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AUTORES:
MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador)

Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de


Planejamento e Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do Rio de
Janeiro (SMF/RJ). Aprovado nos seguintes concursos: Analista de Controle
Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ).
Analista e Técnico do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
(MPE/RJ) e Advogado da Dataprev.

RODRIGO DUARTE

Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF da 2ª


Região; Ex-Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU) e
Ex-Técnico de Atividade Judiciária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
(TJRJ); Aprovado e nomeado no concurso de Analista Processual do
Ministério Público do Rio de Janeiro (MPE/RJ).

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ÍNDICE

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1. POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL – PRF – 2019 - CESPE


2. AGENTE – POLÍCIA FEDERAL – 2018 – CESPE
3. ANALISTA JUDICIÁRIO – TJPR – 2019 – CESPE
4. ESCRIVÃO – POLÍCIA FEDERAL – 2018 – CESPE
5. ANALISTA - ANATEL – 2012 - CESPE
6. ANALISTA – EMAP – 2018 – CESPE
7. PAPILOSCOPISTA – POLÍCIA FEDERAL – 2018 – CESPE
8. TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/RS – 2015 - CESPE
9. TÉCNICO – TCU – 2015 - CESPE
10. ANALISTA DO MP – MPE/PI – 2018 – CESPE
11. TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/TO – 2017 – CESPE
12. ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/BA – 2017 - CESPE
13. AGENTE PENITENCIÁRIO – PERNAMBUCO – 2017 – CESPE
14. POLÍCIA CIVIL – PCPE -2016 – CESPE
15. ANALISTA – TCE/PE – 2017 – CESPE

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POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL – PRF – 2019 - CESPE

A Lei n.º 11.705/2008, conhecida como Lei Seca, por reduzir a tolerância com
motoristas que dirigem embriagados, colocou o Brasil entre os países com legislação
mais severa sobre o tema. No entanto, a atitude dos motoristas pouco mudou nesses
dez anos. Um levantamento, por meio da Lei de Acesso à Informação, indicou mais de
1,7 milhão de autuações, com crescimento contínuo desde 2008. O avanço das
infrações nos últimos cinco anos ficou acima do aumento da frota de veículos e de
pessoas habilitadas: o número de motoristas flagrados bêbados continua crescendo,
em vez de diminuir com o endurecimento das punições ao longo desses anos. Internet:
(com adaptações). Nas estradas federais que cortam o estado de Pernambuco, durante
o feriadão de Natal, a PRF registrou cento e três acidentes de trânsito, com cinquenta
e dois feridos e sete mortos. Segundo a corporação, seis motoristas foram presos por
dirigir bêbados e houve oitenta e sete autuações pela Lei Seca. Os números são parte
da Operação Integrada Rodovia, deflagrada pela PRF. Em 2017, foram registrados
noventa acidentes. No ano passado, a ação da polícia teve um dia a menos. Internet:
(com adaptações). Considerando que os fragmentos de texto acima têm caráter
unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema. O
COMBATE ÀS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO NAS RODOVIAS FEDERAIS BRASILEIRAS Ao
elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: 1 medidas adotadas pela PRF no
combate às infrações; [valor: 7,00 pontos] 2 ações da sociedade que auxiliem no
combate às infrações; [valor: 6,00 pontos] 3 atitudes individuais para a diminuição
das infrações. [valor: 6,00 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

O Brasil apresenta indicadores vergonhosos de acidentes, fatais ou não, nas


estradas, causando enormes prejuízos sociais e econômicos. A polícia rodoviária federal
possui um papel primordial para prevenir e reprimir tais acontecimentos.
Constitucionalmente incumbe à polícia rodoviária federal o patrulhamento
das rodovias federais, o que inclui, como decorrência lógica, a atuação na seara das
infrações de trânsito. Assim, em termos de fiscalização, a PRF age de formas variadas,
como a abordagem a motoristas para analisar se houve a ingestão de bebida alcoólica,
perquirição se o veículo possui alerta de roubo e, também, a própria repressão ao
tráfico de entorpecentes e armas. Em um país continental como o Brasil e a grande
ênfase no transporte rodoviário, a incidência de ocorrências ilícitas nas rodovias é
enorme.
Importante frisar que a PRF possui atuação na esfera preventiva, isto é, com
ações educativas de modo a conscientizar as pessoas acerca de como agir
corretamente, por exemplo, na condução de um veículo. Dentro desse aspecto, a
conscientização das crianças é primordial, a fim de criar uma geração a ter o respeito
às normas como norte. De tal forma, a sociedade também contribui para um trânsito
mais seguro, pois facilita a penetração de especialistas nos mais variados campos
sociais, como escolas, hospitais, centros comunitários... Tendo isso em mente, percebe-

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se que a sociedade pode ter comportamento proativo no sentido de convidar membros


da PRF para comparecerem a eventos sociais e, assim, permitir a difusão das ideias
acerca de um trânsito sadio.
No que tange às ações individuais para diminuir as infrações, a mais
importante é o respeito às leis por parte de cada cidadão. Por mais que existam
campanhas e ações repressivas, elas de nada adiantarão se cada um não tiver em
mente que é um agente responsável por estradas mais seguras. Conduzir sem usar o
celular, não ingerir bebidas alcoólicas, respeitar a sinalização e os limites de
velocidades.... As formas de respeito são muitas e dependem única e exclusivamente de
cada condutor.
Nota-se, com isso, que o trânsito seguro depende da confluência de esforços
entre os órgãos pertinentes, tais como a PRF, e a sociedade, em seu viés coletivo ou de
forma individual.
GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

Quanto ao desenvolvimento do tema, o candidato deve, a partir dos textos


motivadores, abordar o tema e os aspectos propostos, de maneira clara e coerente,
empregando os mecanismos de coesão textual. A abordagem dada ao tema pode
variar, mas o candidato deve demonstrar conhecer a atualidade do tema das infrações
nas rodovias, que vitimam inúmeras pessoas, além dos próprios ilícitos cometidos.
Com relação ao item aspecto 1, espera-se que o candidato aborde medidas que podem
ser implementadas ou que já são adotadas pela Polícia Rodoviária Federal no combate
às infrações nas rodovias, como o aumento de efetivo, a ampliação do uso de
equipamentos eletrônicos, o incremento de operações integradas no combate aos
ilícitos, as campanhas institucionais, entre outras. No item aspecto 2, espera-se que o
candidato aborde ações que podem ser feitas pela sociedade para diminuição das
infrações, como campanhas de iniciativa privada para aumento da conscientização da
conduta a ser praticada, palestras em entidades privadas com ampla divulgação,
envolvimento com escolas públicas e privadas em busca da conscientização da
sociedade, entre outras. No que se refere ao item aspecto 3, espera-se que o
candidato aborde atitudes que o indivíduo pode realizar para combater as infrações,
como a própria conscientização da conduta correta a ser praticada, a participação de
atividades educativas de trânsito, o envolvimento em atividades de ajuda a vítimas de
trânsito, entre outras. Observação: foram citadas algumas medidas, ações e atitudes
neste padrão de resposta apenas como exemplos. Aspecto Quesito 2.1 Conceito 0: não
abordou o aspecto medidas da PRF no combate às infrações. Conceito 1: mencionou o
aspecto duas ou mais medidas da PRF no combate às infrações, mas não o as
desenvolveu. Conceito 2: desenvolveu o aspecto duas ou mais medidas da PRF no
combate às infrações de forma inconsistente ou desconectada do texto como um
todo. Conceito 3: desenvolveu o aspecto duas ou mais medidas da PRF no combate às
infrações, articulando-oas com o tema e os demais aspectos, apresentando exemplos
de atuação. Aspecto Quesito 2.2 Conceito 0: não abordou o aspecto ações da
sociedade que auxiliem na diminuição das infrações. Conceito 1: mencionou o aspecto
duas ou mais ações da sociedade que auxiliem na diminuição das infrações, mas não o
as desenvolveu. Conceito 2: desenvolveu o aspecto duas ou mais ações da sociedade

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que auxiliem na diminuição das infrações de forma inconsistente ou desconectada do


texto como um todo. Conceito 3: desenvolveu o aspecto duas ou mais ações da
sociedade que auxiliem na diminuição das infrações, articulando-oas com o tema e os
demais aspectos, apresentando exemplos de atuação. Aspecto Quesito 2.3 Conceito 0:
não abordou o aspecto atitudes individuais para a diminuição das infrações. Conceito
1: mencionou o aspecto duas ou mais atitudes individuais para a diminuição das
infrações, mas não o as desenvolveu. Conceito 2: desenvolveu o aspecto duas ou mais
atitudes individuais para a diminuição das infrações de forma inconsistente ou
desconectada do texto como um todo. Conceito 3: desenvolveu o aspecto duas ou
mais atitudes individuais para a diminuição das infrações, articulandooas com o tema e
os demais aspectos, apresentando exemplos de atuação.

AGENTE – POLÍCIA FEDERAL – 2018 – CESPE

O preâmbulo da Constituição Federal de 1988 (CF) dispõe que o Estado democrático se


destina a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
pacífica das controvérsias. A missão das forças policiais é garantir ao cidadão o
exercício dos direitos e das garantias fundamentais previstos na CF e nos instrumentos
internacionais subscritos pelo Brasil (art. 5.º, § 2.º, da CF). O cumprimento dessa
missão exige preparo dos integrantes das corporações policiais, que devem perseguir
incansavelmente a verdade dos fatos sem se afastar da estrita observância ao
ordenamento jurídico vigente, que deve ser observado por todos, em respeito ao
Estado democrático de direito. Wlamir Leandro Motta Campos. Polícia Federal e o
Estado democrático. Internet: <www.direitonet.com.br> (com adaptações). O Brasil se
efetivou como um país democrático de direito após a promulgação da CF — também
chamada de Constituição Cidadã, por contar com garantias e direitos fundamentais
que reforçam a ideia de um país livre e pautado na valorização do ser humano. Com a
ruptura do antigo sistema ditatorial, o Estado tinha a necessidade de resgatar a
importância dos direitos humanos, negligenciados até então, porquanto, desde 1948,
havia-se erigido a Declaração Internacional dos Direitos Humanos no mundo. Já no art.
1.º da CF, afirma-se a condição de Estado democrático de direito fundamentado em
cidadania e dignidade da pessoa humana. O Brasil, por ser signatário de tratados
internacionais de direitos humanos, tem como princípio, em suas relações
internacionais, a prevalência dos direitos humanos. Yara Gonçalves Emerik Borges. A
atividade policial e os direitos humanos. Internet: <www.ambitojuridico.com.br> (com
adaptações). A partir das ideias dos textos precedentes, que têm caráter unicamente
motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema. O PAPEL DA POLÍCIA
FEDERAL NO APRIMORAMENTO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA Em seu texto, 1
discorra sobre o papel constitucional e social da Polícia Federal e sua relação com os
direitos humanos; [valor: 4,00 pontos] 2 cite contribuições da Polícia Federal
relevantes para a manutenção do Estado democrático de direito, especialmente
relacionadas aos direitos humanos; [valor: 4,00 pontos] 3 apresente sugestões de

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implantação de ações e(ou) projetos que possam contribuir futuramente para o


aprimoramento da democracia brasileira. [valor: 4,40 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A polícia é essencial para um Estado Democrático de Direito, especialmente no


sentido de viabilizar uma existência coesa do tecido social. Consequentemente, a
polícia federal exerce um papel muito importante nessa seara.

Apurar as infrações penais contra a ordem social e política ou que detenham


repercussão interestadual ou internacional, por exemplo, demonstram formas de
atuação repressiva estatal. Essa atuação não ocorre sem razão, isto é, pois tudo isso (e
as demais competências da polícia federal) servem, como fim maior, para assegurar a
coesão social e os direitos fundamentais. Ademais, ao reprimir o tráfico de drogas, de
pessoas e crimes econômicos, demonstra-se, aos cidadãos e ao mundo, que o Brasil,
por meio da polícia federal, cumpre diversos tratados internacionais (que abarcam, em
maior ou menor grau, os direitos humanos).

Por decorrência, ao agir na investigação e repressão ao tráfico de pessoas, os


integrantes da polícia federal atuam de forma contundente em uma temática que tem
uma triste recorrência. Traficar um ser humano é atentar contra o nível mais básico dos
direitos humanos. Outra contribuição, recorrentemente noticiado na mídia, são as
operações policiais contra a corrupção (que ocasiona fortes danos ao erário e também
para a própria sociedade). Impedir o desvio de verbas públicas é assegurar que o
Estado tenha mais capacidade financeira para, por exemplo, investir em serviços
públicos basilares, tais como a saúde e a educação.

Em que pese a atuação notória da polícia federal, ela precisa de maior


aparelhamento e contratação de pessoal na atividade finalística (e nas atividades
burocráticas inerentes). Ao investir em pessoal, com treinamento e acréscimo salarial
por produtividade, investe-se na própria nação. Somado a isso, outro ponto importante
para aprimorar a Democracia seria um aprimoramento da atuação nas fronteiras, a
fim de impedir a entrada de drogas e armamentos, que acabam por contribuir no
caldeirão de violência que assola o Brasil.

Nota-se, portanto, que a polícia federal é uma instituição muito importante


para o país. Por ser importante, ela precisa ser ampliada, aprimorada e os integrantes
devem ter capacitação contínua, a fim de que ela possa exercer seu mister
institucional.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

O candidato deve ser capaz de estruturar o seu texto em conformidade com os


padrões gerais da tipologia textual dissertativa, respeitando os fatores de textualidade
essenciais, com coesão e coerência. Espera-se que seja realizada no texto uma
discussão a respeito das relações entre o papel constitucional e social da Polícia
Federal no contexto brasileiro, considerando-se a história recente do país,
notadamente a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, conforme

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sugerem os textos motivadores. O candidato que na apresentação considerar apenas


um dos aspectos (papel constitucional, ou papel social, ou relação com os direitos
humanos) receberá a nota mínima do quesito. O candidato que apresentar o papel
constitucional e social da Polícia Federal e sua relação com os direitos humanos de
forma superficial ou que apresentar o papel constitucional e social da Polícia Federal,
mas não o relaciona com a temática dos direitos humanos receberá nota parcial. Para
receber nota máxima no quesito 2.1, o candidato deve apresentar, de forma
consistente, o papel constitucional e social da Polícia Federal e sua relação com os
direitos humanos. No quesito 2.2, o candidato deve ser capaz de citar contribuições da
Polícia Federal à garantia dos direitos humanos e ao aprimoramento da democracia
brasileira, dissertando sobre a importância dessas contribuições no atual quadro
histórico brasileiro. O candidato que não realizar a apresentação de atividades da
Polícia Federal relevantes para a manutenção do Estado democrático de direito,
especialmente relacionadas aos direitos humanos, receberá nota 0 (zero) no quesito. O
candidato que apresentar apenas uma atividade e não relacionar à temática dos
direitos humanos, ou que apresentar mais de uma atividade, porém não relacionadas à
temática dos direitos humanos ou que apresentar apenas uma atividade relacionada à
temática dos direitos humanos ou apenas cita atividades sem discuti-las receberá nota
mediana. Para receber a nota máxima no quesito, o candidato deverá apresentar e
discutir, de modo consistente, mais de uma atividade relacionada à temática dos
direitos humanos. Quanto ao quesito 2.3, espera-se que o candidato seja capaz de
formular propostas de intervenção relacionadas à temática, visando contemplar aquilo
que no tema está proposto como “aprimoramento” futuro da democracia brasileira. O
candidato que apresentar apenas uma sugestão não relacionada à temática ou
apresentar mais de uma sugestão, porém não relacionada à temática receberá a nota
mínima. O candidato que apresentar apenas uma sugestão relacionada à temática ou
apenas cita sugestões sem discuti-las receberá nota mediana. Receberá a nota máxima
o candidato que apresentar e discutir mais de uma sugestão relacionada à temática.

ANALISTA JUDICIÁRIO – TJPR – 2019 – CESPE

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às
fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais. § 1.º O Estado protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília - DF: Senado Federal, 1988. Os direitos culturais protegem o potencial que
cada pessoa possui — individualmente, em comunidade com outros e como grupo de
pessoas — para desenvolver e expressar sua humanidade e visão de mundo, os
significados que atribui a sua experiência e a maneira como o faz. Os direitos culturais
podem ser considerados como algo que protege o acesso ao patrimônio e aos recursos
culturais que permitem a ocorrência desses processos de identificação e de
desenvolvimento. Entrevista com Farida Shaheed, da ONU. In: Revista Observatório
Itaú Cultural, n.º 11, jan.-abr./2011 (com adaptações). Integrar os direitos culturais ao
rol de direitos humanos — ou seja, considerá-los direitos inerentes ao ser humano —

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traz consequências importantes ao tratamento desses direitos, que não podem, por
exemplo, sofrer nenhum tipo de distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza. Tais direitos
incorporam, ainda, outras características dos direitos humanos: são fundados no
respeito pela dignidade e no valor de cada pessoa; são universais, ou seja, são
aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas; são inalienáveis, de
modo que ninguém pode ser privado de seus direitos humanos (apesar de eles
poderem ser limitados em situações específicas); são indivisíveis, inter-relacionados e
interdependentes, já que não é suficiente respeitar apenas parte dos direitos
humanos; e devem ser vistos como de igual importância entre si. Nicolas Allen. Os
direitos culturais como direitos humanos: breve sistematização de tratados
internacionais. Internet: <http://institutodea.com> (com adaptações). Considerando
que os fragmentos de textos apresentados anteriormente têm caráter unicamente
motivador, redija um texto dissertativo abordando: 1 a importância da cultura para a
formação integral do ser humano; [valor: 14,00 pontos] 2 a relação entre cultura e
cidadania; [valor: 12,00 pontos] 3 o dever do Estado de garantir o acesso à cultura bem
como incentivar a difusão e preservação das manifestações culturais. [valor: 12,00
pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A cultura, e todos os seus desdobramentos sociais, é algo de muita importância


para uma sociedade e, como decorrência, para os seus integrantes. Ela permite a
compreensão, por exemplo, da construção da cidadania e das perspectivas
socioeconômicas de um determinado nicho social.

No que pertine à importância da cultura para a formação integral do ser


humano, ela é um meio essencial de enriquecimento da maneira como o sujeito
enxerga a si mesmo e ao mundo que o cerca. Afinal, compreender os contextos sociais,
econômicos e políticos perpassa pela análise dos fenômenos culturais do passado e do
presente, bem como os que podem vir a impactar no futuro (curto, médio ou longo).

Acerca da relação entre cultura e cidadania, verifica-se que fazer da cultura um


aspecto de destaque nas sociedades é relevante para a convivência social e para o
pleno exercício dos direitos dos cidadãos. Tal forma de agir permite que culturas
distintas possam conviver e, até mesmo dentro de um mesmo contexto cultural existem
diferenças que também devem ser compreendidas e respeitadas.

Em relação ao dever do Estado de garantir o acesso à cultura bem como


incentivar a difusão e preservação das manifestações culturais, tal ônus possibilidade a
difusão e preservação das manifestações culturais, como forma de assegurar o pleno
exercício da cidadania pelo povo. Se as pessoas conhecerem a própria cultura e a de
outras, poderão construir uma sociedade em que todos exerçam o sadio convívio
democrático.

Nota-se, portanto, que a cultura é um elemento essencial das pessoas e da


sociedade, ajudando na construção da história de um povo e das próprias pessoas.

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ESCRIVÃO – POLÍCIA FEDERAL – 2018 – CESPE

A consolidação de um direito brasileiro democrático da criança e do adolescente tem


suas origens na Campanha Criança e Constituinte, antes mesmo da entrada em vigor
do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/1990), por força de princípios
constitucionais que reconheceram a proteção integral e a prioridade absoluta no
estabelecimento de todas as políticas dirigidas à infância e à juventude. A doutrina da
proteção integral interfere, diretamente, na organização de um sistema de justiça
especializado e na adoção de uma legislação especial para regulamentar todas as
situações que envolvam criança ou adolescente, com especial destaque às situações
nas quais o adolescente é autor de uma infração à lei penal. Karyna Batista Sposato.
Por que dizer não à redução da idade penal. Brasília: UNICEF, 2007, p. 6. Internet:
<www.crianca.mppr.mp.br> (com adaptações). Tabela comparativa da idade de
responsabilidade penal juvenil e de adultos, em diferentes países país
responsabilidade penal observações juvenil de adultos Alemanha 14 18/21 De 18 a 21
anos de idade, o sistema alemão admite o que se convencionou chamar de sistema de
jovens adultos, no qual, mesmo após os 18 anos de idade, conforme o estudo do
discernimento, podem ser aplicadas as regras do sistema de justiça juvenil. Após os 21
anos de idade, a competência é exclusiva da jurisdição penal tradicional. Argentina 16
18 O sistema argentino é tutelar. Segundo esse sistema, a partir dos 16 anos de idade,
adolescentes podem ser privados de sua liberdade, se cometerem delitos, e podem ser
internados em alcaidías (estabelecimentos penitenciários destinados ao alojamento de
detidos que ainda não receberam detenção preventiva) ou penitenciárias. Brasil 12 18
O art. 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/1990) determina que
são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos de idade, sujeitos às medidas
socioeducativas previstas na lei a partir dos 12 anos de idade. Canadá 12 14/18 A
legislação canadense admite que, a partir dos 14 anos de idade, nos casos de delitos
de extrema gravidade, o adolescente seja julgado pela justiça comum e receba sanções
previstas no Código Criminal, porém estabelece que nenhuma sanção aplicada a um
adolescente poderá ser mais severa do que aquela aplicada a um adulto pela prática
do mesmo crime. China 14/16 18 A lei chinesa admite a responsabilidade de
adolescentes de 14 anos de idade nos casos de crimes violentos como homicídios,
lesões graves intencionais, estupro, roubo, tráfico de drogas, incêndio, explosão,
envenenamento etc. Em casos de crimes cometidos sem violências, a responsabilidade
somente se dará aos 16 anos de idade. Estados Unidos 10 (somente para delitos
graves) 12/16 Na maioria dos estados federados, adolescentes com mais de 12 anos de
idade podem ser submetidos aos mesmos procedimentos dos adultos, inclusive com a
imposição de pena de morte ou prisão perpétua. O país não ratificou a Convenção
Internacional sobre os Direitos da Criança. França 13 18 Os adolescentes entre 13 e 18
anos de idade gozam de presunção relativa de irresponsabilidade penal. Japão 14 21 A
Lei Juvenil Japonesa, embora possua uma definição de delinquência juvenil mais ampla
que a da maioria dos países, fixa a maioridade penal em 21 anos de idade.
Considerando que as informações precedentes têm caráter unicamente motivador,
redija um texto dissertativo a respeito do seguinte tema. A RESPONSABILIDADE PENAL

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NO BRASIL Em seu texto, posicione-se, de forma clara e fundamentada, a respeito da


redução da maioridade penal [valor: 4,00 pontos] e discuta os seguintes aspectos: 1
proteção da criança e do adolescente pelo Estado; [valor: 2,80 pontos] 2
redução/aumento da violência e tratamento dos adolescentes em conflito com a lei
como adultos; [valor: 2,80 pontos] 3 papel do poder público na elaboração de
políticas sociais com potencial de reduzir o envolvimento de adolescentes com a
violência no Brasil. [valor: 2,80 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA (POSIÇÃO FAVORÁVEL À REDUÇÃO):

A criminalidade urbana vem ficando cada vez mais intensa e violenta, havendo
várias notícias de que os jovens adentram cedo nesse ramo. Geralmente, os crimes
cometidos por menores ganham grande destaque, tendo em vista que toda a
sistemática processual criminal é diferente para eles.

A doutrina da proteção integral é o que caracteriza o tratamento jurídico


dispensado pelo direito brasileiro a crianças e adolescentes, cujos fundamentos
encontram-se no próprio texto constitucional, em documentos e tratados
internacionais e no ECA. Essa doutrina exige que os direitos humanos de crianças e
adolescentes sejam respeitados e garantidos de forma integral e integrada, mediante a
operacionalização de políticas de natureza universal, protetiva e socioeducativa. A
definição do adolescente como a pessoa entre 12 a 18 anos incompletos implica a
incidência de um sistema de justiça especializado para responder a infrações penais
quando o autor é adolescente. A imposição das medidas socioeducativas, e não das
penas criminais, relaciona-se justamente com a finalidade pedagógica que o sistema
deve alcançar, e decorre do reconhecimento da condição peculiar de desenvolvimento
em que se encontra o adolescente.

Logicamente, a modificação da maioridade penal (imputabilidade), por si só,


não irá resolver os males da violência, mas será uma forma de auxiliar no combate e
diminuir a impunidade. Além disso, as punições aos menores infratores costumam ser
ínfimas se comparadas aos delitos cada vez mais violentos (homicídios, estupros...).
Ademais, se uma pessoa pode votar para presidente da república aos 16 anos, ela
certamente possui plena consciência penal do que faz. Somado a isso, deve ser
lembrado que o jovem de hoje possui muito mais acesso ao conhecimento, isto é, não
se pode comparar a juventude do século XXI com a da época que foi editada o Código
Penal ou o período temporal no qual as teorias que buscam proteger essa parcela
social foram pensadas.

É evidente que reduzir não pode ser a única medida, mas algo deve começar a
ser feito, e não é com “coitadismos penais” que a situação calamitosa de violência
urbana será resolvida. É importante frisar que o processo penal juvenil acaba sendo
uma fonte para o cometimento de crimes, pois diversos criminosos usam justamente os
menores como instrumentos de delitos, já que sabem que a sanção será muito ineficaz
ou baixa. Isso naturalmente gera uma sensação de impunidade e de revolta no seio
social, notadamente nas vítimas ou familiares das vítimas.

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Somado à redução da maioridade penal, podem ser implementadas as medidas


que os defensores da manutenção da situação atual tanto alardeiam: fortalecimento
escolar, cultura e lazer. Afinal, ninguém em sã consciência é contra a ampliação ou
qualidade do serviço educacional. Mas o Estado deve dar uma resposta firme aos
infratores juvenis, especialmente para mostrar que as responsabilidades individuais
não podem ser transferidas para uma culpabilização nebulosa da sociedade.

Nota-se, portanto, que reduzir a maioridade penal é importante para dar uma
resposta à criminalidade, especialmente a juvenil, em atendimento aos reclamos da
sociedade.

SUGESTÃO DE RESPOSTA (POSIÇÃO CONTRÁRIA À REDUÇÃO):

A criminalidade urbana vem ficando cada vez mais intensa e violenta, havendo
várias notícias de que os jovens adentram cedo nesse ramo. Geralmente, os crimes
cometidos por menores ganham grande destaque, tendo em vista que toda a
sistemática processual criminal é diferente para eles.

A doutrina da proteção integral é o que caracteriza o tratamento jurídico


dispensado pelo direito brasileiro a crianças e adolescentes, cujos fundamentos
encontram-se no próprio texto constitucional, em documentos e tratados
internacionais e no ECA. Essa doutrina exige que os direitos humanos de crianças e
adolescentes sejam respeitados e garantidos de forma integral e integrada, mediante a
operacionalização de políticas de natureza universal, protetiva e socioeducativa. A
definição do adolescente como a pessoa entre 12 a 18 anos incompletos implica a
incidência de um sistema de justiça especializado para responder a infrações penais
quando o autor é adolescente. A imposição das medidas socioeducativas, e não das
penas criminais, relaciona-se justamente com a finalidade pedagógica que o sistema
deve alcançar, e decorre do reconhecimento da condição peculiar de desenvolvimento
em que se encontra o adolescente.

No país, as causas da delinquência estão correlacionadas a questões como:


desigualdade social, exclusão social, impunidade, falhas na educação familiar,
desestruturação da família, deterioração dos valores ou do comportamento ético,
individualismo, consumismo e cultura do prazer. A diminuição da maioridade em nada
reduzirá as mazelas produzidas por todos os fatores apontados. A única coisa que a
redução provocará é a punição de jovens afetados por uma realidade social da qual
eles não tiveram a menor culpa de pertencer.

Ademais, no que toca à impunidade, o Brasil possui uma alta taxa de


encarceramento, especialmente dentre os jovens e, ainda assim, a violência não
diminuiu, muito pelo contrário. Logo, reduzir a maioridade penal é colocar mais gente
em um sistema carcerário falido, que em nada ressocializa. Somado a isso, a prisão
comum não é um local adequado para um jovem infrator. Um menor de idade não
pode dividir cela com presos condenados por crimes hediondos. Os menores de idade,
tendo contatos com os outros presos mais velhos, teriam aproximação com uma
realidade ainda mais nefasta, retirando qualquer chance de reabilitação. Além disso,

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estariam expostos a situações constrangedoras para um adolescente, podendo sofrer


ataques sexuais e violações psicológicas.

O Poder Público deve agir marcantemente em políticas públicas para crianças e


adolescentes, notadamente na área da saúde, educação e cultura. O Estado e a
sociedade devem agir no viés social para, com isso, diminuir de forma estrutural os
indicadores de violência.

Por fim, várias pesquisas mostram que a redução não é uma medida útil no
combate à violência. Ela seria apenas um ato de violência para os jovens, sendo que
eles serão “jogados” em cadeias insalubres e teriam o futuro ceifado com penas
elevadíssimas, perdendo toda a chance de reinserção no seio social.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

Em linhas gerais, o candidato deverá abordar o tema, posicionando-se favorável, ou


não, à redução da maioridade penal. Quesito 2.1 - Proteção integral da criança e do
adolescente pelo Estado A redução da maioridade penal é tema bastante discutido,
especialmente com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33/2012, que tramita
em conjunto com outras três propostas (74/2011, 21/2013 e 115/2015). A doutrina da
proteção integral é o que caracteriza o tratamento jurídico dispensado pelo direito
brasileiro a crianças e adolescentes, cujos fundamentos encontram-se no próprio texto
constitucional, em documentos e tratados internacionais e no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Essa doutrina exige que os direitos humanos de crianças e
adolescentes sejam respeitados e garantidos de forma integral e integrada, mediante a
operacionalização de políticas de natureza universal, protetiva e socioeducativa. A
definição do adolescente como a pessoa entre 12 a 18 anos incompletos implica a
incidência de um sistema de justiça especializado para responder a infrações penais
quando o autor é adolescente. A imposição das medidas socioeducativas, e não das
penas criminais, relaciona-se justamente com a finalidade pedagógica que o sistema
deve alcançar, e decorre do reconhecimento da condição peculiar de desenvolvimento
em que se encontra o adolescente. Para receber nota máxima no quesito, o candidato
deve discorrer sobre a proteção da criança e do adolescente e mencionar o papel do
Estado nessa temática. Se o candidato não discorrer sobre a questão da proteção
integral da criança e do adolescente pelo Estado, receberá nota 0 (zero) no quesito.
Porém, receberá nota mediana no quesito se discorrer sobre a proteção da criança e
do adolescente, mas sem mencionar o papel do Estado nessa temática. Quesito 2.2 -
Redução/aumento da violência e tratamento dos adolescentes em conflito com a lei
como adultos Um aspecto bastante discutido no âmbito da redução da maioridade
penal é a redução/o aumento da violência. Há quem defenda que a redução agravaria
a violência — publicação do jornal norte-americano New York Times mostrou que
tratar adolescente como adulto pode resultar em agravamento da violência, pois
adolescentes que cumpriram penas em penitenciárias voltaram a delinquir, de forma
ainda mais violenta, inclusive se comparados com aqueles que foram submetidos à
justiça especial da infância e da juventude —, e há quem defenda que a redução da
maioridade penal reduziria a violência — por coibir a prática de crimes. O candidato
que abordar, de forma clara e coerente, a questão da redução/do aumento da

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violência e sua relação com o tratamento dos adolescentes em conflito com a lei como
adultos receberá a nota máxima no quesito. Se o candidato não abordar a questão da
redução/do aumento da violência e sua relação com o tratamento dos adolescentes
em conflito com a lei como adultos receberá nota 0 (zero) no quesito. Para receber a
nota mínima, o candidato deve abordar a questão da redução/do aumento da
violência, mas sem estabelecer relação clara e coerente entre esse fenômeno e o
tratamento dos adolescentes em conflito com a lei como adultos. Se o candidato
abordar a questão da redução/do aumento da violência, mas estabelecer relação
parcial entre esse fenômeno e o tratamento dos adolescentes em conflito com a lei
como adultos receberá a nota mediana. Quesito 2.3 - Papel do poder público na
elaboração de políticas sociais com potencial real de reduzir o envolvimento de
adolescentes com a violência no Brasil Políticas sociais possuem potencial real para
reduzir o envolvimento dos adolescentes com a violência no Brasil. É de conhecimento
geral que as causas da violência, como as desigualdades sociais, o racismo, a
concentração de renda e a insuficiência das políticas públicas, não se resolvem com a
adoção de leis penais mais severas, mas, sim, exigem medidas capazes de romper com
a banalização da violência e seu ciclo perverso. Medidas de natureza social, como a
educação e, mesmo, a prevenção, têm demonstrado sua potencialidade para diminuir
a vulnerabilidade de centenas de adolescentes ao crime e à violência. O candidato que
não apresentar informações relacionadas ao tópico proposto receberá nota 0 (zero) no
quesito. Se o candidato discorrer sobre o papel do poder público na elaboração de
políticas sociais de forma genérica e não relacionada à redução do envolvimento de
adolescentes com a violência no Brasil, receberá a nota mínima. Caso o candidato
discorra sobre o papel do poder público na elaboração de políticas sociais com
potencial de reduzir o envolvimento de adolescentes com a violência, mas não enfoca
o contexto específico do Brasil, receberá nota mediana. Para receber a nota máxima
no quesito, o candidato deverá discorrer, de forma clara e coerente, sobre o papel do
poder público na elaboração de políticas sociais com potencial real de reduzir o
envolvimento de adolescentes com a violência no contexto específico do Brasil.
Quesito 2.4 Posicionamento claro em defesa de ponto de vista favorável ou contrário à
redução da maioridade penal no Brasil O desenvolvimento contrário à redução da
maioridade penal pode abordar os problemas estruturais brasileiros como justificativa,
tais como: desigualdade social, que atinge principalmente os adolescentes negros e
pobres, de modo que condenálos agravaria o racismo e a marginalização desse grupo
social; baixa escolaridade e, consequentemente, oferta precária de emprego a jovens
carentes; modelo prisional brasileiro, cujas penitenciárias não estão preparadas para
ressocializar adultos, tampouco estariam adequadas para receber adolescentes e
jovens. Em relação à imputabilidade penal de crianças e adolescentes pelo
cometimento de crimes, a defesa em favor da redução da maioridade penal pode
considerar, entre outros aspectos: discernimento, sob o argumento (desde que
fundamentado e plausível) de que um jovem de 16 a 18 anos de idade tem condições
de diferenciar o que é certo do que é errado, sendo, assim, plenamente capaz de ser
responsabilizado por um crime hediondo; insuficiência das medidas punitivas
existentes, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que não conseguem
frear a criminalidade cometida pelos adolescentes e, por isso, vários deles utilizam-se
dessa “fragilidade” para cometer crimes; diminuição de aliciamento de menores pelo

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tráfico de drogas, já que muitos são recrutados porque os narcotraficantes consideram


brandas as medidas aplicadas a crianças e adolescentes apreendidos. O candidato que
não defender o ponto de vista relacionado à redução da maioridade penal no Brasil
e(ou) defender o ponto de vista relacionado à responsabilidade penal em outros
países, sem enfocar o Brasil, não terá pontuação no quesito. Se o candidato apresentar
posicionamento em defesa de ponto de vista favorável ou contrário à redução da
maioridade penal no Brasil, mas justifica tal posicionamento a partir de argumentação
incoerente ou inconsistente e(ou) não desenvolve argumentos que justifiquem tal
posicionamento, receberá a nota mediana. Para receber a nota máxima no quesito, o
candidato deverá apresentar posicionamento fundamentado, coerente e organizado
em defesa de ponto de vista favorável ou contrário à redução da maioridade penal no
Brasil.

ANALISTA - ANATEL – 2012 - CESPE

O levantamento Mapa da Violência: os Jovens da América Latina indicou que o Brasil


ocupa o quinto lugar entre os países do continente com maior número de homicídios
de jovens. A pesquisa indicou ainda que o Brasil também ostenta um dos mais altos
índices de vitimização juvenil do mundo, o que significa que a taxa de homicídios entre
os jovens é bem maior do que entre os não-jovens. Nesse quesito, o país aparece em
terceiro lugar no ranque, atrás apenas de Porto Rico e Venezuela. Traduzindo em
números: entre 1994 e 2005, a taxa de homicídio total no Brasil passou de 20,2 para
25,2 mortes para cada 100 mil habitantes. No mesmo período, esse índice, apenas
entre os jovens, subiu de 34,9 para 51,6 homicídios. Família Cristã, fev./2009, p. 19
(com adaptações). Considerando que o texto acima tem caráter unicamente
motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema. A TRAGÉDIA DA
VIOLÊNCIA E OS JOVENS - Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os
seguintes aspectos: 1- violência como característica do mundo contemporâneo; 2-
drogas ilícitas, álcool, trânsito e violência; 3- oportunidades educacionais, culturais e
profissionais: caminho para reduzir a violência juvenil.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

Apesar dos grandes avanços científicos e sociais, o mundo, notadamente o


Brasil, apresenta índices alarmantes de violência, especialmente dentre a camada dos
mais jovens. Referida problemática demonstra uma face animalesca da sociedade
atual.

O mundo contemporâneo ainda apresenta condições sociais e econômicas


muito desiguais, de forma que isso potencializa o florescimento da violência. O Brasil é
um triste exemplo. Além disso, o crescente individualismo e o esgarçamento do tecido
social contribuem marcantemente para que a violência fique perenizada. A crescente
descrença nos sistemas políticos também ajuda a desestabilizar a sociedade,
catalisando atos violentos.

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Ao se inserir ingredientes perigosos, como as drogas ilícitas e também as lícitas


(álcool), o caldeirão fica ainda mais fervente, especialmente para os jovens. As
condições de vida e de emprego são naturalmente mais conturbadas para esse
segmento social, de forma que, por exemplo, o tráfico ilícito de entorpecentes é uma
“fonte de emprego” para jovens sem expectativa de futuro. Outro aspecto perigoso é
que a juventude é naturalmente mais contestadora e despreocupada, crendo que nada
de ruim irá lhe acontecer. Não é a toa que os acidentes de trânsito derivados do
consumo de bebidas alcoólicas incidem com maior força neles.

Com o oferecimento adequado de oportunidades culturais, educacionais e


profissionais, serão criados instrumentos para fortalecer noções de licitude e de
integração social. Essa dinâmica social é uma arma fundamental para repelir a
criminalidade e uma sociedade mais justa e menos desigual.

Nota-se que a temática da violência é multifacetada, de forma que o estudo e a


abordagem dela devem ocorrer por meio da confluência de atores sociais. Caso
contrário, a violência continuará sendo uma chaga no seio social.

ANALISTA – EMAP – 2018 – CESPE

A República do Haiti sofreu, no dia 12 de janeiro de 2010, um abalo sísmico de grandes


proporções cujo epicentro próximo da capital, Porto Príncipe, implicou consequências
catastróficas para a população do país. A organização humanitária Cruz Vermelha
estimou em 3 milhões o número de pessoas afetadas pelo terremoto, dentre as quais
316 mil morreram. Diante das restrições impostas ao país para sua plena recuperação,
o volume de haitianos que deixaram o país em busca de melhores condições de vida
aumentou consideravelmente, e o Brasil foi um dos principais destinos dos haitianos a
partir de 2010. Segundo dados do ACNUR (2015), o número de haitianos que entraram
no país sob condição de refúgio ou similar subiu de 7 em 2009 para 595 em 2010,
chegando, em 2014, a 29.241. No entanto, esse número é, provavelmente, menor do
que o conjunto de todos os haitianos que, de fato, passaram a ter o Brasil como
residência. Internet: (com adaptações). Há três anos, o banco central venezuelano
parou de divulgar estatísticas sobre a inflação na Venezuela, mas o Fundo Monetário
Internacional estima que ela foi 1.000% em 2017 e que o PIB caiu 15% tem diminuído
todos os anos desde 2014. Atualmente, o salário mínimo venezuelano compra cerca de
apenas 1 kg de carne. A cesta básica custa 29 vezes o seu valor. Fome e subnutrição
são generalizadas, atingindo não só os pobres, mas também a classe média. A ONG
venezuelana Foro Penal estima que há 235 presos políticos no país. Internet: (com
adaptações). A prefeitura de Boa Vista estima que cerca de 40.000 venezuelanos
entraram na cidade em fevereiro deste ano, o que representa mais de 10% dos cerca
de 330.000 habitantes da capital. O número de imigrantes equivale aproximadamente
à população de uma cidade como Boituva, em São Paulo. Guardadas as devidas
proporções com o que ocorre na Europa, Roraima vive sua crise particular de
refugiados. Os abrigos estão lotados e milhares de imigrantes vivem em situação de
rua. A maioria chega pelo pequeno município de Pacaraima, com 16.000 habitantes, e

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depois segue para Boa Vista. Apesar de o fluxo de venezuelanos ter aumentado desde
o fim de 2016, uma nova leva chegou após a Colômbia colocar mais travas para a
entrada de refugiados no país. Internet: (com adaptações). Considerando que os
fragmentos de texto acima têm caráter unicamente motivador, redija um texto
dissertativo acerca do seguinte tema. A IMIGRAÇÃO DE POPULAÇÕES LATINO-
AMERICANAS PARA O NORTE DO BRASIL Ao elaborar seu texto, aborde,
necessariamente, os seguintes aspectos: 1 causas da imigração e expectativas dos
imigrantes ao buscar outro país; [valor: 19,00 pontos] 2 os impactos da imigração para
a população dos locais que recebem os imigrantes. [valor: 19,00 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

Uma tradição na história brasileira é o fato de o país ter recebido inúmeros


imigrantes de diversos locais, tais como italianos, japoneses, alemães... Atualmente, o
contingente de latino-americanos (haitianos e venezuelanos principalmente) é a nova
onda migratória.

Dentre as causas da imigração e as expectativas dos imigrantes, verifica-se que


a Venezuela vem enfrentando uma situação calamitosa em termos sociais, políticos e
econômicos. Isso gerou e gera uma onda de pessoas imigrando para o Brasil (e
também para outras nações da América do Sul). No caso dos haitianos, além de o país
de origem ser o mais pobre das Américas, sucessivas calamidades naturais agravaram
as condições de vida naquela nação.

Os venezuelanos entram no Brasil por Roraima e fogem da fome, da escassez de


remédios, da instabilidade política e da inflação. Na maioria dos casos, sua expectativa
é conseguir um abrigo temporário até que a situação na Venezuela se normalize e eles
possam retornar. Já os haitianos, de maneira geral, esperam conseguir emprego e
renda e até mesmo se fixar no país.

Acerca dos impactos gerados pela imigração em massa, Roraima, que é um


estado que não detém grande robustez econômica, viu os serviços públicos “falirem”,
deteriorando-se rapidamente. Logicamente, tal temática gerou episódios de tensões
entre brasileiros e venezuelanos. O caos foi muito forte, sendo que o governo estadual
e a esfera federal não conseguiram apresentar soluções de forma rápida e eficaz. A
partir disso, discursos racistas e xenófobos ganharam força, elevando ainda mais a
tensão na temática da migração.

Nota-se, portanto, que migração de latino-americanos, a depender do país de


origem, possui motivos diferentes. Porém, mais uma vez verifica-se que o Brasil é um
polo de atração de pessoas, contribuindo para a formação de múltiplas formas de
identidade nacional e para o desenvolvimento econômico.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

Espera-se que o candidato elabore um texto dissertativo para tratar do tema proposto.
Para isso, deve partir de um ponto de vista e defendê-lo por meio de argumentos
consistentes, abordando, necessariamente, os aspectos solicitados. 1 Causas da

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imigração e expectativas dos imigrantes ao buscar outro país. Espera-se que o


candidato mencione, por exemplo, o agravamento da situação política e econômica da
Venezuela, que ocasionou uma onda migratória para o Brasil desde 2017, assim como
as sucessivas crises políticas e os desastres naturais no Haiti, que acarretaram a vinda
dos haitianos especialmente a partir do ano de 2010. Os venezuelanos entram no
Brasil por Roraima e fogem da fome, da severa escassez de remédios, da instabilidade
política e da inflação. Na maioria dos casos, sua expectativa é conseguir um abrigo
temporário até que a situação na Venezuela se normalize e eles possam retornar ao
seu país. Já os haitianos, de maneira geral, esperam conseguir emprego e renda e até
mesmo se fixar no país. 2 Os impactos da imigração para a população dos locais que
recebem os imigrantes. Espera-se que o candidato mencione, por exemplo, as agruras
por que o estado de Roraima vem passando nos últimos meses em razão da entrada
de milhares de venezuelanos no local. O governo local tem encontrado severas
dificuldades de oferecer aos imigrantes serviços de educação, saúde pública,
acomodação, alimentação e higiene sem gerar impactos significativos na vida dos
roraimenses. No serviço de saúde pública, por exemplo, o número de atendimentos
médicos a imigrantes em Roraima aumentou 1.880% nos últimos três anos, passando
de 760, em 2015, para mais de 15 mil, em 2017. Essa situação tem agravado, ainda, as
manifestações de racismo e xenofobia da população local, portanto a educação do
povo com relação a essas questões e a repressão aos crimes decorrentes do discurso
de ódio têm constituído mais um desafio a ser enfrentado pelos governos locais.
Embora o comando da prova proponha um tema acerca da imigração das populações
“latino-americanas”, o candidato não deve ser apenado caso opte por tratar, em seu
texto, da imigração de uma população específica, como a dos venezuelanos. Quesito 1:
0 – Não atende a nenhum dos quesitos de apresentação textual E(OU) Não é
predominantemente dissertativo. 1 – Não atende a dois dos quesitos de apresentação
textual, ou apresenta ilegibilidade E(OU) Não apresenta uma das partes da estrutura
dissertativa (introdução, desenvolvimento e conclusão). 2 – Atende a, pelo menos, dois
dos quesitos de apresentação textual E(OU) É bem estruturado, coerente e atende à
estrutura com introdução, desenvolvimento e conclusão. Quesitos 2.1 e 2.2: 0 – Não
apresenta informações relacionadas ao tópico apresentado. 1 – Apresenta seleção de
informações pouco relacionadas ao tópico apresentado E(OU) Apresenta
desenvolvimento muito limitado e(ou) desorganizado. 2 – Apresenta seleção mediana
de informações relacionadas ao tópico apresentado E(OU) Apresenta desenvolvimento
limitado, mas boa organização. 3 – Apresenta boa seleção de informações relacionadas
ao tópico apresentado E(OU) Apresenta desenvolvimento consistente e organizado.

PAPILOSCOPISTA – POLÍCIA FEDERAL – 2018 – CESPE

Sem abrigos, grupos de imigrantes venezuelanos voltaram a acampar na rodoviária e a


ficar nas ruas de Manaus. A crise política, econômica e social na Venezuela, que
desencadeou um fluxo migratório para o Brasil, continua atraindo milhares de
imigrantes para o país. Em busca de sobrevivência, indígenas venezuelanos da etnia
Warao começaram a migrar para Manaus desde o início de 2017. Adultos, idosos e
crianças se abrigaram na rodoviária de Manaus e debaixo de um viaduto na Zona

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Centro-Sul. Enquanto o maior abrigo foi desativado no Amazonas, a chegada dos


venezuelanos não indígenas só aumentou. As condições precárias de vida em solo
brasileiro podem favorecer a ocorrência de situações degradantes. Órgãos federais e
entidades religiosas anunciaram medidas para cobrar ações concretas da prefeitura da
cidade e dos governos federal e estadual. Internet: <https://g1.globo.com> (com
adaptações). Lei n.º 13.445/2017 Art. 3.º A política migratória brasileira rege-se pelos
seguintes princípios e diretrizes: I – universalidade, indivisibilidade e interdependência
dos direitos humanos; II – repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer
formas de discriminação; III – não criminalização da migração; [...] VI – acolhida
humanitária; [...] IX – igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus
familiares; X – inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de políticas
públicas; XI – acesso igualitário e livre do migrante a serviços, programas e benefícios
sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica integral pública, trabalho,
moradia, serviço bancário e seguridade social; XII – promoção e difusão de direitos,
liberdades, garantias e obrigações do migrante; XVII – proteção integral e atenção ao
superior interesse da criança e do adolescente migrante; Internet:
<www.planalto.gov.br>. Considerando que os fragmentos de texto apresentados têm
caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca da entrada de
imigrantes no Brasil, discutindo estratégias para a prevenção de crimes e de violências
envolvendo imigrantes no país, tanto na condição de agentes quanto na de vítimas.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

Imigrar constitui um direito inalienável das pessoas, de forma que o Brasil deve
estar preparado para isso, notadamente para fins de controles de saúde e de
segurança, a fim de impedir a entrada de criminosos, terroristas...

O controle da entrada e saídas de estrangeiros é fundamental, especialmente


para evitar que criminosos possam transitar impunemente no país. A polícia federal
possui competência constitucional para tal intento, ou seja, deve estar bem
estruturada e aparelhada, especialmente mediante contatos com aparatos policiais de
outras nações. Ademais, ainda no campo policial, o tráfico de seres humanos é um
delito que ocorre em larga escala e, portanto, o controle imigratório mostra-se
primordial para evitar essa triste ocorrência.

Usar tecnologias de identificação facial, compartilhamento de informações


entre estados e outros países e uma adequada verificação documental são medidas
que podem e devem ser usadas para controlar as vastas fronteiras brasileiras. Outro
ponto essencial abarca o tráfico de drogas, ou seja, narcotraficantes entram no país e,
com isso, contribuem para os altos índices de crimes violentos no Brasil ou, somado a
isso, usam os portos e aeroportos pátrios como rota para exportação de drogas.

Afinal, as drogas são rotineiramente o motivo de incidentes violentos nas


grandes cidades, especialmente em áreas periféricas, sendo que boa parte dos
entorpecentes não é feito no país. Para impedir esse tipo de tráfico, bem como a
imigração ilegal, é essencial que os órgãos policiais, marcantemente a polícia federal,

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possuam recursos humanos, materiais e treinamento para tais intentos, sob pena de o
território brasileiro ficar muito desguarnecido.

Nota-se, portanto, que a imigração é algo inerente ao ser humano e, no caso do


Brasil, ela deve ocorrer, mas dentro de parâmetros que permitam garantir a
integridade do país e das pessoas.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

O candidato deve, a partir dos textos motivadores, redigir um texto dissertativo com
boa apresentação, com legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos, e
deve abordar os aspectos propostos com boa organização das ideias em texto
estruturado. Quanto à progressão textual, para obter nota máxima no quesito 2.1, o
candidato deve apresentar texto dissertativo, com introdução, desenvolvimento e
conclusão acerca do tema, com boa progressão textual (reiteração de itens lexicais,
paralelismos, paráfrases, recorrências, recursos relacionados a mecanismos de coesão
e manutenção do tema etc.). O texto que obtiver somente uma das partes (introdução
ou desenvolvimento ou conclusão) e progressão textual insuficiente receberá a nota
mínima. Para os textos com duas partes, ou seja, introdução e desenvolvimento sem
conclusão, ou desenvolvimento e conclusão sem introdução ou introdução e conclusão
sem desenvolvimento, com progressão parcial, receberá a nota mediana do quesito.
Em relação ao quesito 2.2, para obter nota máxima no quesito, o candidato deve
apresentar discussão acerca da entrada de imigrantes no Brasil de forma consistente e
bem estruturada, com exemplos e/ou fatos. O texto que somente informar acerca da
entrada de imigrantes no Brasil receberá a nota mínima. O texto que apresentar
informação tangencial acerca da entrada de imigrantes no Brasil receberá a nota
mediana. Em relação ao quesito 2.3, para obter nota máxima no quesito, o candidato
deverá abordar duas ou mais estratégias, de forma consistente e completa, para a
prevenção de crimes e de violências envolvendo imigrantes, tanto na condição de
agentes quanto na de vítimas. O texto que apresentar somente uma estratégia
receberá a nota mínima. O texto que apresentar duas estratégias sem desenvolver
completamente receberá a nota mediana.

TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/RS – 2015 - CESPE

A foto de AylanKurdi, o menino sírio de três anos de idade morto em uma praia da
Turquia quando sua família tentava imigrar para a Europa, comoveu o mundo todo. E
serviu para vários países europeus ampliarem sua quota de refugiados — não todos,
naturalmente — e para a opinião pública internacional se conscientizar da magnitude
do problema representado pelas centenas de milhares, talvez milhões, de famílias que
fogem da África e do Oriente Médio para o mundo ocidental, onde, acreditam,
encontrarão trabalho, segurança e uma vida digna e decente que seus países não lhe
oferecem. Mario Vargas Llosa. O menino morto na praia. In: O Estado de S.Paulo,
20/9/2015, p. A18. Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter
unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: AS
ATUAIS CORRENTES MIGRATÓRIAS: O DRAMA HUMANO QUE AFRONTA A

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CONSCIÊNCIA UNIVERSAL - Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os


seguintes aspectos: - os fatores que levam milhares de pessoas a enfrentar a
perigosa travessia do Mediterrâneo; [valor: 3,50 pontos] - o dilema moral vivido
pela Europa entre receber ou rejeitar os imigrantes; [valor: 3,00 pontos] - o papel da
opinião pública internacional na sociedade contemporânea. [valor: 3,00 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A migração decorrente de catástrofes ou de guerras sempre esteve presente na


história mundial. Porém, a magnitude das atuais correntes migratórias é algo novo no
mundo, especialmente com a crescente escalada de raiva e ódio para com os
refugiados.

Diversos fatores fazem com milhares de pessoas se arrisquem na travessia do


Mar Mediterrâneo. Dentre eles, há a busca por melhores condições de vida no
continente europeu, de forma a escapar da fome e da miséria reinante na África
subsaariana. Outro fator é a longa guerra civil na Síria, na qual há um governo
ditatorial em guerra contra rebeldes, bem como a ação de grupos terroristas,
notadamente o Estado Islâmico, que impõe um regime de terror nas regiões em que
possui primazia.

O continente europeu vem enfrentando uma onda de fortalecimento da


extrema-direita, de forma que os discursos xenófobos e contrários à imigração e aos
refugiados ganha cada vez mais suporte. Há um intenso debate, pois alguns países
(Alemanha), mesmo com forte imposição interna, possuem interesse em receber
imigrantes (mão de obra barata), ao passo que outros demonstram resistência para
esse intento (especialmente os países do Leste europeu).

A opinião pública detém grande importância na contemporaneidade, pois a


capacidade de mobilização, principalmente em protestos, serve para demonstrar o
grau de repúdio, por exemplo, a ataques terroristas. Referidofenômeno força os
governos a agirem ou deixarem de agir, isto é, adotar ações ou omissões que não
adotariam normalmente, o que ocorre, por exemplo, no campo da imigração.

Nota-se, portanto, que a imigração é algo inerente à história humana, de forma


que o papel das instituições públicas e da sociedade mundial é importantíssimo para
encontrar soluções.

PADRÃO DE RESPOSTA OFICIAL DA BANCA EXAMINADORA:

Espera-se que, ao abordar o primeiro item proposto (fatores que levam milhares
de pessoas a enfrentar a perigosa travessia do Mediterrâneo), o candidato enfatize, no
mínimo, dois aspectos determinantes para as atuais levas de milhares de imigrantes
que buscam, na Europa, as condições elementares de uma vida razoavelmente digna
que não mais encontram em seus países de origem. De um lado, a fome e a miséria,
quadro que tão bem representa a situação vivida, em larga medida, por habitantes da
África subsaariana. De outro, a ação truculenta de governos despóticos e corruptos,
além da multiplicação de guerras civis, às vezes, ensejando autênticos genocídios.

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Especificamente em relação ao Oriente Médio, destaca-se a caótica realidade


experimentada pela Síria, na qual se associam um governo ditatorial, rivalidades
religiosas levadas ao extremo e a ação implacável do terrorismo.

Em relação ao segundo tópico (o dilema moral vivido pela Europa entre receber
ou rejeitar os imigrantes), espera-se que o candidato se reporte ao intenso debate
travado no âmbito da União Europeia, quando alguns membros compreenderam a
imperiosa necessidade de se encontrarem meios para a recepção de certo número de
imigrantes, como é o caso, por exemplo, da Alemanha, enquanto outros,
particularmente na Europa do Leste, ofereciam resistência explícita ao acolhimento
desses imigrantes.

Por fim, quanto ao terceiro ponto (o papel da opinião pública internacional na


sociedade contemporânea), espera-se que o candidato lembre ser este um elemento
definidor da contemporaneidade: milhares de pessoas saem às ruas e se manifestam,
por todos os meios, em face de determinados acontecimentos, como atos terroristas e
o desespero desses milhares de imigrantes. Esse fenômeno de participação cidadã tem
forçado os governos a tomarem certas atitudes que, muitas vezes, não se situavam em
seu campo de alternativas.

TÉCNICO – TCU – 2015 - CESPE

Ainda dizem que a história não se repete, ou se repete apenas como farsa. Pois, de
certo modo, ela está se repetindo como tragédia. Que diferença existe entre os barcos
de imigrantes do norte da África agora e os navios negreiros que indignaram Castro
Alves? Na essência só uma, para pior. Os traficantes modernos recebem o pagamento
adiantado, não na entrega da mercadoria, o que significa que a carga humana pode se
perder no mar à vontade, sem prejuízo para os contrabandistas, pois já está paga.
Graças a essas operações, calcula-se que em 2014 mais de dois mil refugiados tenham
morrido na travessia do Mediterrâneo e, em 2015, segundo a Organização
Internacional para as Migrações, já foram 1.750, um número que pode chegar a 30 mil
até o fim do ano. Mesmo assim, a Europa só saiu de sua indiferença depois que um
pesqueiro naufragou no canal da Sicília com cerca de 800 imigrantes que viajavam com
destino à Itália. Zuenir Ventura. Vozes d'África. In: O Globo, 25/4/2015, p. 19 (com
adaptações). Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente
motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema. IMIGRAÇÃO NO
MUNDO CONTEMPORÂNEO: UMA TRAGÉDIA SEM FRONTEIRAS - Ao elaborar seu
texto, aborde, necessariamente, os seguintes tópicos: 1- fatores determinantes para
as atuais correntes migratórias; [valor: 2,75 pontos] 2- ação dos modernos
traficantes de gente; [valor: 2,00 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A temática da imigração originada de catástrofes ou de guerras sempre esteve


presente na história mundial. Contudo, a magnitude das correntes migratórias

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contemporâneas é algo novo, especialmente quando se verifica a crescente escalada


de raiva e ódio para com os refugiados/imigrantes.

Há vários fatores para essa onda migratória e, dentre eles, as deploráveis


condições sociais (miséria e fome) em diversos países do continente africano,
notadamente no que se chama de África Subsaariana. Somado a isso, há as
perseguições política que decorrem de governos ditatoriais, intolerâncias religiosas e
guerras civis (a Síria é o exemplo maior disso).

Nesse contexto, os traficantes de pessoas obtêm fortes lucros, pois se


aproveitam da extrema vulnerabilidade humana. Com isso, cobram valores
consideráveis e submetem as “mercadorias humanas” a condições muito inseguras de
transporte no Mar Mediterrâneo, o que leva, em várias situações, a óbitos.
Recorrentemente, a mídia mostra resgates marítimos de grupos de refugiados em
botes ou barcos improvisados.

Para aumentar ainda mais a problemática, a Europa enfrenta um crescente


fortalecimento da extrema-direita, de forma que os discursos xenófobos e contrários à
imigração e aos refugiados ganha cada vez mais suporte. Há um intenso debate, pois
alguns países (Alemanha), mesmo com forte imposição interna, possuem interesse em
receber imigrantes (mão de obra barata), ao passo que outros demonstram resistência
para esse intento (especialmente os países do Leste europeu).

Nota-se, portanto, que a imigração é algo inerente à história humana, de forma


que o papel das instituições públicas e da sociedade mundial é importantíssimo para
encontrar soluções.

PADRÃO DE RESPOSTA OFICIAL DA BANCA EXAMINADORA:

Espera-se que, em relação ao primeiro aspecto a ser abordado (fatores


determinantes para as atuais correntes migratórias), o candidato aponte, entre outros,
as péssimas condições econômicas nas regiões de origem dessas correntes migratórias,
assinaladas pela miséria extrema, pela fome generalizada e pela falta de perspectivas;
as perseguições políticas, normalmente levadas a efeito por governos ditatoriais sobre
pessoas e grupos sociais; a intolerância religiosa que se manifesta em violentas
perseguições.

Quanto ao segundo aspecto (ação dos modernos traficantes de gente), o


candidato pode se reportar à comparação presente no texto e destacar como o drama
de milhares de pessoas pode transformar-se em renda para alguns aproveitadores,
absolutamente despreocupados com a insegurança do transporte oferecido a esses
imigrantes ilegais.

ANALISTA DO MP – MPE/PI – 2018 – CESPE

O envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural de diminuição


progressiva da reserva funcional do indivíduo — a senescência —, o que, em condições

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normais, não costuma provocar problema; no entanto, em condições de sobrecarga,


como doenças, acidentes e estresse emocional, pode ocorrer uma condição patológica
que requeira assistência — a senilidade. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa —
Cadernos de Atenção Básica. 2006, Ministério da Saúde (com adaptações). Tendo o
fragmento de texto precedente como referência inicial e considerando os diversos
aspectos relacionados ao fato de que, assim como a evolução tecnológica pode
aumentar a longevidade do trabalhador e favorecer o adiamento das aposentadorias,
pode ela, também, alterar bastante a produtividade no ambiente de trabalho, redija
um texto dissertativo que aborde os seguintes tópicos: 1 - cinco complicações clínicas
relacionadas à senescência e que podem afetar a saúde, a qualidade de vida e as
atividades laborais; [valor: 10,00 pontos] 2 - repercussões das novas tecnologias no
mundo do trabalho citando quatro exemplos dessas tecnologias; [valor: 8,00 pontos]
3 - impacto do incremento das novas tecnologias no trabalho sobre os idosos em
atividade e nos demais trabalhadores em geral; estratégia que esses idosos poderão
adotar ante as inovações; consequência da permanência dos idosos no mercado de
trabalho para a previdência social; [valor: 10,00 pontos] 4 - quatro estratégias de
proteção à saúde e à segurança do trabalhador de idade avançada ante as novas
tecnologias de produção. [valor: 10,00 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

Embora a evolução tecnológica esteja contribuindo para a melhoria na


qualidade de vida e forneça maior longevidade à espécie humana, muitos idosos são
acometidos por doenças e agravos crônicos não transmissíveis. Tais problemas
requerem acompanhamento constante e que podem gerar um processo incapacitante,
podendo afetar a funcionalidade dessas pessoas e dificultar ou até impedir o
desempenho de suas atividades cotidianas de forma independente.

Idosos acabam desenvolvendo complicações clínicas que podem estar


relacionadas à senescência, como, por exemplo, alterações ósseas em decorrência de
osteoporose, redução da massa muscular associada à sua transformação em gordura
intramuscular, o que pode acarretar alteração na elasticidade e na capacidade de
compressão dos tecidos, reduções da capacidade auditiva e(ou) visual, maior
predisposição para depressão e fadiga, hipertensão arterial, artrite, artrose, redução
da capacidade respiratória, e declínio da capacidade cognitiva. Essas complicações
geralmente tendem a comprometer de forma significativa a qualidade de vida dessas
pessoas, comprometendo suas atividades laborais.

As novas tecnologias vêm mudando as relações estabelecidas no mercado de


trabalho e, consequentemente, os riscos ocupacionais. O último movimento dessa
tecnologia é caracterizado como a 4ª Revolução Industrial, com o surgimento, entre
outros, das impressoras 3D, da robótica, da Internet das coisas, dos grandes bancos de
dados, da inteligência artificial e da nanotecnologia, que já são realidades nas cadeias
produtivas.

O incremento das novas tecnologias no trabalho tende a causar impactos sobre


o idoso em atividade, especialmente por afetar aspectos físicos, cognitivos e

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emocionais, sendo possível observar que o equilíbrio desses dois últimos poderá ser
cada vez mais exigido. Infelizmente, a tendência é de que o incremento da automação
também cause impacto social negativo com o aumento na quantidade de
desempregos.

Para enfrentar os novos tempos e suas inovações tecnológicas e permanecer


mais anos em atividade no mercado de trabalho, o idoso deverá incorporar a filosofia
da prática do “aprender e aprender” e ser capaz de se adaptar às mudanças. Ou seja,
ele deverá ser capaz de compatibilizar a senescência com os novos ditames do mundo
do trabalho. A permanência do idoso no mercado de trabalho poderá trazer como
consequência a estabilidade financeira da previdência social.

As relações de trabalho não são mais exclusivas do confronto entre capital e


trabalho, mas da forte interferência das tecnologias inovadoras. Para o enfrentamento
dessa nova realidade — que inclui o envelhecimento da população trabalhadora, o
aumento dos novos riscos ocupacionais e a elevada carga cognitiva dos modernos
postos de trabalho —, são necessários novos recursos de proteção ao trabalhador,
como: rigorosa observância do princípio ergonômico da adequação do trabalho às
características morfopsicofisiológicas do trabalhador, readaptação profissional em
fases mais avançadas da vida, monitoramento de novos riscos ambientais,
investimentos na constante qualificação profissional, com foco no estímulo do
desenvolvimento da criatividade, e monitoramento mais constante dos trabalhadores
que executem suas atividades de maneira remota, em seus domicílios, onde é difícil
avaliar com precisão os riscos ambientais e o isolamento.

TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/TO – 2017 – CESPE

O problema das enchentes passou a ser algo comum na vida das populações de
algumas cidades brasileiras. Infelizmente, todos os anos, entre os meses de dezembro
e fevereiro, os noticiários são tomados por problemas relacionados com a elevação
dos cursos d'água e a inundação de casas e ruas, que desencadeiam uma série de
tragédias que, quase sempre, poderia ser evitada. Internet:
<http://brasilescola.uol.com.br> (com adaptações). O furacão Irma causou um efeito
brutal nas ilhas do Caribe, embora tenha deixado um número relativamente pequeno
de mortos. A diminuta ilha de Barbuda, com apenas 1.700 habitantes, ficou
absolutamente devastada, e nove em cada dez moradias estão danificadas, segundo as
autoridades. O panorama de Barbuda é o de uma terra arrasada. Internet:
<https://brasil.elpais.com> (com adaptações). Considerando que os textos acima têm
caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema. A
AÇÃO GOVERNAMENTAL DIANTE DOS DESASTRES NATURAIS Ao elaborar seu texto,
aborde os possíveis danos a curto, médio e longo prazos provocados pelos desastres
naturais [valor: 4,50 pontos] bem como discorra sobre ações preventivas e
reparadoras que podem ser adotadas pelos governos dos locais atingidos por esses
fenômenos como forma de minimizar os danos causados à população [valor: 5,00
pontos].

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SUGESTÃO DE RESPOSTA:

Os desastres naturais decorrem de inúmeros fatores, devendo as ações


governamentais serem pensadas para prevenir, minorar e reparar os estragos. Além
disso, devem ser analisadas ações no curto, médio e longo prazo, de forma a poder
melhor dimensionar e diminuir os impactos sociais e estruturais.

Uma forma de o governo agir adequadamente é com o mapeamento de áreas


com risco geológico ou hidrológico, a fim de prevenir vítimas e impactos ambientais
que decorrerem de chuvas. Outra forma é o uso da tecnologia para informar a
população sobre a chegada de chuvas ou outros efeitos climáticos que possam gerar
prejuízos para a vida humana e também para a atividade econômica. Além disso, a
existência de equipes de resgate, formada por policiais, médicos e bombeiros, com
treinamento específico para resgates em desastres, é primordial, pois as primeiras
horas são muito importantes para resgatar com vida as pessoas afetadas por um
deslizamento.

Existem vários tipos de danos que podem ocorrer e, no curto prazo, geralmente
há diversas vítimas, desabamentos, desmoronamentos, problemas com o
abastecimento de água e energia e doenças por conta do contato com esgoto. No
médio prazo e longo prazo, podem ocorrer graves consequências para a área
econômica, como a contaminação de localidades agrícolas ou industriais,
desaparecimento de espécies animais e da flora, além, evidentemente, do
deslocamento de contingentes populacionais por conta de, por exemplo,
desmoronamentos e/ou contaminações.

O Brasil, pelo seu tamanho e variedade de relevo e de climas, apresenta muitas


áreas propícias para a ocorrência de desastres naturais e, ainda assim, as medidas
governamentais são muito esparsas e reativas, isto é, após a ocorrência de um
desastre de grandes proporções. Exemplo disso são as inúmeras leis feitas
sucessivamente após as tragédias, mas cuja efetividade e aplicabilidade permanecem
muito distante do ideal. O ideal é que exista mais prática preventiva e restaurativa, e
não apenas mudanças no arcabouço legislativo.

Nota-se, portanto, que os desastres naturais fazem e continuarão fazendo parte


da dinâmica do país, sendo um importante dever do governo adotar medidas de
prevenção e de reparação para diminuir os custos humanos, sociais e econômicos
decorrentes de tragédias.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

Quanto ao desenvolvimento do tema, o candidato deve construir o seu texto a partir


de um ponto de vista e fazer uso de argumentos consistentes, coerentes e articulados
entre si. A mera enumeração dos possíveis danos causados por desastres naturais e
das formas de atuação do governo diante dessa situação não é suficiente para que se
construa um texto dissertativo em que se observe boa argumentação e boa progressão
textual. O candidato poderá mencionar, como possíveis danos imediatos de um
desastre natural, acidentes com mortos e feridos, desabamentos, suspensão de

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fornecimento de água potável, de energia elétrica e de serviço telefônico e de


Internet, além de afogamentos (em caso de enchentes e tsunamis), do contato direto
do ser humano com agentes insalubres e(ou) tóxicos e da contração de doenças em
decorrência do lixo acumulado, entre outros exemplos. Como possíveis danos a médio
e longo prazo, o candidato poderá mencionar os impactos em diversos setores
econômicos — tais como a agricultura, que pode levar anos para se recompor —, os
prejuízos para a saúde física e psicológica da população e os danos para a fauna e para
a paisagem natural da região. Quanto às ações do governo, o candidato poderá
mencionar, por exemplo, que é possível prever certos desastres naturais e informar a
população com antecedência, para que os danos sejam minimizados tanto quanto
possível. Pode-se, por exemplo, mapear as áreas em que ocorrem terremotos com
mais frequência com o uso de sismógrafos; por meio dos dados obtidos, é possível
supor que um terremoto deve atingir determinada região dentro de um número
estimado de anos, embora não seja possível prever a sua ocorrência. Existem sistemas
de alarme que avisam sobre a ocorrência de um terremoto enquanto ele está
acontecendo e, com base nos tremores iniciais, é possível avisar a população, com
alguns segundos de antecedência, que um tremor maior está por vir, e aconselhar que
se busque um lugar seguro. O candidato poderá mencionar, por exemplo, o governo
do Japão, que, em 2011, quando sofreu um terremoto fortíssimo (8,9 graus na escala
Richter) seguido de tsunami (com ondas de aproximadamente dez metros de altura),
emitiu um alerta para a população um minuto antes da ocorrência do maior tremor e
cerca de uma hora antes que o tsunami atingisse a costa, o que evitou danos ainda
maiores à população. É possível, também, prever a ocorrência de furacões, e preparar-
se para sua chegada. O governo de locais onde costuma haver furacões deve alertar
antecipadamente a população acerca de sua ocorrência por meio de mensagens nas
mais diversas mídias. O governo dos Estados Unidos, por exemplo, tem um serviço de
alerta à população via mensagens de celular, que informam, inclusive, sobre rotas de
evacuação. No que diz respeito às enchentes, comuns no Brasil, a medida mais eficaz a
ser adotada pelos governos locais seria prevenir a sua ocorrência, o que pode se dar
por meio da construção de sistemas eficientes de drenagem, da desocupação de áreas
de risco, da criação de reservas florestais nas margens dos rios, da diminuição dos
índices de poluição e geração de lixo e de um planejamento urbano mais consistente.
Após a ocorrência dos desastres naturais, os governos locais devem dar total
assistência às populações atingidas, fornecendo, sempre que necessário, abrigo, água
potável, alimentação, atendimento médico, além de proporcionar meios favoráveis à
retomada das condições de bem-estar existentes antes do incidente. O governo de
localidades não atingidas também pode colaborar, de forma solidária, para a
recuperação dos danos gerados.

ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/BA – 2017 - CESPE

Levamos a vida com uma arma de distração em massa no bolso. Smartphone é, em


tradução literal, "um telefone inteligente". E não há melhor maneira de definir este
tipo de produto. Ele é a evolução do celular. A capacidade de realizar e receber
chamadas é “apenas um detalhe” para este aparelho, que permite uma infinidade de

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possibilidades. Os modelos são muitos, com os mais diversos tipos e funções que você
pode imaginar. A professora Gloria Mark, titular do Departamento de Informática da
Universidade da Califórnia Irvine, comparou nossa tendência a checar de modo
compulsivo o e-mail e as redes sociais com nosso comportamento ante uma máquina
caça-níqueis. Olhamos o celular porque buscamos uma gratificação. E a mera
expectativa de poder obtê-la é suficiente para fazer com que voltemos o tempo todo
em busca dela – recorremos ao telefone entre 80 e 110 vezes por dia, segundo estudos
separados. Esse comportamento se mantém graças ao chamado reforço aleatório
(Randomly Reinforced Behaviour). Foi por volta do ano de 2004 quando a professora
Gloria Mark, titular do Departamento de Informática da Universidade da Califórnia
Irvine, comparou nossa tendência a checar de modo compulsivo o e-mail e as redes
sociais com nosso comportamento ante uma máquina caça-níqueis. Olhamos o celular
porque buscamos uma gratificação. E a mera expectativa de poder obtê-la é suficiente
para fazer com que voltemos o tempo todo em busca dela – recorremos ao telefone
entre 80 e 110 vezes por dia, segundo estudos separados. Esse comportamento se
mantém graças ao chamado reforço aleatório (Randomly Reinforced Behaviour). Às
vezes nós mesmos nos interrompemos porque a tarefa se tornou muito complicada e
já não estamos sendo produtivos. Então passamos a algo mais fácil, que nos garanta
uma recompensa mais rápida (como checar as redes sociais). Ao retornar à tarefa
principal, em certas ocasiões, afirma Cox, temos mais claro o que procurávamos ou
queríamos fazer. "O importante", afirma em conversa por telefone de Londres, "é que
a pessoa tome o controle da tecnologia e que não se converta em escrava dela". <
Internet: El País, com adaptações.> Considerando que o texto apresentado tem caráter
unicamente motivador, discorra sobre o uso de smartphones e as funcionalidades
decorrentes dessa tecnologia. Ao elaborar o seu texto, aborde os seguintes aspectos:
1- Vantagens e Desvantagens de estar sempre conectado a internet; 2- Uso de celular
como ferramenta de informação e comunicação; 3- modos de evitar riscos às relações
interpessoais e à saúde mental do usuário.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A tecnologia dos celulares cada vez aumenta, de forma que tais aparelhos
configuram verdadeiras extensões das pessoas na área social e profissional. Se por um
lado há uma maior facilidade da vida, também temos vários problemas.

Uma vantagem de sempre se estar conectado à Internet é a possibilidade de


consultar, pesquisar e resolver inúmeras pendências ou questões, tais como a melhor
rota de trânsito, horário de trens e aviões ou manter contato com pessoas e
instituições. Porém, essa possibilidade de estar sempre online faz com que sejamos
escravos virtuais da hiperinformação e do trabalho. É irônico que um meio de trabalho
que prometia facilitar o ofício e reduzir a carga de labor acabe por justamente
intensificá-lo, a ponto de levarmos, no bolso, afazeres para a casa.

As empresas lançam aparelhos mais modernos a cada ano, com novas, ou nem
tão novas, funcionalidades, para que a comunicação e a informação ocorram com mais
facilidade. O celular é um universo em expansão, especialmente por conta dos
aplicativos de troca de mensagens, de pedido de comidas e bebidas e, mais

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recentemente, para encontros (amorosos ou não). Na área da informação resta


evidente que em alguns segundos podemos saber várias informações sobre o tempo no
Azerbaijão ou o cenário político da Rússia...

Diante do intenso uso dos aparelhos, inúmeras pesquisas e estudos ocorreram e


ocorrem, notadamente por conta do surgimento de patologias ligadas ao uso do
celular, como a nomofobia. Esta pode ser entendida como o medo irracional de ficar
sem o seu telefone celular ou ser incapaz de usar o telefone por algum motivo, como a
ausência de um sinal, o término do pacote de dados ou a carga da bateria.

Nota-se, portanto, que a tecnologia da comunicação é algo inerente ao mundo,


apresentando aspectos benéficos e maléficos.

AGENTE PENITENCIÁRIO – PERNAMBUCO – 2017 – CESPE

Lei Estadual n.º 15.755/2016 Institui o Código Penitenciário do Estado de Pernambuco.


Art. 3.º A execução das medidas privativas da liberdade visa à reparação social pelo
crime cometido e deve orientar-se à reintegração da pessoa privada de liberdade à
sociedade, preparando-a para conduzir a sua vida de modo socialmente responsável. §
1.º A execução das medidas privativas de liberdade também se destina à defesa da
sociedade, na prevenção de crimes. § 2.º A pessoa privada de liberdade mantém a
titularidade dos seus direitos fundamentais, salvo as limitações inerentes ao sentido da
condenação e as exigências próprias da respectiva execução. Foi publicado no Diário
Oficial da União o decreto da Presidência da República que regulamenta o uso de
algemas em casos de prisão e o proíbe em relação às mulheres em trabalho de parto.
Segundo as novas regras, o uso é permitido apenas em casos de resistência e de
"fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física" tanto do algemado como
daqueles que o cercam. Nesse caso, é necessário que a excepcionalidade seja
justificada por escrito. Ainda de acordo com o decreto, é vedado o emprego de
algemas em mulheres presas, em qualquer unidade do sistema penitenciário nacional,
durante o trabalho de parto ou durante o deslocamento entre as unidades prisional e
hospitalar. Também é vedado o uso das algemas durante o período em que a presa se
encontrar no hospital. O decreto lembra que, para se determinar o uso de algemas,
devem-se observar "diretrizes previstas na Constituição relativas à proteção e à
dignidade da pessoa humana e sobre a proibição de submissão ao tratamento
desumano e degradante". Internet: <http://justificando.cartacapital.com.br> (com
adaptações). A Assembleia Geral, (...) Considerando que mulheres presas são um dos
grupos vulneráveis com necessidades e exigências específicas, Consciente de que
muitas instalações penitenciárias existentes no mundo foram concebidas
primordialmente para presos do sexo masculino, enquanto o número de presas tem
aumentado significativamente ao longo dos anos, Reconhecendo que uma parcela das
mulheres infratoras não representa risco à sociedade e, tal como ocorre com todos os
infratores, seu encarceramento pode dificultar sua reinserção social, (...) 7. Convida os
Estados-membros a considerarem as necessidades e realidades específicas das
mulheres presas ao desenvolver leis, procedimentos, políticas e planos de ação

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relevantes e a se inspirarem, conforme seja apropriado, nas Regras de Bangkok; 8.


Também convida os Estados membros a reunir, manter, analisar e publicar,
oportunamente, dados específicos sobre mulheres presas e infratoras; 9. Enfatiza que,
ao sentenciar ou aplicar medidas cautelares a uma mulher gestante ou a pessoa que
seja fonte principal ou única de cuidado de uma criança, medidas não privativas de
liberdade devem ser preferidas sempre que possível e apropriado, e que se considere
impor penas privativas de liberdade apenas a casos de crimes graves ou violentos. (...)
Conselho Nacional de Justiça. Regras de Bangkok: regras das Nações Unidas para o
tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres
infratoras. Brasília, 2016 (com adaptações). El País: Que diferenças você observa entre
um presídio masculino e um feminino? Drauzio Varella: A diferença fundamental é que
essas mulheres todas têm filhos. É muito raro encontrar alguma sem filhos. O homem,
quando está preso, pode até estar preocupado com os filhos dele — alguns nem aí,
né?! —, mas ele sabe que tem uma mulher cuidando das crianças: uma irmã, uma tia,
a mãe... Mas gravidez indesejada é problema para a mulher, não para os homens,
porque eles simplesmente abandonam. A mulher vai pra cadeia e perde o controle da
família. Ela sabe que as crianças vão ficar desprotegidas: as pessoas abusam de criança
com a mãe presa. E os filhos muitas vezes são espalhados. Imagina três irmãos,
acostumados a ficarem juntos, e, quando a mãe é presa, vai cada um para um lado.
Imagina a dor dessas crianças. E a mulher sabe disso, sabe que quem está causando
isso é ela, que ela foi a responsável pela separação. Ainda que de forma involuntária,
foi algo provocado pelo crime que ela cometeu. El País: Uma quantidade grande de
mulheres foi presa por tráfico de drogas. Como se aproximam desse universo? Drauzio
Varella: Muitas vezes o crime foi a forma de sobrevivência que ela encontrou. Não
quer dizer que ela tenha a mentalidade perversa. Ela começou a traficar droga, usava
um pouco, conhecia os traficantes... Na periferia o traficante muitas vezes é o seu
colega de classe, você brincava com ele no recreio. E de repente ele está no crime. Aí
num aperto ou até por vontade de melhorar de vida, a mulher tem ali a pessoa que
oferece uma oportunidade de trabalho que ela não teria de outra forma. Sem ter que
passar por aquela condição sofrida, com um esforço enorme de deslocamento para ir
trabalhar, horas e horas todo dia por um salário ruim. E uma vez que elas começam a
ganhar dinheiro traficando, esquece. Drauzio Varella. Entrevista. Internet:
<https://brasil.elpais.com> (com adaptações). Considerando que os textos
precedentes têm caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo-
argumentativo a respeito do seguinte tema. A REALIDADE PRISIONAL FEMININA NO
BRASIL: É POSSÍVEL DEVOLVER A DIGNIDADE À MULHER PRESA PARA QUE ELA
EXERÇA SEU PAPEL NA SOCIEDADE? Em seu texto, posicione-se claramente em
relação à pergunta constante no tema [valor: 1,00 ponto] e aborde os seguintes
aspectos: 1 o encarceramento como reparação social pelo crime cometido e
oportunidade de reintegração social; [valor: 8,00 pontos] 2 o atendimento das
demandas específicas das mulheres e a garantia da segurança nas unidades
prisionais; [valor: 8,00 pontos] 3 o papel da mulher na sociedade e na família no
Brasil: participação no mercado de trabalho e responsabilidade pelos filhos. [valor:
2,00 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

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O Brasil é um país que possui inúmeros problemas na seara da igualdade de


gênero e, além de gerar consequências nefastas na sociedade, até mesmo nas prisões
há a verificação da existência delas.

O sistema prisional brasileiro não consegue cumprir minimamente com sua


função ressocializadora e, no caso das mulheres, vários estudos mostram que ocorreu o
aumento expressivo do encarceramento feminino. Isso é problemático, pois muitos
crimes cometidos por esse gênero não são violentos e, somado a isso, as mulheres
configuram a única forma de sustento em várias famílias pobres, impactando
diretamente na criação e formação dos filhos e de demais parentes.

Como as cadeias nacionais não conseguem ressocializar ninguém, no caso de


mulheres presas há uma agravante, pois elas acabam se inserindo em uma realidade
criminosa que não era a delas. Consequentemente, o que era um delito leve torna-se
uma problemática muito gravosa, fazendo com que, por exemplo, entrem no jogo do
crime organizado. Outro problema é que as prisões femininas não possuem a
estruturação mínima para atender às especificidades femininas, como atendimento
ginecológico, creches e pessoal qualificado. Ademais, no caso das grávidas e lactantes,
a cadeia não é o ambiente adequado para uma pessoa nessa condição e, no caso
brasileiro, a estrutura física e de pessoal é muito ruim, afetando a dignidade delas.

Assim, diante de tal realidade muito ruim e precária, dificilmente é possível


garantir dignidade mínima para as encarceradas, a fim de assegurar a dignidade
mínima no período de prisão e quando da soltura. Isso contraria os princípios
constitucionais mais basilares do Brasil, impactando, consequentemente, na busca por
uma sociedade cuja superação da desigualdade entre homens e mulheres seja efetiva.

Nota-se, portanto, que o quantitativo de mulheres presas aumentou muito e


isso causa sérias consequências para ela e também para a sociedade. Além do custo
financeiro, há o custo social de desagregação do tecido social, o que contribui para a
perpetuação da desigualdade de gênero.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

Quanto ao desenvolvimento do tema, o candidato deve, a partir dos textos


motivadores, abordar o tema e os aspectos propostos, de maneira clara e coerente,
empregando os mecanismos de coesão textual. A abordagem dada ao tema pode
variar, mas o candidato deve demonstrar conhecer a atualidade do tema da realidade
prisional feminina, considerando-se o aumento da população feminina encarcerada na
última década, assim como o papel do Estado na reintegração da pessoa presa,
especialmente da mulher, que, no Brasil, além de compor grande parte da força de
trabalho — podendo contribuir para o desenvolvimento econômico do país —,
costuma ser chefe de família em grande número de lares — de modo que sua ausência
pode resultar em desintegração da família. Deve, ainda, abordar a segurança nas
unidades prisionais e a realidade feminina, tratando, por exemplo, de questões como a
baixa periculosidade, a maternidade dentro da unidade prisional, a saúde da mulher, a
capacitação profissional etc.

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POLÍCIA CIVIL – PCPE -2016 – CESPE

À medida que o crescimento urbano avança, impulsionado ou não por novos


investimentos e iniciativas imobiliárias, mais desafios a administração pública e as
empresas enfrentam. Atualmente, não são as migrações as responsáveis pelo caos
urbano das metrópoles brasileiras, e sim a falta de políticas públicas que freiem o
inchaço habitacional. Exemplo clássico é a escassez de políticas habitacionais e de
atividades econômicas que criem postos de trabalho próximos às moradias, visando
descentralizar essas atividades para os anéis externos das cidades, as quais, ao
evoluírem e ocuparem os respectivos territórios, tendem a manter concentradas as
atividades sociais e econômicas, o que alonga os deslocamentos diários dos
trabalhadores em razão do congestionamento do tráfego. Aldo Paviani.
Sustentabilidade urbana: utopia ou esperança? In: Correio Braziliense, 6/5/2016, p. 13
(com adaptações). Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter
unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.
URBANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: PROBLEMAS, ALTERNATIVAS E
DESAFIOS Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: 1 - problemas da
administração pública que dificultam a ocupação urbana ordenada; [valor: 6,50
pontos] 2 - alternativas para enfrentar os problemas de mobilidade nas grandes
metrópoles; [valor: 6,50 pontos] 3 - desafios para a defesa social resultantes do
crescimento desordenado das cidades. [valor: 6,00 pontos]

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

O fenômeno da urbanização é algo cada vez mais intenso no país e no mundo, o


que agrava os inúmeros problemas que as cidades enfrentam no curto, no médio e no
longo prazo.

Acerca dos problemas da administração pública que dificultam a ocupação


urbana ordenada, temos como exemplo a ausência de políticas públicas consistentes
que impeçam ou reduzam significativamente o inchaço habitacional, bem como a falta
de políticas habitacionais que priorizem a construção de moradias próximas aos locais
de trabalho. Sem isso, o trânsito caótico gera congestionamentos que resultam em
elevados custos financeiros e sociais.

No que tange às alternativas para enfrentar os problemas de mobilidade nas


grandes metrópoles, é urgente que ocorra a melhoria do transporte público, como a
racionalização das linhas de ônibus, a implantação e expansão da malha ferroviária
urbana e de metrô, além dos modernos veículos leves sobre trilhos e da multiplicação
de seguras ciclovias.

Por ser a violência urbana um dos principais problemas enfrentados nas


grandes metrópoles e consequência, inclusive, da falta de planejamento urbano e de
políticas públicas habitacionais e econômicas consistentes (exemplificadas pelos
processos de favelização de determinadas regiões, pelo aumento do número de
pessoas sem teto, entre outros fatores que aumentam a vulnerabilidade dos indivíduos,

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favorecendo, assim, o aumento dos índices de violência), o desafio da defesa social é


desenvolver estratégias eficientes que garantam a segurança da sociedade, e apontar
possíveis ações que possam ser realizadas para esse fim.

Somado a isso, a atuação da defesa social deve se dar de maneira ética diante
de uma série de obstáculos administrativos, burocráticos e financeiros, contribuindo,
assim, para minimizar os impactos da violência, manifestada cotidianamente, inclusive,
no trânsito dos grandes centros urbanos.

Nota-se, portanto, que os centros urbanos apresentam inúmeros problemas, o


que demanda uma série de ações bem planejadas e concatenadas por parte do poder
público e também da sociedade.

ANALISTA – TCE/PE – 2017 – CESPE

O desenvolvimento da inteligência artificial, com a ampla utilização de ferramentas


digitais e de robótica, apresenta desafios concernentes aos modos de equilibrar
vantagens econômicas e interesses sociais. Quando se fala em automoção, o tema do
desemprego, por exemplo, surge logo. Contudo, embora algumas profissões tenham
perdido espaço, a tecnologia digital mais criou do que eliminou oportunidades de
trabalho, ainda que em postos diferentes. No Brasil, é possível que a inteligência
artificial atinja com mais força setores de classe média, já que muitas tecnologias
reduzirão empregos como os de motoristas, contador e advogado. Em âmbito global, a
situação é mais complexa. As principais inovações vêm sendo criadas em países
desenvolvidos, enquanto países em desenvolvimento tenderão a ser meros
consumidores. E o que se pode fazer? Fala-se em alterar nosso sistema educacional
básico, valorizando-se o ensino de habilidades que auxiliem na adaptação ao avanço
da automoção. Apesar dos desafios, a inteligência artificial pode ser uma
oportunidade. Basta pensar em como será possível melhorar a agricultura, o
atendimento médico, o acesso a justiça e os serviços públicos. ( Pedro Henrique Soares
Ramos. Regulando a inteligência artificial. Internet: www.nexojornal.com.br (com
adaptações). Considerando o fragmento de texto acima tem caráter unicamente
motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: Inteligência artificial:
desafios e oportunidades. Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: 1-
transformações sociais causadas pelo desenvolvimento de ferramentas digitais; 2-
benefícios e problemas ocasionados pelo emprego de tecnologias digitais e de
automação; 3- estratégias governamentais e individuais a serem desenvolvidas para
que se adapte as transformações.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A inteligência artificial vem sendo um tema fascinante nas relações sociais e


econômicas, impactando profundamente o modo como pessoas e organizações se
relacionam.

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Acerca das transformações sociais causadas pelo desenvolvimento de


ferramentas digitais, verifica-se que os mecanismos e tecnologias vêm sendo
empregados em diversos setores para melhorar a produtividade e garantir maior
segurança e eficiência. Como exemplo, temos as ferramentas de automação bancária e
industrial, bem como de instrumentos mais pessoais, como os smartphones, que
corrigem erros de digitação, e softwares que oferecem ferramentas de tradução cada
vez melhores ou auxiliam na localização espacial, sugerindo trajetos ou outras formas
de tornar o cotidiano mais prático. Outros aspectos incluem formas mais complexas de
inteligência artificial que vêm sendo tema de debate público, como o desenvolvimento
de carros automáticos que prescindem de motoristas.

No que toca aos benefícios e problemas ocasionados pelo emprego de


tecnologias digitais e de automação há o problema do desemprego, grande no país
neste momento, mostrando como alguns postos de trabalho já têm sido eliminados. O
caso dos serviços bancários é emblemático, uma vez que inúmeras das operações que,
décadas atrás, demandavam o atendimento presencial hoje são realizadas pela
Internet ou por meio de caixas automáticos.

Muitos outros profissionais correm riscos: trabalhadores da construção civil,


empregados domésticos, garis, trabalhadores do campo, caixas e vendedores,
operadores de telemarketing, cozinheiros e até mesmo profissionais de atividades
consideradas mais complexas, como engenheiros e estatísticos. Há outros problemas
também, como a questão ética, já que computadores devem ser programados para a
tomada de decisões em situações críticas, muitas vezes imprevisíveis. Há também
limitações como a falta de criatividade, de imaginação e de capacidade de intuição e
empatia.

Por outro lado, há inúmeras vantagens oferecidas por ferramentas digitais,


como a redução de erros, a maior precisão — um benefício que pode ser relacionado a
aplicações médicas e científicas em geral —, a economia de custos em longo prazo e a
capacidade de penetração em ambientes perigosos para seres humanos, como campos
minados, ambientes de temperaturas extremas ou mesmo o fundo dos oceanos.

Quanto às estratégias governamentais e individuais a serem desenvolvidas para


que a sociedade se adapte às transformações, é possível verificar as habilidades que
possam ser desenvolvidas na educação básica, desde aquelas que se alinhem aos
pontos fracos da inteligência artificial (como criatividade e qualidades imaginativas e
de empatia), bem como as voltadas ao desenvolvimento de habilidades a serem
empregadas na engenharia robótica.

Outro ponto interessante é a regulamentação do uso da inteligência artificial,


de modo a coibir os problemas éticos e socioeconômicos que podem advir do emprego
não controlado dessa tecnologia.

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