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Notas de aulas 

(papini, 2011)

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Terceira lição (21 mar 2011) 

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• Repetir as noções de órbita e de ciclo.

• Exemplo: Escrever permutações como produtos de ciclos distintos. (Por


sugestão dos discentes, escrever uma permutação longa.)

• LEMA: Toda permutação se exprime como o produto de ciclos.

• Conceito: Definir as transposições.

• Nota: A representação resumida dos ciclos.

• Exemplos:

• (1 4) em S4 e em S5.

• (2 4 5) em S5 e em S6.

• Definição formal: Seja r > 1. Um ciclo de comprimento r associado a uma


permutação σ é uma lista de objetos (a1, ..., ar) tais, que ai+1 = σ(ai),
se i < r-1; σ(ar) = a1.

• LEMA: Dois quaisquer ciclos disjuntos comutam.

• Conceito: Permutações circulares em Sr são ciclos de comprimento r.

• Contar as permutações circulares em S2, S3 e S4 e instituir a fórmula.

• Fazer o inventário dos menores grupos simétricos.

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S5 

A unidade (E) 1

(+ +) 10

(+ + +) 20

(+ + + +) 30

(+ + + + +) 24

(+ +)(+ +) 15
(+ +)(+ + +) 20 Verificação

Total: 5! = 120

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S6 

A unidade (E) 1

(+ +) 15

(+ + +) 40

(+ + + +) 90

(+ + + + +) 144

(+ + + + + +) 120

(+ +)(+ +) 45

(+ +)(+ +)(+ +) 15

(+ +)(+ + +) 120 Verificação

(+ +)(+ + + +) 90 Verificação

(+ + +)(+ + +) 40

Total: 6! = 720

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S7 

A unidade (E) 1

(+ +) 21

(+ + +) 70

(+ + + +) 210

(+ + + + +) 504

(+ + + + + +) 840

(+ + + + + + +) 720

(+ +)(+ +) 105

(+ +)(+ +)(+ +) 105


(+ +)(+ + +) 420

(+ +)(+ +)(+ + +) 210

(+ +)(+ + + +) 630

(+ +)(+ + + + +) 504

(+ + +)(+ + +) 280

(+ + +)(+ + + +) 420

Total: 7! = 5.040

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Quarta lição (23 mar 2011) 

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• Lembrar que a comutatividade da multiplicação de ciclos distintos não se


estende a ciclos não distintos.

• Exemplificar, decompondo os ciclos (1 2 3) e (1 3 2) como produto de


transposições: (1 2 3) = (1 3).(1 2) e (1 3 2) = (1 2).(1 3).

• Enunciar e demonstrar (por recorrência) o teorema de que um qualquer ci-


clo de comprimento r é o produto de r-1 transposições, para r > 2,
consoante a fórmula (a1 a2 ... ar-1 ar) = (a1 ar).(a1 ar-1)...(a1 - a2).

• Exemplo.

• Enunciar e provar o corolário de que toda permutação se exprime como o


produto de transposições.

• Exemplo.

• Escólio: Ausência de unicidade. (Podemos intercalar, em qualquer lugar, o


produto τ2, sendo τ uma qualquer transposição.)

• Calcular a razão entre os polinômios para uma permutação de cinco


elementos.

• A paridade da permutação idêntica (E).

• Definir a paridade de uma permutação pela razão dos polinômios. (Se a


razão for 1, a permutação será par; senão, será ímpar.)

• Concluir que os ciclos de comprimento ímpar são permutações pares (e que


ciclos de comprimento par são permutações ímpares).
• Logo, os ciclos de comprimento três são todos permutações pares. Isso
sugere o seguinte lema.

• LEMA: O produto de duas transposições pode exprimir-se como o produto de


dois ciclos de comprimento igual a 3. (PRIMEIRO caso: Os conjuntos
suportes das transposições apresentam elementos comuns.  (1 2).(1 3) =
(1 2 3)  SEGUNDO caso: Suportes distintos  (1 2).(3 4) = (1 2 3).(2
3 4). (Basta introduzir o quadrado de uma transposição que contém
elementos comuns.)

• Corolário  Toda permutação par é o produto de ciclos de comprimento


igual a 3.

• Note-se que as permutações circulares em S4 são permutações ímpares.

• Exemplo. Calcular a paridade de uma qualquer permutação.

• Concluir que o conjunto das permutações pares é estável sob


multiplicação.

• Conceito: Definir um grupo de permutações, enfatizando a associatividade.

• Exemplo. O inverso de um ciclo.

• Um subgrupo de permutações (definição provisória).

• Conceito: A ordem de um grupo finito é a cardinalidade do conjunto de


seus elementos.

• Lema: As potências de uma permutação constituem um subgrupo de Sn: o


grupo gerado por essa permutação. Notação: <σ>.

• Retomar o conceito de órbita de um elemento sob a permutação σ.

• A ordem do grupo gerado por uma permutação é o mmc dos comprimentos de


seus ciclos.

• As propriedades de um grupo de permutações são tão frequentes, que foram


formuladas abstratamente (por Arthur Cayley, em 1854). Os grupos
abelianos (ou comutativos).

• Exemplo de grupos de congruências poligonais: O retângulo e o quadrado.


(NOTA: Como o quadrado é um retângulo, o grupo das congruências do
retângulo é subgrupo das congruências de um quadrado.)

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Quinta lição (28 mar 2011) 

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• Terminamos a lição anterior, verificando que o grupo das congruências do
retângulo é subgrupo das congruências de um quadrado. Note-se, contudo,
que o primeiro grupo é comutativo (ou abeliano) enquanto o segundo não o
é. Exemplo: (2 4).(1 2 3 4) = (1 2).(3 4) enquanto (1 2 3 4).(2 4) = (1
4).(2 3).

• Outra representação do grupo das congruências do retângulo: As matrizes


 0 1
quadradas de segunda ordem E, -E, M e - M, sendo M =  .
 1 0

• Distinção entre um grupo concreto (como um grupo de congruências) e uma


sua representação. Exemplo: O grupo das congruências do retângulo (dado
por produtos de transposições) e o grupo {E, (1 2), (3 4), (1 2).(3 4)}.
(Cf. MONTEIRO )

• Primeira noção de elementos homólogos de grupos distintos.

• Outra representação das congruências pares do quadrado: As matrizes


 0 −1
quadradas de segunda ordem E, -E, I e -I, sendo I =  .
1 0 

• Ainda os grupos abstratos: Vale a propriedade de cancelamento.

• Dar um exemplo do cálculo da paridade de uma transposição (r = 4, s = 8,


n = 11).

• LEMA  Discutir as mudanças no polinômio Π(xh - xk), para h < k, no caso


geral: σ(xr) = xs e σ(xs) = xr. (A) Se h < r, não ocorre modificação do
sinal. (B) Se s < k, não ocorre modificação do sinal. (C) Se r < h < k <
s, não ocorre modificação do sinal. (D) Haverá modificação de sinal, ou
quando h = r e k = r+1, r+2, ..., s-2, s-1 ou quando h = r+1, r+2, ...,
s-2, s-1 e k = n. Mas como o número de fatores que atendem à primeira
condição é igual ao número de fatores que atendem à segunda condição, o
produto conserva o sinal. (E) Finalmente, haverá modificação de sinal, se
h = r e k = s. Logo, o sinal do polinômio Π(σ(xh) - σ(xk)), para h < k, é
oposto ao sinal do polinômio Π(xh - xk), para h < k. Consequentemente, as
transposições são permutações ímpares.

• Lema: Da redução de qualquer permutação ao produto de transposições e do


fato de que toda transposição seja uma permutação ímpar decorre a
existência do subgrupo alternado (An) de (Sn) constituído das permutações
que são pares.

• Argumento acerca da cardinalidade: Toma-se uma lista dos elementos do


grupo (a1, ..., am), com m = n!, e multiplicam-se todos os elementos
dessa lista por uma mesma transposição. Obtém-se uma permutação da lista
anterior (pela propriedade de cancelamento). Mas, como todos os elementos
trocaram de paridade, concluímos que #(An) = (1/2)#(Sn).

• Continuar o estudo das congruências dos polígonos regulares e as suas


diversas representações como grupos de permutações.
Roteiro para a discussão das congruências de poliedros 

• Nota: Em linhas gerais, diversos grupos abelianos se reificam como grupos


multiplicativos de restos. Já alguns grupos não comutativos se reificam
como grupos de congruências de polígonos ou de poliedros.

• Lema: As congruências dos polígonos regulares: as rotações (dos vértices)


e as reflexões (produtos de transposições). Seja n o número de vértices
(ou de lados). Se n for par, somente haverá reflexões que são permutações
pares (n/2 relativas a retas por pontos médios e n/2 relativas a retas
definidas por dois vértices opostos, que permanecem fixos). Se n for
ímpar, haverá n reflexões que são permutações ímpares (relativas a retas
que passam por um vértice, que permanece fixo, e pelo ponto médio do lado
oposto).

• LEMA: O grupo das congruências das pirâmides (sólidos dotados de um base


poligonal e de faces triangulares)  Perdem-se as reflexões, havendo
apenas rotações.

• Exemplo: A pirâmide pentagonal.

• NOTA  Aplica-se a característica de Euler às pirâmides, que tem n+1


faces (n faces triangulares e a base), n + 1 vértices e 2n arestas: (n+1)
- 2n + (n+1) = 2.

• Lema: Um caso especial é obtido, quando a base é um triângulo e o vértice


é escolhido, de modo que as faces sejam congruentes com a base. É o
tetraedro regular. O seu grupo de congruências: 1 + 4(2) + 3 = 12. (A
enumeração recorreu ao argumento de que há quatro faces distintas e,
sobre cada face, há duas permutações circulares de três vértices.)

• Lema - A propriedade de cancelamento em grupos.

• O teorema de Lagrange 

• Nota: Existe um grupo de ordem 12 (subgrupo de S4) que não admite


subgrupo de ordem 6 [HERSTEIN, p. 36-37]. Tal grupo é o próprio A4,
descrito como o grupo das congruências de um tetraedro. (Ver o argumento
adiante. Uma tabela encontra-se em BAUMSLAG, p. 62.)

• Exemplo: A ordem do grupo de congruências do tetraedro regular. (Como


todas as permutações são pares, coincide com o grupo alternado A4.)

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Sexta lição (30 mar 2011) 

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• Problema da lição anterior: Mostrar que o grupo das congruências de um


tetraedro regular coincide com A4.

• Lema: A interseção de dois subgrupos de um mesmo grupo G constitui um


subgrupo de G.
• Conceito: O subgrupo gerado por dois elementos σ e τ de G, denotado por
<σ, τ>, é a interseção de todos os subgrupos de G que contêm σ e τ.

• Exemplo: O grupo das funções geradas pela função g(x) = 1/(1 - x) e h(x)
= 1/x. É imediato que g2(x) = 1/{1 - g(x)} = (x - 1)/x; g3(x) = 1/{1 -
g2(x)} = x. Logo, g tem ordem TRÊS. Por outro lado, h2(x) = x. Além dis-
so, (gh)(x) = (hg2)(x). [ARAMANOVICH, n. 260]

Retornando ao estudo dos grupos de congruência de poliedros 

• Recuperam-se as reflexões, juntando-se duas pirâmides (formando-se as


dipirâmides).

• NOTA  Também as dipirâmides apresentam a característica de Euler: 2n -


3n + (n + 2) = 2.

• NOTA  No caso de grupos “abstratos”, é fácil imergir o grupo Sh no


grupo Sk, para h < k. É suficiente conservar fixos os elementos “que
sobram”. A duplicação da pirâmidade fornece um modo de ser imergir um
subgrupo de Sk no grupo Sh: é suficiente a cada transposição de Sh
acrescentar produtos de transposições. (É imediato que esse método exige
que k - h seja par. E é isso que ocorre, quando se passa de um polígono
de n lados a uma dipirâmide com n+2 vértices.)

• Exemplo: O grupo de congruências da dipirâmide triangular é isomorfo ao


grupo S3. Esse constitui um exemplo adequado de dois grupos isomorfos: S3
e um subgrupo de S5. (Escrever os elementos, apresentando os elementos
homólogos.)

• Outro exemplo desse processo é dado pela dipirâmide pentagonal: Um


subgrupo de S7 (distinto do subgrupo de isotropia de dois elementos) é
isomorfo a S5. Tal subgrupo obtém-se acrescentando-se uma transposição a
cada transposição do polígono. Mas, no caso das rotações, recorre-se ao
subgrupo de isotropia dos vértices opostos. Adiante, ver-se-á outro
processo (o modelo prismático), que permite imergir Sn em S2n. De fato, no
caso dos prismas, o número de vértices é duplicado, o número de arestas é
triplicado e são acrescentadas n+1 faces. (Novamente, examine-se a
característica de Euler.)

• Exemplo: Um caso especial das dipirâmides é obtido, quando a base é um


quadrado e os vértices são escolhidos, de modo que as arestas formadas
pelos lados dos triângulos sejam congruentes com as arestas formadas
pelos lados da base. É o octaedro regular. Seu grupo de congruências tem
ordem 24. Tal grupo é isomorfo ao grupo das congruências de um cubo
(hexaedro regular). [WEYL 1952:78-79]

• Escólio: Outro modo de se recuperarem as reflexões dos polígonos consiste


na construção dos prismas, que são poliedros dotados de duas bases
congruentes. Assim, no primeiro caso, acrescentamos dois vértices opostos
à base do polígono. Neste segundo caso, duplicamos a base e ligamos os
vértices homólogos por retas. As reflexões relativas a retas que passam
pela base (que podem ser interpretadas como rotações no espaço em torno
dessas retas) são substituídas por rotações em torno de retas que passam
pelos pontos médios de faces opostas ou por pontos médios de arestas
opostas (consoante o polígono tenha um número par ou um número ímpar de
lados.)

• Exemplo: O prisma triangular [cf. NUSSBAUM, p. 3-5].

• Exemplo: O caso do prisma retangular suscita a discussão seguinte.

• Mas eventuais simetrias no prisma podem ocasionar outras congruências.


Considere-se o caso do prisma retangular.

• Quanto às congruências, os prismas retangulares se classificam em três


tipos: (A) Prismas cujas seis faces são propriamente retangulares.
Chamemo-los de escalenos. (B) Prismas que admitem um par de faces
quadradas. Chamemo-los de isóceles. (C) Prismas que admitem dois pares de
faces quadradas. É o hexaedro regular (ou o cubo). Vejamos cada caso.

(A) Prismas retangulares escalenos  Cada par de faces opostas admite uma
rotação de ângulo π. A rotação em torno do eixo ortogonal a um par de faces
opera o rebatimento das quatro outras faces. A ordem do grupo será QUATRO.
(Como as rotações são involutivas, esse grupo será isomorfo ao grupo das
congruências de um retângulo.)

(B) Prismas retangulares regulares ≡ hexaedros regulares (ou cubos).

Cada par de faces opostas admite TRÊS rotações (de ângulos π/2, π e 3π/2),
perfazendo nove permutações.

Há quatro pares de vértices antípodas que definem quatro retas em torno das
quais pode ocorrer rotação de ângulo π (raso), perfazendo quatro
permutações. NUSSBAUM [p. 18] consigna oito rotações de ângulo ± (2/3)π.

Há seis pares de arestas antípodas, cujos pontos médios definem retas em


torno das quais pode ocorrer rotação de ângulo π (raso), perfazendo seis
permutações.

Já obtivemos 1 + 9 + 4 + 6 = 20 permutações. Pelo teorema de Lagrange, a


ordem desse grupo deve ser divisor 8!

Examinando os produtos, obteremos outras congruências. Para isso, façamos a


seguinte CONVENÇÃO: Os vértices da face inferior serão denotados por A, B,
C e D; seus homólogos na face superior serão E, F, G e H.

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Sétima lição (4 abr 2011) 

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• Enunciar os conceitos seguintes: Subgrupo de um grupo G gerado pelos


elementos a1, ..., ar consiste na interseção de todos os subgrupos de G
que contenham as potências e os produtos desses elementos. No caso de o
subgrupo ser gerado por um único elemento, dizemos que esse subgrupo é
cíclico. Por consistirem nas potências de um mesmo elemento, os subgrupos
cíclicos são abelianos (ou comutativos).

• Conceitos: Pode ocorrer que sejam distintas todas as potências de um dado


elemento ω. Nesse caso, diremos que o elemento ω tem ordem infinita (ou
que ω gera um grupo de ordem infinita). No caso contrário, chamaremos
ordem de ω ao menor índice m tal, que ωm = E.

• Exemplo: Sejam f(t) = 1/t e g(t) = 1 - t. As funções f e g são


involutivas. Mas os seus produtos não o são: fg e gf têm ambos ordem
TRÊS.

• PROBLEMA: Qual a ordem (isto é, a cardinalidade) do subgrupo gerado por f


e g ?

• Recorrer aos fatos seguintes, para esclarecer a noção de homomorfismo e


apontar a imprecisão de linguagem cometida em duas ocasiões:

(A) Quando dissemos que o grupo de congruências do triângulo regular é


subgrupo do grupo das congruências do hexágono regular.

(B) Quando dissemos que as dipirâmides e os prismas recuperam os grupos


poligonais (ou diedrais).

• No caso das dipirâmides, grupos de ordem n são imersos em grupos de ordem


n + 2. Por exemplo, a reflexão (A D)(B C) do retãngulo é substituída pela
rotação do prisma (A D)(B C)(E F).

• No caso dos prismas, essa mesma reflexão (A D)(B C) é substituída pela


rotação do prisma (A H)(B G)(D E)(C F).

• Enfatizar a noção de homomorfismo entre os grupos, enunciando explicita-


mente h:V4 → S6 e V4 → S8. (Descrever um homomorfismo do primeiro grupo
nos dois outros.)

• Descrever um homomorfismo do grupo das congruências do octaedro regular


(com SEIS vértices) no grupo das congruências do hexaedro regular (com
OITO vértices).

Rotação (em torno de cada eixo coordenado): nove = três x três.

Ex.: De ângulo π/2 em torno do eixo que corta os planos ABCD e EFGH.

(A B C D)(E F G H) ⇔ (M N O P)

Rotação em torno da reta pelos pontos médios de duas arestas opostas: seis.

Exemplo: Pelo ponto médio das arestas AE e GC.

(A E)(C G)(B H)(D F) ⇔ (M P)((N O)(Q R)

Rotação em torno da reta por pontos antípodas: oito = quatro x duas.


Exemplo: Os pontos antípodas E e C, convertendo a face ABCD na face EFGH.

(A F H)(B G D) ⇔ (P M Q)(O R N)

(A H F)(B D G) ⇔ (P Q M)(R O N)

Verificação do homomorfismo: Multiplicam-se duas congruências do hexaedro e


compara-se o produto obtido com o produto das duas congruências homólogas
do octaedro.

{ (A E H D)(B F G C) }.{ (A F H)(B G D) } = (A G)(B C)(D F)(E H)

Nota: Esses exemplos de homomorfismos injetivos são bastante elucidativos,


por mostrarem o isomorfismo entre grupos e subgrupos de outros. Por
exemplo, o grupo das congruências de um prisma triangular é subgrupo de S6
mas é isomorfo a S3. E o grupo das congruências de um prisma retangular
escaleno é isomorfo ao grupo das congruências de um retângulo (V4), embora
seja subgrupo de S8.

• CONCEITOS 

• Dizemos que um número h divide um número k, se existir um número c tal,


que ch = k. Dizemos também que k é divisível por h e que h é um divisor
de k.

• É óbvio que, dado o número (não nulo) k, k é divisível por si mesmo e


pela unidade. Esses são denominados os divisores impróprios.

• NOTA: O número zero é divisível por qualquer número h, pois 0.h = 0.

• Dizemos que um número é primo, se, sempre que ele dividir um produto,
dividir (pelo menos) um dos fatores.

• Introdução à divisão euclidiana: n = dq + r (divisor, quociente e resto).


NOTA: Ou r = 0 ou r < d.

• Multiplicação segundo um módulo (cf. o dígito verificador).

• NOTAÇÃO  Dado m ∈ N, m > 2, seja S(m) = {0 < x < m, x e m não admitem


fatores comuns}.

• Primeiro LEMA  S(m) é estável sob multiplicação mod m. Com efeito,


dados a e c em S(m) e dividindo-se a.c por m (isto é, subtraindo-se
sucessivamente m do produto a.c), obtém-se um número natural r menor que
m. Esse resto não pode ser nulo pois, se o fosse, m seria divisor de a.c,
contrariando a definição de S(m). Logo, esse resto pertence a S(m).

• Segundo LEMA  Seja M um conjunto não vazio, dotado de multiplicação


associativa e de elemento neutro (unidade) e estável sob a
multiplicação. Se M for finito, então todo elemento x admitirá inverso.
De fato, escritos os elementos na forma 1, a1, a2, ..., an, consideremos
os produtos x, x.a1, x.a2, ..., x.an e notemos que todos esses produtos
pertencem a M. Além disso, são distintos dois quaisquer produtos x.ah,
x.ak, se h ≠ k. Então, para algum j, x.aj = 1. Dualmente, mostramos que
existe um índice r tal, que ar.x = 1. Logo, o elemento x admite inverso à
esquerda e à direita. Por um lema anterior, esses inversos coincidem.

• Terceiro LEMA  S(m) é um grupo (multiplicativo). Com efeito, a


associatividade em N se estende ao conjunto S(m). S(m) admite o elemento
neutro 1. Pelo lema anterior, S(m) é estável e, pelo lema , todo
elemento de S(m) admite inverso. [HERSTEIN, p. 37]

• Quarto LEMA  Tais grupos são abelianos.

• EXEMPLOS.

• Caso especial do teorema de Cayley: Todo grupo se representa por um grupo


de permutações.

• Exemplos de representações como grupos de rotações ou de reflexões


(pares).

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Oitava lição (6 abr 2011) 

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Grupos matriciais: Notação

• K é uma estrutura na qual podemos resolver sistemas lineares.

• M(n, K) representa o conjunto das matrizes quadradas, n x n, cujos termos


são emprestados por K.

• LEMA: det (MN) = det(M). det(N)

• As matrizes cujo determinante NÃO é nulo constituem um grupo


(multiplicativo).

• Dado um grupo multiplicativo G com elementos em K, o subconjunto de


M(n,K) formado pelas matrizes cujo determinante está em G constitui um
grupo (multiplicativo) de matrizes.

• Exemplo: As matrizes cujos determinantes são ± 1 constituem um grupo.

• Exemplo: As matrizes cujos determinantes são iguais a 1 constituem o


grupo, denominado grupo especial linear, denotado por SL(n, K).

• NOTA: SL(n,K) é a interseção de diversos subgrupos de GL(n, K).

• Exemplo: As matrizes seguintes constituem subgrupos (de um parâmetro) do


grupo SL(2,Q) e SL(2,R), respectivamente.
1 + t − t  cos t − sin t 
 t  e  
 1 − t  sin t cos t 

• Escólio: A locução ‘grupo de um parâmetro’ significa que existe uma


função f de K em M(n,K) que goza das três propriedades seguintes.

f(0) = E, f(t + u) = f(t).f(u), f(-u) = {f(u)}-1.

[ARNOLD 1985:59

É um homomorfismo de K em M(n,K). A primeira condição é dispensável mas é


útil. Confronte o exemplo seguinte.

 − t 1 + t
f(t) =   (Não é ... .)
1 − t t 

• Verificação de que os dois exemplo anteriores estão corretos.

• Outro exemplo: A função exponencial Z → R.

• Exemplo: Os termos das duas matrizes seguintes foram emprestados por


Z/(7).

 4 0  2 1
r =   e m =  
 0 1  2 3

Estude os subgrupos gerados por cada uma dessas matrizes. Comentário so-
bre os respectivos determinantes, que são elementos do subgrupo
multiplicativo Z/(7).)

• Problema  Estudar a interseção de SL(2,K) com o grupo gerado por r e m.

(1) Tais elementos são gerados pelas potências de r e m e pelos seus


produtos.

(2) Por estarem em SL(2,K), tais potências terão determinante igual a 1.


Logo, os candidatos naturais são r2m, rm2, m2r e mr2. Como o terceiro
elemento é o inverso do primeiro e o quarto é inverso do segundo, é
suficiente estudarmos os dois primeiros elementos. Para documentar,
 4 2  3 6
escrevamos que r2m =  2
 , rm =  ,
 2 3  3 4

 3 5  4 1
(r2m)-1 = m2r =  2 -1 2
 e (rm ) = mr =  .
 5 4  4 3

(3) Notamos que (r2m)2 = (rm2)2. Como essa potência é igual a 6E, ela comuta
com qualquer matriz. Chamemo-la pois de C (de comutante).

(4) Como o quadrado de 6E é a unidade, 6E é involutiva e as potências r2m e


rm2 têm ordem QUATRO.
(5) Examinemos a estabilidade:

 6 0  4 2  3 5
C.(r2m) = 6E.(r2m) =   .  = 
2 2 -1
 = m r = (r m) .
 0 6  2 3  5 4

 6 0  3 6  4 1
C.(rm2) = 6E.(rm2) =   .  = 
2 2 -1
 = mr = (rm ) .
 0 6  3 4  4 3

(6) Por outro lado,

 4 2  3 6  4 4
(r2m).(rm2) =   .  =   = k, digamos.
 2 3  3 4  1 3

(7) Verifiquemos se k é um elemento já catalogado: Nâo é.

(8) Como k ainda não fora considerado, examinemos o seu comportamento:

 4 4  4 4  6 0
k2 =   .  =   = 6E. Logo, k também tem ordem QUATRO.
 1 3  1 3  0 6

Além disso,

 4 4  4 2  3 6
k.(r2m) =   .  = 
2
 = rm ,
 1 3  2 3  3 4

 3 6  4 4
(rm2).k =   .
2
 = rm e
 3 4  1 3

 6 0  4 4  3 3 -1
C.k =   .  =   = k .
 0 6  1 3  6 4

(9) Finalmente, examinemos se ocorre comutatividade:

 4 2  4 4  4 1
(r2m).k =   .  = 
2 2 -1 2
 = mr = (rm ) = C.(rm )
 2 3  1 3  4 3

 4 4  3 6  3 5
k.(rm2) =   .  = 
2 2 -1 2
 = m r = (r m) = C.(r m)
 1 3  3 4  5 4
 3 6  4 2  3 3
(rm2).(r2m) =   .  = 
-1
 = k = C.k
 3 4  2 3  6 4

Os dados anteriores permitem construir a tabuada desse grupo:

E r2m rm2 k C C(r2m) C(rm2) Ck

E E r2m

r2m r2m

rm2

C(r2m)

C(rm2)

Ck

NOTA: Esse grupo é denominado grupo dos quaterniões. (Prova-se que esse
grupo e o grupo das congruências do octógono regular são os tipos de grupos
não abelianos de cardinalidade oito.)

LEMA: As permutações que fixam um dado elemento (u, digamos) constituem um


subgrupo do grupo de permutações. De fato, E(u) = u. Se σ(u) = u e τ(u) =
u, então (στ)(u) = σ[τ(u)] = σ(u) = u. Além disso, u = E(u) = (σ-1σ)(u) = σ-
1
[σ(u)] = σ-1(u). Logo, também σ-1 fixa u.

Conceito: Ao subgrupo de um grupo constituído das transformações que fixam


um elemento chamamos grupo de isotropia desse elemento.

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Nona lição (11 abr 2011) 

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LEMA: Em qualquer grupo G, (ac)-1 = c-1.a-1. (Verificar à direita e à
esquerda.)

LEMA: Dado o homomorfismo h de um grupo G1 em um grupo G2, vigoram os fatos


seguintes.

• h(E) = h(E.E) = h(E).h(E). Pela propriedade de cancelamento, h(E) = E.

• h(a).{h(a)}-1 = E = h(E) = h(a.a-1) = h(a).h(a-1). Logo, h(a-1) = {h(a)}-1.

CONCEITO: Chamamos núcleo de um homomorfismo h ao conjunto dos elementos do


domínio que se convertem na unidade do codomínio. Notação: N(h).

LEMA: O núcleo de um homomorfismo de um grupo em outro constitui um sub-


grupo do domínio.

LEMA: Os homomorfismos transformam órbitas em órbitas e subgrupos em sub-


grupos. Logo, transformam subgrupos do domínio em subgrupos do codomínio.

CONCEITO: A um homomorfismo bijetivo chamamos isomorfismo.

LEMA: Os isomorfismos preservam a ordem de cada elemento.

Nota: Anteriormente, havíamos considerado, em um conjunto (não vazio) C, as


bijeções desse conjunto em si mesmo e havíamos verificado que tais bijeções
constituíam o grupo de todas as permutações de C em C. Doravante, conside-
raremos em um dado grupo G as bijeções de G em G. Dentre tais bijeções do
grupo G em si mesmo, são especialmente notáveis as bijeções que preservam a
estrutura, isto é, as bijeções de G em G que gozam da propriedade b(στ) =
b(σ).b(τ); em outros termos, as bijeções de G em G que são homomorfismos.

CONCEITOS: A um homomorfismo de um grupo em si mesmo chamamos endomorfismo.


E a um endomorfismo bijetivo chamamos automorfismo. (Logo, um automorfismo
em um grupo é um isomorfismo desse grupo em si mesmo.)

LEMA: Os automorfismos transformam subgrupos de um grupo em subgrupos (não


necessariamente distintos).

Exemplos aritméticos: A função x → x3.

(a) Segundo o módulo 12: Coincide com a unidade.

(b) Segundo o módulo 8: Também coincide com a unidade.

(c) Segundo o módulo 10: Permuta os elementos de ordem quatro. É


automorfismo.
(d) Segundo o módulo 7: Os elementos de ordem TRÊS se convertem na unidade.
Isso equivale a dizer que o subgrupo cíclico {1, 2, 4} é reduzido ao
subgrupo {1}. A transformação é apenas um endomorfismo.

(e) Segundo o módulo 11: Pelo teorema de Lagrange, poderá admitir subgrupos
de ordem CINCO (os quatro elementos de ordem quatro: 3, 4, 5, 9) e de
ordem DOIS (o elemento de ordem dois: 10). A transformação considerada
atua, sobre os elementos de ordem quatro, como a permutação cíclica (3
5 4 9).

LEMA: A família dos automorfismos de um grupo G constitui um grupo. É


notado por A(G). De fato, a unidade é um automorfismo de G. Se h e k também
forem automorfismos de G, então, para quaisquer elementos a e c de G,
(hk)(a.c) = h{k(a.c)} = h{k(a).k(c)} = h{k(a)}.(h{k(c)} = (hk)(a).(hk)(c).
Logo, o seu produto hk também será um automorfismo de G.

CONCEITO: Esse grupo é denominado grupo dos automorfismos de G e é denotado


por A(G).

CONCEITO: A cada elemento u de um grupo G está associada a transformação Ju


que converte um elemento x no elemento Ju(x) = u.x.u-1. Tal transformação é
denominada conjugação do elemento x pelo elemento u.

LEMA: As conjugações pelos elementos de um grupo G constituem automorfismos


desse grupo G.

CONCEITO: Aos automorfismos descritos dessa forma chamamos automorfismos


internos.

PROBLEMA: Estudar os automorfismos internos do grupo S3.

LEMA: A família dos automorfismos internos de um grupo constitui um


subgrupo do grupo de seus automorfismos. É denotado por AI(G). De fato, à
unidade é associado o automorfismo JE(x) = E.x.E-1 = x = E(x). Além disso, o
produto de automorfismos internos e o inverso de um automorfismo interno
também são automorfismos internos.

NOTAS:

(a) No caso dos grupos abelianos (ou comutativos), existe apenas um


automorfismo interno: a unidade.

(b) No caso de grupos finitos, a cardinalidade de AI(G) não pode ser


superior à cardinalidade de G.

CONCEITO: Dizemos que um conjunto C é invariante sob uma transformação T,


se T(x) ∈ C, ∀x ∈ C. (Em outros termos, C é preservado pela transformação
T.)
CONCEITO: Dizemos que um subgrupo N de um grupo G é normal, se ele for
invariante sob todos os automorfismos internos desse grupo.

NOTA: Um subgrupo normal de G pode não ser subgrupo normal de uma extensão
de G. Examine exemplos, considerando S5 como extensão de S3. (Por exemplo,
em que pode ser convertida uma transposição de S3 ?)

LEMA: O núcleo de um homomorfismo é um subgrupo normal. De fato, para todo


elemento x do N(h) e para todo elemento u de G, h(Ju(x)) = h(uxu-1) =
h(u).h(x).h(u-1) = h(u).E.{h(u)}-1 = E. Logo, Ju(x) ∈ N(h).

PROBLEMA: Estudar os subgrupos normais do grupo S3. (Veja o problema


anterior.)

LEMA: AI(G) é subgrupo normal de A(G). (Note-se que, dados um qualquer


automorfismo α de G e um qualquer automorfismo interno Ju, αJuα-1 também é
automorfismo interno.)

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