na educação
Serviço social na
educação
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Dieter S. S. Paiva
Camila Cardoso Rotella
Emanuel Santana
Alberto S. Santana
Regina Cláudia da Silva Fiorin
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Parecerista
Fábio Pires Gavião
Editoração
Emanuel Santana
Cristiane Lisandra Danna
André Augusto de Andrade Ramos
Daniel Roggeri Rosa
Adilson Braga Fontes
Diogo Ribeiro Garcia
eGTB Editora
ISBN 978-85-8482-372-7
CDD 371.426
2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Objetivos da Disciplina:
• Viabilizar uma fonte bibliográfica de qualidade que possa contribuir para a análise
sobre o Serviço Social na Educação e, consequentemente, para aprofundamento
teórico dos alunos nessa área.
Conteúdo Programático
Metodologia
Habilidades e Competências
Avaliação
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Bom estudo!
Seção 1
A noção de cidadania não surgiu nos tempos modernos, mas sim na Grécia
clássica, antes da era cristã, quando os gregos estabeleceram relações em que os
cidadãos tinham direitos políticos e contribuíam para a formação do governo. Porém,
não eram considerados cidadãos: escravos, mulheres e estrangeiros, esses grupos
constituíam mais de três quartos da população ateniense adulta.
Ainda segundo Coutinho (2005, p. 3), citando John Locke, “[...] no mundo moderno,
a noção e a realidade da cidadania também estão organicamente ligadas à ideia de
direitos, mas, num primeiro momento, ao contrário dos gregos, precisamente à ideia
de direitos individuais ou civis”. Locke baseia seu pensamento na afirmação de que
Assim, Coutinho (2005, p. 12) afirma que “[...] a ampliação da cidadania – esse
processo progressivo e permanente de construção dos direitos democráticos que
caracteriza a modernidade – termina por se chocar com a lógica do capital”. Ou
seja, no limite, a cidadania plena (democracia, soberania popular) só existiria numa
sociedade sem classes (fora do sistema capitalista).
Não obstante, torna-se importante salientar que, segundo Tonet (2007), este
tipo de emancipação refere-se apenas à emancipação política, pois esta pertence à
superestrutura. É no campo da infraestrutura que acontece realmente a emancipação
plena, com a instalação do trabalho associado e a superação do sistema capitalista.
Outra consequência foi a de “[...] uma visão corporativista dos interesses coletivos”
(CARVALHO, 2001, p. 223). Ou seja, cada grupo procura negociar com o Governo
ou com os legisladores (por troca de voto) seus benefícios particulares: funcionários
públicos, professores, banqueiros, empresários, centrais operárias etc. Não há uma
luta consensual.
Com o golpe de 64 quase não havia lugar na sociedade civil para associações livres.
Através das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), a Igreja Católica era praticamente
um dos únicos lugares em que a população podia se reunir para dialogar sobre as
dificuldades do cotidiano.
Com a posse do general Ernesto Geisel, em 1974, teve início o lento retorno à
democracia, com a chamada “abertura” política. O auge da mobilização popular foi
a campanha pelas eleições diretas em 1984. Houve vários comícios pelo Brasil todo,
começando em Goiânia, com cinco mil participantes e chegando a reunir 1 milhão de
pessoas em São Paulo.
Mesmo com a derrota da campanha “Diretas Já”, a era militar acabara com a
eleição de um civil para a Presidência da República após 21 anos de dominação militar.
O período de 1985/1988 foi um período de redemocratização. Em 1986, foi formada
No campo dos direitos políticos, ficou garantida a soberania popular por meio
dos seguintes avanços: sufrágio universal; voto direto e secreto; direito ao plebiscito,
referendo e iniciativa popular; entre outras regulamentações.
e controle das políticas públicas. São espaços que permitem a participação ativa da
população, além da mera participação eleitoral, onde se pode tomar decisões sobre
as políticas públicas, deliberar prioridades, fiscalizar estas deliberações e garantir o uso
dos recursos públicos de acordo com as prioridades estabelecidas pela população.
Segundo Pereira (2005), apesar dos direitos adquiridos por meio da nova
Constituição, a década de 90 – Governos Collor e FHC – foi marcada pelo avanço do
neoliberalismo. Os direitos civis foram ameaçados e houve esvaziamento dos direitos
políticos e desarticulação dos movimentos sociais. O campo dos direitos sociais
também foi afetado. Conforme Behring e Boschetti (2008, p. 165), “[...] os recursos
permanecem extremamente concentrados e centralizados, contrariando a orientação
constitucional da descentralização”.
Omitindo muitas outras questões sociais que poderíamos abordar, tais como os
graves problemas nas áreas de habitação, saúde, segurança pública, discriminação por
raça e gênero, vamos nos deter em apontar a situação da educação no país, por ser
esse o nosso tema.
Porém, esse ainda é um índice insatisfatório, porque, para atender 100% das
crianças, adolescentes e jovens em idade escolar, o número de matrículas foi menor
que o ano anterior, 52,5 milhões de crianças atendidas na educação básica.
• DICA DE FILME
• ATENÇÃO
O aparato legislativo deve ser conhecido por todos a fim de ser efetivado na busca
por práticas sociais pautadas no conceito de Cidadania visto até o momento. Não
fique de fora!
Todos esses avanços são significativos, porém, não são suficientes para que
efetivamente a educação cidadã ocorra. Embora o aparato legislativo seja de suma
importância tanto para a escola quanto para a sociedade, e considerando que se
configura em um instrumento necessário para os interessados e envolvidos com a
educação cidadã, muitos estudiosos afirmam que, apesar de o Brasil possuir uma
das melhores legislações do mundo, não há efetivação prática. Entende-se que um
texto bem escrito não é garantia de prática efetiva da lei, é a chamada cidadania de
papel, como classifica Sacristan (2000, p. 41), “garantida nos papéis, mas não existe de
verdade”. Ainda conforme o autor:
• DICA DE LEITURA:
Você não pode deixar de ler esse livro: O Cidadão de Papel - DIMENSTEIN, Gilberto.
Acesse o link e leia essa importante referência.
Não significa que a Educação Popular não possa agregar estes itens elencados. Mas,
em suma, a Educação Popular deve ser aquela que promove o comprometimento das
pessoas e a participação destas no exercício do poder, na esfera pública ou privada,
com autonomia e informação. A manipulação e a cooptação descaracterizam e
desestimulam a participação livre e ativa dos sujeitos, que têm a capacidade de
transformar.
De acordo com Freire (1983, p. 28), o homem busca a Educação porque sabe
que é um ser inacabado, ele quer ser mais; porém, essa busca não pode ser solitária,
necessita ser mais com os outros, senão – sozinho – busca-se ter mais e ser menos.
A partir da proposta libertadora de Paulo Freire, a Educação Popular deve ser pautada
pela valorização dos saberes entre educador e educando, tendo como objetivo
principal a transformação social.
• PARA REFLETIR
De acordo com a leitura, ficou claro que o homem deve ser o sujeito de sua própria
Educação. Não pode ser o objeto dela. Mas, afinal, o que isso significa na prática?
Pode-se afirmar que é necessário que haja troca de saberes entre o educador
(saber formal) e o educando (saber informal), e que deve ser promovida a interação
entre ambos no processo de ensino e aprendizagem. Neste tipo de Educação, é
preciso quebrar a postura unilateral de que o saber formal é mais importante e que
o educando nada sabe. Todo sujeito carrega consigo uma gama de conhecimentos
específicos, uma realidade subjetiva (seu mundo interior), que adquire por meio da
cultura e da história.
Trabalhar com a Educação das singularidades, ou seja, do ser próprio de cada um,
envolve conflitos, pois cada um tende a conservar seu modo de ser, sua realidade
subjetiva. Não obstante, fomentar a Educação Popular em indivíduos que se encontram
na fase da socialização secundária torna-se um trabalho árduo, visto que o indivíduo
procura preservar o que apreendeu na socialização primária1.
1Nota-se que socialização primária é a adquirida, no contexto escolar, na Educação Infantil e Ensino
Fundamental 1 (1º ao 5º ano) e socialização secundária no fundamental 2 (6º ao 9º ano).
• PARA REFLETIR
No que tange à função social da escola, Vygotsky (1997) afirma que socializar o
saber sistematizado, tornando-o instrumento para as classes populares na aquisição
de conhecimentos e habilidades para a luta contra as desigualdades sociais e para a
Importante esclarecer que não se deve culpabilizar o professor por tal ação, porque
há uma série de fatores que podem influenciar e cooperar para a baixa qualidade
motivacional dos estudantes: a obrigatoriedade da frequência à escola; conteúdos
curriculares dissociados da realidade; atividades pouco ou nada desafiadoras;
precariedades na infraestrutura; escassez de recursos tecnológicos, entre outros.
Acrescenta-se a esse conjunto a preocupação dos estudantes em focalizar atenção
sobre as exigências que devem ser atendidas com êxito, além de satisfazer aos
interesses familiares e sociais (BROOPY, 1987). Tais situações despertam grande
apreensão em todos os envolvidos com a aprendizagem (e, obviamente, sobretudo
nos alunos), acarretando desmotivação – e aluno desmotivado não aprende tudo
que pode e não desenvolve sua capacidade ao máximo (STERNBERG, 1998).
Seção 2
Práticas de Cidadania Popular em nosso país não são recorrentes, embora, temos
alcançado muitas conquistas após o fim do regime militar (1964-1985), principalmente
no âmbito dos direitos. Sabe-se que a cidadania está muito distante da maioria da
população brasileira, pois a conquista dos direitos políticos, sociais e civis não afastou
a miséria, os altos índices de desemprego, de analfabetismo e o drama nacional das
vítimas da violência particular e oficial.
• DICA DE FILMES
1. A escola da vida.
a) Escolarização.
b) Conscientização.
c) Libertação.
d) Aprendizagem.
e) Luta.
TOME NOTA:
a) V - V - V - V - F.
b) F - F - F - V - V.
c) F - V - V - F - V.
d) F - V - V - V - V.
e) F - V - F - V - V.
Referências
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Bom estudo!
Seção 1
Isso quer dizer que, para uns, o desenvolvimento começa quando se estabelece o
envolvimento com seu meio social, vários processos internos de desenvolvimento são
desencadeados de modo a permitir um novo grau de desenvolvimento. Para outros,
começa por meio da observação, imitação e experimentação das instruções de
pessoas mais experientes. Vivenciamos desde a primeira infância diversas experiências
físicas e culturais que contribuíram para a construção do conhecimento a respeito do
mundo em que estamos inseridos.
• PARA REFLETIR
"O ser humano se diferencia dos outros animais por ter seu encéfalo altamente
desenvolvido, por ter polegar opositor e por ser livre. Livre é o estado daquele que tem
liberdade. Liberdade é a palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que
explique e ninguém que não entenda". Essa descrição foi retirada do documentário
de Jorge Furtado, denominado Ilha das Flores, disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=KAzhAXjUG28> Acesso em: 21 mar. 2016. Após assistir ao vídeo, vale
questionar: Que desenvolvimento é esse?
Nos Processos Proximais, o ser humano é visto como um ser ativo, capaz de
modificar e ser modificado pelo seu ambiente, tais processos produzem dois tipos de
efeito: de competência (aquisição e desenvolvimento de conhecimentos, habilidades
e capacidades para conduzir e direcionar seu próprio comportamento) e disfunção
(manifestação recorrente da dificuldade de manter o controle e a integração do
comportamento em diferentes domínios do desenvolvimento).
famílias buscam algum tipo de apoio e auxílio, seja emocional, moral ou financeiro”
(DE ANTONI; KOLLER, 2005), as chamadas ONGs e instituições de caridade.
O apoio social também compõe a rede de proteção e, ainda, segundo Brito e Koller
(1999), refere-se a um conjunto de sistemas ou de pessoas significativas que fazem
parte de uma rede de relacionamentos. Para que a competência se configure em
fatores protetivos é imprescindível que “o indivíduo possua um conjunto de recursos
que o capacite a atuar com eficiência nos mais diversos contextos que constituem
sua rede social” (COPEETTI; KREBS, 2008). Ainda, segundo os autores, é necessário
atrelar aos recursos a disposição pessoal para reorganizar as ações que trarão, como
consequência, maior engajamento.
É importante delinear que tanto o fator protetivo como o fator de risco são
fomentadores da resiliência (recurso interno do sujeito, presente ao longo da vida,
que é solicitado para ser utilizado em determinados momentos); também, pode ser
entendida como a capacidade de enfrentamento que se manifesta perante os riscos,
para alguns teóricos, todo ser humano deve desenvolver-se em situação de resiliência.
Para Carvalho:
• DICA DE FILME
no cuidado, zelo, acolhimento e uma líder que enxergava e que promovia estratégias
de sobrevivência) que facilitou o uso das estratégias para permanecerem na luta.
Entende-se que, diante do risco, a resiliência foi solicitada. Infere-se, por meio desse
romance, que as pessoas no extremo da luta pela sobrevivência podem sucumbir ou
criar estratégias de enfrentamento, aí reside a resiliência.
Com essa breve reflexão acerca dos pressupostos teóricos, pode-se afirmar que
tal teoria é de suma importância e relevância frente aos estudos e às pesquisas do
desenvolvimento humano. Ao considerar o imbricamento dos componentes do
Modelo PPCT como relevantes para os processos de desenvolvimento e aprendizagem
de qualquer indivíduo ao longo da vida, Bronfenbrenner promove uma visão mais
integrada do ser humano, pautada no equilíbrio entre o ambiente e o ser.
Não se pode negar a genética e a influência que ela exerce sobre nossas
ações, muito embora sejamos seres totalmente modificáveis, o que significa que
a diversidade cultural e social em que estamos inseridos contribui e muito para o
pleno desenvolvimento humano, auxiliando-nos a ser como somos. Se uma criança
pobre, que reside na favela, filha de pais analfabetos, tiver contato com o mínimo de
informação e recurso, ela pode modificar sua realidade, tornar-se autônoma.
Já a relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mas mediada por
ferramentas culturais e instrumentos psicológicos por ele denominados linguagem
e signos (verbais, numéricos, musicais, gráficos, gestuais etc.). Esses signos são
construídos socialmente de modo arbitrário e agregam significados culturais históricos,
por isso são compartilhados por todos.
• DICA DE LEITURA
A grande ênfase nesta Lei é a educação para a cidadania. Educar para a conquista
da cidadania plena, para a busca da justiça social, do bem comum e da realização
pessoal do indivíduo.
A escola trabalha com conceitos que podem ser definidos por um sistema de
relações e generalizações contidas nas palavras. Já os conceitos cotidianos são os
construídos a partir da observação, manipulação e vivência direta da criança com o
seu meio. Os conceitos científicos são conhecimentos sistematizados, adquiridos na
escola, que é a responsável pela ampliação dos conceitos cotidianos, porém de modo
formal. Aprender um conceito exige recepção de dados e intensa atividade mental.
Ainda segundo Andreatta (2010, p. 13), "o indivíduo experimenta diversas estratégias
de aprendizagem desde criança, tendendo sempre a repetir aquela com a qual obteve
maior eficácia. Assim, cada um tem uma estratégia que funciona melhor para si"
Sendo o processo metacognitivo diferente para cada um, torna-se necessário que o
Aprofundando o conhecimento
Seção 2
Apresentar em poucas linhas todas as respostas para questões tão complexas seria
inviável, muito embora tentaremos esboçar caminhos que podem nos orientar na
busca por tais respostas. Iniciaremos perpassando pelo contexto escolar.
Para que a escola favoreça esse desvelamento e reflexão crítica deve apresentar
as características da Escola Cidadã, "escola que não pode ser jamais licenciosa nem
jamais autoritária. É uma escola que vive a experiência tensa da democracia" (PADILHA,
2001).
Uma Educação com tais características requer uma didática compatível, que facilite
o processo de desalienação e contribua para o desenvolvimento de um ser reflexivo
e crítico, comprometido com a humanização. Para isso, concordamos com Luckesi,
que nos aponta compromissos políticos, pedagógicos e profissionais necessários à
ação didática. Em relação aos compromissos políticos da didática, Luckesi (1987, p. 12)
enfatiza que esta deve estar “[...] direcionada por fins determinados, por compromissos
políticos claros e explícitos”, e não condicionada a apenas práticas burocráticas e
aspectos técnicos com um “pano de fundo” de pretenso caráter neutro e a-histórico.
Já o compromisso pedagógico da didática tem a ver com “[...] seu objetivo primeiro
que é oferecer condições de aprendizagem da maneira mais fácil e mais rica possível.
” (LUCKESI, 1987, p. 13), esse objetivo contém três pontos básicos:
Por fim, defendemos uma práxis pedagógica que seja conduzida por relações
sociais horizontais e sem opressão. Que promova uma ação didática crítica e criativa,
Aprofundando o assunto
Para saber mais sobre o currículo do Serviço Social, leia: GUERRA, Yolanda. O
potencial do ensino teórico-prático no novo currículo: elementos para o debate.
Revista Katalysis, Florianópolis, v. 8, n.2. p.147-154, jul/dez. 2005.
Nesse texto, a autora faz considerações acerca do currículo para o Serviço Social e
do seu potencial teórico-prático.
Algumas pistas são dadas por Faustini et al. (2007) como contribuição para a
Fique sabendo
Seção 3
Esquema (DS)
x
x x
Maquete (OM) (EM)
Sobre o trabalho realizado no Brasil, Berbel (2011) observa que Charles Maguerez
traz uma modificação na apresentação estética da figura do Arco e na descrição das
suas etapas, mesmo passando a trabalhar com a palavra “problema”, ou melhor, para
a solução deste. Contudo, ainda permanece a centralidade no técnico (monitor)
que irá conduzir o método do Arco com o público-alvo, caracterizado mais pela
reprodução do que pela reflexão, concepção esta que difere da qual Berbel tem
utilizado, e que descreveremos mais adiante.
Teorização
Pontos- Hipóteses
Chave de solução
Observação
Aplicação
da Realidade
à Realidade
(problema)
REALIDADE
A terceira versão para o Arco de Maguerez, criada por Berbel e (re) nominada como
Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez, tomou um caminho
diferente das outras duas versões. Na versão original, não se constata claramente
que Maguerez utilizasse em sua metodologia a problematização da realidade, seja
pelos monitores ou pelos aprendizes. Outra diferença entre a versão primeira e a
de Berbel é que Maguerez centrava as ações/decisões nos técnicos ou monitores,
descaracterizando a pesquisa dos sujeitos da aprendizagem, pesquisa que Berbel
defende como essencial para a construção do conhecimento.
Optando por este tipo de educação em seus estudos, Berbel relaciona, também, as
etapas do Arco com o conceito de práxis, fundamentada na obra de Adolfo Sánchez
Vásquez (1977), caracterizando assim a MP a partir de fundamentos do materialismo
histórico. Pois, enquanto opção ético-política, a MP aponta para a ação concreta do
homem na transformação social da realidade, com o compromisso de humanização
dessa ação. E do ponto de vista teórico-metodológico e técnico-operativo, ou seja,
em seu caminho de entender a realidade e atuar nela, a MP propõe que o sujeito que
a utiliza supere o entendimento da realidade dada, desvelando-a, e que retorne a ela
com uma intervenção que a transforme em algum grau.
Dessa forma, Berbel distancia-se, em alguns aspectos, das outras duas versões
de explicação do Arco, a de Maguerez e a de Bordenave e Pereira, tanto em relação
a sua utilização prática, quanto em sua fundamentação teórica. Suas escolhas,
realizadas a partir do estudo de educadores e pensadores brasileiros como Paulo
Freire, Demerval Saviani, José Carlos Libâneo, Cipriano Carlos Luckesi e outros, leva
a autora a aproximar a MP de teorias críticas e histórico-crítica, o que lhe permite
diferir das outras duas versões, pautadas mais por uma concepção conservadora de
educação, principalmente no que tange ao compromisso de transformação social
da realidade. O estudo epistemológico da MP é continuado por Berbel (2011), e
aguarda a sua conclusão.
Teorização
Observação da Aplicação à
Realidade (Problema) Realidade (Prática)
REALIDADE
Fonte: Berbel (2011).
Para uma melhor compreensão acerca da MP e a práxis, favor consultar Berbel (2006; 2011).
1
Para definirmos um problema, que pode ser formulado a partir de uma pergunta,
de uma afirmação que o justifique ou da negação de algo, é necessário fazermos um
questionamento para questões que ainda não tenham uma resposta dada, nem do
senso comum, nem filosófica, nem científica. Trata-se de uma questão que necessita
de investigação, no caso da MP, em nível científico, e com rigor metodológico que
leve à sua compreensão, por mais simples que seja. É o que nos alerta Berbel.
Os dados coletados devem ser tratados e analisados. Essa etapa permite que
que utilizam a MP, em relação à sua práxis como cidadãos, em menor ou maior
grau, verifica-se alguma “[...] mobilização intelectual, afetiva, política e social dos
participantes, e que lhes acrescenta ainda, em seu conjunto de saberes, um método
de estudo e de leitura da realidade [...]” (BERBEL, 2006, p. 3333).
Vídeo:
(A) Microtempo
(B) Mesotempo
(C) Macrotempo
Referências
A ATUAÇÃO DO SERVIÇO
SOCIAL NA POLÍTICA DE
EDUCAÇÃO
Amanda Boza Gonçalves Carvalho
Objetivos de aprendizagem:
Nesta unidade, temos como objetivo o aprofundamento reflexivo sobre a
atuação do Serviço Social na Política de Educação, dando enfoque principal à
escola enquanto espaço sócio-ocupacional do Assistente Social.
Introdução à unidade
Seção 1
Já que falamos sobre campo de trabalho, outra premissa básica dessa discussão
está atrelada à necessidade do Assistente Social de romper com uma visão endógena
da profissão, conforme referenciado por Martins:
Seção 2
inserção do Assistente Social no espaço da escola. Tal inserção é datada de 1930, mas
não em grandes proporções. Nessa época, o Governo do Estado de Pernambuco
deferiu um ato que apresentava os Assistentes Sociais como “agentes de ligação
entre o lar e a escola” (PINHEIRO, 1985, p. 46). A atividade estava relacionada ao
acompanhamento de famílias com baixos rendimentos. Vale lembrar que se trata
de uma época em que os profissionais atuavam em uma perspectiva moralizante e
individualizadora.
O estado do Rio Grande do Sul também foi um dos pioneiros a atrelar o trabalho
do Assistente Social à Educação. Os profissionais de Serviço Social eram chamados
à intervenção em situações no ambiente escolar que eram consideradas desviantes,
como uma anormalidade social (AMARO, 1997). Na década de 1950, em Porto
Alegre, um evento foi realizado para debater a intervenção do profissional nesse
espaço.
Esses e outros artigos foram revogados pela Lei nº 9.394, de 1996. Já em 1973,
foi promulgado o Decreto nº 72.846, o qual regulamentou a profissão de Orientador
Educacional. Tal legislação foi causadora de um incômodo por parte dos Assistentes
Sociais, todavia, acabou influenciando a inclusão dos profissionais de Serviço Social
em equipes multiprofissionais. Vejamos um fragmento do Decreto citado:
Até aqui, é possível perceber o quanto o Serviço Social foi ganhando espaço na
política de educação, não somente pelas legislações outrora promulgadas, como
também pelo crescimento dos debates profissionais sobre essa área. Contudo, tal
cenário começou a mudar na década de 1980. O aumento da oferta de emprego
em áreas distintas da educação, como a política de saúde, por exemplo, cuja
proposta salarial era mais significativa, somada à precarização do trabalho na área
da educação, fizeram com que houvesse uma redução expressiva de Assistentes
Sociais na política de educação.
Essa também foi uma época em que os assistentes sociais, movidos pela
inquietude e pela não concordância com o tradicionalismo, iniciaram um processo
de questionamentos sobre a conjuntura da época e sobre o papel profissional que
desempenhavam. Desse processo, surge o chamado Movimento de Reconceituação
na América Latina. O objetivo era conceituar as bases teóricas, metodológicas, éticas
e políticas. Aproximaram-se das Ciências Sociais e de outras áreas do conhecimento,
as quais proporcionaram uma análise crítica da sociedade de classes latino-
americana. Os modelos de atuação profissional, importados do Estados Unidos e
Europa, foram colocados em cheque. É oportuno lembrar que o Brasil passava pelo
período de ditadura militar e isso fez com que o Movimento de Reconceituação no
país tivesse características mais brandas.
Aproveitando o destaque nesse texto sobre o referido projeto, vale fazer uma
ressalva sobre a proposta, que não tem relação direta com o Serviço Social e
educação, mas sim sobre um erro que comumente lemos ou ouvimos. Vocês
identificaram o equívoco com a nomenclatura dada ao profissional nesse projeto? O
deputado chama os Assistentes Sociais de profissionais de Assistência Social! Caros
leitores, devemos sempre nos atentar para não cometermos esse erro. Serviço Social
é uma profissão, Assistência Social é uma política, são coisas totalmente distintas. A
política de Assistência Social é uma das áreas de trabalho do Assistente Social.
encaminhadas ao Senado.
o No período de realização do XIII CBAS, a defesa do PLC 060 fez
parte das reivindicações da categoria no Ato Político realizado
pelas/os participantes do evento em Brasília, em 3/8/2010.
o Gestões junto à presidência da CSSF para inclusão do Parecer
do relator na pauta da comissão.
o Reunião com a deputada relatora, juntamente com o CFP,
solicitando seu parecer favorável ao PL.
o Mobilização junto aos CRESS, assistentes sociais e estudantes
para participação na audiência pública, em 6/12/12. Estiveram
presentes os CRESS AL, BA, DF, GO, RJ, RN, SP e TO, além de
diversos assistentes sociais da base (DF), estudantes e docentes
UnB, que lotaram o Plenário Florestan Fernandes.
o CFESS foi representado na mesa de debate pela conselheira
Maria Elisa Santos Braga, tendo ainda a participação de Carlos
Felipe Nunes Moreira, representando o GT Educação do Conjunto
CFESS/ CRESS, conselheiro do CRESS-RJ. Participou também o
CFP e outras entidades convidadas pela relatora do PL.
Divulgação de matéria no site do CFESS (CFESS, 2013).
A partir dessas ações, podemos dizer que a categoria profissional não ficou
alheia aos acontecimentos. Cabe aos Assistentes Sociais e estudantes continuarem
acompanhando o processo e ir “dando caldo” a essa luta, que é de todos.
Seção 3
A prática é tudo o que o ser humano faz, nenhuma prática é neutra. Já a teoria
é a abstração mental, ou seja, a prática na sua dimensão abstrata. A práxis, por sua
vez, é a reunião da prática com a teoria. A partir do momento que aliamos esses
dois conceitos, temos a catarse, enquanto passagem de um nível menor para um
nível maior de conhecimento. “Aquilo que eu sabia, agora continuo sabendo de
uma forma melhor”. Após o aprendizado, olhar para o lado que já era conhecido,
entretanto, a partir de um olhar diferenciado.
Podemos dizer que a gênese dos projetos societários acontece por meio de
projetos macroscópicos, que trazem em seu bojo propostas para o conjunto da
sociedade. Dessa forma, o projeto societário é o único que apresenta a característica
da amplitude e inclusividade, o que não acontece no caso do projeto profissional,
por exemplo.
O ato de viver em sociedade tem relação com a educação. Isso porque estamos
envoltos em um processo educacional que não deve ser vislumbrado de uma única
forma. Não devemos olhar para a escola como único local no qual esse processo
se desenvolve e o docente como o único responsável por isso, embora algumas
pessoas “terceirizarem” a educação dos filhos delegando-as unicamente à escola.
Sob essa ótica, podemos compreender que o Assistente Social auxilia a escola
no alcance dos objetivos, atuando significativamente na tríade escola-família-
comunidade. A intervenção profissional está voltada para o público interno e externo.
Mas como planejar uma atuação profissional sem conhecer tal público? Uma análise
real da instituição, do território e do público atendido é muito importante para que
Sob o pano de fundo dessa realidade, é preciso que a escola identifique quais
são suas possibilidades, potencialidades, limites e fraquezas. O Assistente Social,
por sua vez, deve apreender tal realidade, para que consiga apresentar propostas
de intervenção eficazes e focadas, que tenha conhecimento do seu instrumental
técnico-operativo, que coloque em prática sua habilidade criativa para apresentar
novas propostas, caso necessário, que possa monitorar e avaliar sua postura e
resultados profissionais, bem como suas atitudes éticas.
A) Ético-política.
B) Teórico-metodológica.
C) Técnico-operativa.
D) Político-ideológica.
Seção 4
Agora vamos, abordar um pouco mais cada ponto elencado com a proposta do
referido Parecer! O primeiro item propõe uma “pesquisa de natureza socioeconômica
e familiar para caracterização da população escolar”. Essa orientação é importante
não somente para o Assistente Social que iniciará o trabalho em uma escola, por
exemplo, mas também para qualquer área. É necessário conhecer a instituição
na qual atua e também o público atendido. Somente com essa visão será possível
propor uma intervenção direcionada e mais assertiva. Sabemos que, em muitos
espaços de trabalho, as atribuições do Assistente Social (e de outros cargos também)
já estão previamente estabelecidas, uma vez que a instituição se organizou para a
criação do cargo e contratação. O profissional precisa conhecer, compreender e
analisar como será a ação a partir da descrição já elencada. Para isso, a pesquisa de
natureza socioeconômica e familiar para caracterização da população escolar é de
suma importância.
Outro meio para operacionalizar tal pesquisa é identificar aquilo que já foi
produzido pelo Assistente Social, caso a instituição já tenha tido um. Vale lembrar
que o profissional faz muitos atendimentos individuais e em grupo, portanto, muitas
A busca pela descoberta nos faz conhecer ainda mais aquilo que está além
da aparência, do imediato. A Teoria Social de Marx referenda essa busca pelo real
por meio da perspectiva de totalidades concretas. Analisar a realidade por essa
perspectiva significa compreender que ela é articulada por totalidades parciais,
que é a síntese das determinações sociais, políticas, ideológicas, econômicas, por
exemplo. A realidade vai se desvelando na medida em que essas totalidades parciais
se inserem em totalidades mais amplas. A concepção de totalidade justifica a análise,
a priori, pelas parcialidades, imediaticidades, pelas relações empíricas. Esse é o ponto
de partida.
Diante desse contexto, quando o Assistente Social decide assumir essa linha
teórica, acaba tendo clareza de que a realidade não se coloca imediatamente à sua
compreensão. Trabalhamos cotidianamente com fatos que, em sua concretude,
são muito mais complexos do que aquilo que se apresenta na sua aparência. E
como podemos apreender esse objeto? Por meio de aproximações sucessivas da
realidade. A cada aproximação algo se mostra, se clarifica. Essa é a processualidade
de uma investigação, a cada momento um novo patamar se descortina. Talvez essa
pesquisa nunca leve o pesquisador à realidade em sua concretude, entretanto, o
processo de aproximação nos ensina algo novo a cada patamar que chegamos.
Outro ponto importante a ser destacado nesse tópico trata-se da forma como
devemos abordar esses temas com os alunos. Sabemos da existência de vários
recursos que podem facilitar esse processo. Não devemos ficar presos somente
ao modelo “palestra”, por exemplo. Estratégias devem ser pensadas para garantir a
eficiência do processo, a fim de atingir resultados mais assertivos. Sugerimos também
que os resultados desse trabalho sejam de alguma forma avaliados, só assim saberão
se estão no caminho certo.
O quinto ponto elencado no Parecer Jurídico tem intrínseca relação com o tópico
anterior. A proposta é de “realização de visitas sociais com o objetivo de ampliar o
conhecimento acerca da realidade sociofamiliar do aluno, de forma a assisti-lo e
encaminhá-lo adequadamente”. Vamos falar agora de um dos instrumentos mais
conhecidos e utilizados pelo Assistente Social: a visita domiciliar! Tal instrumento
percorreu um contexto histórico, junto ao desenvolvimento da própria profissão:
É notório que as atribuições dos Assistentes Sociais nessa época tinham total
relação com a formação e orientação da própria categoria profissional nesse momento
histórico. Independente do objetivo para o qual utilizavam a visita domiciliar, ela já
era considerada um dos principais meios para ação profissional. A visita domiciliar na
contemporaneidade está estritamente relacionada ao processo de conhecimento
de uma dada realidade social que envolve um ou mais usuários, e também das
perspectivas de superação e de acesso à inclusão social. Assim, as visitas domiciliares
“têm como objetivo conhecer as condições (residência, bairro) em que vivem tais
sujeitos e apreender aspectos do cotidiano das suas relações, aspectos esses que
geralmente escapam às entrevistas de gabinete” (MIOTO, 2001, p.148).
Ao fazer uma visita domiciliar, é importante que o Assistente Social tenha clareza
sobre o motivo da realização da visita (por que) e qual o momento adequado
(quando). Os profissionais devem ter conhecimento suficiente sobre o assunto a
ser abordado e o roteiro a ser utilizado, além disso, devem ter a consciência de que
estão entrando na vida privada de uma determinada pessoa ou família. O respeito,
cautela e o sigilo são de fundamental importância! O Assistente Social deve aceitar
as condições que serão oferecidas no momento da visita, como o local que lhe é
destinado para sentar ou ficar em pé. A visita domiciliar não deve ser agendada em
horário que possa atrapalhar a dinâmica da família, como o momento em que os
pais precisam levar os filhos à escola, por exemplo.
Vale ressaltar que após uma visita domiciliar devemos elaborar o registro das
informações obtidas. O detalhamento desse procedimento será feito ainda nesse
capítulo.
Outrossim, não devemos surpreender o usuário, bem como seus familiares, com
uma visita domiciliar surpresa. Isso pode constranger a família, expor a situação aos
vizinhos, além de não corresponder a um comportamento ético. Caso o profissional
identifique algo incoerente, ele deve conversar com o usuário, não agindo de forma
policialesca, autoritária ou fiscalizadora. E se, mesmo sendo combinado previamente,
no ato da visita o usuário não autorizar a entrada do Assistente Social? Nesse caso, o
profissional deve deixar claro o motivo pelo qual a entrevista deve acontecer.
Outros profissionais podem fazer visita domiciliar? Sim! Cada um com o seu
propósito técnico. O Assistente Social tem a obrigação de fazer com que uma visita
domiciliar não seja uma simples constatação. A visita domiciliar é um instrumento de
apreensão da realidade social.
Mais uma vez lembramos que, para pensar, planejar e executar ações voltadas para
pessoas com deficiência, também é necessário ter conhecimento teórico sobre o
assunto. Muitas pesquisas estão sendo feitas no tocante a essa temática, cabe a cada
profissional a especialização no assunto.
a) Em um estudo social.
b) Em uma perícia social.
c) Em uma visita domiciliar.
d) Em uma reunião de grupo.
a) I e II.
b) I.
c) II e III.
d) I e III.
e) I, II e III.
a) Cidadania; Política.
b) Direitos; Política.
c) Educação; Emancipação.
d) Cidadania; Cidadania.
e) Ética; Ética.
a) V - V - V - F.
b) F - F - V - V.
c) V - F - V - V.
d) V - V - V - V.
a) Teórico-prática.
b) Técnico-operativa.
c) Ético-política.
d) Teórico-metodológica.
Referências
PINHEIRO, M. E. Serviço Social: infância e juventude desvalidas. São Paulo: Cortez; Rio
de Janeiro: Centro de Produção da UERJ, 1985.
SILVA, Í. B. Uma pedagogia multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar para o
Ensino/aprendizagem da Física. In: 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária.
2004, Belo Horizonte. Anais... UFMG/ Belo Horizonte, 2004. Disponível em: <https://
www.ufmg.br/congrext/Educa/Educa173.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2016.
WITIUK, I. L. A trajetória sócio-histórica do serviço social no espaço da escola. Tese
de Doutorado em Serviço Social. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São
Paulo: 2004.
COMPREENDER A
IMPORTÂNCIA DO
SERVIÇO SOCIAL NOS
DIVERSOS NÍVEIS DE
ENSINO, OBSERVANDO AS
INSTITUIÇÕES FORMADORAS
COMO MANIFESTAÇÃO DA
QUESTÃO SOCIAL
Rodrigo Eduardo Zambon
Objetivos de aprendizagem:
Nesta unidade, queremos fomentar uma reflexão acerca de importantes
conceitos que levarão você a compreender a importância do serviço social
nos diversos níveis de ensino, privilegiaremos as manifestações da questão
social.
• Aqui, você vai ser levado a compreender a prática do Assistente Social e
os desafios inerentes à função.
• Irá conhecer qual é a atual conjuntura da formação do Assistente Social.
• Refletir acerca da articulação entre ensino e a prática profissional.
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Introdução à unidade
Bom estudo!
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Seção 1
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A educação perpassa pela vida do indivíduo desde os seus primeiros contatos com
o mundo. Dessa forma, pautados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
nº 9.394/96 – LDB, nosso país dividiu o ensino em dois níveis: Básico e Ensino
Superior, tendo por finalidade: [...] Art. 22. “A educação básica desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e
fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. A educação
básica está subdividida em diferentes etapas: Educação Infantil (0 a 3 anos), Pré-escola
(4 a 5 anos), Ensino Fundamental I (4 a 10 anos), Ensino Fundamental II (11 a 14 anos)
e Ensino Médio (15 a 17 anos), cada uma delas possui objetivos próprios e formas de
organização diversas.
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Esse nível de ensino ainda abarca a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o Ensino
Profissionalizante. Acerca da EJA, preconiza a LDB:
O Ensino Superior, por sua vez, é ofertado por universidades, centros universitários,
faculdades, institutos superiores e centros de educação tecnológica. O indivíduo opta
entre três tipos de graduação: bacharelado, licenciatura ou formação tecnológica. Os
cursos de pós-graduação são divididos entre lato sensu (especializações e MBAs) e
stricto sensu (mestrados e doutorados).
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Fique sabendo
A defesa do predomínio de vocação está associada ao possível fato de que
as pessoas possuem dons naturais e predisposição para desempenhar
determinadas funções. Logo, cuidar da socialização da criança é uma
função geralmente vista como natural da mulher. Deste argumento se
apropria a lógica de que a mulher é propensa ao sentimento, dedicação,
carisma, paciência, entre outros atributos que as levam a escolher
profissões menos valorizadas socialmente. Esta seria, no entanto, uma
concepção que permeia a história da formação docente, deixando
marcas profundas nas relações concretas de trabalho docente nos dias
atuais.
Pode-se acrescer ainda outro item que evidencia a falta de prestígio do docente
universitário: critérios de seleção e progressão funcional adotados pelas Instituições
de Ensino Superior e pelas políticas voltadas para a educação superior que
privilegiam titulação e a produção científico-acadêmica em detrimento da formação
pedagógica, uma formação que acreditamos ser mais comprometida com uma
educação pautada em saberes emancipatórios. Com base no exposto, Isaia (2006)
denuncia que: nas políticas institucionais e nos órgãos reguladores e/ou de fomento
como o MEC, a Capes e o CNPq não se encontram dispositivos que valorizem o
aprimoramento da docência.
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De acordo com Tardif (2002, p. 106), “após vinte anos de pesquisa, conclui-se
que os saberes dos professores se baseiam em suas experiências na profissão e
em suas próprias competências e habilidades individuais”. Disto convém dizer que
a prática docente está baseada no saber-fazer, vivenciado e experimentado como
profissional e até como aluno. Desse modo, sugere-se a transformação da escola
em um espaço de desenvolvimento social, a fim de instigar o docente a ser produtor
de múltiplos saberes ao invés de reprodutor de técnicas, visto que este está inserido
em um contexto histórico-cultural, e suas ações pessoais e profissionais não são
apenas de ordem individual.
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Seção 2
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social?
Para responder a tal questão, sugiro a leitura de Karl Marx (1968),
que fez uma análise a partir da sua relação com o trabalho,
apontando-o como fundamento ontológico do ser social.
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Por esta razão, a educação emancipadora, ao mesmo tempo em que não prescinde
da educação escolarizada, não se limita de forma alguma a ela. Qual o significado
então da educação escolarizada e da política educacional neste percurso?
Por outro lado, transformador ou não, o assistente social também sofre das
expressões da “questão social” da sociedade capitalista em sua profissionalidade.
As condições de trabalho são condicionadas de diversas formas, sendo elas: pelas
transformações no mundo do trabalho; pela política educacional do país, pela
instituição, pelas unidades menores, como o departamento etc.; pela formatação das
relações sociais de cada tempo; enfim, por um complexo conjunto de fatores que
condicionam nossa vida.
Para maiores informações ver: FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
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totalidade;
- análise do movimento histórico da sociedade brasileira,
apreendendo as particularidades do desenvolvimento do
capitalismo no país e as particularidades regionais;
- compreensão do significado social da profissão e de seu
desenvolvimento sócio-histórico, no cenário internacional e
nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na
realidade;
- identificação das demandas presentes na sociedade, visando
formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão
social, considerando as novas articulações entre o público e o
privado (CFESS, 2013. p. 26).
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Pode-se afirmar que o aparato legislativo contribui para que a atuação profissional
na Política de Educação se efetive em consonância com o fortalecimento do projeto
ético-político do serviço social e de luta por uma educação pública, laica, gratuita,
presencial e de qualidade. Muito embora, a atuação profissional voltada para a garantia
do acesso à educação escolarizada necessita ser compreendida para além dos
discursos de defesa da importância do direito social que se configura o aprender.
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Por fim, o CFESS (2013) lista uma agenda de lutas e trabalhos ainda a serem
enfrentados por toda a categoria para consolidação do serviço social na Política de
Educação:
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outros;
- Ampliar a participação da categoria de assistentes sociais nos
fóruns de controle social da Política de Educação, como os
conselhos de educação, as conferências municipais, estaduais
e federal de educação, bem como a articulação em espaços
de organização política dos trabalhadores e trabalhadoras da
educação, como os sindicatos, movimentos sociais, dentre outros;
- Articular e problematizar, com os/as demais profissionais da área
da educação e com a sociedade, a importância e legitimidade do
trabalho de assistentes sociais nesta política;
- Aprofundar a discussão acerca das particularidades da atuação
dos/das assistentes sociais na Política de Educação, considerando
que as atribuições e competências da categoria nos diversos
espaços sócio-ocupacionais são orientadas e norteadas por
direitos e deveres constantes no atual Código de Ética Profissional
e na Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8662/93), que devem
ser observados e respeitados tanto por profissionais quanto pelas
instituições empregadoras;
- Construir fóruns de discussão e realizar debates por meio de
oficinas, encontros, seminários locais e regionais, dentre outros,
aprofundando as reflexões sobre as possibilidades e limites da
atuação do/a assistente social nessa política;
- Estimular a criação de espaços sistemáticos de discussão sobre o
trabalho do/a assistente social na educação, no âmbito dos CRESS;
- Fortalecer a participação da categoria nas comissões de educação,
GTs, núcleos, câmaras temáticas e demais espaços de discussão
existentes nos CRESS, que tratem da atuação do/a assistente social
na educação;
- Articular com a ABEPSS para que o debate em torno da inserção
do serviço social na educação seja contemplado na formação
profissional;
- Discutir as particularidades e as diferentes compreensões sobre
a atuação dos/as assistentes sociais que se inserem no âmbito da
educação superior, para que se reconheçam como assistentes
sociais (conforme a Lei 8662/93) e como profissionais da Política
de Educação;
- Problematizar junto aos/às assistentes sociais que atuam na
área da educação acerca das particularidades da educação
popular, na perspectiva do aprofundamento teórico político e da
sistematização das experiências;
- Fortalecer as ações em torno da realização de concursos públicos
para assistentes sociais na Política de Educação, bem como para os
demais trabalhadores e trabalhadoras dessa política;
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Tome nota
Caro aluno, nesta unidade você teve acesso a importantes
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conceitos, como:
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a) V - V - V - V.
B) F - F - F - V.
C) F - V - F - V.
D) V - V - V - F.
E) V - F - F - V.
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Referências
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