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Saúde ocupacional e segurança para

profissionais de saúde no contexto da COVID-19

Módulo 1: Riscos infecciosos à saúde e segurança


Traduzido para o português de Occupational health and safety for health workers in the context of COVID-19 2020. A OMS não se responsabiliza pelo
conteúdo ou pela exatidão desta tradução. Em caso de divergências entre o original em inglês e a tradução em português, o original em inglês
prevalecerá e será considerado a versão autêntica.
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Objetivos de aprendizagem

Ao final deste curso, os participantes devem ser capazes de:

explicar como os profissionais de saúde podem ser expostos a riscos


infecciosos;
descrever como ocorre o contágio dos profissionais de saúde por
infecções respiratórias e patógenos transmissíveis pelo sangue; e
descrever as medidas que os profissionais de saúde podem tomar para
se proteger de infecções respiratórias:
• precauções padrão,
• medidas de controle para prevenir diferentes infecções.

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Há riscos infecciosos em todas as unidades de saúde

Os riscos infecciosos podem ser bactérias, vírus, fungos ou parasitas.


Os profissionais de saúde podem ser expostos a riscos infecciosos de
diversas maneiras:
– Pelo ar: Partículas transportadas pelo ar (sarampo, tuberculose) ou
gotículas respiratórias (infecções respiratórias agudas; COVID-19, gripe,
meningite meningocócica).
– Sangue e secreções/fluidos corporais: HIV/AIDS, hepatite B e C, febres
hemorrágicas (Ebola, Lassa).
– Contato direto com pacientes e objetos contaminados: infecções
respiratórias, febres hemorrágicas, cólera, febre tifoide.
– Vetores (como mosquitos): malária, dengue, febre amarela.

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Há riscos biológicos em todas as unidades de saúde

Todos os profissionais de saúde podem estar em risco, especialmente


aqueles que:
– prestam cuidados de saúde diretos para pacientes com infecções;
– manipulam resíduos de procedimentos de saúde;
– realizam testes laboratoriais;
– rastreiam contatos na comunidade.
Os profissionais de saúde que prestam cuidados a pacientes com
COVID-19 também podem estar expostos a outras infecções.
A equipe auxiliar, como profissionais da limpeza, motoristas de
ambulância, agentes de segurança e recepcionistas, também pode ser
exposta a riscos infecciosos.

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Os profissionais de saúde podem adquirir
infecções respiratórias de três maneiras:
Gotículas respiratórias (maiores que 5 µm) são geradas quando uma
pessoa infectada fala, tosse ou espirra. Essas gotículas se disseminam
por menos de um metro e pousam rapidamente nas superfícies. Os
profissionais de saúde podem ser infectados quando essas gotículas
pousam no rosto ou são inaladas.
Contato direto com superfícies ou objetos contaminados, incluindo
apertar a mão de um paciente, e depois tocar nos olhos, nariz ou
boca. Diz-se que as pessoas, em média, tocam sem querer o rosto
aproximadamente 16 vezes por hora.
Aerossóis são partículas muito pequenas (< 5 µm) que permanecem
suspensas no ar por algum tempo e podem percorrer distâncias maiores
do que um metro. Geralmente são produzidos durante procedimentos
médicos especiais, chamados de procedimentos geradores de aerossóis.
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Como os profissionais de saúde podem se
proteger de infecções respiratórias (1)
Os profissionais de saúde devem usar todas as medidas de proteção
contra infecções respiratórias – controles administrativos, de
ambiente e de engenharia, equipamentos de proteção individual e
comportamento pessoal.
Devem aprender a seguir estritamente as regras de prevenção e controle
de infecção (PCI), usar a triagem e o controle da fonte (máscaras
médicas) para pacientes com sintomas de infecções respiratórias.
Manter a distância física de pelo menos um metro de qualquer pessoa
o tempo todo, incluindo pacientes (a menos que forneçam cuidados
diretos), seus parentes e colegas de trabalho.

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Como os profissionais de saúde podem se
proteger de infecções respiratórias (2)
Realizar uma avaliação de risco de exposição potencial e seguir
as medidas de precaução de PCI apropriadas para pacientes com
COVID-19
– por exemplo: máscaras cirúrgicas, protetores faciais ou óculos de proteção,
aventais e luvas ao prestar cuidados próximos ao paciente (menos de um
metro).
Usar respiradores para procedimentos com geração de aerossóis. Os
respiradores devem passar por um teste de ajuste e uma verificação de
vedação a cada uso. Lembrar que os pelos faciais afetam o ajuste e a
vedação e devem ser removidos.
Realizar a higienização regular das mãos antes e depois de colocar
e tirar os equipamentos de proteção individual, e após contato com
superfícies e secreções respiratórias potencialmente contaminadas,
antes de tocar o rosto, antes de comer e depois de usar o banheiro.
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Como ocorre o contágio de profissionais de saúde
por patógenos transmitidos pelo sangue

Todo sangue ou fluidos corporais (urina, saliva, fezes ou plasma) de


pacientes podem ser potencialmente infecciosos e devem ser tratados
como tal.
Os profissionais de saúde podem ser infectados de várias maneiras:
– respingos de fluidos corpóreos nos olhos, nariz ou boca;
– contato direto com sangue e fluidos corpóreos;
– ferimentos com agulha e ferimentos cortantes com objetos contaminados.

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Ferimentos por materiais cortantes levam a
infecções transmissíveis pelo sangue
No mundo todo, ocorrem pelo menos 3 milhões de ferimentos acidentais
com agulhas, por ano.
Número médio de acidentes com perfurocortantes por trabalhador de
saúde por ano = 2,53.
Proporção anual de profissionais de saúde expostos a patógenos
transmitidos pelo sangue:
– 5,9% para HBV – cerca de 66 mil infecções por HBV
– 2,6% para HCV – cerca de 16 mil infecções por HCV
– 0,5% para HIV – cerca de 1.000 infecções por HIV/AIDS
Prüss-Üstün et al. OMS, 2003.

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Como os profissionais de saúde podem ser
protegidos contra infecções ocupacionais

Os profissionais de saúde podem ser infectados de diversas formas e


nem sempre é possível saber se o paciente ou os objetos do ambiente
de trabalho estão infectados ou contaminados.
Portanto, um nível básico de proteção contra infecções, chamado de
precauções padrão, deve ser aplicado ao prestar cuidados a todos os
pacientes em todos os momentos, independentemente da suspeita ou
confirmação do estado do paciente.
As precauções padrão têm como objetivo reduzir o risco de transmissão
de patógenos transmissíveis pelo sangue e de outros patógenos de
origem conhecida e não conhecida.

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Quais são os princípios das precauções padrão?

São as medidas de prevenção mínimas que se aplicam em todos os


momentos a todos os cuidados com o paciente.
Todo sangue e outros fluidos corporais devem ser tratados como
potencialmente infecciosos e manuseados dessa forma.
A avaliação de risco é fundamental para todas as atividades, ou seja,
avaliar cada atividade de saúde e determinar os equipamentos de
proteção individual (EPI) necessários para uma proteção adequada.

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Elementos-chave das precauções padrão (1)
– higiene das mãos

Realizar a higiene das mãos:


– esfregando as mãos com álcool-gel ou
– lavando as mãos com água e sabão se estiverem visivelmente sujas.
Fazer a higiene das mãos:
– antes de tocar um paciente,
– depois de tocar um paciente e seu entorno,
– antes de procedimentos limpos/assépticos,
– após exposição/risco a fluidos corporais,
– antes e depois de usar o EPI,
– depois de usar o banheiro, e
– antes de comer.

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Elementos-chave das precauções padrão para
proteger os profissionais de saúde (2)

Locais para higienização das mãos devem estar disponíveis e


funcionando para todos os profissionais de saúde, em todos os pontos
de atendimento, nas áreas em que os EPIs são colocados ou retirados, e
nos locais onde são manuseados resíduos de serviços de saúde.
Devem estar disponíveis produtos de higiene das mãos (água limpa,
sabonete, toalhas limpas descartáveis ou álcool-gel), que devem ser
regularmente repostos.
A limpeza e desinfecção de pisos, superfícies e equipamentos podem
prevenir a transmissão de infecções por contato direto.

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Elementos-chave das precauções padrão para
proteger os profissionais de saúde (3)

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)


AVALIAR O RISCO de exposição a substâncias corporais ou superfícies
contaminadas ANTES de qualquer atividade de atendimento de saúde.
Fazer disso uma rotina!
Selecionar os EPI com base na avaliação de risco:
– luvas limpas, não estéreis,
– avental limpo, resistente a fluidos, não estéril,
– máscara e proteção para os olhos ou protetor facial.

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Elementos-chave das precauções padrão para
proteger os profissionais de saúde (4)
HIGIENE RESPIRATÓRIA E ETIQUETA DA TOSSE
Educar os profissionais de saúde, pacientes e visitantes a praticarem a etiqueta
da tosse em todos os momentos.
– Cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ou lenço descartável ao tossir ou
espirrar.
– Realizar a higiene das mãos após contato com secreções respiratórias e
lenços.
– Usar máscara cirúrgica se tiver sintomas de infecção respiratória.
– Os profissionais de saúde não devem ir trabalhar se estiverem indispostos. Se os
profissionais de saúde apresentarem sintomas de infecção respiratória durante o
trabalho, devem usar máscara cirúrgica e regressar a casa.
A separação espacial de pessoas com sintomas respiratórios febris agudos
(triagem de pacientes) é muito importante.
Manter pelo menos um metro, ou mais, de distância física de pacientes com
sintomas respiratórios e use EPI se o distanciamento não for possível.
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Lavagem de uniformes/aventais hospitalares

Os profissionais de saúde devem vestir e retirar os uniformes e as


roupas profissionais no local de trabalho, e não usá-los no trajeto para o
trabalho. Isso vai:
– diminuir a propagação da infecção a partir de uniformes usados no hospital/
unidade de saúde para a família e comunidade, e
– prevenir o estigma e a violência contra os profissionais de saúde.
Deve haver vestiários ou áreas de troca de roupas de modo que os
funcionários possam vestir o uniforme ou roupa de trabalho na chegada,
e removê-los antes de deixar a unidade. Higienize as mãos após retirar o
uniforme ou a roupa de trabalho suja.
Não levar uniformes de funcionários ou roupas de trabalho para lavar em
casa. Isso deve ser feito na unidade de saúde.
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Controles administrativos para prevenção de infecção (1)

Aplicar a etiqueta da tosse. Alocação de recursos para


Reconhecimento precoce por dispositivos seguros e
meio de triagem de pacientes. recipientes de descarte.

Redução do tempo de Substituição de dispositivos não


permanência dos pacientes nas seguros.
unidades, se possível. Fornecimento de treinamento
regular sobre o uso seguro de
dispositivos perfurocortantes.

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Controles administrativos para prevenção de infecção (2)

Estabelecer e usar protocolos Fornecer treinamento adequado


para controlar os riscos. aos profissionais de saúde
Incentivar a notificação de todos sobre:
os incidentes. – medidas de PCI,
– seleção e uso de EPI.
Monitorar a efetividade do
Garantir uma proporção
controle de infecção e manejo
adequada de pacientes e
de perfurocortantes.
funcionários.
Criar um comitê de controle
Monitorar a adoção de
de infecção/prevenção de
precauções padrão, e prover
ferimentos por agulha, se
mecanismos para melhorias,
necessário.
conforme necessário.

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Controles administrativos para prevenção de infecção (3)

Fazer a triagem de todos os profissionais de saúde e visitantes para


sintomas de COVID-19.
Assegurar que os profissionais de saúde não venham trabalhar se
estiverem indispostos.
Estabelecer um processo de vigilância para infecções respiratórias
agudas entre profissionais de saúde.

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Controle de ambiente

Propiciar e monitorar ventilação natural cotidiana.


Usar ventilação mecânica e controlar a direção do fluxo de ar infeccioso
para longe de outros profissionais e pacientes.
Estabelecer barreiras físicas para proteger os profissionais, por exemplo,
protetores contra espirros, e barreiras para garantir o distanciamento
físico.

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Melhorar a ventilação (1)
Todas as instalações de trabalho
devem ter alguma ventilação natural,
mas em climas quentes o volume
de ar fresco suprido pode não ser
FLUXO DEAR
suficiente.
A ventilação mecânica traz ar fresco
adicional.
Os ventiladores movimentam o ar,
mas não fornecem ar fresco e devem
FLUXO DEAR
ser evitados em estabelecimentos de
Ventilação Circulação de ar saúde, principalmente quando houver
infecções respiratórias, pois podem
espalhar gotículas e aerossóis.
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Melhorar a ventilação (2)

FLUXO DEAR FLUXO DEAR

Crie um fluxo de ar natural para ventilação, tendo aberturas em


lados opostos das salas
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Prevenção de ferimentos por agulha e outras exposições
a sangue usando uma hierarquia de controles (1)
Eliminação de risco – remover objetos cortantes e agulhas quando
possível
– por exemplo, substituindo agulhas e seringas por injetores a jato, ou usando
sistemas intravenosos sem agulha.
Controles de engenharia – isolar ou remover os riscos de um local de
trabalho
– por exemplo, recipientes para descarte de materiais perfurocortantes, uso de
dispositivos de proteção para materiais cortantes para todos os procedimen-
tos (dispositivos com agulhas que retraem, são encapadas ou perdem o corte
imediatamente após o uso).
Controles administrativos – limitar a exposição ao risco
– por exemplo, um comitê de prevenção de ferimentos por agulhas; um plano
de controle de exposição; remoção de todos os dispositivos inseguros; treina-
mento contínuo sobre o uso de dispositivos seguros.
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Prevenção de ferimentos por agulha e outras exposições
de sangue usando uma hierarquia de controles (2)
Controles de prática de trabalho – mudar o comportamento dos
profissionais, para reduzir a exposição a riscos ocupacionais
– por exemplo, não reencapar a agulha; colocar recipientes para perfurocortan-
tes ao nível dos olhos e ao alcance das mãos; vedar e descartar os recipientes
para perfurocortantes quando eles estiverem três quartos cheios; estabelecer
formas para manuseio e descarte seguros de dispositivos perfurocortantes
antes de iniciar um procedimento.
Equipamentos de proteção individual – barreiras e filtros entre o
profissional e o risco. Isso evita a exposição a respingos de sangue e
fluidos corporais, mas não evita ferimentos por agulha
– por exemplo, luvas, óculos de proteção, máscaras e aventais.

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Vacinas para proteger os profissionais de saúde

As vacinas são importantes para proteger os profissionais de saúde contra


infecções.
Vacinas recomendadas para todos os Se houver alta incidência de infecção
profissionais de saúde que prestam na população e risco de transmissão
cuidados a pacientes: aos profissionais de saúde:
– Gripe sazonal – BCG (para TB)
– Sarampo/Rubéola – Meningocócica
– Hepatite B
– Difteria
– Coqueluche
– Varicela
– Poliomielite
As precauções padrão ainda precisam ser seguidas, mesmo que os profissionais de saúde
tenham sido vacinados.

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Resumo: Como você pode evitar infecções ocupacionais

Siga as precauções padrão.


Seja vacinado.
Receba treinamento em PCI.
Siga os procedimentos de PCI.
Notifique exposições acidentais a sangue, fluidos
corporais e secreções respiratórias.

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