Você está na página 1de 50

Macroeconomia

ISCAL - IPL
Licenciatura em Contabilidade e Administração
1º Semestre
2012/2013

1
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.1 Comportamento das famílias: funções consumo e poupança

 Análise Keynesiana – centrada no lado da procura.

 Procura agregada / despesa (D): D=C+I+G+X-Z.


 C: consumo privado.

 I: investimento.
 G: gastos / consumo público.

 X: exportações.
 Z: importações.

 Para já:
 Economia simples: sem Estado e sem sector externo – procura
agregada / despesa (D) corresponde a consumo privado das famílias
(C) mais investimento das empresas (I).

2
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.1 Comportamento das famílias: funções consumo e poupança

 Equilíbrio macroeconómico:
 rendimento (Y) = despesa (D).

 Empresas produzem para satisfazer procura:


 Se consumo estimado pelas empresas superior ao consumo efectivo
(observado ex-post): empresas produziram mais do que o procurado –
acumulação involuntária de stocks (existências).
 Se consumo estimado inferior a consumo efectivo, empresas venderam
mais do que produziram no período – desacumulação involuntária de
stocks.
 Situação desejável (de equilíbrio): variação de stocks nula.

3
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.1 Comportamento das famílias: funções consumo e poupança

 Investimento: I=FBCF+Stocks
 I: investimento efectivo;

 FBCF: formação bruta de capital fixo = investimento planeado (Ip).

 Stocks: variação de stocks ou existências = investimento não planeado.

 Formalizando:
 D=C+Ip : Procura agregada (despesa) planeada;

 Y=C+I : Oferta agregada efectiva;

 I=Ip+Stocks : Investimento total.

 Por substituição:
 Stocks =Y-D: se Y>D, a variação de stocks é positiva; se Y<D, a variação
de stocks é negativa.

4
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.1 Comportamento das famílias: funções consumo e poupança

 Equilíbrio: produto efectivo igual a produto planeado (nível de


produto para o qual a procura é igual à oferta)  variação de
stocks é nula; consumo planeado das famílias coincide com o
efectivo.
 Gráfico pág. 18: representa despesa (independente do
rendimento) e bissectriz (pontos para os quais Y=D); o equilíbrio
encontra-se na intersecção das duas curvas – rendimento de
equilíbrio (Ye).

 Nota importante: Ye não coincide necessariamente com


rendimento de pleno emprego – quanto maior for o produto de
equilíbrio, mais ele se aproxima do nível de pleno emprego e,
portanto, menor o desemprego.

5
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.1 Comportamento das famílias: funções consumo e poupança

 Função consumo:
C  C  cY
 C : consumo autónomo (independente do rendimento); consumo de
subsistência.
 c : propensão marginal a consumir – declive da recta de consumo
(derivada do consumo em ordem ao rendimento). Acréscimo de consumo
resultante de um acréscimo unitário no rendimento: 0<c<1.
 Quanto mais desenvolvida a economia, menor o valor deste parâmetro
(empiricamente, apresentará valores entre 0,6 e 0,9.

 Gráfico pág. 23.

6
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.1 Comportamento das famílias: funções consumo e poupança

 O rendimento da economia reparte-se entre consumo e poupança:


Y=C+S.
 Função poupança: S  C  (1  c)Y  S  S  sY

 S : poupança autónoma. Assume valores negativos (endividamento) e é o


simétrico do consumo autónomo.
 Propensão marginal a poupar: variação da poupança quando o rendimento
varia 1 u.m.: 1-c=s=S/Y.
 0<s<1: valores mais comuns entre 0,1 e 0,4. Quanto mais desenvolvida a
economia, maior o valor da propensão marginal a poupar.
 Propensão marginal a consumir + propensão marginal a poupar = 1

 Função poupança: gráf. pág. 25.

7
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.1 Comportamento das famílias: funções consumo e poupança

 Para níveis baixos de rendimento, a poupança é negativa


(C>Y); para níveis elevados de rendimento, a poupança é
positiva (C<Y).

 Propensão média a consumir: PMC  C / Y  C / Y  c


 A PMC é sempre superior à propensão marginal a consumir,
independentemente do valor do rendimento.
 Propensão média a poupar: PMS  S / Y  C / Y  (1  c)
 A PMS é sempre inferior à propensão marginal a poupar,
independentemente do nível de rendimento.

 Note-se que: PMC+PMS=1.

8
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.1 Comportamento das famílias: funções consumo e poupança

 Limiar de poupança: nível de rendimento para o qual a


poupança é nula (Y=C).
 Limiar de poupança: C
S  0  Y1 p 
1 c
 No limiar de poupança: PMS=0; PMC=1.
 Acima do limiar de poupança: 0<PMS, PMC<1; abaixo do
limiar de poupança: PMC>1; PMS<0.

 Gráf. pág. 28.

9
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 A função investimento Keynesiana depende inversamente da taxa de juro


de mercado.

 Avaliação de projectos de investimento:


 I0: Investimento inicial;

 n: nº anos de vida do projecto;

 Cash-flows de exploração (receitas-despesas do projecto em cada ano, de


t=1 até t=n): Rt-Ct.
 Para reportar todos os valores ao mesmo período (t=0) é necessário
perceber que o dinheiro tem valor no tempo [se, para implementar o
projecto, é necessário capitais alheios, tem de se pagar juros por estes; se
se usam capitais próprios, há um custo de oportunidade de aplicações
alternativas].

10
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 Descontando os valores futuros, o fluxo de cash-flows cobrirá o


investimento se:
R  C1 R2  C 2 Rn  C n
I0  1   ... 
(1  r ) (1  r ) 2 (1  r ) n

 Taxa r: taxa interna de rentabilidade (TIR) ou eficiência marginal do


capital (emc). É a taxa de remuneração dos capitais investidos no
projecto.
 Para se decidir sobre a implementação do projecto,
compara-se a eficiência marginal do capital com a taxa de
juro de mercado (i). Só são implementados os projectos para os
quais emc>i.

11
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 À medida que a taxa de juro sobe, menos projectos são


implementados e o investimento global diminui: o
investimento varia inversamente com a taxa de juro.

 Função investimento Keynesiana: I  I  ei

 I : investimento autónomo (independente da taxa de juro de


mercado);
 e>0: propensão marginal a investir: mede a variação do
investimento quando a taxa de juro varia um ponto percentual.
 Gráf. pág. 47.

12
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 Para além da taxa de juro, são determinantes do


investimento:

 Eficiência marginal do capital: afecta directamente o investimento


(maior emc implica mais investimento);

 Expectativas dos empresários: se estas forem favoráveis,


independentemente da taxa de juro de mercado, o investimento
aumenta. [para reduzir a volatilidade do investimento: se as
expectativas forem desfavoráveis, a taxa de juro deve descer].

13
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 Determinação do rendimento de equilíbrio num modelo


com 2 agentes
 Economia fechada e sem Estado; hipótese simplificadora:
investimento é autónomo (e=0).
 Forma estrutural do modelo:

Y=D Equação de equilíbrio


D=C+I Equação de definição
C  C  cY Equação de comportamento
I I Equação de comportamento

14
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 Forma reduzida do modelo (por substituição sucessiva):


C I
Y
1 c
 2 tipos de variáveis:
 Variável objectivo: Y.
 Variáveis estratégicas / de política económica / instrumentais:
afectam o valor da variável objectivo e podem ser objecto de
manipulação no curto prazo (valores autónomos).
 A forma reduzida fornece o rendimento de equilíbrio (Ye).

15
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 O modelo também pode ser analisado na óptica da relação entre investimento e poupança.

Y=D Equação de equilíbrio


D=C+I Equação de definição
Y=C+S Equação de definição
 Resolvendo o sistema: I=S.
 Paradoxo da poupança: quando a poupança varia, o rendimento de eq. da economia
varia em sentido inverso.
 Este paradoxo está em conformidade com os princípios da teoria Keynesiana, em que a
análise é feita do lado da procura. Se as empresas estimam que as famílias vão consumir
menos (poupar mais), então elas vão reduzir a produção e consequentemente menor será o
rendimento de equilíbrio da economia.

16
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 O multiplicador:

 Mede a variação na variável objectivo quando a variável


estratégica considerada varia uma unidade, mantendo
constantes as demais variáveis estratégicas do modelo.

 No modelo em estudo há somente uma variável objectivo


(rendimento) e uma estratégica (investimento autónomo) pelo
que só há um multiplicador: o multiplicador do investimento
autónomo.

17
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.2. Comportamento das empresas: função investimento

 Multiplicador do investimento autónomo: mede a variação no rendimento


quando o investimento autónomo varia uma unidade monetária:

1
Y / I  dY / dI  1
1c

 O multiplicador é sempre superior à unidade: quando o investimento


autónomo varia 1 u.m., o rendimento varia mais do que 1 u.m.; quanto
maior a propensão marginal a consumir, maior o multiplicador.

18
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 O governo intervém na economia com vista a atingir não só


objectivos económicos mas também objectivos sociais.

 O governo obtém receitas (receitas fiscais - impostos) para


financiar despesas:
 gastos públicos / consumo público / consumo colectivo: despesas
correntes do Estado.
 investimento público;
 transferências internas: abonos de família, pensões, subsídios de
desemprego).

19
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 Com Estado:

 D=C+I+G; G: consumo público.


 Yd=Y-T+TR; T: impostos; TR: transferências internas. [recorde-se que o
rendimento disponível pode ser usado para consumo ou poupança
(Yd=C+S); e que a função consumo é dada por C  C  cYd ].

 Equação de comportamento dos impostos: T  T  tY


 Os impostos possuem uma parcela que não depende do rendimento
(impostos autónomos) e uma componente de impostos induzidos (que
depende do rendimento). Os impostos autónomos podem ser
interpretados como os impostos indirectos e os que recaem sobre o
rendimento são os impostos directos.

20
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 t: taxa marginal de imposto – mede a variação dos impostos quando


o rendimento varia 1 u.m.. 0<t<1; pode ser alterada no curto prazo
pelo Estado em função dos seus objectivos de política orçamental.

 A taxa de imposto é, na realidade, variável: a taxa aumenta com o


aumento do rendimento – os impostos são progressivos.

 A taxa marginal de imposto mede a variação dos impostos cobrados


quando o rendimento varia 1 u.m.:
t=dT/dY=T/Y

21
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 Transferências internas:

 A maior parte das transferências do governo para os particulares é


autónoma (não depende do rendimento):
Tr  Tr
 Parte das transferências, nomeadamente o subsídio de desemprego,
dependem do rendimento: quando rendimento aumenta, significa que há
mais emprego (rendimento aproxima-se do pleno emprego); logo, o
montante pago pelo governo a título de subsídio de desemprego diminui,
já que o número de desempregados decresce – transferências são função
inversa do rendimento:
Tr  Tr  dY

 0<d<1: taxa de transferências (d=dTr/dY=Tr/Y)

22
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 Gastos públicos:
 Regra geral são considerados autónomos: GG

 Também se pode considerar os gastos públicos como


contra-cíclicos (função do ‘output gap’): G  G  z(Ype  Y )
 0<z<1; quando rendimento aumenta face ao rendimento
de pleno emprego, o consumo público diminui.

23
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 Forma estrutural do modelo (impostos função do rendimento e


transferências autónomas):

Y=D Equação de equilíbrio


D=C+I+G Equação de definição
C  C  cYd Equação de comportamento
Yd=Y-T+Tr Equação de definição
T  T  tY Equação de comportamento
Tr  Tr Equação de comportamento
I I Equação de comportamento
GG Equação de comportamento

24
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 Forma reduzida do modelo:


C  cT  cTr  I  G
Y
1  c(1  t )

 Variáveis objectivo: Y; saldo orçamental (SO); SO = T-(G+Tr)


 Variáveis estratégicas: impostos autónomos, taxa de imposto,
transferências autónomas, gastos públicos, investimento
autónomo. As 4 primeiras são variáveis de política orçamental; o
investimento não é controlável pelo governo, mas é manipulável
via incentivos e desincentivos.

25
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 Do conjunto de equações:

Y=D Equação de equilíbrio


D=C+I+G Equação de definição
Yd=C+S Equação de definição
Yd=Y-T+Tr Equação de definição

retira-se a igualdade I+G+Tr=S+T [equação de equilíbrio universal].

26
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.3. O papel económico do Estado. O saldo orçamental.

 Saldo orçamental: diferença entre receitas e despesa públicas

SO  T  tY  G  Tr

 O saldo orçamental pode ser representado graficamente (pág. 61) como


função do rendimento. Para um dado nível de rendimento Y1, o saldo
orçamental é nulo (SO=0) (orçamento equilibrado: receita pública = despesa
pública).
 Quando o rendimento de equilíbrio é inferior a Y1, o saldo orçamental é negativo
(défice orçamental);
 Quando o rendimento de equilíbrio é superior a Y1, o saldo orçamental é positivo
(excedente orçamental);

 O saldo orçamental deve ser medido em % do PIB (do rendimento de


equilíbrio).

27
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.4 As relações económicas com o exterior. A balança corrente.

 Balança de pagamentos: registo contabilístico de todas as


transacções de um país com o resto do mundo (entradas-
saídas de divisas). Rubricas:
 Balança corrente:
 Mercadorias (balança comercial);
 Balança de serviços;
 Balança de rendimentos;
 Balança de transferências unilaterais (remessas de emigrantes,
transferências correntes da UE);
 Balança de capitais:
 Transferências de capital e aquisição / cedência de activos não
financeiros (p.ex. patentes);
 Balança financeira:
 Investimento directo, investimento de carteira activos de reserva.

28
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.4 As relações económicas com o exterior. A balança corrente.

 Determinação do rendimento de equilíbrio num


modelo a quatro sectores:
 D=C+I+G+X-Z; X: exportações; Z: importações.
 Exportações: autónomas ( X  X );
 Importações: dependem do rendimento ( Z  Z  mY ).
 0<m<1: propensão marginal a importar. Mede a variação
das importações quando o rendimento varia 1 u.m.
Z
m
Y

29
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.4 As relações económicas com o exterior. A balança corrente.

 Forma estrutural do modelo:


Y=D Equação de equilíbrio
D=C+I+G+X-Z Equação de definição
C  C  cYd Equação de comportamento
Yd=Y-T+Tr Equação de definição
T  T  tY Equação de comportamento
Tr  Tr Equação de comportamento
I I Equação de comportamento
GG Equação de comportamento

X X Equação de comportamento
Z  Z  mY Equação de comportamento

30
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.4 As relações económicas com o exterior. A balança corrente.
C  cT  cTr  I  G  X  Z
 Forma reduzida do modelo: Y
1  c(1  t )  m
 As variáveis objectivo deste modelo são: rendimento (Y), saldo
orçamental (SO) e saldo da balança comercial (ou balança corrente)
(BC).
 BC=X-Z.
 O saldo da balança corrente é uma função inversa do rendimento
(gráf. pág. 62). Para um nível de rendimento Y1, o saldo da BC está em
equilíbrio. Se o nível de rendimento é inferior a Y1, a BC é
superavitária; se o nível de rendimento é superior a Y1, a BC é
deficitária.

 Variáveis estratégicas: impostos autónomos, transferências autónomas,


taxa de imposto, gastos públicos, investimento autónomo, exportações
autónomas e importações autónomas.

31
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.4 As relações económicas com o exterior. A balança corrente.

 Equação de equilíbrio universal:


 Obtém-se a partir das definições

Y=D Equação de equilíbrio


D=C+I+G+X-Z Equação de definição
Yd=C+S Equação de definição
Yd=Y-T+Tr Equação de definição

 Resolvendo o sistema: I+G+Tr+X=S+T+Z


 Graficamente: pág. 58.

32
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.5 Os efeitos multiplicadores das variáveis de política económica

 Retome-se a expressão do rendimento de equilíbrio:


C  cT  cTr  I  G  X  Z
Y
1  c( 1  t )  m

 Multiplicador de base (dos gastos públicos, do investimento e das


exportações): Y Y Y 1
  
G I X 1  c( 1  t )  m
 O multiplicador indica a variação no rendimento resultante de uma
variação unitária nos gastos / investimento / exportações.

 O multiplicador continua a ser superior à unidade e note-se que:


1 1 1
 
1  c(1  t )  m 1  c(1  t ) 1  c
 À medida que introduzimos maior sofisticação e realismo ao modelo, o valor do
multiplicador de base diminui.

33
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.5 Os efeitos multiplicadores das variáveis de política económica

 Os factores que afectam o multiplicador são:


 Propensão marginal a consumir (c  mult.);
 Taxa de imposto (t  mult.);
 Propensão marginal a importar (m  mult.).

 Próxima pág.: restantes multiplicadores do rendimento (para além do


multiplicador de base).

34
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.5 Os efeitos multiplicadores das variáveis de política económica

 Multiplicador das transferências autónomas: variação no rendimento quando as


transferências autónomas variam 1 u.m. Y c

TR 1  c(1  t )  m

 Multiplicador dos impostos autónomos: variação no rendimento quando os


impostos autónomos variam 1 u.m. Y c

T 1  c( 1  t )  m

 Multiplicador da taxa de imposto: variação no rendimento quando a taxa de


imposto varia 1 ponto percentual.
Y c
 Y
t 1  c( 1  t )  m

 Multiplicador das importações autónomas: variação no rendimento quando as


importações autónomas variam 1 u.m. Y 1

Z 1  c( 1  t )  m

35
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.5 Os efeitos multiplicadores das variáveis de política económica
 Multiplicadores no saldo orçamental
 Recorde-se que:
SO  T  tY  G  Tr

 i) Multiplicador dos gastos públicos no saldo orçamental:


 Mede as variações do saldo orçamental quando os gastos públicos
variam 1 u.m.; este multiplicador assume valores entre -1 e 0; quando o
consumo público aumenta o SO deteriora-se mas num montante
inferior ao aumento do consumo público. SO Y
t 1
G G
 ii) Multiplicador das transferências autónomas no saldo orçamental:
 Também apresenta valores entre -1 e 0. SO Y
t 1
Tr Tr

36
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.5 Os efeitos multiplicadores das variáveis de política económica
 iii) Multiplicador dos impostos autónomos no saldo orçamental:
 Apresenta valores entre 0 e 1. SO Y
 1t
T T

 iv) Multiplicador da taxa de imposto no saldo orçamental:


 Mede as variações do saldo orçamental quando a taxa de imposto varia 1 ponto
percentual. O multiplicador assume valores positivos. SO Y
Y t
t t

 v) Multiplicador do investimento autónomo no saldo orçamental:


 Mede as variações no saldo orçamental quando o investimento autónomo varia
1 u.m.. SO Y
t
I I

 As variações no investimento autónomo afectam o saldo orçamental porque afectam o


rendimento e, consequentemente geram alterações nos impostos induzidos. O
multiplicador assume valores positivos.

37
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.5 Os efeitos multiplicadores das variáveis de política económica
 Multiplicadores do comércio externo

 As variáveis que afectam expressamente o saldo da BC são as importações e as


exportações autónomas. No entanto, as restantes variáveis estratégicas também
afectam o saldo da balança, via rendimento, i.e., através das importações induzidas.

 A título de exemplo:
 Multiplicador das exportações autónomas no saldo da BC (valor entre 0 e 1): mede a
variação no saldo da BC quando as exportações variam 1 u.m.
BC Y
 1m
X X

 Multiplicador das importações autónomas no saldo da BC (valor entre -1 e 0): mede a


variação no saldo da BC quando as importações variam 1 u.m.
BC Y
 1  m
Z Z

38
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.6 Análise das incompatibilidades entre variáveis objectivo. O
teorema de Haavelmo

 Política expansionista: aquela que gera aumentos do


rendimento (p.ex. aumento dos gastos ou transferências;
redução de impostos).
 Política contraccionista: aquela que gera redução do
rendimento.

 Para aumentar o rendimento (reduzir o desemprego), o governo


pode adoptar uma política orçamental expansionista; no entanto,
esta política vai gerar uma deterioração do saldo orçamental. – há
uma incompatibilidade entre as variáveis objectivo rendimento e
saldo orçamental.

39
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.6 Análise das incompatibilidades entre variáveis objectivo. O
teorema de Haavelmo

Variáveis estratégicas Rendimento (Y) Saldo orçamental (SO)


(manobradas numa óptica
expansionista)

G   
Tr   
T   
t  
I   
• Se a variável manobrada for o investimento autónomo (ceteris paribus), não se regista
qualquer incompatibilidade entre o rendimento e o saldo orçamental.

40
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.6 Análise das incompatibilidades entre variáveis objectivo. O
teorema de Haavelmo

 A incompatibilidade também se faz sentir no saldo da


BC:
 Quando o governo implementa medidas de política orçamental
expansionistas (aumento dos gastos públicos, aumento das transferências,
diminuição dos impostos autónomos, diminuição da taxa de imposto),
gera-se uma deterioração do saldos orçamental e também do saldo da
balança corrente.

 O oposto acontece perante uma política contraccionista.

41
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.6 Análise das incompatibilidades entre variáveis objectivo. O
teorema de Haavelmo

Variáveis Rendimento Saldo orçamental Saldo da BC


estratégicas
G    
Tr    
T    
t   
I    
X    
Z    

42
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.6 Análise das incompatibilidades entre variáveis objectivo. O
teorema de Haavelmo

 Manobrando mais do que uma variável de política orçamental, é possível


eliminar a incompatibilidade.
 Teorema de Haavelmo: considerando que os impostos são autónomos, se se variar os
impostos e os gastos no mesmo montante e no mesmo sentido, o rendimento vem alterado
nesse montante e nesse sentido e o saldo orçamental não se altera.

 Teorema diz que se G  T, teremos Y  G  T e SO  0


 Conhecendo os multiplicadores é fácil demonstrar o teorema:
 c 
T , que corresponde a Y  G  T
1
Y  G   
1 c  1 c 

 Deste modo, o multiplicador do orçamento equilibrado assume o valor 1.


 Para demonstrar que a variação no saldo orçamental é nula, basta observar
que receita e despesa pública variam em sentido contrário e no mesmo
montante.
43
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.7 Estabilizadores automáticos

 Estabilizador automático:
 Instrumento de política económica (variável estratégica) que actua
automaticamente sobre o rendimento, reduzindo o impacto de variações
autónomas na procura agregada sobre o rendimento de equilíbrio.
 São estabilizadores automáticos a taxa de imposto, o subsídio de
desemprego, o imposto sobre o lucro das empresas e a distribuição de
dividendos.

 Estabilizador porque atenua o impacto de alterações das variáveis


estratégicas sobre o rendimento de equilíbrio, ou seja, diminui o valor do
multiplicador de base. Automático, porque entra em funcionamento sem
que nenhuma entidade, e em particular o governo, o accione.

44
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.7 Estabilizadores automáticos

 A) Funcionamento do estabilizador taxa de imposto:


 Num modelo sem taxa de imposto, o multiplicador dos gastos públicos é:
Y 1

Y 1 G 1  c
 Com taxa de imposto, 
G 1  c ( 1  t )

 Como este 2º multiplicador é inferior ao 1º, a taxa de imposto tem um


efeito estabilizador automático.
 O mecanismo é o seguinte: G  D  Y  T  YD  C  D  Y 
 O aumento directo do rendimento por via do aumento dos gastos é
superior à redução que acontece por via dos impostos, donde o efeito final
sobre o rendimento é positivo, mas não tão forte como o multiplicador
dos gastos poderia fazer crer.

45
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.7 Estabilizadores automáticos

 B) Funcionamento do estabilizador subsídio de desemprego

 Neste caso, em alternativa à taxa de imposto, considera-se o


parâmetro das transferências quando estas dependem do
rendimento (d).
 O multiplicador inicial Y  1 compara-se agora com
G 1c
Y 1

G 1  c ( 1  d )

 O efeito é semelhante ao anterior; a intuição é a seguinte: em


resultado de uma subida dos gastos públicos, o rendimento sobe, o
desemprego diminui e o montante de subsídios de desemprego a
pagar pelo Estado também diminui, o que atenua o efeito
expansionista da subida dos gastos públicos.

46
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.7 Estabilizadores automáticos

 Os estabilizadores automáticos atenuam a amplitude dos ciclos


económicos:

 em períodos de recessão, o rendimento não diminui tanto como diminuiria


se não houvesse estabilizadores (o multiplicador é menor);

 Em períodos de expansão, o rendimento não cresce tanto (não atinge tão


rapidamente o rendimento de pleno emprego), quanto cresceria se não
houvesse estabilizadores.

 Nota: a propensão marginal a consumir e a propensão marginal a importar


não são estabilizadores automático, porque não são variáveis estratégicas.

47
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.8 A função IS

 Considere-se o modelo em economia aberta com


transferências e gastos autónomos e impostos função do
rendimento. Investimento é agora função inversa da taxa de
juro:
I  I  ei

Forma reduzida: C  cT  cTr  I  G  X  Z e


 Y  i
1  c( 1  t )  m 1  c( 1  t )  m

 Esta é a função IS: lugar geométrico dos pares de valores


rendimento e taxa de juro que equilibram o mercado real ou
mercado de bens e serviços.

48
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.8 A função IS

 A função IS pode ser deduzida graficamente (pág. 65):

 Sabendo que a relação entre S+T+Z e Y é positiva; que


S+T+Z=I+G+Tr+X; e que a relação entre I+G+Tr+X e a taxa de juro é
negativa (via investimento): chega-se à relação no 1º quadrante, que é a
relação de sinal contrário entre Y e i.

 Determinantes da função IS:

 Variáveis de política orçamental ( G, Tr, T , t )


 Variáveis controladas pelas empresas ( I , X , Z )

49
2. O Eq. no Mercado Real: a Função IS
2.8 A função IS

 Deslocações da função IS:

 A implementação de medidas de política expansionistas gera deslocações


da IS para a direita;
 A implementação de medidas de política contraccionistas gera deslocações
da IS para a esquerda.

 Nota: a função IS traduz os pares de valores rendimento – taxa de juro que


equilibram o mercado de bens e serviços. Para a direita da IS: Y>D; para a
esquerda da IS: D>Y.

50

Você também pode gostar