimentar para a
água independente dos outros líquidos, já Podemos trabalhar para a melhoria do População Brasileira (BRASIL, 2014a). Confira
que ela desempenha papel fundamental comportamento alimentar e das escolhas algumas orientações!
na regulação de muitas funções vitais do alimentares por meio de ações de educação 1. Incentive a família a comer em
organismo. nutricional, que podem ser realizadas na Uni- companhia, criando laços afetivos para
dade Básica de Saúde (UBS), tanto de forma vida toda. Explique para os pais que as
Sucos de frutas naturais individual como em grupos e no ambiente crianças aprendem por imitação, e que
O consumo de suco 100% natural não escolar. A educação nutricional desempe- por isso é tão importante que todos
deve ser abolido da alimentação de crian- nha um papel muito importante em relação façam a refeição, sempre que possível,
ças e adolescentes, por ser grande fonte ao processo de transformação, recuperação no mesmo horário e local.
de vitamina, mas deve, sim, ser limitado a e promoção de hábitos alimentares saudá- 2. Explique a importância de comer sem
120 a 150 ml por dia para crianças de 1 a veis, pois pode proporcionar conhecimentos distrações, reforçando que o uso de te-
6 anos de idade, e a 240 a 350 ml por dia necessários em relação à tomada de deci- lefone, tablets, celulares e televisão na
para crianças e adolescentes de 7 a 18 anos são, atitudes, hábitos e práticas saudáveis hora das refeições tende a mascarar os
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018). ao longo da vida. sinais de fome e de saciedade, fazen-
A especulação de que o excesso de peso do com que se coma mais do que o ne-
poderia ser considerado uma consequência cessário, e aumentando, consequente-
do consumo excessivo de suco de frutas Você conhece a iniciativa “Ideias mente, as chances de ganho de peso.
naturais não é consenso na comunidade na mesa”? Nesta plataforma, você 3. Estimule a divisão das tarefas culiná-
encontrará diversas ideias e ativida-
científica. Entretanto, é importante conside- des de educação nutricional que po- rias, como arrumar a mesa, lavar louça,
rar o conteúdo energético da fruta utilizada dem ser colocadas em prática com respeitando a faixa etária e a capacida-
e a quantidade oferecida por dia à criança crianças e adolescentes, visando in- de de cada membro da família na hora
troduzir novos hábitos alimentares:
com excesso de peso. <https://issuu.com/ideiasnamesa>. de delegar as funções de cada um.
Lembre-se de desencorajar o uso de 4. Sugira a preparação de receitas fáceis
açúcar de adição e de adoçantes nos sucos, e saudáveis em família. Essa prática
visto que esses adicionam calorias vazias, Nesse sentido, é muito importante aproxima as crianças e adolescentes
aditivos químicos, e tendem a modificar o trabalhar aspectos motivacionais, para a de novos alimentos, auxiliando na
paladar e a aceitação de frutas in natura. mudança do comportamento alimentar, ten- redução da neofobia alimentar.
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES E COMPORTAMENTAIS
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5. Diga para os pais o quão importante é 7. Incentive os pais a elogiarem a criança rentes preparações com um mesmo
convidar as crianças e os adolescentes e o adolescente em situações em alimento e introduzindo o alimento em
a irem juntos para a feira. Dessa que eles aceitam experimentar novos pequenas porções, de forma a não as-
forma, eles aprendem e reconhecem alimentos, sem importar a quantidade sustar a criança.
variedade, tipos, texturas e sabores de consumida. 9. Recomende a apresentação dos ali-
alimentos in natura ou minimamente 8. Oriente os pais e cuidadores sobre a mentos de forma lúdica. Essa é uma
processados. importância de aproximar a criança e o ótima estratégia para mudança de
6. Reforce a importância de não obrigar adolescente dos alimentos recusados comportamento alimentar. Podem ser
a criança ou o adolescente a comer, no prato: isso deve ser realizado aos utilizados cortadores com formatos
e estimule os pais a serem o exemplo poucos e sem pressão, fazendo dife- divertidos, por exemplo.
para os seus filhos. As atitudes e os comportamentos
alimentares são resultado de um longo
processo de socialização e desenvolvimento,
aprendidos no seio da família e sujeitos às
influências no meio em que vive.
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SOBREPESO E OBESIDADE EM ENCERRAMENTO DO MÓDULO
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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