Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PATOS DE MINAS
2021
LORENA FERNANDES FRÓES
PATOS DE MINAS
2021
2
RESUMO: O objetivo geral desta pesquisa foi refletir sobre os impactos dos efeitos da pandemia do
Covid-19 nas relações jurídicas de consumo, com ênfase no aspecto das vulnerabilidades técnica e
informacional do consumidor. Para tanto, será feita uma análise sobre os princípios que regem as
relações consumeristas e as causas das supracitadas vulnerabilidades do consumidor, bem como dos
efeitos maximizadores dessas vulnerabilidades em um período atípico de pandemia mundial. Será
realizada também uma análise nas medidas provisórias e leis criadas a fim de minimizar os efeitos em
estudo. Assim, por meio de uma pesquisa teórica aliada a uma pesquisa bibliográfica serão debatidas,
por fim, medidas que visam minimizar o impacto pós pandemia ao mercado de consumo. Após a
realização de toda pesquisa foi possível perceber que os mecanismos legislativos criados para contornar
as adversidades advindas da pandemia nem sempre cumpriram o objetivo de tutelar os interesses do
consumidor vulnerável e chegar à conclusão de quais medidas poderiam e ainda podem ser tomados
para minimizar o impacto causado pelo coronavírus.
1 INTRODUÇÃO
3 A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
Já restou evidenciado que o consumidor figura como a parte mais fraca da relação
de consumo. Essa vulnerabilidade, segundo doutrina de Cláudia Lima Marques, pode ser
permanente ou provisória, individual ou coletiva, e é o que dá razão à especial tutela de proteção
e defesa do consumidor, dado que a constatação da desigualdade da relação jurídica levou à
busca por instrumentos jurídicos para rentar reequilibrá-la.
É possível inferir que, se em períodos típicos o consumidor já se encontra
vulnerável na relação de consumo, com as mudanças advindas do período atípico da pandemia
do Covid-19 esta vulnerabilidade acentua-se ainda mais, já que as mudanças advindas da
pandemia interferem na harmonia e no equilíbrio desta relação.
Inicialmente é importante ressaltar a diferença entre vulnerabilidade e
hipossuficiência, diferenciação esta é evidenciada no fato de que nem todas as pessoas físicas
consumidoras irão se beneficiar da inversão do ônus da prova para defesa em juízo. A diferença
consiste no fato de que a vulnerabilidade é um fenômeno de direito material, ao passo que a
hipossuficiência é um fenômeno de direito processual, o primeiro com presunção absoluta e o
segundo com presunção relativa.
A partir desta constatação e da análise anterior dos princípios gerais do direito do
consumidor, resta claro que o Estado deve atuar de forma ainda mais ativa buscando minimizar
os efeitos maximizadores da vulnerabilidade, e que os princípios como um todo devem ser
respeitados e valorizados também neste período.
3.2 Hipervulnerabilidade
²https://dadoscoronavirus.dasa.com.br
10
fraudes e abusividades.
Os mais diversos setores foram afetados e possuem significância no aumento da
vulnerabilidade por terem desencadeado, por exemplo, altos números de desemprego, tal qual
ocorreu no setor de turismo diante do fechamento das fronteiras dos países com consequente
cancelamento e remarcações de viagens. Além do desemprego, carece de atenção a questão da
proteção dos dados dos consumidores no ambiente tecnológico, o superendividamento e o
aumento das fraudes a que foram expostos os consumidores.
Um dos principais efeitos, com a virtualização das relações comerciais, foram as
dificuldades em relação à informação que por muitas vezes não é regularmente oferecida aos
consumidores, que antes da pandemia, por muitas vezes, nem ao menos era habituado a utilizar
aparelhos eletrônicos como celulares e computadores, e quanto à falta de canais adequados para
solução de litígios, que diante de toda estas mudanças e da desinformação, aumentaram
exponencialmente durante a pandemia.
Outro aspecto a ser levado em consideração é o das mudanças na forma em que se
dão as transações financeiras, mudanças estas advindas principalmente das restrições de
locomoção e ao fechamento de agências bancárias e casas lotéricas, e que “obrigaram” muitos
consumidores a cederem aos canais de transação comercial online como os aplicativos de banco
para realizar o pagamento de contas e transferências bancárias. Os mais afetados neste sentido
foram os hiper vulneráveis como os idosos e a população rural, que não utilizavam essa
modalidade de serviço financeiro antes da pandemia por falta de informações e conhecimentos
sobre a forma de utilização e a falta de confiança neste tipo de serviço, porém estes
consumidores se viram diante desta única solução para que pudessem cumprir com seus
compromissos financeiros.
Diante do exposto, mostra-se de extrema importância a discussão acerca das
medidas que devem ser adotadas para minimizar os impactos pós pandemia para se assegurar
um retorno à normalidade mais tranquilo para todos os cidadãos e para as empresas, evitando,
desta forma, uma crise ainda maior decorrente do período de pandemia.
7 CONCLUSÃO
O início da pesquisa se deu pela observação dos impactos da pandemia nas relações
consumeristas, que levou ao desejo de uma análise mais aprofundada acerca da vulnerabilidade
do consumidor diante de um período adverso. As mudanças ocorridas neste período não deixam
dúvidas acerca da potencialização da supracitada vulnerabilidade, e, portanto, esta pesquisa
buscou entender como funcionou referida potencialização e as medidas para minimizá-la.
Após a realização desta pesquisa foi possível verificar os efeitos da pandemia nas
diversas faces da vulnerabilidade de consumidor no período da pandemia do Covid-19, os
impactos práticos vislumbrados neste período e as dificuldades frente aos meios criados por
legisladores para tentar contornar a situação vivenciada. Tratando-se dos hipervulneráveis
restou ainda mais evidente o efeito potencializador.
Não se pode negar que estes efeitos mudaram de maneira irreversível a vida de
pessoas por todo mundo e as relações de consumo, com a migração desta relação para o
ambiente virtual. É evidente que os consumidores tiveram que se adaptar de diversas maneiras
para manter o consumo de bens necessários e lidar com imprevistos como cancelamentos,
remarcações e reembolsos. Ademais, restou também evidenciada a necessidade de adaptação
por parte dos fornecedores a fim de tornar possível a manutenção das empresas e comércios no
momento de crise, fatores que evidenciam a necessidade de uma tutela especial aos
consumidores neste período.
Através da análise de leis e medidas provisórias criadas, e a observação de seus
efeitos na prática, foi possível detectar as alternativas criadas que obtiveram sucesso no que se
refere à tutela do consumidor, bem como aquelas que beneficiaram os fornecedores e causaram
dificuldades ao polo vulnerável da relação de consumo. Ademais, foi possível debater diversas
alternativas que poderiam e ainda podem ser implantadas para minimizar as vulnerabilidades e
o impacto pós pandemia.
REFERÊNCIAS
NUNES, Luiz Antonio Rizzato. Curso de Direito do Consumidor. 4ª Ed. Editora Saraiva,
2009.
SODRÉ, Felipe. O Direito do Consumidor nas Compras Coletivas. Rio de Janeiro – RJ:
UFRJ, 2014.
SQUEFF, Tatiana; TARGA, Maria Luiza; D’AQUINO, Lúcia. O Resgate do Setor de
Turismo em meio à Pandemia de Covid-19: Da Edição das Medidas Provisórias 925 e 948 e
suas Conversões em Lei e Do Consequente Desamparo ao Consumidor. Revista dos
Tribunais, São Páulo - SP, vol. 1022, p. 197- 226, dez de 2020.