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Metrologia Dimensional
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente da Confederação Nacional da Indústria
Alcantaro Corrêa
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
Metrologia Dimensional
Reginaldo Motta
Florianópolis/SC
2010
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio
consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa.
Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB14/937 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis
Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB14/937 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis
M921m
Motta, Reginaldo
Metrologia dimensional / Reginaldo Motta. – Florianópolis : SENAI/SC,
2010.
61 p. : il. color ; 28 cm.
Inclui bibliografias.
CDU 006.91
Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe
de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu
futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em
oferecer um modelo de educação atual e de qualidade.
É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos.
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-
ções, tornando a aula mais interativa e atraente.
12 Unidade de estudo 1
21 Seção 1 - Paquímetro
Histórico da Metro-
logia/Terminologia 25 Seção 2 - Micrômetro
26 Seção 3 - Relógio compara-
dor
13 Seção 1 - Instrumentos de 30 Seção 4 - Relógio apalpador
medição 31 Seção 5 - Goniômetro
13 Seção 2 - Finalidade do 31 Seção 6 - Régua graduada
controle
34 Seção 7 - Calibrador
13 Seção 3 - Controle: método,
instrumento e operador
14 Seção 4 - Laboratórios de 38 Unidade de estudo 4
metrologia
Medições Especiais
14 Seção 5 - História do metro
15 Seção 6 - Terminologias
Competências
Conhecimentos
▪▪ Histórico da metrologia.
▪▪ Terminologia e medição linear: sistema métrico decimal e sistema inglês.
▪▪ Conversões de medidas.
▪▪ Instrumentos de medição: conceitos, tipos e aplicações, conservação e práticas
de medição.
▪▪ Tolerâncias dimensional
Habilidades
Atitudes
METROLOGIA DIMENSIONAL 9
Apresentação
A metrologia é um dos assuntos mais importantes da Mecânica, visto Professor Reginaldo Motta
que qualquer processo de remoção de material não garante que todas as
peças sejam fabricadas com exatidão dentro de sua dimensão. Para isso, Reginaldo Motta é graduado
é necessário que a sua grandeza seja medida dentro de padrões de tole- em Administração de Empresas
rância. Existem instrumentos de diversos tipos para cada situação e para pela Unerj Jaraguá do Sul e pós-
graduando em Engenharia de
cada grandeza. A escolha certa de um instrumento depende de conhecer
Produção pela Fundação Uni-
bem as dimensões da peça e dos próprios instrumentos. As técnicas de versitária de Blumenau (FURB).
utilização que influenciam na medida também devem ser consideradas. Possui formação técnica em
mecânica, desenhos e projetos
Um técnico em Mecânica deve conhecer e ter habilidade na utilização pela Associação Beneficente da
Indústria Carbonífera de Santa
dos instrumentos. Aprenderemos aqui os principais instrumentos e sua
Catarina (SATC). Atua na área de
utilização, com exercícios práticos de leitura de medidas. Afinal, para metal Mecânica, em engenharia
termos conhecimentos e habilidades sobre os instrumentos de medição, de processos, desenvolvimento
precisamos praticar em diversas situações, com variados instrumentos e de produtos, projetos mecâni-
grandezas. cos, metrologia, melhoria con-
tínua, controle da qualidade e
controle estatístico de processo
Conforme você pôde perceber, esta unidade curricular lhe reserva mui- (CEP).
tos desafios e descobertas. O que está esperando para começar?
Bons estudos!
METROLOGIA DIMENSIONAL 11
Unidade de
estudo 1
Seções de estudo
SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
Instrumentos de Finalidade do controle
medição
O controle dimensional não tem Aferido: Ajustado ao pa-
A precisão das medidas verifi- por finalidade rejeitar os produtos drão; cotejado, conferido,
cadas depende diretamente do que estão com medidas incorre- comparado. (FERREIRA, 2009).
instrumento adequado para cada tas, mas orientar na fabricação
situação. Portanto, se uma medida dos mesmos, de forma que não
for realizada com um instrumento acumulem erros e variações da
máquina, permitindo seus ajustes Mensurando: Até 1 mm de
não aferido, seu resultado é duvi- espessura.
doso e não garantido. antes de uma fabricação incorreta.
METROLOGIA DIMENSIONAL 13
Método do método, instrumento e opera-
Delambre e Machain: mate- dor, para que tenha um resultado
rializaram o metro em uma Cada instrumento tem uma parti- satisfatório. O operador deve ter
barra de platina retangular cularidade em sua utilização, que habilidade e concentração para
de 4,05 x 25 mm como a deve ser seguida para uma perfei- tomada de medidas e conhecer o
décima milionésima parte ta leitura da medida de uma peça. instrumento que está utilizando.
de um quarto do meridiano Esta técnica de medição talvez O operador com fadiga pode não
terrestre.
seja uma das mais significativas, realizar uma leitura correta.
pois depende do operador.
Geralmente, esses calibra-
dores “passa não passa” são Medição direta SEÇÃO 4
empregados em grandes lo-
tes de peças para verificação
Consiste em medir a exata gran- Laboratórios de
deza da peça, realizada através de
rápida, porém não permitem
instrumentos que mostrem o va-
metrologia
uma avaliação dimensional
lor medido, podendo ser gerados
Os laboratórios de metrologia de-
relatórios dimensionais ou estatís-
vem satisfazer algumas exigências,
ticas.
são elas:
Medição indireta para medições muito precisas, é
necessário um controle de tem-
Consiste em uma comparação da peratura ambiente, ou seja, uma
grandeza da peça, ou seja, é cons- climatização constante, sem varia-
truído um padrão dentro das to- ções. Atualmente a temperatura
lerâncias máximas exigidas. Você de aferição dos instrumentos está
sabe se a peça está aprovada por fixada em 20 °C, com tolerância
essa comparação, porém não sabe de mais ou menos 1 °C;
qual é a grandeza dimensional.
Esses padrões são chamados ge- ▪▪ temperatura constante;
ralmente de “passa não passa”, ▪▪ não pode ter vibrações ou osci-
pois são construídos com a tole- lações; espaço físico;
rância máxima e mínima. ▪▪ iluminação adequada; organiza-
ção e limpeza;
Instrumentos de medição ▪▪ local adequado para armazenar
Para que a dimensão de uma peça os instrumentos.
não seja duvidosa, portanto, sem
contestações, é importante que
o instrumento tenha uma apro-
SEÇÃO 5
ximação/resolução adequada à História do metro
grandeza e às tolerâncias dimen-
sionais exigidas na peça. Os ins- Depois de algumas definições do
trumentos devem estar calibrados metro, como a de 1793, dos as-
e aferidos por um órgão creden- trônomos franceses Delambre
ciado da Rede Brasileira de Cali- e Machain, hoje o INMETRO
bração (RBC) para que seu laudo no Brasil define o metro como o
seja válido. comprimento do trajeto percorri-
do pela luz no vácuo durante um
Operador intervalo de tempo de 1 dividido
O operador é um dos elementos por 299.792.458 de segundo.
mais importantes no controle Em 1889, o metro foi definido
dimensional, porém é válido sa- como a distância entre os dois
lientar que para uma leitura de extremos de uma barra de plati-
medição é necessário o conjunto na apoiada nos pontos de míni-
ma flexão na temperatura de zero
Calibração/aferição
SEÇÃO 6
Para que a leitura de uma medida
Terminologias seja feita corretamente, é necessá-
rio que o instrumento apresente
condições ideais de uso. A cada
Metrologia período, é necessário que os ins-
trumentos passem por uma revi-
É uma ciência que trata sobre a
são e por ajustes dentro de con-
medição, os métodos, os concei-
dições específicas, e que sejam
tos das unidades e as grandezas
garantidos por padrões de medi-
físicas.
das.
METROLOGIA DIMENSIONAL 15
Unidade de
estudo 2
Seções de estudo
SEÇÃO 1
Sistema métrico decimal
Na Mecânica, o milímetro é utilizado como regra, sendo que nas cotas Polegada fracionária
dimensionais das peças não há necessidade de colocar sua unidade junto
à grandeza numérica.
1/2” – meia polegada
Milímetro – 1 mm
Décimo – 0,1 mm 1/4” – um quarto de polegada
Centésimo – 0,01 mm
Milésimo – 0,001 mm 1/8” – um oitavo de polegada
METROLOGIA DIMENSIONAL 17
2. quando for polegada fracionária, por exemplo 1/8” (um oitavo de
polegada), basta dividir a fração e multiplicar por 25,4 mm. Temos: 1
: 8 x 25,4 = 3,175 mm.
SEÇÃO 4
Conversão de milímetro para polegada fracionária
12,7
128 1"
25,4 0,5 128 64"
12,7mm ou 2
128 128 128
64 2 32 16 8 4 2 1"
128 2 64 32 16 8 4 2
Você deve dividir o valor em milímetro por 25,4 e multiplicar por 128.
O resultado resultará em uma fração que deve ser simplificada, caso
necessário.
DICA
Há uma constante que pode ser utilizada, simplificando a fórmula.
Ou seja, você deve multiplicar o valor em milímetro por 5,04.
Exemplo: 3,175 mm
DICA
Sempre que o resultado da multiplicação não der um valor inteiro,
deve-se arredondar para o valor mais próximo.
Exemplo 2: 19,8 mm
SEÇÃO 5
Conversão de polegada fracionária para polegada
milesimal
Para converter polegada fracionária para polegada milesimal, basta divi-
dir o numerador pelo denominador.
Exemplo: 1” = 1 : 8 = 0,125”
8
METROLOGIA DIMENSIONAL 19
Unidade de
estudo 3
Seções de estudo
Seção 1 – Paquímetro
Seção 2 – Micrômetro
Seção 3 – Relógio comparador
Seção 4 – Relógio apalpador
Seção 5 – Goniômetro
Seção 6 – Régua graduada
Seção 7 – Calibrador
Instrumentação para Metrologia
Dimensional
SEÇÃO 1
Paquímetro
O paquímetro é o instrumento mais utilizado na Mecânica pelo fato de
executar medições lineares externas, internas e profundidades da peça.
Contém uma escala auxiliar chamada de nônio ou vernier, que permite a
leitura de frações da menor divisão da escala fixa.
METROLOGIA DIMENSIONAL 21
Tipos e formas de uso Conservação e técnicas
Há diversos tipos de instrumentos para cada necessidade, modificando de utilização do paquíme-
sua escala, resolução e forma. Para tanto, devemos escolher sempre o tro
instrumento mais adequado à medição a ser coletada, analisando todos O cursor deve estar bem regula-
os itens acima mencionados. do para que deslize facilmente.
O operador pode regular a mola,
adaptando o instrumento à sua
mão. Caso tenha uma folga mui-
to grande, os parafusos devem ser
apertados até o final e retornar
1/8, aproximadamente.
É preciso, ainda:
▪▪ evitar choques;
▪▪ não deixar que o paquímetro
entre em contato com outras
ferramentas;
Figura 2 - Paquímetro Universal
▪▪ manter o paquímetro limpo e
Fonte: Stefanelli ([200-?]).
guardar em local apropriado após
sua utilização.
Técnica de utilização
do paquímetro
Para a sua correta utilização, deve-
se:
▪▪ limpar os encostos do paquí-
metro;
▪▪ posicionar corretamente a
peça a ser medida;
Figura 3 - Paquímetro Duplo
▪▪ abrir o paquímetro com uma
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 40).
distância maior que a dimensão
da peça;
▪▪ efetuar a medição na posição
mais profunda possível entre os
bicos, evitando assim desgaste na
ponta dos mesmos;
▪▪ coincidir as orelhas com a
linha de centro do furo para a
medição de diâmetros internos.
Paquímetro: sistema
métrico
Figura 4 - Paquímetro Digital
A escala inferior do paquímetro
Fonte: Digimess Instrumentos de Precisão (2010).
corresponde à leitura em milí-
metros. Para realizar a leitura da
medição, deve-se verificar a leitu-
Resolução do
paquímetro
Resolução é a menor medida que
o instrumento pode oferecer, ou
seja, 1 mm dividido pelo número
de divisões no nônio. Para encon-
trar a resolução do paquímetro, Figura 6 - Leitura Escala Métrica
deve-se verificar no nônio a quan- Fonte: Stefanelli ([200-?]).
tidade de divisões.
Resolução = 1 mm = 20 divisões
0,05 mm Resolução = 1 mm = 0,02 mm
50 divisões
Nota: isso significa que este ins-
trumento varia sua medida em va- Nota: isso significa que este instrumento varia sua medida em valores
lores de 0,05 mm. de 0,02 mm.
No exemplo abaixo temos:
Paquímetro: sistema inglês
METROLOGIA DIMENSIONAL 23
Se o valor “zero” da escala do nô-
nio (escala móvel) coincidir com
um traço qualquer da escala fixa,
deverá ser feita a leitura direta.
1/16” = 1 ÷ 8 = 1 x 1 = 1
8 16 16 8 128 O traço que coincide é o traço 4.
Uma polegada está dividida em 16
partes. Portanto, o valor é igual a
Nota: isso significa que na escala em polegada fracionária, os valores do 4/16”. Simplificando:
nônio se dividem em 1/128”.
4 : 4 = 1
16 : 4 4
METROLOGIA DIMENSIONAL 25
SEÇÃO 3
Relógio comparador
Relógio comparador é um instrumento de medição que permite:
▪▪ a medição indireta de dimensões lineares (exemplo: medir o diâme-
tro de uma peça sobre uma mesa plana);
▪▪ a verificação do alinhamento ou do deslocamento angular de uma
Figura 18 - Micrômetro Externo para superfície de uma peça em relação à outra superfície tomada como
Medição de Roscas referência (exemplo: alinhar um eixo cilíndrico entre pontas em um
Fonte: Istemaq (2007). torno mecânico);
▪▪ a verificação da centralização ou descentralização de uma superfície
circular em relação a um ponto tomado como referência (exemplo:
centralizar uma peça na placa de castanhas independes no torno).
Basicamente, o relógio comparador é constituído de uma ponta de con-
tato, um mecanismo de transmissão e um mostrador circular dotado de
duas escalas graduadas.
METROLOGIA DIMENSIONAL 27
Ao longo das últimas décadas, o Primeiramente, imprime-se uma pequena pressão na ponta de contato
relógio comparador eletrônico sobre a base plana, zerando a escala do mostrador. Em seguida, monta-
tem substituído o analógico, com se um bloco-padrão com medida na faixa intermediária do curso do re-
a vantagem de conversão imediata lógio sobre a base plana, coloca-se o padrão abaixo da ponta de contato,
de leituras em polegada para milí- efetua-se a leitura no mostrador. Repete-se o processo para um bloco-
metro ou vice-versa, possibilidade padrão equivalente a mais uma medida intermediária e outra próxima da
de zeragem em qualquer posição, capacidade máxima do relógio. Se as leituras coincidirem com a medida
saída para miniprocessadores es- do bloco-padrão, o relógio comparador está funcionando corretamente.
tatísticos, etc.
METROLOGIA DIMENSIONAL 29
Figura 33 - Verificação da Diferença de Altura entre Superfícies Planas com o Auxí-
lio de um Relógio Comparador
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 118).
Figura 36 - Verificação de uma Superfície
de Difícil Acesso com o Auxílio de um
Relógio Apalpador
SEÇÃO 4 Aplicações:
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 119).
Relógio apalpador ▪▪ verificar excentricidade de
peças;
Existem situações dentre os diver- ▪▪ alinhamento e centragem de
sos tipos de geometrias nas quais peças nas máquinas;
é impossível o acesso pela ponta ▪▪ verificação do paralelismo
de contato do relógio compara- entre faces;
dor. Para atender tais situações,
foi desenvolvido o relógio apal- ▪▪ medições internas;
pador, nele uma haste fina dotada ▪▪ medições de detalhes de difícil
de uma esfera na extremidade faz acesso.
o contato com a peça, transmitin-
do o deslocamento obtido para o
mecanismo interno que, por sua
vez, caracteriza a leitura no mos-
trador.
Figura 37 - Verificação do Paralelismo
entre Faces com o Auxílio de um Relógio
Apalpador
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 119).
SEÇÃO 5
Goniômetro
O goniômetro é um instrumento
de medidas angulares. Existem
modelos mais simples, chamados
de transferidor de grau e outros
tipos especiais. Figura 39 - Leitura do Goniômetro
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 127).
Goniômetro simples
ou transferidor de grau
Utilizado para medidas sem muita
SEÇÃO 6
precisão. Régua graduada
A régua graduada é fabricada em aço-carbono ou aço inoxidável. Possui
Goniômetro universal graduação em centímetros (cm) e milímetros (mm) no sistema métrico
e pode ser também gravada uma segunda escala em polegadas e frações
de polegadas no sistema inglês.
Sua aplicação é para medições com erros admissíveis, superiores à me-
nor graduação, geralmente 0,5 mm (5 décimos) ou 1/32”.
As réguas possuem dimensões de 150, 200, 250, 300, 500, 600, 1.000,
1.500, 2.000, 3.000 milímetros.
Uma régua de boa qualidade tem bons acabamentos e faces polidas. Os
traços devem ser gravados, bem definidos, uniformes, equidistantes e
finos.
METROLOGIA DIMENSIONAL 31
As réguas com encosto são utilizadas para medição de comprimento a Análise dimensional
partir de uma face externa de referência.
Na página a seguir, temos uma
peça didática como sugestão de
análise dimensional, utilizando
praticamente os instrumentos
principais estudados aqui, como:
paquímetro, micrômetro externo
e interno, goniômetro, verificador
Figura 41 - Régua com Encosto de rosca, e as formas principais:
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 27). medidas lineares, diâmetros in-
ternos, externos, ângulos, roscas,
profundidade.
As réguas de profundidade, por sua vez, são utilizadas para medições de
canais e rebaixos internos.
As réguas de dois encostos são compostas por duas escalas, uma de re-
ferência interna e outra com referência externa.
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
L
M
N
O
P
Q
R
S
T
U
V
X
Z
AB
METROLOGIA DIMENSIONAL 33
Para melhor identificação e visua-
lização, o lado “não passa” possui
uma marcação em cor vermelha.
Calibrador de boca
Conceito de calibradores Possui duas extremidades em for-
ma de boca para controle: uma
São instrumentos que estabelecem os limites de uma dimensão, seja ela com a medida máxima (“passa”)
máxima e mínima que desejamos comparar. Construídos geralmente de e a outra com a medida mínima
aço-carbono com as faces de contato temperadas e retificadas com for- (“não passa”).
matos especiais.
Emprego
São utilizados em trabalhos de produção em série e de peças intercam-
biáveis, peças que podem ser trocadas por outras praticamente idênticas.
Essa prática de verificação na qual as peças atendem os limites de tole-
rância máxima e mínima é chamada de “passa não passa”.
Calibrador de rosca
Figura 52 - Calibrador de Bocas Ajustáveis
São calibradores utilizados na ve-
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 98).
rificação de roscas, sua constru-
ção é de aço temperado e retifi-
Calibrador tampão e anéis cônicos
cado, obedecendo a dimensões e
O conjunto das duas peças cônicas pode ser verificado por meio de um condições de execução para cada
calibrador tampão cônico e de um anel cônico. tipo de rosca.
Tendo sua verificação simples, tenta-se uma movimentação transversal Os calibradores de rosca são um
do padrão. Quando o cone é exato, o movimento é nulo. Em seguida, tipo usual de calibrador de anel,
procede-se a verificação por atrito, depois de ter estendido sobre a su- compostos por dois anéis, sendo
perfície do cone-padrão uma camada muito fina de corante, que deixará que um lado “passa” e o outro
traços nas partes em contato. Para concluir, verifica-se o diâmetro pela “não passa”, aplicados para veri-
posição de penetração do calibrador. ficação de roscas internas e roscas
externas.
METROLOGIA DIMENSIONAL 37
Unidade de
estudo 4
Seções de estudo
SEÇÃO 1
Projetor de perfil
Para verificação e medição de peças muito pequenas, é difícil encontrar Os materiais mais utilizados para
um instrumento que faça a medição correta. Dessa forma, o projetor de fabricação dos blocos padrão são:
perfil amplia a imagem em uma tela e dá condições de fazer medições
▪▪ aço – tratado termicamente
através de duas linhas perpendiculares e em escalas.
para assegurar uma dureza acima
de 800 HV;
O tamanho da peça pode ser ampliado 5, 10, 20, 50 ou 100 vezes por ▪▪ metal duro – fabricado em
meio de lentes. O perfil da peça é ajustado movendo a mesa, depois, carbureto de tungstênio. Geral-
zera-se o cabeçote micrométrico ou escala. A mesa é movimentada no- mente fabricado como bloco
vamente até tangenciar o próximo ponto a ser verificado, sendo verifica- protetor, sua dureza está acima
da a leitura da medida no cabeçote micrométrico. de 1.500 HV;
▪▪ cerâmica – o material básico
Sistemas de projeção utilizado é o zircônio. Sua dureza
está acima de 1.400 HV.
Na projeção diascópica (contorno) a iluminação passa através da peça
que será verificada, projetando uma silhueta escura da peça. Sua aplica-
ção se dá em medição de peças especiais como engrenagens, roscas, etc.
SEÇÃO 3
Já na projeção episcópica a iluminação se concentra na superfície da
peça e os detalhes aparecem na tela, tornando mais visível se tiver um Mesa e régua de seno
relevo nítido e pouco acentuado. Sua aplicação é na verificação de perfis
de moedas, circuitos impressos, acabamentos superficiais.
Régua de seno
SEÇÃO 2 Construída em material de aço
temperado e retificado, de corpo
Blocos-padrão retangular, possuindo dois rebai-
xos em suas extremidades para
Os blocos-padrão existem para que tenhamos um padrão de referên- encaixe de dois cilindros de apoio.
cia. Possuem formato de pequenos paralelepípedos, padronizados nas As furações servem tanto para
dimensões de 30 ou 35 mm x 9 mm, variando sua espessura a partir de alívio de peso como para fixação
0,5 mm. de peças. A distância (L1) varia de
acordo com o fabricante.
Muito utilizados para calibração de instrumentos, nos dispositivos de
medição e nas traçagens de peças. Neste equipamento é garantida a
exatidão da distância (L1). A altu-
Suas dimensões são extremamente exatas. Porém o uso constante pode ra (H) é conseguida utilizando os
interferir na sua exatidão. Para isso são utilizados os blocos protetores, blocos-padrão.
com uma dureza maior e geralmente nas dimensões de 1, 2 ou 2,5 mm.
METROLOGIA DIMENSIONAL 39
comparador, apalpador, projeto-
res de perfil, máquinas de medir
por coordenadas, etc.
Dentre os erros macrométricos,
destacamos as divergências de on-
dulações, ovalização, retilineida-
de, circularidade, planicidade, etc.
Durante a execução do processo
de fabricação vários fatores po-
dem acarretar erros macrométri-
cos, entre os quais citamos:
▪▪ defeitos nas guias das máqui-
nas operatrizes;
Figura 56 - Régua de Seno
▪▪ má fixação da peça;
▪▪ deformações oriundas dos
Exemplo: tratamentos térmicos.
Deseja-se inclinar a régua de seno a 20° (α). Sabendo-se que a distância
dos cilindros é igual a 100 mm (L1), qual é a altura dos blocos-padrão? Os erros micrométricos são aque-
les que identificamos ao longo do
acabamento superficial da peça,
Sen α = H caracterizando a rugosidade da
L mesma.
seno 20° = H H = seno 20° . 100
100
Rugosidade superficial
Rugosidade superficial é o con-
Mesa de seno junto de saliências e reentrâncias
que constituem a superfície da
A mesa de seno é semelhante à régua de seno, porém em maior dimen-
peça. A rugosidade é verificada
são. Possui uma base de apoio para encaixar os cilindros para inclinação.
por um aparelho denominado ru-
gosímetro.
A mesa de seno com contrapontas permite a medição de peças cilíndri- A rugosidade é uma característica
cas com furos de centro. É utilizada apoiada sobre um desempeno. Sua muito importante da superfície,
aplicação é na verificação dimensional da peça, um relógio comparador pois afeta:
deve ser colocado sobre a peça. Ao deslocar o relógio comparador so-
bre a peça, e este não variar suas leitura, significa que o ângulo da peça ▪▪ a qualidade de deslizamento;
é semelhante à mesa de seno. Deve-se proceder da mesma forma para ▪▪ a possibilidade de ajuste for-
peças cilíndricas ou planas. çado;
▪▪ a resistência ao escoamento de
fluidos e lubrificantes;
SEÇÃO 4
▪▪ a qualidade na aderência de
Rugosidade superficial camadas protetoras;
▪▪ a resistência à corrosão;
▪▪ a resistência à fadiga;
Erros macrométricos e micrométricos
▪▪ a vedação;
É difícil estabelecer exatamente em que ponto um erro deixa de ser
▪▪ o acabamento (aparência).
macrométrico e passa a ser micrométrico e vice-versa. Para nosso en-
tendimento podemos reconhecer que erros macrométricos são os er-
ros de forma passíveis de serem verificados por meio dos instrumentos Ao medirmos a rugosidade com
convencionais de medição, tais como paquímetro, micrômetro relógio um aparelho chamado rugosíme-
METROLOGIA DIMENSIONAL 41
Parâmetros de rugosi- A NBR 8404:984 sugere que a Tabela 3 - Medição de Rugosidade
rugosidade média (Ra) pode ser Rugosidade Ra Cut-off mínimo
dade indicada por um número de classe (µm) (mm)
Rugosidade média (Ra) é a média conforme tabela abaixo: De 0 até 0,1 0,25
aritmética dos valores absolutos Acima de 0,1
de “y” sobre o perfil de rugosi- 0,8
até 2
dade em relação à linha média ao Acima de 2 até
longo do percurso de medição 2,5
10
“Lm”.
Acima de 10 8
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 145).
METROLOGIA DIMENSIONAL 43
Como desvantagem, nem todos os equipamentos fornecem este parâ- Assim, Rz = (Z1 + Z2 + Z3 + Z4
metro, além do fato que pode dar uma informação errada sobre a super- + Z5)/5.
fície da peça, pois é influenciada por qualquer risco superficial que não
foi ocasionado pelo processo de obtenção.
Este parâmetro pode ser empre-
gado onde pontos isolados não
Rugosidade total (Rt) influenciam na função exercida
pelo componente no conjunto
Especifica entre uma saliência mais alta e um sulco mais profundo, não como, por exemplo, nos ajus-
sendo necessário que ambos estejam no mesmo cut-off. Apresenta van- tes prensados, em superfícies de
tagem em relação ao Ry de ser mais rígida, pois considera todo o com- apoio e de deslizamento.
primento de avaliação, além de conter todas as vantagens já citadas para
o Ry.
Como vantagem, em perfis peri-
ódicos a superfície é muito bem
definida pelo Rz, além de ser de
fácil obtenção em equipamentos
que fornecem gráficos. Como
desvantagem, nem todos os equi-
pamentos dispõem deste parâme-
tro, além do que, assim como o
Ry, não fornece nenhuma infor-
Figura 61 - Rugosidade Total Rt mação sobre a forma do perfil e a
Fonte: Scaramboni et al. (2003, p. 147). distância entre ranhuras.
indica que outro parâmetro para medir rugosidade deve ser Campo de aplicação até 3.150 mm
utilizado, no caso o Ry.
METROLOGIA DIMENSIONAL 45
Uma dimensão com tolerância
deve ser designada pela dimensão
nominal seguida pela designação
da classe de tolerância exigida ou
os afastamentos em valores nu-
méricos.
100 g6 ou 100 – 0,012 – 0,034
+ 0,009
Ø35 + 0,025
Exemplo 2 – Determinação
das dimensões limites para
o furo Ø 35N7
Informações:
N – Afastamento Fundamental
(Tabela 6 para furos)
7 – valor numérico do grau de
Figura 65 - Sistema de Ajustes e Tolerâncias tolerância-padrão IT (Tabela 5)
Exemplo 1 – Determinação das dimensões limites para o furo Buscando os dados nas
Ø 35G6 tabelas
Tabela 5 – verificando na Tabela
Informações 5, nas dimensões nominais de 30
G – Afastamento Fundamental (Tabela 6 para furos) até 50, para o Ø 35, a tolerância-
padrão IT 7 é 25 μm.
6 – Valor numérico do grau de tolerância-padrão IT (Tabela 5)
METROLOGIA DIMENSIONAL 47
Afastamento Inferior (EI) = ES Buscando os dados nas tabelas
+- IT (classe de “K” até “ZC”, o
Tabela 1 – verificando na Tabela 5, nas dimensões nominais de 30 até 50,
valor é negativo).
para o Ø 35, a tolerância-padrão IT 6 é 16 μm.
METROLOGIA DIMENSIONAL
49
Tabela 6 - Ajustes para Furos (Continua)
Afastamentos
Dimensão Afastamento Superior - ES
Fundamentais
Nominal
it5 e
Todos os graus de tolerância-padrão it7 it8
it6
até e
Acima
inclusive a b c cd d e ef f fg g h js j
- 3 -270 -140 -60 -34 -20 -14 -10 -6 -4 -2 0 -2 -4 -6
3 6 -270 -140 -70 -46 -30 -20 -14 -10 -6 -4 0 -2 -4
6 10 -280 -150 -80 -56 -40 -25 -18 -13 -8 -5 0 -2 -5
10 14
-290 -150 -95 -50 -32 -16 -6 0 -3 -6
14 18
18 24
k m n p r s t u v x y z za zb zc
0 0 +2 +4 +6 +10 +14 +18 +20 +26 +32 +40 +60
+1 0 +4 +8 +12 +15 +19 +23 +28 +35 +42 +50 +80
+1 0 +6 +10 +15 +19 +23 +28 +34 +42 +52 +67 +97
+40 +50 +64 +90 +130
+1 0 +7 +12 +18 +23 +28 +33
+39 +45 +60 +77 +108 +150
+41 +47 +54 +63 +73 +98 +136 +180
+2 0 +8 +15 +22 +28 +35 +41
+48 +55 +64 +75 +88 +118 +160 +218
+48 +60 +68 +80 +94 +112 +148 +200 +274
+2 0 +9 +17 +26 +34 +43
+54 +70 +81 +97 +114 +136 +180 +242 +325
+2 0 +11 +20 +32 +41 +53 +66 +87 +102 +122 +144 +172 +226 +300 +405
+43 +59 +75 +102 +120 +146 +174 +210 +274 +360 +480
+3 0 +13 +23 +37 +51 +71 +91 +124 +146 +178 +214 +258 +335 +445 +585
+54 +79 +104 +144 +172 +210 +254 +310 +400 +525 +690
+3 0 +15 +27 +43 +63 +92 +122 +170 +202 +248 +300 +365 +470 +620 +800
+65 +100 +134 +190 +228 +280 +340 +415 +535 +700 +900
+68 +108 +146 +210 +252 +310 +380 +465 +600 +780 +1000
+4 0 +17 +31 +50 +77 +122 +166 +236 +284 +350 +425 +520 +670 +880 +1150
+80 +130 +180 +258 +310 +385 +470 +575 +740 +960 +1250
+84 +140 +196 +284 +340 +425 +520 +640 +820 +1050 +1350
+4 0 +20 +34 +56 +94 +158 +218 +315 +385 +475 +580 +710 +920 +1200 +1550
+98 +170 +240 +350 +425 +525 +650 +790 +1000 +1300 +1700
+4 0 +21 +37 +62 +108 +190 +268 +390 +475 +590 +730 +900 +1150 +1500 +1900
+114 +208 +294 +435 +530 +660 +820 +1000 +1300 +1650 +2100
+5 0 +23 +40 +68 +126 +232 +330 +490 +595 +740 +920 +1100 +1450 +1850 +2400
+132 +252 +360 +540 +660 +820 +1000 +1250 +1600 +2100 +2600
METROLOGIA DIMENSIONAL 51
Tabela 6 - Ajustes para Furos (Continuação)
m n p r s t u v x y z za zb zc
+26 +44 +78 +150 +280 +400 +600
+155 +310 +450 +660
+30 +50 +88 +175 +340 +500 +740
+185 +380 +560 +840
+34 +56 +100 +210 +430 +620 +940
+220 +470 +680 +1050
+40 +66 +120 +250 +520 +780 +1150
+260 +580 +840 +1300
+48 +78 +140 +300 +640 +960 +1450
+330 +720 +1050 +1600
+58 +92 +170 +370 +820 +1200 +1850
+400 +920 +1350 +2000
+68 +110 +195 +440 +1000 +1500 +2300
+460 +1100 +1650 +2500
+76 +135 +240 +550 +1250 +1900 +2900
+580 +1400 +2100 +3200
METROLOGIA DIMENSIONAL 53
Tabela 7 - Ajustes para Eixos (Continua)
-108 -190 -268 -390 -475 -590 -730 -900 -1150 -1500 -1900
0 -62 4 5 7 11 21 32
-114 -208 -294 -435 -530 -660 -820 -1000 -1300 -1650 -2100
-126 -232 -330 -490 -595 -740 -920 -1100 -1450 -1850 -2400
0 -68 5 5 7 13 23 34
-132 -252 -360 -540 -660 -820 -1000 -1250 -1600 -2100 -2600
METROLOGIA DIMENSIONAL 55
Tabela 7 - Ajustes para Eixos (Continuação)
500 560
+260 +145 +76 +22 0 0 -26 -44
560 630
630 710
+290 +160 +80 +24 0 0 -30 -50
710 800
METROLOGIA DIMENSIONAL 57
Finalizando
O estudo de metrologia requer constantes aprofundamentos para que se desenvolvam equipa-
mentos ainda melhores, diminuindo ao máximo os erros de leitura. No dia a dia, com a prática, o
aluno verifica que a tomada de medida de uma peça é importante para decisões, seja de liberação
ou rejeição de uma peça, seja para escolher o processo de fabricação mais adequado, seja para
realizar um melhor ajuste. Sem um instrumento adequado, é impossível atender as necessidades
de nossos clientes, que estão cada vez mais rigorosos em relação à qualidade.
A conservação de um instrumento garante a sua leitura, aumenta sua vida útil e diminui custos
desnecessários. É sempre bom ter um instrumento em mãos calibrado. Verifique se há alguma
identificação de calibração e encaminhe para aferição caso esteja fora da validade.
Um bom técnico sabe fazer uso dos equipamentos de forma adequada, seguindo regras, com
disciplina, zelo pelos instrumentos e organização. Então, fique antenado!
Sucesso!
METROLOGIA DIMENSIONAL 59
Referências
▪▪ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6158: Sistema de
tolerâncias e ajustes. Rio de Janeiro, 1995. 79 p.
▪▪ GUIBERT, Arlette A. de Paula (Coord.) Mecânica: metrologia. São Paulo: Globo; c2003.
240 p. (Telecurso 2000. Profissionalizante).
▪▪ LIRA, Francisco Adval de. Metrologia na indústria. 2. ed. São Paulo: Érica, 2002. 246 p.
▪▪ SANTOS JÚNIOR, Manuel Joaquim dos; IRIGOYEN, Eduardo Roberto Costa. Metrolo-
gia dimensional: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: UFRGS, [1995]. 190 p. (Nova série
livro-texto 25).
▪▪ SECCO, Adriano Ruiz; VIEIRA, Edmur; GORDO, Nívia. Mecânica: metrologia. São Pau-
lo: Globo; c1996. 240 p. (Telecurso 2000. Profissionalizante).
METROLOGIA DIMENSIONAL 61