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Hugo
GROTIUS
Volume 11
O DIREITO
DA GUERRAS DAPAZ
(De Jure Belli ac Pacis)
2' Edição
SBD-FFLCH-USP
llllllllllll1111
272932
2005
45ztq4 q Z/
a,xgo,{.P Título original: .Z)eJwe .BeZZÍac.l)acü(publicadoem 1625)
v.& Três volumes nos quais se explicam
O Direito de Natureza e das Gentes
.z.d e tanibê l As CoisasPrincipais do Direito Público
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mano Osorio Marquei UMjuÍ
Grotius, Huno
O direito da guerra e da paz/ jugo Grotius ; trad.
Cito Mioranza. 2. ed. ljuí : Ed. Unijuí, 2005. -- v.2 (Cole
çãoclássicosdo direito internacional/ coord.Amo Dal Ri
Júnior)
ISBN Obra completa 85-7429-345-8
ISBN V 1: 85-7429-4039
ISBN V 11:85-7429-404-7
l.Direito internacional 2.Filosoíía - direito 3.Guerras
4.Soberanial.Mioranza, Cito ll.Título lll.Série
CDU : 340. 12
341.1
Associação Brasileira
d as Editoras Universitárias
/
Índice Geral
VOLUME l
AppFqRN'TAnAn
param o DaIRiJúnior
T \TTP nn T Tn A n 15
DEDICATORIA
PROLEGOMENOS 33
LIVRO l... 67
LIVRO ll 277
777
XX. Das penas .. ......
XXI. Da comunicação das penas 881
XXV Das causas de empreender uma guerra em favor dos outros 979
1115
V Da devastação e do saque .....
1125
VI. Do direito deadquirir as coisastomadasna guerra
1171
VII. Do direito sobre os prisioneiros
XII. Consideraçõessobre
a devastação e outras coisas similares .. 1267
DAS PENAS
Sumário
'Ninguém, nem os deuses, nem os homens, aíh'mou que aquele que age
cominjustiça não deveser punido." Hierax [3] definia ajustiça por essa
função, como sendo a mais nobre de suas partes, dizendo que "ela con-
siste em punir aqueles que por primeiro fizeram o mal a outrem"
Hiérocles diz de[a que "remedio a ma]dade". Lactâncio [4] tem essas
palavras que "não caem num pequeno erro aqueles que taxam de dure-
za e de maldade a severidade, seja humana, seja divina, pensando que
deve ser dito criminoso aqueceque iní]ige uma pena aoscriminosos"]5] .
tl\ Soneca tDe Ira, \1, 6b à\z'. "Será iníquo aquele que se irritar de água! modo contra
agua/es gue cometeram cr7lnes deszkuaJS."Tácito, no livro 111de seus .4nJlaJes,
àiz. "Se a moderaçãodo príncipe, se os exe})lplosde vossosancestrais e os
vossascolocaram limites aos remédios e aos castigos, quando as desordens e os
comes não os têm; se não há indiscrição ao crime, mas palavras aos atentados,
podemosrefrear de tal maneira a não deixar impune a falta, sem que tenhamos
de nos repreender por demasiada indulgência cu por demasiado rigor." ÀnüaxLO
(livro XXVIII) assim se exprime: 'Z)eram pedy} que os supll os náo áossen?
ma/ares que os de/lhos. "Um escoliasta de Horácio diz que 'be as menores Zz/éas
merecen} as maiores penas, ocorrerá que os grandes crimes âlcarãoimpunes ou
gue seybm JhveJ2fados novos supi] bs'l Na lei dos visigodos(livro Xll, tít. 111,cap.
tà, hâ Q seg\l3xike:"Certas leis, não seguindo a diversidade que existe nas faltas,
nãa pronunciam punições distintas, idas misturam todos os crimes daqueles
que se torlla}31culpados, os submetem a todosigualmente à aplicação de uma só
}eí: a medida da pena não é ca]cuiada sobre aquela do crime. Uma violação da ]ei
consíderáve!ou de pouca importância nãc deve ser castigadapor igual repres'
são, particularmente quando o Senhor prescreve em sua }ei que a medida dos
golpes sc:/b propazc70 ]a/ âque/a da Éa/fa. "Ver neste capítulo, $ XXVlll e XXXll,
e livro 111, cap. XI, $ 1.
[20] Lucius Annaeus Seneca [Ol? a.C.-65 d.C.], De J?emedlh Forfu fora/n (Vll, l)
[21] Idem, Z)e]ra (11,28, 8).
[22] A isso se refez'emuma passagem de Ambrósio (Sereno.XX] sobre o Salmo Beafz
ímmaculatí. vexsícuXo Miserationes tuas Dominei, cüaào na. Causa 111, Quaestio
UZZ e uma passagem de Cassiodoro (VI, 21)
[23]Ambrósio,Hpo/og.Z)avl'd.,11,2
788
Hu GO GROTI US
rém, que todos devam ser de qualquer modo punidos. Isso não é tampouco
verdade. Deus e os homens perdoam, de fato, a muitos culpados muitas
coisas e são geralmente elogiados por isso. A pa]avra de P]atão [24] é
célebre: "Não é porque cometeu uma falta que se exige um castigo, pois
o que foi realizado não pode se tornar não realizado, mas é como exem-
plo e para o futuro." Sêneca [25] o traduz assim: "0 sábio pune, não
porque alguém pecou, mas para que não se peque mais; o passado é
irrevogável, o futuro se previne." O mesmodiz em outra passagem [26] :
'Não puniremos porque se tem pecado, mas a íim de que não se peque
mais; a pena nunca levará em consideração o passado, mas o futuro;
não há ira, é a precaução." Em Tucídides [27], Diodoro assim se expres'
sa, ao se dirigir aos atenienses a respeito de Mitridates: "Foi demons-.
tudo a mim que eles são culpados em primeiro grau, mas não seria
para mim uma razão de condenar à morte, se não encontrarmos nisso
vantagem para nós."
[25] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], .De //a (l, lg)
[26] Idem, .De Zra (11,31)
[27] 111,44.
[28] Cassiodoro(-Z)e.4m/cJZla) diz que 'be uma mão Eazma/â ouirn por caso,agua/a
]ue foi ferida não fere por sua vez e não se levanta para se vingar".
[29] Gorilas (81)
789
CAPÍTULO
H - DASPENAS
fim além disso. Assim é que certos hebreus [30] exp]icam essa passa'
gem de Salomão que se refere a essa matéria, cuja tradução é a seguin-
te: "Deus faz cada coisa para si mesmo e mesmo o mau para o mau dia.
Isso quer dizer que mesmo quando pune o ímpio, ele não o faz para
outro 6im que não o de punir. Caso contrário se recairia sempre no
mesmo sentido, mesmo quando seguíssemosa interpretação mais
comumente aceita, segundo a qual se deve dizer que Deus fez todas as
coisaspara ele mesmo, isto é, pelo direito de sua liberdade e de sua
perfeição soberanas, sem procurar nem reparar nada fora dele mesmo.
Como se diz que Deus nasceu dele mesmo porque não nasceude al-
guém.As SagradasEscrituras testemunham certamente que os casti-
gosinfligidos por Deus a certos grandescriminosos não tiveram outro
objetivo, quando dizem que sente prazer em sua desgraça e que os ímpios
se tornam motivo de zombaria e derisão para Deus (-Deuferon(ímio
XXy111, 63; /sal'ns1, 24; P2"0véz'ÓJbs1,
26). Mais, o último julgamento,
após o qual não há emenda a esperar, e mesmo nessa vida certas puni-
çõesinconspícuas como o endurecimento provam a verdade do que sus-
tentamos contra Platão.
Sêneca [33] disse também que se deve recorrer à vingança, vendo nisso
não uma alegria, mas um ato úti] [34] .Aristóte]es diz de modo seme-
lhante, no livro Vll de seu 7}afado da -/lslZíhba,capítulo Xll, que certas
coisas são honestas pura e simplesmente, certas por causa de alguma
necessidade e ele propõe o exemplo do último caso na aplicação das
penas.
1 . 0 que foi dito pe]o cómico [35], que "a dor de um inimigo é para
o ofendido o remédio de sua dor" e Cícero]36] que diz que "a dor se adoça
pela pena" e ainda P]utarco [37] que a tomou de Simonides "que é doce
e não penoso para um espírito de alguma forma doente e irritado de Ihe
oferecer para se curar os meios de se vingar"; isso convém pois, é verda-
de, à natureza que o homem tem de comum com os animais [38]. A
cólera está, de fato, no homem como nos animais, assim que Eustátio
[39] a define justamente: "Uma agitação violenta do sangue em torno
do coração]40], produzida pelo desejoimoderado de torna-la semelhante
a uma dor." Esse desejo é por ele mesmo de tal modo desprovido de razão
que muitas vezesse prende a coisasque não 6zeram mal algum, como
aos filhotes do animal que causou um dano ou mesmo a objetos inani-
[33] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], Z)e Ira (1, 33).
[34] Do mesmo filósofo há, no livro ll da mesma obra Z)e .ira, cap. Xll, o seguinte:
Bu me vingarempoz'que é preciso e n.ãopor ressei3timento.
[35] Publius Syrus [séc. ] a.C.], Se/]f. (294).
[36] Marcus ']U]]ius Cicero [106-43 a.C.], .flo .cujo Cbecuha Oraílo (12, 35)
[37] P[utarco [50?-125?], Aratus (1048 E).
[38] Daí essa expressão de Homero(-6[hdal:V, 23): 'Z/ma ]ra de anima/ se/uarnm se
havia apoderado dele." l)o mesmos"Que excite ele mesmo sua coragem em seu
grande coração!" Do mesmo- "Aquêles, doma tua grande alma!"
[S9] Em Aristóteles, .Óíl'ca d .A/lbcâmaco(VI, l).
mados [41], como a pedra pe]a qua] se atingiu o cachorro. Ta] desejo
considerado em si mesmo não convém à pal'y- razoável em que o o6cio é
comandar às paixões [42] e por conseguinte não é conforme ao direito de
natureza porque esse direito consiste nos princípios que nos ensina a
natureza razoável e social, considerada como tal. A razão sugere ao
homem de nada fazer que prejudique outro homem, a não ser que seja
em vista de algum bem. Somente na dor de um inimigo, considerado
assim isoladamente, não há bem algum, a não ser que um bem falso e
imaginário, tal como aquele que se encontra nas riquezas supérfluas e
em várias outras coisas da mesma natureza.
[41] Sêneca(De Zra 11, 26) diz: 'temo eJ'a izlsensafo en se irv7'ÉaJ' co/?6m co )as quc?
}ão merca/am sua cólera e qae nâo a sente/n./" Os brasileiros, homens selva
gene, se vingam contra o ferro que os feriu, como se fosse uma pessoa
[42] Ver o que diz a respeito Sêneca,em .Deli'a (1, 5)
[43] Platão, Gorilas; ver sobre isso Teodoi'eto,OuJ'af,(livro XX).
[44] Lucius Annaeus Seneca[01? a.C.-65d.C.], De .üa (11,32)
[45] Max. ']yr., 22íss. XV]11, 9.
sar a sabedoria platónica nas açõesda vida civil diz que "as leis autori-
zam a vingança, bem mais que a injustiça a que dá lugar, mas que o
senso natural nos ensina que a injustiça e a vingança procedem uma e
outra da mesma fraqueza"
1541Jogo Crisóstomo. em seus comentários soba'ea Ed)úfo/n aos Go/:hfzos (XI, 32)
também propõe essas três coisas: vouOeotcE,'ttpnptoc, KoXcEata,a correção, a satisfa
ção, o exemplo.
[55] ClemensAlexandrinus [150?-230?],PaedagoFus(1, 8, 70)
[56] .RefáÜca(], ]O)
[57] .De gera num. whd. (548 E)
[58] .ÓÍ]'ca a .Aã'cÓjnaco(V. 7)
794
H U GO GROTIUS
que "não há suplício mais penoso e mais cruel para um culpado que
obter a impunidade, sem ter ao menos que sofrer a repreensão dos ho-
mens". Em Tácito [64] há: "Quando a a]ma, corrompida e corruptora ao
mesmo tempo, alimenta ela própria o fogo que a devora, deve-se usar
para apagar essafebre remédios tão fortes quanto as paixões que a
acen-deram.
[70] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], Z)e //a (1, 16)
[71] Protrept. (11).
[721 .Z)egera num. u7hd (551 E)
[73] Jogo Crisóstomo os chama de pessoasatingidas por uma doença incurável
(comentários à /7 0kzrzhólosXZZZ 9-- JZomEDa
XXIX. '4). Juliano(.Oe Gonslanflb.
;tà diz qxxe"como há duas espéciesde faltas, umas que dão uma esperança de
melhora e não eliminam de todo a cura, outras que são cometidas por pecado-
res que nada podecurar; para essaúltima categoria,as leis inventaram, como
sanção,entregar à morte os culpados,não tanto para seu próprio bem, mas
para Q bem de todos os outros.
797
CAPÍTULOm - DAS PENAS
[80] Em Plutarco, Râmu]o diz a respeito de Tabus, morto pelos laurentinos, que 'be
Ãau7bbrocadomorte pau'moda': O mesmo Plutarco diz a propósito dos habitan-
tes de Mantinéia que haviam sido maltratadospelos habitantes deAcaiá: ':Es'-
sesmaus tratos levavam em símesmos alguma equidadede vingança" Bdlsâr\n
diz, em Procópio (Ua/2da/]c.,1, 16), que 'b ]hZ])n Jade pague/e que áoJ'lesado
co11traaquele que ihe fez violência é natural".
[81]111,56.
CAPITU
LOH - DASPENAS
799
mos com todo direito, usando dessa lei universal que autoriza a rechaçar
a força pela força." Em seu discurso contra Aristocrata, Demóstenes
[82] diz que é uma ]ei comum entre os homens que nos seja permitido
nos vingar daquele que nos arrebata pela força nossosbens. Jugurta,
em Salústio [83], apóster dito que Aderba] havia atentado contra sua
vida, acrescenta que o povo romano "não faria nada de honesto e de
justo, se o impedisse de usar o direito das gentes", isto é, de se vingar.
Aristides [84], o orador, diz que é aprovado pe]os poetas, pe]os autores de
leis, pelos provérbios, pelos oradores e por todos enfim, "que se faça
vingança contra aqueles que cometeram uma injúria por primeiro'
Ambrósio [85] louva os Macabeus que, mesmo no dia de sábado, vinga-
ram a morte de seus irmãos inocentes [86] . O mesmo [87] , respondendo
aos judeus que se queixam gravemente de que sua sinagoga havia sido
incendiada pelos cristãos, assim se exprime: "Se eu me colocasse sob o 11
[86] Ver Josefo, Hn6 kü Jades Judaicas(X]]], ]), a respeito da vingança pe]a morte
cle Jogo.
[88] Assim é que Tito Lívio(1, 14, 1) diz: 'Zbmó os /aurenílbos aglbm de acordocom
o jus gentium.
[89] Caius Corne[ius Tacitus [55-120], H)bfar7be (]V, 32)
800 H UGO GROTI US
4. Como nos negócios que nos dizem respeito e pela afeição que
temos para com os nossos,estamos sujeitos a nos deixar corromper:
logo que várias famílias se tiverem reunido num mesmo local, os juízes
foram instituídos e só a eles foi conferido o poder de vingar os ofendidos,
a liberdade que a natureza havia concedido aos outros se encontrou
desde então supressa. Lucrécio [90] diz: "Como o ressentimento ]evava
a vingança mais longe que as leis o permitem hoje, eles se aborreceram
com esse estado de violência e de anarquia." Em sua queixa contra
Conon, Demóstenes [91] diz que "foi de consenso co]ocar a pena de cada
de[ito na ]ei, não pe]a có]era ou capricho do primeiro impu]so" [92].
[90] Tu[[ius Lucretius Carus [98-55 a.C.], Z)e Natura J?atum (V. 1148-50)
[91] ,4dversus Cano ]eJn (19)
Quintiliano [93] diz: "Retribuir injúria por injúria não é somente con'
trário à justiça, mas à paz. Há a lei, o tribunal, o juiz, a menos que se
tenha vergonha de buscar a razão através das vias da justiça." Os im-
peradores Honório e Teodósio [94] disseram que "a autoridade dosjulga-
mentos, a proteçãode um direito público foram estabelecidospara que
ninguém possasepermitir a vingança por si próprio". O rei Teodorico
[95] diz: "A razão pe]a qual se imaginou o respeito religioso das leis é
para que ninguém faça coisa alguma por sua mão e por seu próprio
impulso.
[98] Será que se fazia referência aos umbros que se encontravam na ltália? O
mesmo costume era seguido em diversos lugares da Africa, segundo o teste-
munho de Leão o Africano (livro 11,nos capítulos em que trata de Teijeut e de
Tefza, além de outras passagens).
802
H UGO GROTIUS
n
199] Procurando 0
corrigir seus godos, n
o reil Teodorico assim se exorime em Cassiodoro
0
vingar injúrias. P]atão [104] aprova que se faça a guerra "até que fique
les que estiveram em falta sejam forçados a dar satisfação por seu cas
tifo às pessoas inofensivas contra quem fizeram o mal"
que deviam)lser dados os sufrágios, mas que o seguiam para obedecer a essa !ei
de natureza, seguindoa qua! aquele que tem ]llaís autoridade deve comandar
os que são me/]os coi?lidei'afaz)." Encontra-se algo de semelhante no mesmo
historiador, ao í'mal da vida de T. Flaminius. O autor do Diálogo sobre as causas
da corrupção da eloqüência diz, falando dos ot'odores: ':Elabora fossem subzp/es
privados, }]ão erai]] certamente sem autoridade, porquanto governavam o povo
e o sellado poz seus c'o/lse7Zose sua JJ?/7uâ?cua. " Jogo Crisóstomo, em seus
comentários à /7,8pJbfo/a aos Go/ú]f]os ZZZ /3, diz de Moisés: '7Mes/ ]o a 2ées de
ter íêito partir o povo, elejá era um líder por seus méritos. Era portanto ullla
insensata objeçãoa que ihe fazia essehebreu que !he dizia: Quem te eseabeie
ceu sobre nós colho magistrado e juiz? Que a1ldas dizendo? Vês provas de fato
e discutem sobre o }lolne? E colho se alguém, vendo um hábi! cirurgião que vem
en] seu socorro para fazer urna operaçãonum membro doentio de seu corpo,
ihe pergu1ltasse: Quem te estabeleceu médico? suei)l te ordellou de fazer esta
operaçãoelll ]lliill? E !nÍnha arte e tua doença,meu carolAssim também foi
a habilidade de Mloisés que o tornou tai, pois comandar não é somellte uma
dignidade, mas uma arte e certamellte, a 11aaissub i111ede todas as artes." O
mesmo escritor, no comentário à .%plüéo/aaos .87ZszosJZ?lao final, trata desse
mesmo assunto."Tua injustiça, tua crueldademe collstituem chefe e juiz.
1109] Marcus Tu[[ius Cicero [106-43 a.C.], 7bsau/ande 22íspuéaÉ]'ol?es
(]V. 23, 51)
[110] Quintus Horatius F[accus [65-08 a.C.] Odarum seu CarminuJn l,ibü {lN, 9
39).
lin] ÍpÀJk ..4u].(374)
[112] Em Estobeu (44, 16-17)
805
CAPÍTULOXX - DAS PENAS
[113 Dicearco fala de alguns personagens que haviam conservado depois o antigo
costumee Jerânimo cita outros autores (lue o atestam (ao/IÉIa Jovlhla/ u ]]
11 13)
[lt4] Lucius Annaeus Seneca[Ol? a.C.-65 d.C.], Z)e/ra (1, 16, 5).
t\\5À "Como }natalllos !ogo e sem demora as víboras, os escorpiõese todos os outros
allimais pre.judiciaispor seu ve]]eno,a]]tes que lias piqueil} ou quelias ata-
quem de alguma fauna, tomando assim nossas medidas para que não seja'
mos atingidos por Jlenhum dano da natureza nlá que está neles, assim tam-
bém éjusto que sejam punidos os homens que, tendo recebido uma natureza
afável, por causa da foJlte de razão que os leva a viver em sociedade, passam
a um estado de crueldade digna dos allimais ferozes e adquüem interesse e
prazer en] prejudicar ao maior ]lúmero possível." Isso d\z Fq\ax, em De
Spec/a/)óus Z,eglóus (11, 18). Cláudio de Nápoles, em Porfírio (Z)e ]io/] Esu
Azlímalium. 'L4à. dÀz."Não há ninguém que, se possível, não mate uma ser-
pente que encontrou, temendo que ele mesmo ou outro possa ser ferido.""'Jer
também o que segue, se houver interesse. No mesmolocal, ele diz pouca
àepots. "Matamos a serpente e o escorpião, mesmo quando não somos ataca-
dos por eles, pa!'a que não causem dano a outros e exercemos essa vingança
/70Interesse do género bu/na/?o."O próprio Porfírio diz no livro 11: 'Hss/m
colho temos alguma espécie de sociedade com os homens maus, mesmo cam
aqueles que são levados por sua natureza e por sua maldade, como por uln
vento violento. a fazer o mal a qualquer um, sem distinção, todosnós pensa'
mos contudo que esseshomens podem ser legitimamente punidos par nós,
assim também, não é fora de razão matar aqueles animais que são injustos
806 H U GO GROTI US
per sua }tatureza, que são !evadosa prejudicar e são !evadospelo impulso de
sua natureza a fazer o mai para o primeiro que !hes vier ao encontro." ?axece
ser isso que Pitágoras quer, como se lê em Ovídio(/IZefamo/:doses,XVI 108):
:Aãrmamos que os corpos que ameaçam nossa vida são entregues à morte
sem crim e.
IJI
[119] Dele essa passagem, do ]ivro De Sbcr7Elca/ Z/Z)us (11): '7b/ achem det'e ser
punido comoinimigo público, sei]] c031sideraras relaçõesmais estreitas que
se possa ter com ele; seus c013seihosdevem ser levados a conhecimento de
todas as pessoas que amam a piedade, a âm de que cada um agarra sem
demorapara infligir o suplício a essehomem ímpio, com plena persuasão que
o aJ«dorde matar essecomem ó üm santa des(?/b.
" Há outra passagemnão
menos notáve] ao 6ina] do ]ivro .De]UonaJ«cuja(1,7).
111
l
808
H UGO GROTlus
[120] Não repümir as faltas dos servos e dosfumos é um pecado (Lactâncio, Z)e Ira
Z)eZ cap. 18, onde há muitas coisas a esse respeito).
809
CAPÍTULO m - DAS PENAS
dade, elas devem, no entanto, com maior razão, ser consideradas como
desaprovando a vingança, porquanto rejeitam a antiga permissão como
conveniente a uma épocamais imperfeita [121]: "Não que uma justa
vingança sejauma coisa iníqua, mas porquea paciência prevalece so-
bre ela", como é dito nas OonsÉ7fuÉ70nes
de C]emente [122] .
[121] O/JioJpara/áo que é, se assim se pode dizer, a justiça dos injustos. Agostinho
(in .ETPosJfone Psa/m/ aUZZDcitado em C. Sed dlHbrenf/ae, causa 23, quaesf.
3
[122] Constitutiones Apostolicae (N\, zaà.
[123] .4dversus .l/arclone/;?(IV. 16). O mesmo diz, em seu livro sobre a PacJgnc/a
Crista, acrescentando a graça à ]ei. para estender e aperfeiçoar a lei, se
serviu do preceito da paciência porque era a única coisa que havia faltado no
do /]o e/]s bo da ./usf/ç;a."Jogo Crisóstomo, no comentário à Edlihfo/a aos
Efésios IV. 13. aEtxma. "Ele diz a esse respeito: olho por olho, dente por dente,
não
para reter as mãos do outro, }aãopal'a excitar as tuas, para proteger
somente teus olhos, mas para salvar os olhos de ambos. Eu contudo me
perguntava: como a vingança é permitida, por que se censura aqueles que a
e/n recon'em?" Pouco depois acrescenta: 'Z)eus perdoa aos que o senil)nenfo
de uma injúria recebida os levou impetuosamente à wngança; ê por Isso que
ele diz olho por olho; mas em contrapartida, as vias das pessoascoléricas
levam à morte. Se, enquallto era permitido arrancar olho por olho, o castigo
da pessoalevada pela cólera era tão grande, quanto mais não deveria ser
eiatre aqueles que, tendo sofrido algum dano, têm a ordem de se expor a
novas lnltlrlas7'
\
810
H UGO GROTIUS
mos que ela não i;ena nenhuma força se não fosse proposta pelo Criador
que promete a vingança e se encarrega de fornecer o juiz. Por outro
lado, se uma tão grande soma de paciência, consistindo não somente
em hão devolver golpe por golpe, mas a estender a outra face, não so-
mente a não responder à maledicência pela maledicência, mas mesmo
em falar bem, e não somente reter sua túnica, mas dar a mais o manto,
é imposta para mim por aquele que não deve me proibir, é verdadeira-
mente porque me prescreve a paciência. Ele não mostra a recompensa
de seu preceito, quero dizer, o fruto de minha paciência que é a vingan-
ça, pois deveria ter-me permitido, se não a dá ele mesmo,ou deveria
exercer por mim se não me permitiu fazê-lo eu mesmo, porquanto im-
porta à regra que a injúria seja vingada. Toda iniqüidade é refreada
pelo temor da vingança. Onde a liberdade estiver de todo desen6'eada, a
iniquidade, segura da impunidade, dominará por toda parte, vazando
os dois olhos e quebrando todos os dentes.
[124] in .1?7accum
(14)
[130] Ver Moisés Maimõnides, citado pelo eruditíssimo Constantino, no livro .De
Z)anão Z)afo (Vl11, 7)
[131] C22'fo (lO).
813
CAPÍTULO
XX- DASPENAS
deve retribuir mal com mal, "mesmo se alguma coisa mais difícil de
suportar nos ameaçasse". Esse pensamento se encontra igualmente em
Máximo de Tiro. Musonius dizia que não inventaria ou que não aconse-
lhava ninguém a intentar um "processode injúria", isto é uma ação
para alguma injúria recebida, comoaquele que Crista indica sobo nome
debofetada, pois é bem mais conveniente que tais ofensassejam perdo-
adas.
justo fica distante, não somente pela atrocidade da vingança, mas mes-
mo pe[a severidade da acusação]138].Lactâncio]139] havia dito tam-
bém antes: "Não será permitido ao justo acusar alguém de um crime
capita[." Justino [140], falando dos acusadoresdos cristãos, diz: "Não
queremos que aqueles que nos caluniam sejam punidos. Sua maldade
lhes basta, bem como sua ignorância das coisas boas.
[138] Ver Hincmar(.Z)e .Oívoz.óo, ad inferro#aÍ]o ]en] V ]h á7he), (hn. Z,aJco$ c'ousa
Z quaesóo 4, e sobre isso Panormit. Gailius(De Face PuóJlca, Vl11, 3). Acres-
cente-se o cânon .4causasf7(Do .4causaíl0/2óus, como é citado em Brocardo
[139] Caeci[ius Firmianus Lactantius]séc. ]V d.C.] , .22ívÚlai-um ]nsÉJfuÜonum(V],
10)
[140] Apologeticus(1, 7). Do mesmo é esse texto: 'RUo gt/ez'e/ldo uos }.7hgaJ"do qt/e
quer que seja, como o ordenou o novo fundador da }ei." cxescenke-seo ({ue
será dito a seguir, $ XV.
[141] Josefo e]ogia os fariseus por sua moderaçãoem punir. Disso decorrem as
muitas exceçõesàs leis relativas às penas públicas. Disso decorre ainda o que
é dito no Za/mud título ,lüefuóo/ü,que, ao ser indispensavelmente obrigado a
condenar alguém à morte, é preciso fazê-lo sofrer o menos possível
[142] Agostinho, Quaesf. .Frango/lb., /Juro -C quaesüo .X:
815
CAPÍTULO m - DAS PENAS
[146] Jerânimo, em seu comentário sobre o profeta Naum (cap. ]), passagem citada
em (huna mZZZ quaesf7bá Agatias(V. 4), segundoPlatão
[147] Jerânimo a Dâmaso, citado no cânon .ü27paMu/2a (S84 .De /ba fe/]Élb, .D&áücÉzb ].
[148] Lucius Annaeus Seneca [Ol? a.C.-65 d.C.], .De ]ra (1, 16). De]e é também essa
passagemdo livro De .BeneálaÍz)(Vl1,20): 'iSaJ}dn v2'dacíum remédiopai'a
gente desse tipo e o que pode ocorrer de melhor para aquele que não tornará
mais a ser e/e mesmo éí de se reÉímx "Do mesmo ainda: 'thm a mesma mão
eu prestaria um serviço a todos; eu o prestaria a alguém desse tipo, pois para
tais pessoassair da vida é um remédio.
CAPITU LO XX - DAS PENAS
817
[149] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], De Zra (1, 15)
[150] Em Estobeu (46, 41).
[151]Livro 1,cap.]], {]X, 4 e cap.]]], $ 111,
2
[152] E mesmo o dos romanos, ao menos em grande parte, porquanto, desde a ]ei
.fb/clb, nenhum cidadão, entre eles, podia sel' punido de morte ou açoitado, a
menos que fosse culpado de lesa majestade ou condenadopelo próprio povo.
[153] Livro 1, 65
[154] Limo XI, 11, 8
818
H U GO GROTIUS
[168] Sobre a questão de saber se o sábio deve $e imiscuir nos negóciosdo Estado
ver Soneca ÇDeOtío Sapíentisà
[169] Covarruvias, 4 doce /.Z cap. WZ n.'8.
[170] Fortunius, g oacéafus de u/f. /íne /egum ÍZ/af. ]].
mos em outro ]oca]]172], que a lei não possa fazer ambas as coisas em
casosdeterminados. Para saber o que ela quis, deve-sejulgar em parte
os termos da lei, em parte a matéria de que se trata. Se a lei concede
alguma coisa ao ressentimento, ela suprime o castigo humano, não o
crime, como isso ocorre com o marido que mata a esposa adúltera ou o
adú[tero [173]
[184] Livro li1, 21. Em /i]agme/?f.(Z:rc.XXVI, 1) diz que não se deve expor ao riso
público a fragilidade da natureza humana
[185] Livro XVl1, 38.
[186] Plutarco, Wdâ de S37on(90 A).
[187] Sêneca (Z)e Zra, 11, 18) diz: ';4s variedades dele/7doresp/'oyém dn mlsóura dos
elemeJatose os diversos caracteres são mais ou menos pron UJlciados,segun-
do fa/ ou qua/ e/emenfo predomina." Fala, além disso, do que provem da
condição de nossa origem e do temperamento de nosso corpo (.Epl'sfo/a XI, 6).
[188] Ver o cânon ]neór7breru/ f (&t causa .XV guaesf. .Z.
826
HU GO GROTIUS
de tais pecados não seja deixada a Deus que é de todo clarividente para
conhecê-los,muito justo para julga-los e muito poderosopara pum-los.
Por isso é que tal punição seria estabelecida pelos homens totalmente
sem utilidade e por conseguinte de uma maneira defeituosa. Deve-se
excetuar as penas corretivas que têm por objeto tornar melhor aquele
que pecou, mesmo se os outros poderiam não ter interesse nisso. Não
devem ser punidos tampouco os atou opostos às virtudes dos quais a
natureza repele toda coação, como a compaixão, a liberalidade, o reco-
nhecimento.
[192] Diodoro da Sicília diz com razão, contrariamente à sua doutrina, que 'bpe2'chão
cípreáer7'ç,e/
â punção"(.f)'ag/ne/ f., .Exc.XXI, 8). Cipriano formulará esse
pensamento em nome dos cristãos(Z»]GfoJa Z/C 16): '% douÉr7ha dos á/casados
e dos estóicos é toda diferente; eles dizem que todas as faltas são iguais e que
um homem sério não deve $e deüar facilmente dobrar. Ora, entre os cristãos
e o$ filósofos, a distância é considerável."
se segue por isso que a pena deva ser inf]igida [195] porque isso depende
da conexão dos fins pelos quais a pena foi instituída com a própria pena.
Por isso éque seessesfins não sãopor elespróprios moralmente neles'
vários ou sepor outro lado outros fins seapresentam não menos úteis
ou necessários ou se os fins que são propostos para a punição podem se
obter por outra via, parece então que não há nada que obrigue precisa-
mente a infligir a pena. Citemos comoexemplo do primeiro caso aquele
de uma falta conhecida por muito poucas pessoas, sendo por conseguin-
te sua produção em público desnecessária ou seria mesmo prejudicial. A
isso se referem essaspalavras de Cícero [196] sobre um certo Zeuxis:
'Conduzido diante do juiz, não seria talvez necessárioque fossemanda-
do embora, mas não foi necessárioprocura-lo para aí o levar." Como
exemplo do segundo caso, aquele do indivíduo que opõe à sua falta servi-
ços provenientes dele ou de seus pais que merecem ser recompensados.
Assim diz Sêneca [197] que "um beneficio posterior não deixa a injúria
aparecer". Como exemplo do terceiro caso, aquele da pessoa que se cor
rigiu por simples palavras ou que deu verbalmente satisfação ao lesado,
de modo que não há mais necessidadede uma pena para obter esses
8ns
[195] Juliano, em seu e]ogio a Eusébio, diz que mesmoque alguns tenham mereci-
do ser maltratados e punidos, não é por isso absolutamente necessário que os
mesmos pereçam.
[196] Marcus Tu[[ius Cicero[106-43 a.C.], .EblsfuJaead é?uüfum .FFaZrem
(1, 2, 2)
[197] Lucius Annaeus Seneca[01? a.C.-65d.C.], .De.Beneálcu]s
(V], 6, 3).
CAPITULOm - DAS PENAS 829
3. Isso tampouco deve ser feito, a menos que haja uma razão
provável.Ainda que não sepossadeterminar de uma maneira precisa
quais são as razões prováveis, deve-se, contudo, saber que essas razões
devem ser mais fortes depois da lei que aquelas que se tinha em vista
antes da lei porque a autoridade da lei, que é útil manter, foi acrescen-
tada às razões de punir.
[211] Lucius Annaeus Seneca [O[? a.C.-65 d.C.], Z)e C7e/nenf/a (1, 5)
832 H u co GROílUS
era de sua intenção que a lei fosse observada. Ele não distinguiu, de
fato, entre a equidade, que interpreta a lei, e o abrandamento da lei.
Por isso, em outro ]oca] [216], retoma Tomas e Sito a respeito do que
dizem sobre a lei que cessaem particular, como se tivessem acreditado
que a lei não encerra outra coisa senão o que está escrito, o que nunca
chegou a passar pela cabeça deles. Tanto pois isso é verdade que todo
abrandamento da lei, que muitas vezespode ser concedidoou negado
liwemente, deve estar relacionado com a equidade propriamente dita;
esseabrandamento, contudo, que é devido em virtude da caridade ou
em virtude da justiça política, não pode se referir ao que está escrito
somente. Uma coisa, de fato, é abolir a lei por uma causa provável ou
mesmourgente, outra coisa é declarar queum fato não existiu, desdeo
começo,compreendido na intenção da lei.
Parece, pelo que se disse antes, que nas penas duas coisas são
consideradas: a razão por que e o fim pelo qual. .4razâopor que é o fato
de ter merecido. Oá7)npe/o gua/é a utilidade que se espera da pena.
Ninguém deveser punido mais do que merece]217] .Aisso sereferem
os versos que citamos antes de Horário ($ 11,2) e essaspalavras de
Cícero [218] : "Há um ]imite para a punição, como para as outras coisas,
[226] Ver uma beta comparaçãoentre o ]adrão e o adú]tero, no ]ivro dos ,fyol.éró/os
(VI, 30)
[227] Fílon(Hd Z)ecaJogum, 28) diz: 'nadas as paixões da a/nza sâo sérT'as porque
!eram a alma para fora de seu estado natural e a enleiam, mas que a mais
perigosa de todas é a ambição, pois as outras vêm, por assim dizer, de fora e
entran} apesar de nós, ellquallto que, sozinha, a ambição tem sua fonte em
nosso pz'ópz'io coração e parece depender soez'etudo de nossa vontade.
entre elas, são as coisas que dão prazer ou aquelas que servem para
procura-lo e que sãochamadasde úteis, comoa abundância de rique-
zas. Os bens imaginários, que não são verdadeiramente bens [229], são
a superioridade sobreos outros, enquanto ela estiver separada da virtu-
de e da utilidade, e a vingança. Esses bens são tanto mais vergonhosos
porquanto mais se afastam da natureza. Jogo (l João 11,16) exprime
essestrês desejospor essaspalavras: "A concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos, o orgulho da vida." O primeiro item, de fato,
compreende o desejo dos prazeres, o segundo a paixão de possuir e o
terceiro, a perseguição da vanglória e o pendor à cólera. Fílon diz, na
explicação do Decálogo ($ 28), que todos os males vêm "do desejo das
riquezas, da glória ou do prazer". Lactâncio [230] diz: "A virtude consis-
te em reter a cólera, acalmar a ambição, põr um freio à sensualidade.
Quase todas as coisas que são feitas de modo injusto e maldoso vêm
dessaspaixões." Isso ele repete também em outra passagem]231].
quanto maior for o dano causadoa outrem. Por isso é que os delitos
consumados ocupam o primeiro lugar e aqueles que, tendo-se estendido
até alguns atos mas não foram levados até o 6im, ocupam o segundo.
Nestes últimos, há tanto mais criminalidade quanto mais longe tiver
sido levado o ato. Em ambas as espécies é a injustiça que perturba a
ordem comum e por conseguinte prejudica ao maior número, ultrapas'
sando todas as outras injustiças. Em seguida vem aquela que atinge os
cidadãos privados. A maior aqui é aquela que se relaciona com a vida,
depois aquela que se refere à família, cuja base é o casamento, enfim
aquela que tem relação com os objetos particulares, cuja posse é
almejável, seja roubando diretamente alguém dessesobjetos, seja cau
sando por dolo algum prejuízo a eles.
[233] Diodaro da Sicília(.êkc., XX], 15): 'g prcÜr70 do áo/ e ]] lk710rar unlzz I'ez os
deveresda vida, lilás cah muitas vezeslias me$!nasfaltas é próprio de um
espírito desgarrado. Mais ]iunlerosas são as faltas em que caímos,mas mete
Gemas ser rigorosamente punidos.'
[234]Asinius Pollio dizia que 'be deve/uZga/'um áon7empe/a n azarparte de sua
concfuéae de seu gâlzo': Cícero, em seu discurso em favor de Sita, diz: ':Bin
todas as coisas,juízes, graves e importantes, para saber se alguém quis,
pensou ou cometeu algo, deve'se julgar não pela própria acusação, mas pelos
costumes e peia conduta do acusado.
[235]Livro 1,86.
[236]Livro 111,67.
[237] Cânon XXV do Concílio de Ancira. João Crisóstomo,nos comentários à 27
Epístola aos Coríntios ll(.Homilia 'iN, üà üxzl "Para regular os limites da peni-
tência. deve-se ter cuidado nãQ somente com a natureza dos crimes conside-
rados em si mesmos, mas ainda com a disposição e com os costumes dos
pecador'es." O mesmo(Z)e Sacerdaflo, 11, 4) diz que 'ã pena nâa deve se/'
proporcional somente à !medida dos delitos, mas que se deve ainda inquirir
qual foi a intenção daquele que pecou
839
CAPÍTULOXX - DAS PENAS
que achas que não teria feito se fosse pobre?" A regi)eito se pode ler
muito em vários lugares das comédias, contra os amores dos velhos. E,
pois, segundo essas razões, que se deve estimar o mérito da falta, nos
limites do qual a pena deve ocorrer.
rem que se faça devolver o que foi tomado a alguém, punindo corporal-
mente o indivíduo ou obrigando-o a devolver mais do que tomou, a fim
de que a pena corporal ou a multa amedronte o ladrão ou o desvie dos
saques." Aristides [251] diz que "as ]eis permitem aos que pedem re-
[247] TcEUroncEOetcE,
como diria Harmenopu](1, 2, 34).
[248] Alusão a respeito é feita no HpocaJlbse (XV]11, 6): '2)evo/vei o dobro." Os
habitantes de Mineas. tendo arrancado com violência um tributo dos tebanos,
sem ter direito algum, Hércules os obrigou a devolver aos tebanos o dobro do
valor dessetributo(Apolodoro, 11,4, 11).
[249] in 71mocrafo (105).
[250] .De OáZI'cu)k
jMJh küa'um(111, 3, 21).
[25t] .Leucóüca (11)
842 H UGO GROTIUS
[252] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], J?creu;es FuJ'ens (750).
A caridade, porém, que temos para com aquele que é punido con-
duz ao menor grau da pena no limite prescrito, a menos que uma cari-
dade mais justa não aconselhe agir de outra forma, por causa de uma
razão extrínseca que, às vezes, é um grande perigo a temer da parte do
delinqüente, mas consiste na maior parte do tempo na necessidade de
dar um exemplo. Ela surge ordinariamente de circunstâncias
gerais que convidam a errar, as quais não podem ser reprimidas sem
remédios violentos. Os principais convites ao mal são o costume e a
facilidade.
que nesses ]ugares [26 1] os proprietários não podiam guardar seus bens,
ele lhes deu a lei como guardiã." O costume de um fato, mesmo que
elimine alguma coisa da falta ("não é semrazão, diz P]ínio [262], que
perdoou um fato proibido, na verdade, mas não contudo inusitado") re-
clama todavia sob certos aspectos rigor na pena porque, como fala
Saturnino [263], "quando um grande número de pessoas se entrega à
desordem, é necessário um exemplo". Isso deverá ser praticado melhor
[258] Ver Moisés Maimõnides (Z)zPecf.,111,41). Cícero, em Pro Sexto .Rosc70 Hmer7ho
(40, 116), diz que 'bs cremes co/lira os qua is Ó mais dJ7bz7de se precaver sáo
também aqueles que devem $er punidos mais rigorosamente".
[259] 11,2, 6
[260] .F>'oó/emana(XXIX, 14)
[261] Nos banhos. Em Arenas, aqueles que roubavam nos banhos eram punidos de
morte. se a coisa roubada valia mais de dez dracmas (Demóstenes, O/'a lo
Contra Timocratem, 'L'LAà.
Acrescer\e'se Lei 1, Dig., De füribus balnearibus
[262] Caius Plinius Caecilius Secundus [62-114], .qplsfuJae (]V. 9)
[264].De (;7eJnenf7b
(11,2).
[265] De C7emenüa (XX)
[266]1, 70.
[267] Justino 11, ao escrever aos hunos, diz: "Os /oma ]os éém o costume de nâo
punir aqueles que os ofenderam, na proporção do tamanho da ofensa.
[268] .,4nfan. PZJ7OS.(24).
[269] Em Estobeu, 48, 25
[270] Era o que dava a entender o imperador Henrique, quando tomou por símbolo
um pêssego,com essa palavra ".Suóacrd'. Em Cassiodoro(XI, 40), o rei dizia:
Se éperigoso para nós nos mostrarmos justos, há sempre para nós a garan
tia de perdoar.
[271] ,4d .Mbodem. (7).
846 H UGO GROTI US
Esperamos que nada tenha sido omitido por nós que seja de natu-
reza a contribuir eficazmente ao conhecimento dessa matéria, bastante
difícil e obscura. Relatamos em seu lugar as quatro circunstâncias que
Maimânide's [273] diz que se deve sobretudoconsiderar nas penas: o
[2'72 .Ekzúfo/a CL]X que é citada no cânon ClFauJ?Jce//ienes, causa -XXZIZ quaesÉlo á
Se for do agrado, ver a carta de Macedonius ao mesmo Agostinho e a resposta
de Agostinho, n.' Ltll e LIV. Acrescente-seo que se diz a respeito de Teodósia
o Jovem, nos .Exc'ermos
de Jogo de Antioquia, extraídos do manuscrito de
Peiresc. Macedonius diz a Agostinho: ':a dever do sacerdote izlfercedez' em
favor dos cüminosos.
[273] Moisés Maimânides, Du)ecf.(111,40). Compare'se com o cânon Saauf (!zgntzm,
de homicídio. voluntário ve} casuais.
847
CAPÍTULO
H - DASPENAS
1. Com relação ao que foi dito por Catão [276] em seu discurso aos
habitantes de Redes, que não é justo que alguém seja punido pelo fato
de ser acusado de ter querido fazer o mal, isso não estava deslocadona
passagem em que o dizia, porque nenhum decreto do povo de Rodei
podia ser alegado e que não havia senão conjecturas de irresolução. Não
se deve, porém, admitir essa proposição de uma maneira geral. Avonta-
de que atingiu até os atou exteriores, (dissemos antes ($ XVIII) que os
aros interiores não são punidos pelos homens), é ordinariamente sub-
metida aos castigos. Sêneca [277] diz em suas Gonfrovéz:s:üs."Os cri-
mestambém, embora não sejam completamente consumados, são pu-
nidos." O outro Sêneca[278] diz: "Premeditar o crime éjá cometê-lo.
Não são os desdobramentos das coisas,mas os propósitos que sãopuni-
[278] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], Z)e ]ra (1, 3, 1). E no livro -De
Bene8ciis (N. L4b.Q mesmaà\z. "Um bandido é tal,-mesmo que não tenha
manchado suas mãos, pois ele se armou para matar e ele tem a vontade de
despoybr e de assassznaz" Fílon, em De Zepóus SPec/aJlóus(11, 15) diz: '2)e-
ve:se observar comohomicidas, não somente os que matam, mas também
aqueles que fazem aberta ou secretamente tudo o que podem para tirar a
lida de alguém, mesma quando não tivessem ainda executado seu crime.
CAPITULOXX - DAS PENAS
849
dos pelas leis [279], diz Cícero em seu discurso para Mi]o [280]. Era
uma 6'ase de Periandro [281] : "Castiga não somente os que pecam, mas
também aqueles que se dispõem a fazê-lo." Assim é que os romanos
decidem que a guerra deve ser começada com o rei Perdeu, se não lhes
der satisfação pelo propósito que havia tomado de preparar a guerra
contra o povo romano, pois ele já havia reunido armas, soldados e uma
bota. Isso mesmo é observado com razão no discurso aos habitantes de
[279] Valério Máximo (VI, 1, 8) diz de Cneius Sergius Si]o, condenadopor ter
prometido escudosa uma matrona romana: '7\Uose co/oc'ouem questão o
fato, mas a intenção e se tornou para ele mais pre$udicia! ter querido pecar do
que Ihe poderia servir não ter pecado.
[280] Marcus Tu[[ius Cicero [106-43 a.C.], / o 7b/Zzb .4nn/o ]]dZZone (7, 19)
[281] Diógenes Laércio]séc. ]]] d.C.], }/idas, .Doaáz:Idas, SeJlfenças dos ]Ü7(Ísoáos
17usíres(1,7, 98).
[282] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], ,4ó Z]/}.óe Condlfa (XL]1, 30).
[284] .João Crisóstomo, no comentário à EfzibÉo/a aos .Rama/?os .ZZt .23, e ao capítulo
Vll da mesma Epístola(HomíZlb Vll e XII), diz muitas coisas a respeito disso.
CAPITULOH - DAS PENAS 851
2. Aesse título é que Hércules foi celebrado pelos antigos: por ter
livrado deAnteu, de Busiris, de Diomedese de tiranos similares, re-
giões [285] que atravessou, como Sêneca [286] se exprime a respeito,
não conquistando, mas ]ibertando, como o dá a entender Líbias [287]
[288] iV 17.
[289] V76
[290] Dion Crisóstomoou de Prousa, OrnÉao
1, no final
[291] Pajla th enaica .
[292] ,4s SupJlc'antes (340-42).
[293] No mesmo local, ao arauto que diz '7bu paJ fe gerou com corçapara enErenóar
todo o mundo?",'teceu responde. "De força para enfrentar aqueles que come
fe/n irÜusf/ç;as,Folk n(ásnáo foc'amosos que sâo bons."Plutarco, na vida desse
personagem, diz: 'Z/e /Jurou a Gz'écla de cruélk fzFanos." E.ainda: ':Sem que
soâ'essema] algum, e]e se ]aJlçava contra os maus para o bem dos outros.
[294] Livro V. cap. 3 (Ext. 3).
[295] Plutarco, Z)e Eorfun. .4/exandl (328 C).
r costume a U n
xanor' Mogno n
PV(] a abandonar
[296] Era SLU também
P dos
0 citas queAlexandre os levou
853
CAPÍTULO
H - DASPENAS
[297] Ver Dionísio de Halicarnasso(1, 38) narrando como Hércules fez desaparecer
essecostume e muitos outros, sem distinção para espalhar seus benefícios
entre os gregos e os bárbaros. Plínio(.Ahfura/l) HJkÉor=a,XXX, 1) elogia os
serviços não menos consideráveis prestados ao gênero humano pelos roma-
nas. "Não se pode avaliar de modo suâciente quarto se deve aos romanos que
aniquilaram esses}310nstros,para os quais matar um homem era um ato
muito religioso e devorar suas vítimas se constituía em alimento llluito saiu
óar" AcT-escente-se
o que será dito neste mesmocapítu]o, parágrafo X].Vll
Assim é que Justiniano proibiu aos chefes dos abasgos de transformar em
eunucos os filhos de seus súditos. Procópio faz menção disso(GofÉÜJb., IV. 3)
e Zonaras na IZldade Leão Zsauro. Os incas, reis do Peru, reprimiram os
povos vizinhos que não queriam acatar suas exortações para perder o costu
me de praticar o incesto, de permitir a união de homossexuais,de comer
homens e de praticar outras abominações desse tipo; e eles construíram,
dessa maneira, o império mais justo de que temos conhecimento, excetuan
do-se a religião.
[298] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], Z)e .Bene#c2]s(V]1, 19, 9).
[S01] [nnoc., Can. é?uodsuper ]zJi, De rolo.4rcü.; F]or., 3, pal'É. É#, .Zg / 5; Si]vestr.
in verbo Papa, $ 7.
[302] Ver José Aposta, .De Pzocu/anda ]ndarum Sa.rufo(11, 4)
les que distinguiam os persas dos gregos, aos quais se pode referir a
propósito esta passagem de P]utarco [305] : "Querer ]evar as nações bár-
baras a costumes mais requintados é um pretexto sobo qual se oculta a
ambição do bem de outrem."
XLlll. Deve-se,
no dii'eito
de natureza,separadas coisas
manifestas daquelas que náo o são
leis, como aquela que infere que a vingança, não tendo outro objetivo
que a dor de outrem, é viciada. Ocorre aqui, mais ou menos, como na
matemática, onde se encontram certas noções primitivas ou que se apro'
ximam das primitivas, certas demonstrações que são logo compreendi-
das e transmitem a convicção e outras que são efetivamente verdadei-
ras, mas não são evidentes para todos.
[309] Jerânimo(HdKarsus úov[h a/]um, 11,7} diz que 'fada nação guarda comou/na
!ei de 1latureza os princípios nos quais foi educada
[310] ÉÉ]'ca a McÓmaco(Vl1, 6).
[311] Justino (XXXVl11,6, 1).
857
CAPITULOH - DAS PENAS
2. Deve'se saber, porém, que a mesma coisa pode ser dita igual-
mente dosoutros delitos. Sem dúvida alguma, Deus basta também para
pum-los e contudo são legitimamente punidos pelos homens. Ninguém
discorda disso.Alguns insistirão e dirão que outros delitos são punidos
[312] C-aP.
/'bCC'atum,
paJ«fe/Z / ]0.
[313] Isso se encontra nas aonsú]uílb/?es(V], 14) que ]evam o nome de C]emente
C\Dx\ax\oÇEpístulay;XX, 4b àiz. "Convém a todosnós zelar pelo beJ3}do corpo
de toda a igreja, cujos membros estão espalhados por diversos países." b\z
também, falando da unidade da Igreja, que 'bá um só epl)copacão,
do gua/
cada óíspo possuí' so#dn/:ümenfe uma parte': Exemplos desse zelo universal
se encontram em toda parte em Cipriano e particularmente em sua célebre
carta LXVll. Acrescente-se João Crisóstomo, no elogio de Santo Eustáquio.
[314] Caius Corne[ius Tacitus [55-120], .4nna]es(1, 73).
[315]Z. Z (bd /K ].
858 H UGO GROTI us
pelos homens enquanto que outros homens são lesados ou são postos em
perigo por esses delitos. Deve-se observar, porém, contrariamente a essa
objeção,que não são somente os delitos lesando diretamente os outros
que sãopunidos pelos homens, mas também aqueles que lesam por via
de conseqüência,tais comoo suicídio,a união sexual com animais e
alguns outros.
[322] L2,Dig.1,3.
[323] .F=bjyZzba(Vl1, 8)
[324] Justino mártir, convidando os imperadores a zelar por essas coisas,.acrescen-
ta: ';Serácel'fameJ7fe
um ze/oatzbno
de um re/." Acrescente-se
o que diz
Covarruvias, cap. ,f)ossessaC / ]a.
[331] Diógenes Laét'cio [séc. ]]] d.C.], UJdns, DouÉr2has, Se/zfe/?ç;as dos FJ/(ãsoáos
/7usÉres(X, 150)
[332] Justino, XXXV], 2, 26
[333] Na Hdn de .4óraáo, Fí]on diz: 'í$er re/]É oso e am go dos À0/7]ens ó da prc@rla
natureza; no mesmoindivíduo se observa a piedade para com Deus e a justiça
para com os homens.
[334] XVI, 2, 37
[335] Caecilius Firmianus Lactantius [séc. ]V d.C.], DUv2harum /nstítullbnum (V.
14, 12)
CAPITU LO H - DAS PENAS 861
[341] Dion(XXXVl1, 17) diz que '%m Jerusa/ém não Éínáam ]le 2áum sina/aa'o
porque acreditavam que Deus não pode ser visto, nem explicado por pala
mas': Ver também Estrabão (XVI, 2, 35)
[342] Caius Corne[ius Tacitus [55-120], J?]sfar7be (V. 5).
[347] gbp/c.,11,4.
864 H UGO GROTI US
[348] '1brtu]ianc(,4drersus ]]aarc/o/lem, ], ]O) diz que 'b senÉ])ne/7fo ] [erJor de u/lla
divindade é um dom que, desde o começo,foi feito à alma". Segundol)\oüoro
da Sicília (]Q'ag7?1e
f. XXlll, 11), há "u/na piedade nafta/a/'l Fílon, falando da
poder de um só, diz que 'b acasonâoproduz obra áe fa com arie, ora, nada áá
que seja feito com mais arte que o mundo; atesta, pois, que foi criado por um
obreiro muito hábi! e sobera1lamenteperfeito. A crellça que temosna exzs'
fénc/a de Deus fem sua or7gumnisso." Tertuliano(.4dversus Marca'amem, l,
\$à à\z. "Suste1ltamos que se deve conhecer a Deus primeiro pela natureza;
que em seguida se deve reconhece-lopela doutrina. Pela natureza, isto é, por
suas obras,'pe/a douÉrlha,ou se7b,peia pi"egaç;âo,
" Cipriano, falando da vaida-
de dos ídolos, diz que 'g o aÚJnulodo cr7ne J2âoquerer /econàecel' o que não
se pode l&norar'l Juliano(.4d /7erac7z'um,
VII) diz que 'todossomospersuad'
dos, antes que tenha sido ensinado, que existe uma divindade, que se deve
orientar-se em díreçãoa eia, $e dirigir a ela; e creio que nossosespíritos se
dirigem para Deus, comoos seres dotados de vista se voltam para a ]uz
[349] Dion de Prousa ou Dion Crisóstomo,OrnÉlbXll
[350] ,4ma6ar2us (756 B)
que todas a6rmam que há uma divindade e que ela cuida de nós [356].
Plutarco [357] diz no ]ivro das noções gerais que se destrói a noção de
Deus, se for suprimida a providência, "pois não se deve conceber,nem
entender que haja um Deus que seja somente imortal e feliz, mas se
deve crer que ele ama os homens, que tem cuidado por eles e que lhes
faz o bem." Lactâncio [358] diz: "Nenhum cu]to pode ser devido a Deus,
se ele não faz nada por aquele que o serve. Não há nenhum temor a ter
por ele, se ele não se irrita contra aquele que não o serve." Na realidade,
seconsiderarmos o efeito moral, negar que Deus existe ou negar que
Deus tenha cuidado dasaçõeshumanas, isso quer dizer exatamente a
mesma coisa.
Pompânio [360] anexa ao direito das gentes a re]igião para com Deus e
que, em Xenofonte [361], Sócrates diz que servir os deusesé uma lei que
está em vigor junto a todos os homens, o que Cícero [362] afirma tam-
[356] Sêneca(Epistula XCV. 50) diz: "0 cu/fo a presta/' aos deuses ó pr7heJbamenfe
de crer em sua existência e, a seguir, de reconhecer sua majestade, sobretudo
sua bondade, sem a qua! não há majestade.
[357] Z)e Goma. Movi'É7üls
(1075 E).
[358] Caecilius Firmianus Lactantius]séc. ]V d.C.], De /ra Z)e/(6)
[359] Sêneca(Ep&fuJn CXVll) diz: '% ex7sfénda dos densos se dada e/ ü'e ouü'as
razões, da opinião que, nesse ponto, é inata em todos os espíritos que, em
parte alguma, em llenhuma raça de homensé rejeitada fora de toda lei e de
toda moral, até a não crer em deus qualquer." O mesma d\z, em De Bene6lciis
(!V. 4à. "7bdos os mortais não teriam coJlcordadoem invocar diündades sur-
das e deuses ]hpofe/]fes.. ."Acrescente-se Platão(.oboé Fora, 12, e J)e Z;egzóuA
X, 3) e os belos pensamentosde Jâmblico, em De JIZJuferJlsH g:rpílorum, logo
após o começo,onde diz que o conhecimento de Deus é próprio e natural do
homem, como o pincho para um cavalo
[360] L 2, Veluti, De Justa. et Jure.
[361] /emoraó. (]V, 4, 19)
[362] Marcus Tullius Cicero [106-43 a.C.], Z)e Nâfura Z)eoi-um(1, 16, 43); Z)e
InuenÜone(11,22, 65).
CAPITULOm - DAS PENAS 867
[368] Fílon(lzl Z)ecn/ogo,13) diz de tais pessoas:'7?ãoutros e/n que a hp]edade Ha]
além; não concedemhonras iguais a Deus e a suas obras, mas dão a essas
últimas todas as honras que se pode imaginar, não se dignam)do em coJlceder
a menor ]einbrança a essebem comum a todos; passam sob silêncio a única
Bolsa de que se deviam ]eillbral', abandoi)ando-se assim, esses infelizes, a um
esguec/me/?fovo/u/?farTO.
"Assim é que Moisés Maimõnides interpreta a pas'
vagemdo Z)euÉero/zó/??lo
(Z)lFecr.
111,41)
CAPITU LO XX - DAS PENAS
869
a se abster; por essa imposição são e]ogtados. P]utarco [375] re]ata tam-
bém que certos bárbaros que honram os deuses com vítimas humanas
haviam estado a ponto de ser punidos pelos romanos, mas que, como
eles se desculpassem argumentado com a antigüidade desse costume,
não sofreram mal algum, mas se limitaram somente a lhes proibir de
não cometer nada semelhante no futuro.
2.A segunda coisa a observar é que Cristo, autor da nova lei, não
quis em absoluto que ninguém fosse levado a receber sua lei pelas pe-
nas desta vida ou peãotemor dessaspenas [379]. Nessesentido é que
essaspalavras de Tertuliano sãobem verdadeiras: "A lei nova não se
vinga com a espada vingadora." Num livro antigo que traz o nome de
GonsílfüÉlbnes C7emenÉlk[380], é dito de Cristo: "E]e deixou aos ho-
mens o livre poder de seu arbítrio, não os punindo por uma morte tem-
poral, mas chamando-os a prestar contas no outro mundo." Atanásio
[381] se exprime assim: "0 S'enhor,sem exercer coaçãoalguma, mas
[377] Josefo é do parecer que cada um deve servir a Deus livremente, sem ser
coagido pela força.
[378] Sérvio observa, no começo do comentário ao canto 111da Eneida, que 'todas as
/fazesque não se vê a razão do que aco11tece
e que não se pode julgar a
respeito, tem-se o costume de dizer que isso pareceu bolll aa$ deuses".Barato
faz a mesma observaçãosobre o ato Y cena 111de .EuJluco(875)
[379] Gregário Nazianzeno(Opafl'o atum adsuinpfus esf a Paü'e) trata do assunto
e também Beda(.Hlsf. .Ebc:/eszasf. 1, 26). 1sidorodiz do rei Siseburg: "Qua'eJI
do, ]lo início de seu reinado, converter osjudeus à fé cristã, mostrou às vezes
zelo, lilás um zelo que }lão se coadunava com a ciência, pois ele constrangia,
usando de sua autoridade, aqueles que ele devia !evar à fê pela persuasão.
Rodericocopiou isso em sua história(11, 13). Osório e Mariana censuram pelo
mesmomotivo os reis que T'eivaramdepoisdele na Espinha. Ver esseúltimo
(XXVI,14e XXVl1,5)
[380]
[387] Caius P[inius Caeci[ius Secundus [62-114], .qp sfuJne (X, 96)
1388]Livro XXl1, 11, 5. O mesmohistoriador chama o cristianismo de uma religião
franca e simples. Zósimo que também era pagão diz que 'b promessa da 7
edstã éa !ibertação de fode crime e de toda impiedade". Os pagãos o chamam,
em muitas passagens:uma seita que não faz mal a ninguém (Tertuliano,
Scorplae, 1). Justino(.4po/ogeflaus, 11) diz: ':4yudamos e íraba/%amos maJk gue
todosos outros convoscopara a tranqtiílidade do império, eilsinalldo que é
impossível de se furtar aos olhos de Deus, se1ldo!evado a fazer o nla!, raptor,
traidor ou co1ltínuando a ser amigo da justiça; que, segundo o mérito de suas
obras, cada u111será !evado à salvação ou ao castigo eterJlo." Àln6b\o {lV, a6à,
falando das assembléiasdos cristãos, diz: '2Vadnáá que Jãc}ibspúe a duma/ci-
dade, a doçura, o pudor, a castidade, a liberalidade, a beneficência, o amor de
todos os homens que reatain elltre si os }iames da fraternidade.
[389] Quintus Septimius F[orens Tertu[[ianus [155-220?], ,4po/ogeÉ2aus (3) e .4d
ÀhÉlones (4)
874
H UGO GROTI us
[390] in .Z,egaÜoJ?e(40). Deve-se de igua] modo ver com e]oqtiência, no ]ivro Z)e
Sbc17ZcanüZlus(12), como as sinagogas diferem dos mistérios do paganismo
Ambas as passagens merecem ser lidas. Josefo ((bnÉra Hppl'amem, 11)diz algo
de semelhante.
[391]Tomas,11,2, 108.
[392]Ver Zonaras(XV. ]). Um fato semelhantese encontra em Agostinho(/@zbfa/a
Cb. "Maximíano, bispo de Vagões, pediu socorro a um imperador cristão contra
os inimigos da Igreja, não tanto para se defender ele próprio, mas para defen-
der a /.gl'eybque /Zí?era conálbda."Essapassagemé relatada em l:baga mZZZ
quaestio 3.
[393] Ver Menandro, o Protelar
CAPITU
LOH - DASPENAS
875
plo dos judeus o demonstram. Embora eles tivessem uma lei que era
sancionada por castigos nessa vida, não submeteram jamais a penas os
saduceus que rejeitavam o dogma da ressurreição, dogma verdadeiro,
seguramente, mas ensinado nessa lei, não sem obscuridade e sob uma
capa de palavras ou de coisas.
palavra, são hereges entre nós, mas não o são entre eles, pois se julgam
de tal modo católicos que nos acusam a nós mesmos de heresia. O que
são pois a nosso ver, nós o somos ao deles. Estamos certos que lnluriam
a geração divina, porquanto dizem que o Filho é inferior ao Pai. Eles
estimam que nós ultrajanlos o Pai porque os cremos iguais. Averdade
está de nosso lado, mas eles presumem que está do lado deles. Ahonra
de Deus está entre nós, mas eles pensam que a honra da Divindade é o
que eles crêem . Faltam a seu dever, mas fazem consistir, nisso mesmo
em que faltam, o maior dever da religião. Sãoímpios, mas nisso mesmo
acreditam seguir a verdadeira piedade. Erram, pois, mas erram de boa
fé [399], não por ódio, mas com amor de Deus, acreditando honrar o
Senhor e amá-lo. Embora não tenham a verdadeira fé, consideram con-
tudo a que têm comoum amor perfeito a Deus e ninguém pode saber, a
não ser o juiz [400] , como serão punidos por esse erro de falsa crença, no
dia do julgamento. Esperando, como acho,Deus os tolera pacientemen
te porque vê que, se não acreditam de modo justo, erram todavia por
um sentimento de crença piedosa.
[3991Agatias depois de ter falado das absurdas superstições dos alamanos (HlkÉor.,
' 7), diz que aqueles que erram assim são mais dignos de piedade que de ódio
e que sua situação permite lhes concedero perdão porque não é voluntaria-
mente que se desgarram, mas pelas falsas idéias que se fazem do bem pela
qual suspiram e às quais se mantêm obstinadamente agarrados, quaisquer
que sejam
[400] Jogo Crisóstomo(JÍomJba con ra .4nafben?af zanfes, 4) diz: "0 /uZZ dos sócu.
]os, único que conhecea medida da ciência e a quantidade da fê, julgará
sozinho sem perigo o que está oculto. De ondepoderemos saber, vos pergun'
bo,em que termos aquele que erra se acusara ou se desculpará?nesse dia em
que Deus julgar os segredos dos homens?Na verdade, seus juízos nãa podem
ser sondadose seus caminhos são impenetráveis.
[401] aDMira .E». .4/an/cÜ.(2)
877
CAPITU LO XX - DAS PENAS
com quanta dificuldade se busca refúgio contra os errosl Esses que lu-
tam contra vós, não sabem quanto é raro e duro se meter, com a sereni-
dade de um espírito piedoso,acima dos fantasmas carnaisl Essesque
vos combatem não sabem com qual dificuldade oolho do homem infe-
rior é curado de maneira a poder contemplar seu sola Esses que vos
seviciam não sabem quantos gemidos e suspiros são necessários para
adquirir algum conhecimento de DeusaEnfim, essesque vos maltra-
tam não caíram num erro semelhante aos que vos vêem caídosl Para
mim, não posso em absoluto vos maltratar, pois devo sustentar agora
como me sustentaram a mim mesmo em outros tempos, e devo agir
para convoscocom uma paciência tão grande como aquela com a qual
agiram a meu favor meus parentes próximos quando, louco e obcecado,
errava em vossa doutrina.
[402] Não é sem razão que detestamos essesintrodutores de tão mau exemp]o
entre os cristãos. Ver seus alas de crueldade em Eusébio (Hfa ao/]sfanÉlni. l,
5, 38), no local em que fala de Honorico, e GofíúJC.(1, 13), a respeito de
Amalarico, e ainda Vitor de Utica. Epifânio diz dos semi-arianos: 'Z7espezTe-
guem a queres que ensinam a verdade, não procuram convence-Jospor pala'
rias, màs entregam os que pensam corretamente ao ódio, à guerra, à espada
Já causarama ruína não somentede uma cidade,mas de cidadese denume-
rosas ]'e#lões." Gregório, bispo de Romã, diz a respeito dessas pessoas ao
bispo de Constantinopla: 'Z' uma nova e zÍf 7pregaÇãoa gue J)npõéa /E a
paulLadas!
[404] Sulpício Severo(11, 47) relata que '7tíáa/o e IfácJ'o bsu)í7bam com veeménc2b,
pensa:ldo que o ma} podia ser sustido em seu início, mas mostraram pouco
bclm senso ao recorrer aosjuízes seculares para fazer expulsar das cidades os
Àe2'agespar n]e o de s /as se/]Ée]ç'as e suas exec'rações'lPouco depois acres-
centa. "Apresentaram-se como acusadoresos bispos Idácío e rácio, de quem
11ãocensurada o zelo em submeter os hereges, se não tivessem combatido
pela ânsia de vencer,mais do que deverian}ter feito. Para mím, minha opi-
nião é que os acusadosme desagradamtanto qua11toos acusadores."B depois
conta que Maninho, bispo de Touro, não cessavade convidar rácio a desistir
de sua acusação, de pedir a Máximo de não derramar o sangue dessesinfeli-
zes, dizendo-lhe que era mais que suficiente, depois de terem sido declarados
hereges pela sentença dos bispos, que fossem expulsos das igrejas. Ver tam-
bém o que se segue.
[405],4 .RePzÍÓJI'ca
(1, 11).
[406] Soneca, na tragédia J7brcuJes -F'uz'ens(1244), díz: "Q rena nunca deu o nome
de cr7h7eao erro?"Em seu livro .Oe/z'a(1, 14), escreve: ':r\UoÉazparée de tz/ ]
homem prudente odiar os que erram, casocolltrário deveria se odiar a si
nlesJno. " Marco Antonino(IX, 11) diz: ':hsÉruÍ se puderes, agueJes guc? se
desgan'am; senão, !enlbra te que a ternura te foi dada para usá-la com eles.
Os pr(br os deuses os suportam com 6er77ura."Jogo Crisóstomo(comentário
à .gpJGfo/aaos .E7Zísios
/V ]7 JZoml#a Xlll, 1) diz que não se deve punir, nem
mesmoacusar aquele que está na ignorância, mas que é justo de Ihe ensinar
o que ignora. Valentiniano é elogiadopor Amiano Marcelino (XXX, 9, 5)
ç)a que "não perturbava ninguém, não ordenava que se adorasse tai ou qual
coisa,não fazia curvar a cabeçade seus súditos por meio de !eis ameaçadoras
diante do que ele adorava, mas deixava cada uJnseguir pacíacamenteseu
culto, segundo sua consciência
CAPÍTULO
H - DASPENAS
879
[410] Vl11, 2, 6
[411] Oommenfa/fus ]zz .Fbopáefam Z)ande/(V])
[412]Caeci[iusFirmianus Lactantius [séc.]V d.C.], DuçdnaJ«um
]nsÉafuÉabnum
(11,3
14)
880 H UGO GROTluS
[413] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], Z)e Be/leác= b (Vl1, 7)
DA COMUNICACAO
DAS PENAS
Sumário
XIV Responde-se aos aros de Deus com relação aos filhos dos
culpados.
XVI. Alguma coisa, contudo, pode ser recusada aos 8llhos e aos
pais dos culpados que de outro modo poderiam ter; com
exemplos.
[4] Jerânimo, em seu livro Sobre as .f)aráóo/as,diz: ':r\Go ó some/;fe o ]acírüo que á
)brigado, mas também aquele que, conhecendoo roubo. não o leva a conheci-
mento do proprietário para procurar a coisa roubada." 3oãa Cx\s6stomo(De
Statuis, X]N. Sb esclen . "São responsáveis não somente os próprios perjuros,
mas também aqueles que, conhecendofitos de peÜúrio, ajudam a oculta-los.
884 H UGO GROTIUS
dão conse]ho [5] , e]oglam, aprovam [6], que sendo obrigados em virtude
do direito propriamente dito de proibir não proíbem]7] , que sendoobri-
gadosem virtude do mesmodireito de levar auxílio a quem sofre injúria
e não o leva, aqueles que não dissuadem, enquanto devem dissuadir,
aqueles que calam um fato que eram obrigados em virtude de qualquer
direito de levar a conhecimento,todos essespodem ser punidos, se hou-
ver neles mesmosuma maldade tal que basta para fazer mereceruma
pena, em conformidade com as coisas que foram tratadas há pouco
191'1'ito Lívio, 1, 24, 8. João Crisóstomo (Z)eSZafui), 111,1) diz: 'H cidade não àav7b
domadoparte no crime, mas que os autores eram estrangeiros, recém'chega
ãos, que haviam feito tudo com $eine]-idadee com ignorância das leis, se3]}
premeditação.Não seria, portanto, justo que,peia ignorância de pequenonú-
mero de homelas, unia cidade tão grande fosse destruída e que os inocentes
desse ar7he fossem pum'dos. "Amiano diz dos quados(XXX, 6, 2): 'Z7es aá12ma-
vam que nada havia sido tentado contra nós por deliberaçãopública dos chefes
da nação.
[10] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z]/róe Go/zd/Za Q(XIX, 17)
deve-se colocar como máxima que aquele que sabe que um delito está
para ser cometido, que pode impedi-lo, que é obrigado a fazê-lo e que não
o impede, se torna ele mesmo cu]pado. Cícero [13] escrevia em seu dis-
curso contra Pisco: "Não há muita diferença, sobretudo no que diz res-
peito a um cônsul, entre o fato de perturbar a república por meio de leis
perniciosas, de tramas criminosas e o de tolerar que os outros a pertur'
bem." Brutus escreveu a Cícero [14]: "Vós me tornais responsáve], po-
[161 Arnobius [séc. ]]-]]] d.C.] , Z)zspuZaflones adversas Àraflo/zes (IV. 32)
[17] Sa[vianus [séc. V d.C.], Z)e Guie ] aóone Deu (V]1, 19)
[18] Confira cánon /Z causa mZZ quaesÉI'o 3.
[22] Lei dosvisigodos, ]ivro V]]], tít. ]V. cap. X] e XXV]; e ainda, ]ivro ]X, tít. ], cap. ]
taRAL 45, Scientla, Ad !egem Aquiliam.
2.4ÀL. 1, $Haeclutem, Sifamil. furt. feciss.dic.
[25À 1.. 4, in delíctás, De noxai. act.
t26ÀL. 50, Culpa, De Reg. Jur.; L !09, zluilum crimes eo tit.
Ci:iXL. 1, $ Qu! eam,in fine;i. Quid ergo, $1, 1, Non alia, Dig., Quinot. inf.
t28À L 7, F'urtum, $ Quod si, Dig., Árb. fura. caesar.
[29] OP. ef Du'es (240)
888 H UGO GROTI US
os reis: "Um poder que pelo poder considerável que tem pode impedir
a[gum grande crime [36], o aprova de a]gum modo se, tendo conheci-
mento dessecrime premeditado, tolera que sejacometido." Em Tbcídides
[37] se pode ]er: "Aque]e que pode impedir um crime é mais autor que o
próprio autor." Assim é que em Tito Lívio [38], os veios e os ]atinos se
desculpamjunto aosromanospelofato deos inimigos dessesúltimos
terem sido ajudados, sem que eles o soubessem, por alguns de seus
súditos.Ao contrário, a desculpade Truta, rainha dos ilírios, não é
aceita porque ela dizia que não era ela, mas seus súditos que pratica-
vam a pirataria, pois de fato e]a não os impedia de fazer isso [39] . Os
habitantes de Scyros foram outrora condenados pelos anííctiões porque
to[eravam que a]guns dos seus praticassem a pirataria [40]
136] Fílon(ib .17accum, 5) diz: 'Hgtre/e que pode casÉilgal' cerfamenéepóde pro ó r Se
eie não impediu, deve ser consideradocomose tivessepermitido ou mesmo
aprazado o gue se Éaz7a."Dion, na vida de Galba (Xiphilinus, LXIV. 2), diz:
Basta aos simples privados não Cometer faltas. Compete aos que detêm o
poder prestar também seus cuidados para que os outros não as cometam." Eqo
cânon IV do Concílio de Pestes,que se encontra nas capitulares de Cardoso
CaXxo,Dclàe-selel: "leão está isento de cumplicidade aquele que neglÍgencía
corrige' o que pode corrigir. Por isso, se torna sem dúvida alguma cúmplice do
pecado." Ver Nicetas Choniate, no livro sobre Andrânico(11,3)
[37] Livro 1, 69.
[38] Titus Livius [59 a.C.-17d.C.], ..4bC&-Éé?
Cb2dÉa(1, 30 e V], ]O)
[39]Políbio,11,8
[40] Plutarco, Clmom (483 C).
junto ao qual vive aquele que foi convencido de sua fa]ta [43] deve fazer
uma dessasduas coisas: serequerido, ele próprio punir o culpado se-
gundo merece ou remetê-lo incondicionalmente ao requerente. Esse é,
comefeito, de fato, o fato de entregar que seencontra muitas vezesna
história [44]
[49] Tiün Liv us [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z:/róeCh/?alia (XXXI, 11, 6).
[50] Diodoro da Sicília, n'agmenf. (XXV, 5); Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó [/róe
Oondlfa (XXI, 6, 8).
[51] Caius Sallustius Crispus [86-36 a.C.], .De -Be]/o Juguróá/ho (Cl1, 5)
[52] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z]/róeCondlfa (XXXVl11, 42, 7); Valério Máxi-
mo,VI,6
[53] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], Ed)i'f. (15).
aqueles que haviam lançado injúrias aos eleanos, isto éÍ não os haviam
punido, nem haviam entregue os culpados. Isso, de fato, é uma obriga-
ção alternativa.
['70] Um antigo orácu]o (transcrito em Eliano, Uaz Hi)f., 111, 44) diz: '?l/alasée feu
amigo querendosocorrê-io;1lãocometessecrime algum, tua mão é mais pura
do que já fora abates.
[71] Estobeu, Ecrã. de ]Mor7óus(7)
[72] Fílon(Z)e Jud7ce,5) diz que 'ã co/npaúão nâo ó devida senão aos ináe/ires e qae
aquele que faz o mal voluntariamente não é infeliz, mas injusto". hss\m ê (lue
Marco Antonino quer que se examine o espírito dos outros para saber se agem
por ignorância ou com propósito deliberado e para considerar ao mesmo tempo
as coesasque fém JJkzçãocom agua/a':Assim Totila distingue, em Procópio
(Goffüzc.,111,9), entre o que se faz poT-ignorância ou por esquecimentoe o que
se faz com pT'opósitodeliberado.
[73] Zn HpáoÓum (1, 68).
[74] Marcus ']-u]]ius Cicero [106-43a.C.], De Znvenó/one
(11,36, 109).
[75] Orai. X]V
CAPITULOHI - DA COMUNICAÇÃODAS PENAS
897
aos infelizes, quando sua causa é justa. Quantos perigos, de fato, já não
enfrentou ela para a defesa de seus amigosl E agora veja uma nova luta
que se prepara." Tal era a conduta que Calístenes elo-grava particular-
mente nos atenienses,dizendo que "eleshaviam feito a guerra a Euristeu
pelos filhos de Hércules [92], quando Euristeu oprimia a Grécia por sua
tirania."
[96] Tácito, em .4nnales(111, 36), escreve; '%s orações dos sup/]banfes só sáo escuta '
ias pelos deuses quando justas.
[97] Mariana (limo XXI) narra que em Portugal um camareiro chamado Ferdinanda
havia sido arrancado do templo onde havia buscadaasilo e havia sido queimada
por ter violentado uma filha de nobres. Ver também, sobre o asilo. o livro de
célebre personagem, o padre Paulo, da sociedade dos Servitas
900 H UGO GKOtiUS
procura-los e lhes dei ordem de sair do reino e lhes proibi para sempre a
aproximação de minhas 6'onteiras." Os samotrácios informam Evandro,
que havia armado emboscada a Eumenes, que "deveria se afastar do
temp[o profanado por sua presença" [104]
5. De resto, esse direito de que falamos, de reclamar para punir
aqueles que fugiram para fora do território não é praticado neste sécu-
lo, como nos últimos séculos, e na maior parte da Europa, a não ser em
matéria somente daqueles crimes que atingem os negócios públicos ou
daquelesque têm ocaráter de um raro ato celerado.O costume seesta-
beleceu que os crimes menores sejam passadossobsilêncio por uma
mútua dissimulação, a menos que, por cláusulas de um tratado, não
haja um acordosobre a]guma coisa mais precisa [105]. Deve-sesaber
também que os salteadores e piratas que cresceram tanto até tornar-se
formidáveis podem ser recolhidos e certamente entregues, no tocante à
pena, porque é do interesse do gênero humano que sejam afastados de
seus crimes pela conülança da impunidade, se não podem sê-lo de outra
forma e qualquer povo ou qualquer chefe de povo pode gerir esse inte-
resse
[113] Jogo Crisóstomo (.DeSfafuls, XV]1, 2) diz sobre esseponto as mesmas coisas
que Libânio. Marco Antonino, o filósofo, segundo testemunha Capitolino (25),
havia tratado outrora da mesma maneira os mesmos habitantes de Antioquia
e Severo puniu os habitantes de Bizâncio tirando-lhes o teatro, os banhos, as
honras e seus ornamentos; quanto à cidade, ele a deu aos habitantes de
Períntió. Ver Herodiano (111,6, 9), Zonaras (Xl1, 8) e o que dissemosacima.
[114] Aristóteles, .f)b/z'tlaa(V]1,13)
905
CAPITULOHI - DA COMUNICAÇÃODAS PENAS
da qual ele tem um direito próprio. Por via de conseqüência,o que por
efeito de que alguém não tem o que poderia ter tido de outro modo, o que
ocorrequando a condiçãocessa,sema qual não havia o direito. Há um
exemp[o disso em U]piano [12 1] : "Se em meu terreno abri um poço e se
disso resultou que os veios de água que deveriam chegar até ti tenham
sido cortados, o jurista nega que tenha havido dano causado pelo vício
de minha obra, desde que 6izuso de meu direito." Em outro ]oca] [122]
ele diz que há uma grande diferença entre so6'er um dano e ser impedi-
do de usar de um ganho que ainda serealizava. Ojurisconsulto Paulo
[123] diz também que "é inverter a ordem das coisas dizer-se ricos antes
de ter adquirido'
lido da maioria que, como nós dissemos alhures (livro 11, cap. V. $ XVII),
representa a pessoada universalidade, a universalidade seencontra
em culpa e que a essetítulo ela perde o que dissemos, a liberdade políti-
ca, às muralhas e outras vantagens, os privados inocentes soõ'em tam-
bém o prejuízo, mas somente nas coisas que não lhes pertencem senão
por intermédio da universalidade.
[127] Estobeu, 3, 79
909
CAPÍTULO
ml - DACOMUNICAÇÃO
DASPENAS
[128i Isso aparece c]aramente nas pa]avras de Rubem a Jacó, seu pai(Génes2k
XLl1, 37) e em Josefo(.4ní7gü/'dados JudaJC'as,11, 3). Eutrópio(em Ca/lgtzJa)
chama esses representantes de ctvTtyu)Cot,pessoasque colocam sua vida em
lugar da de outro; Diodoro da Sicília(.Ekcerpf. .F)aJ>esc.,
os designa de patroci-
nadores da morte. João Crisóstomo, em comentário à Ed)ibÉa/aaos Gá/rifas /Z
õ\z. "Do mesmo modo quando um homem foi condellado à morte, o inocente
que se oferecea morrer por ele Qlivra do suplício-." hgastàx:hoÇEpistula tíX
Ad !úacedoniumÜ abselva (Xne "ocorre por vezes que aquele que foi causa da
morte de alguém é mais culpado que aquele mesmo que o !evou à morte,
como,por exemplo, se alguém engana seu representante e essesofra por ele
o suplíciç} derradeiro.
[129] ZeCÜJIOP. (101)
910 H UGO GROTIUS
prescrito pe[a [ei de Móisés [130] por ter servido a uma união carna]
com o homem, isso não é verdadeiramente uma pena, mas um exercício
da propriedade humana sobre o animal.
lei de Deus: "Essa não pune como a outra os filhos e os descendentes dos
llSO] Em Quinto Cúrcio(Vl11, 8, 18), Alexandre diz: '7\Uo era preclko que souóásselk
) que eu havia decidido a respeito deles para que vossa morte fosse mais
cruel.
914 H U GO GxOTiUS
Ver Plutarco, Wda de .f)ézicles(170A) e o que foi dito acima, neste livro, cap.
xm,$i.
[152] De gera Numinis Vindicta.
[153] Uar J7hÉ. (111,43).
[154] Como diz Libânio: "Chs Já receberam seu casÉjlgo,outros nãa o /eceóeran]
ainda, mas ninguém os livrará da pena; e diga não somente eles,mas também
seus /l7Zos e agua/es que de/es váo / ascez" O mesmo Libânio diz algo de
similar' no discursoque Godefroi publicou.
iMI,is
[156] .M)ates.4fÉüae(111,9).
[157] Ou se fizeram uma declaração pública amaldiçoando o crime paterno, geme'
Ihante à que fez o imperador Andrânico Pa]eó]ogo,em Gregoras(livro V. cap.
81)
[158] Tertuliano(De Monogamia, 7) escreve: 'y ava azeda comi'dape/os pais cessa
de irritar o$ dentes dos filhos, pois cada um há de morrer no delito que }he é
próprio.
915
CAPITULO HI - DA COlaUNICAÇAODAS PENAS
t\63À Assim à\z eX6 "Era costuille próprio dos romanos isentar de toda pena os filhos
auybspais aqui'esses coinef dó crimes. "A lei dos visigodos tem a mesma
disposição(livro VI, tít. 1, cap. 8)
[164].4sZ)e/h(]X, 3).
[165] .L .Z4 Clúnen, .Dib, De poenlk.
[166] Marcus Tu[[ius Cicero [106-43 a.C.], .De Natura .Deorun2(111,38, 90)
916 H uoo GROTI US
o pai ou o avâ tivessem cometido algum crime?" Disso decorre que foi
proibido pe]as [eis dos egípcios [167], dos gregos [168] e dos romanos
[169] de entregar ao sup]ício de morte uma mu]her grávida [170] .
coisa pode lhes ser tirada, em virtude de uma espécie de direito de pro-
priedade,contanto, porém, que ao mesmotempo esseato volva para a
punição daqueles que teriam cometido o delito. Relaciona-se a isso o fato
de os descendentes de Antífanes, condenado como traidor, terem sido
declarados "privados das honras", segundo o relato de P]utarco [175],
isto é, excluídos das dignidades [176], como em Romã os filhos dos prós'
critos o haviam sido por fila. Assim é que, na lei citada de Arcádio
[177], essa disposição contra os filhos é tolerável: "Que não recebam
nenhuma honra, nenhum cargo militar." No tocante à escravidão, foi
explicado por nós em outro local (livro 11,cap. V. $ XXIX), como e até
que ponto passa sem injustiça aos 6llhos.
que seja por ele mesmo digno de pena, mas falamos da ligação íntima
que provém da natureza desse corpo, cuja cabeça é o rei e no qual os
outros são membros. Deus, é verdade, por causa do pecado de Davi,
cobriu o povo com uma peste, quanto inocente ele fosse, segundo julga-
mento mesmo de Davi, mas Deus tinha sobre suas vidas um direito
absoluto.
2. Essa pena, contudo, não era do povo, mas de Dava, pois como o
diz um escritor cristão [179], "o sup]ício mais crue] para os reis que
cometeram crimes é aquele que é infligido a seus povos". Isso ocorre, diz
o mesmo escritor, como no caso daquele que agrediu com a mão e é
castigado nas costasou é,como diz P]utarco [180] num tema simi]ar,
como no caso do médico que, para curar a anca, queima o dedo do pé. Já
dissemos antes porque isso não é permitido aos homens.
alguém, foi acatado no direito positivo, que ela não passe aos herdeiros")
é que o herdeiro representa a pessoado falecido, não no mérito e demérito,
que são puramente pessoais, mas nos bensr183], aos quais estão liga-
das, por uma instituição tão antiga quanto a propriedade, as dívidas
que provêm da desigualdade das coisas. Dion de Prousa [184] disse que
o que os ancestrais deviam, seus descendentestambém o devem e que,
de fato, não se pode dizer que a herança tenha sido repudiada por nós".
[183] Ver o Vlll Concílio de Toledo, sobre o tema de Recceswinth; ver também o que
foi dito acima, neste livro, cap XIV. $ X. Não há ninguém que represente
meinor o defunto que o herdeiro, comodiz Cícero, no lido -DeZ;e#Jbus(11,19,
Sumário
que lhes davam seus bons sucessosna Espinha, o que foi observado por
Po[íbio [2] . Tucídides [3] estima de modo seme]hante que a verdadeira
causa da guerra do Peloponeso havia sido o crescimento das forças dos
atenienses que faziam sombra aos lacedemânios. O pretexto, porém,
teria sido a controvérsia dos corcirenses, dos habitantes de Potidéia e
outras razões. Confunde, no entanto, nessa passagem os nomes de cau-
sa e de pretexto [4]. A mesmadistinção se encontra no discursodos
campanos aos romanos [5], quando dizem que combateram contra os
samnitas, aparentemente pelossidicinos,e na realidade para elespró-
prios, porque haviam visto "o incêndio que devorava os sidicinos, pres'
tes a se alastrar até e]es". Tiro Lívio16] relembra igualmente queAntíoco
havia empreendido a guerra contra os romanos, aparentemente por
causa do assassinato de Braquila, e de certas outras razões. Na realida-
de, porque havia concebido uma grande esperança pela queda dos cos-
tumes dosromanos.Plutarco observatambém que era semfundamen-
to que CícerorepreendiaAntânio de ter sido a causa da guerra civil,
pois que César, decidido a fazer a guerra, havia tomadoAntânio somen-
te como pretexto [7] .
[2] 111,6
[3] 1, 23 e seguintes, 56 e seguintes
[4] Assim é que, no ]ivro V. 53, ao falar da guerra dos habitantes de Arras contra os
de Epidauro, chama causaso que pouco antes havia designado de pretextos; da
mesma maneira que a palavra grega CLPXCEte a palavra latina p/:üciblb, assim
comooutros termos similares, são equívocos,como observamosno cap. 1, $ 1
deste livro. Os escritores da história de Constantinopla se servem muitas vezes
da palavra natpoKÀoa para exprimir o que os outros chamam de pretexto; isso,
por alusão à história de Aquêles que aproveitou da ocasião da morte de Pátrocles
para retomar as armas.
[5] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], ,4ó Urbe Oo ?alfa (V]1, 30).
[6] Idem, .4ó Z:4.üe aoí2dlfa(XXXV], 6)
[l\ "Essas coisas deram a eie que tinha necessidade de pretexto uma espécie de
aparência de direito e uma honrosa ocasiãopara fazer a guerra." Es\as paXawas
se encontram na história de Plutarco(.4néon/us, 918 D). Há em Lucano(PZarsa#a
!, asar, o seg\3\x\te."Os destinas rompem todos os seus atrasos; a sorte trabalha
para tornarjustos os movimentos do chefe e eie encontra causaspara justificar
seus erros.
CAPÍTULO Hll - DAS CAUSAS INJUSTAS
925
llS] Lucius Annaeus Seneca [O[? a.C.-65 d.C.], .E»]sfuJae ad .Z)ucT7lum (X]VI 9)
926 H U GO GROTIUS
2. Assim era Brennus [18] que dizia que tudo pertence aos mais
fortes. Assim também Aníba], para quem, segundo Si]ius [19], "sua
espada substituía o tratado e a justiça". Assim ainda Átila e aqueles na
bocade quem se encontram estas máximas: "Procuramos o êxito da
guerra enão sua causa" [20] e "Essa bata]ha devefazer do vencidoum
cu[pado" [21] e "No topo da fortuna a justiça está do ]ado da força" [22] .
Aeles muito bem se aplica esta passagem de Agostinhol23l: "Levar a
t\6Ã L 11,Pro haerede, $ uit. e leis seguintes, Dig., De haeredítatís petitíone. 'Tal {(À
a guerra dos bétulas contra os longobaT-dos,
empreendida sem nenhum pre-
texto(em Procópio, GofÉüic., 11, 14). Em Tito Lívio(.4b [/}.óe aon(#fa, V 36, 5),
os gauleses dizem que '7euan seu db'eito conasuas a?'mase que fado pel-áenc'e
aos homens corajosos
[17] .Refár7ca
(1, 3)
[18] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z]&.ÉeOonayfa (V] 36, 5)
[19] Caius Si[ius [ta[icus [séc. ] d.C.], .PunJba(X], 183).
[20] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], .17erctzJes
.Fbrens (411 e seguintes).
[21] Marcus Annaeus Lucanus [séc. ] d.C.], PZarsaZa (V]1, 260).
[22] Caius Corne[ius Tacitus]55-120], .4nna]es Q(V] ])
[23] Aure[ius Augustinus [354-430], Z)e Ca'wúaéeZ)e/ (]V] 6)
CAPÍTULOmll - DASCAUSAS INJUSTAS
927
nleszllo em lembrar uma causa, mesmo falsa, contra os romanos, rompeu seu
tratado, sem pudor algum e ao modo dos bárbaros.
[27] Em Aristóteles, .Óóca a .Mcón7aco(]V. 2)
[28] Fílon(De .Doca.]pgo,
26) escrevede modo primoroso: '%gue/esque se servanm
ias forças dos bandidos, exercem suas depredações em cidades inteb'as, certos
=iaimpunidade porque se acham estar acima das !eis. Tais são oshomens de um
espírito nada político, ávidos de dominação e de despotismo, autores de grandes
roubos, que decoram com belos nomes de autoridade e de poder regular o que
sepodeüa chamar, com mais propriedade, um banditismo." Esta passagemes\â
perfeitamentede acordocom as citaçõesde Quinto Cúrcio, de Justino, de
Sonecae de Agostinho que foram feitas no cap. 1, $ 1 deste livro.
[29] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4Zp[ü.óe Gondlfa(XX], 6, 2).
928 H UGO GKOíi US
direito, mas quem é mais forte. A maioria dosreis, diz P]utarco [30], se
servem dos dois nomes de paz e guerra, como se servem de moedas, não
para o que é justo, mas para o que serve a seus interesses. Pode-se
conhecer até certo ponto quais são as causas injustas pelas causas jus-
tas que explicamos até aqui. O que é direito serve, de fato, para fazer
conhecer o que é torto. No interesse da clareza, indicaremos as prin-
clpaisespecles.
1. Assim, dissemos antes (livro 11, cap. 1, $ XVII) que o temor que
se tivesse de uma potência vizinha não basta. Para que de fato a defesa
seja justa, é preciso que seja necessária, e tal não é senão na condição
de ser assegurada não somente pela potência, mas ainda pela intenção.
Digo ser assegurada de tal maneira que isso seja certo, dessa certeza
que tem lugar em matéria de coisas morais.
[38] Platão, .Z)e .Repuó/lca(V. 16); Eurípides, .]?á:uZ)a; Tifo Lívio, HÓ Z:j}.óe Gond'fa
(XXXI, 29, 15); lsócrates, Oraáfo Panafüen. (66).
931
CAPITULO Hll - DAS CAUSAS INJUSTAS
[39] Ver o ]V Concí]io de To]edo e o que dissemos acima, no cap. ]V. $ X]V deste ]ivro
[40] h[arcus Annaeus Seneca [58 a.C.-32?d.C.], G0/7Érorerszae
(111,21)
[41]Po/üc;a(1,3).
932 H UGO GROTIUS
sobre eles. O caso das crianças é tota]mente outro [42] , pois não tendo
elas próprias o direito de exercer seu livre arbítrio e de regular suas
ações, a natureza concede o cuidado de guia-las ao primeiro que queira
se encarregar de]as e que for capaz disso [43] .
[49] Jerânimo diz: ';4 palavra Zan'a, ]nesmo quando se acresc'e/7fao epi'fofo loja,
deve se restringir à região de que se fala.
[50] Informações a respeito, no ]ivro Guerras Judaicas(111, 3, 5) de F]ávio Josefo.
[51] .De Mana/IM/a (11)
[52] Aristóteles, Poli'É7ca(V]1, 4)
[53] Silvestr., ]J] verbo .Be/7um, parte ], n.' 21; Covarruvias, ]oca] citado, n.' 9
[54] Um exemplo pode ser tomado na Espanta, ver Gomez, ]h / -F'uernZ,n.' â .De
actionibug, Pano mlh., in cap. Venerabíiem, coi. 9, De Eiectíone* àasan, in bege
Canetas popuios, Cod., De Summa l:rínítate, NlenocX\us, Cona. 11,n.' 102,
Cardeal Tuschus, /b'aaÉlc. Canelas, J4SI f Rex J:ilspanJ'ae;Du Moulin, bons.
Paria, in prime. n.' 20, De Chasseneux, De Gloria Mlund{, parte V Consíderat.
2& hzaxltus. Institut. Mora!., livro ii, cap. 5, p. 2.
934 H UGO GROTIUS
[60] Suas palavras são extraídas do ]ivro Z)e Sacez'dolo(11, 3). '?\Uo é per?niílúh
sobretudo aos sacerdotes cristãos, usar a força para corrigir os pecadores. Os
juízes seculares exercem muito essepoder sobre aqueles que praticam o ma! e
que descobremterem violado as leis. Eles os constringem, de bom ou mau
grado, a não viver na fantasia. Quallto a nós,porém, devemostrabalhar para
tor[[ar melhores essaspessoas,persuadindo-assem força-ias.As leis não ]]os
deram poder para reprimir os pecadores e mesmo que o tivessem dado, se!'ía
936 H UGO GROTIUS
[63] Ver a respeito de um certo Teodoro que vivia na épocado imperador Graciano
Zósimo (IV. 13) eAmiano Marcelino (XXIX, 1, 8); com relação a João da Capadócia
ver Procópio(Pe/sl;c., 11,30) e Leunclavius(HJkf. 7brc., XVIII)
[64] ])e fato, os ]ivros proféticos são fechados e como que se]ados até o tempo
marcado para o cumprimento das profecias, de modo que não se pode enten-
dê-las antes (Z)an e/, Xl1, 4, 8-9). A respeito dessapassagemde Daniel, Jerânimo
à\z. "Se o profeta e11teJldeumas não compreendeu, que farão aqueles que se
$actamde pe1letrar o sentido de um livro selado e até o tempo do cumprimento,
e/]ç'o/v7doen] /]uilleJ'asasoóscur7dades.
" Procópio(Goffüia., 11, 1, 24) escreve:
Acredito que está acima das forças do homem encontrar o sentido dos limos
das sibilam a11têsdo acalltecimellto." I'ouço aba\xo ac escen\a "Não pode ocor-
rer que um ho!) em, quezn quer que seja,.compreenda antes do acontecímerlto
os oráculos das sibilam,mas é preciso esperar até que os fatos estalido consu-
111ados
e as palavras provadas por sua realização, o día marcado se torlle o
intérprete certo dos oráculos." Grego as q\vro N) àiz. "Do mesmo modo que
todas as predições são de interpretação muito diGici}porque são muito fechadas
ou comportam muitas explicações, assim também esse oráculo enganou a to-
dos e ao próprio imperador, enquanto vivo. Depois de sua morte, porém, o
o/ãau/o se ]«eve/ou a su mesmo aos áo/nuns. " Teólogos muito audaciosos, tomai
cuidados E vós, políticos, guardei-vos dos teólogos por demais audaciosos. So-
bre isso há uma passagem que mereceser lida, em De Thou (livro LXXIX, ano
de 1583), a respeito de Jacques Brocard
938 H UGO GROTIUS
mento de Deus, não dá nenhum direito, pois muitas vezes Deus permi-
te que o que predisse se execute por homens perversos ou se cumpra por
mas açoes.
[66] É um dos vícios que se insinua no mais das vezes sob as aparências da virtude.
Agostinho ensina com razão, em De O]'vT'lateZ?e/(111,14), que '%íme/Zor se
expor a sofrer uma punição por qualquer relaxamento do que buscar a glória
por geme;Zanfes al'mas. " Rever a passagem de Agatias que citamos no pará-
grafo lll
[67] De Soc/efafe (11)
[68] Caius Sa[[ustius Crispus]86-36 a.C.] , Ep/kfuJa i]Zláiãr='da/lk(5).
[69] Caius Corne[ius Tacitus [55-120], .17hfarlbe(]V, 74).
[70] Lucius Annaeus Seneca [O[? a.C/-65 d.C.], PZaeó,a (548).
[71] Aure[ius Augustinus [354-430], Cbnéra ]'ausfum .4ZanJcÜaeum (XX]1, 74).
[72] Covarruvias, d. / ], n.'Z Cajetan., ZZ .g quaesf. 4q a/f. ]; Si]vest., in reróo
Be!!um, n.' 2, Summa Ang., ín verbo Be!!um, n.' 5, Summ. Ros., ib., n.' 3 e 8,
tomas, 11, 2, quaest. 66, ad. 8.
XXlll
DASCAUSAS
DUWDOSAS
Sumário
USe houver dúvida de parte e outra eln llaatéria gra ve, se for o
caso de escolher uma saída, deve-se escolher a mais segura.
é o que diz o apóstolo Paulo (.Eo/nanosXIV. 23) que "tudo o que não se
faz segundo a fé é pecado". Nessa passagem, a fé significa o julgamento
que se tem de uma coisa [6]. Deus deu a facu]dade de julgar como guia
para as ações humanas e quando não se dá atenção a ela o espírito se
embrutece.
[6] E ao que se refere o que é dito na mesma epístola de Pau]o, no mesmo capítu]o
Que cada um esteja plenamente persuadido en} seu espírito." B ainda. "Feliz
daquele que não se colldena a si mesmo no que escolhe."ê-mbx6s\oàiz "que se
chama conarazão pecado o que se faz gêm aprova-io em s{ próprio". ê os\àxüo
segue essa ideia. Ambos são citados por Graciano, Zn adáó., cap. /4, c'al/saZ8
quaesÉ70
/. O seguintepensamentode Plutarco, em Hda de )no/ao/?(238C),
nâo se afasta ni\à\in: "E preciso nãc somente que o que se faz seja honesto e
justo, mas ainda que essaação parta de uma persuasão ãrme e ínabaiáve!, de
tal modo que pareça que o que se realiza tenha sido feito porque se julgou no
próprio espírito que devia ser feito.
[7] Marcus ']'u]]ius Cicero [106-43 a.C.], Z)e Oá]cu]k (1, 9, 30)
[8] Plínio(livro l, .Ep])faia 19): ':N©o Eaç;as aqu 7o de gue duvidas.
[9] Rabino Gamaliel, em Pirke, .4óoíü.(1, 16)
[10] Covarruvias, famaZ De maÉr7hon]o, pai'Ée.ZZcap. Z j .g n. ' g,
[11] .#Élbaa NI'aÓmaCO(11,9)
[12] Marcus Tu[[ius Cicero [106-43a.C.], De (2õH7c2)k
(111,1, 3)
[13] Marcus Fabius Quinti[ianus[30?-100?] , Z)e ZnsÉlfuélome Oraéor2b(V]1, 4, 12).
CAPITULO Hlll - DAS CAUSAS DUVIDOSAS
945
IV Ou pela autoridade
[14] Agostinho (Z)e Ordene,11,5, 16) diz: 'H v7aquí?seguimosé dupla, qua/ldo a
obscuridade das coisasnos perturba; seguimos a razão ou a autoridade." Gabll.eX
Vasquez explica isso(DuspuÉ. ZXZZ c'ap. 3, ]].' Zd.
[15] Vasquez, .Di]spüÉ. ZXZZ cap. 3, n. ' ]a Medina, Z .8 quaesílo /4.
[16] M.início, em Tito Lívio (XX]1, 29, 8), serviu-se dessa ídéia depois de um combate
lníeÀ\z."0 pri3neiro título para a glória é o de tomar para si próprio um bom
partido, segundo a ocasião; o segundo, seguir os sábios conselhos que lias são
dados; aquele, porém, que }lão sabe mandar neil} obedecercai no último grau
da [ capacidade." Cícero disse o mesmo, em seu discurso para .4tz/o C7ué]cuo
LS-t,84Ü\"Dá-se o título de ]lluito sábio ac que pensa por ele mesmo ao que é
necessário e se coloca illlediatameilte junto a eie aquele que se conforma com
as boas idábs de outrem." Sobre isso também esses versos de Hesíodo (C)p, of
pies, 293 e seg\iln\esà."Está à frente de todos os outros aquele que vê por sí
mesmo o que é úti! ou não e que vê de longe tudo o que deve fazer. O segundo
grau compete ao que soube obedecer aos bons conselhos.Aquele, porém, que
não pode ele próprio dar conselhos e não escuta aqueles que es dão aos outros
é um homem que não pode serür para nada.
t\l\ ''gtkoüa, De Indis, reJect. 1, n.' 12, e De Jure Belli, i}.' 2i e 24.
946 H UGO GROTI US
contrário que deve ocorrer. "Não há ninguém de nós que não goste mais
de absolver alguém, ainda que culpado, do que condenar um inocente.:
E acrescenta a seguir a razão que já demos: "A partir do momento em
que se duvida, deve-seescolher o partido em que se cometa erro menor.'
Antífones [24] diz: "Se é preciso se enganar, é mais honesto perdoar
contra a justiça do que condenar injustamente. Num não há senão um
erro, mas condenar um inocente é crime."
[21] Amiano Marcelino(XXVl11, 1, 40) diz: '%s iras JlllpJacárelk são Soba/de .grande
dureza de caráter; as iras que se deixam apaziguar são marca de grande mobi
cidade de espírito e que essa disposição, como se deve fazer em questão de
coziammás, c/eveser p/eáerlda â dureza de caráfez "Vasquez explica isso na
obra que citamos, cap. 4, n.' 21.
[22] Publius Terentius Ater [185-159 a.C.], ,4de/pôde (174).
[33] '1\tus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z:4.BeGond]fa (XXXX 45, 4).
[34] Donato, comentando Z'unucüas(174), diz que 'g uma máxima de fado couÀe
lida que o que se defellde obstinadalnellte quandoa.lguémpretellde arras
cá-!o à força, é concedido de bo11}grado em seguida ao que não pretende to
má-lo com violência
[35] Vl1, 9
[36] Vl11, 8.
[37] 11,ll in cine.
[38] Caius Corne[ius Tacitus [55-120], .4nna]es (XV. 2)
[39] Cassiodoro, Za/:üe(111, 1)
950 H UGO GROTIUS
[43] 1, 28
[44] Melhor, Esquines, Adversas OfeszbbonÉem(83)
[45] Titus Livius [59 a.C.-17d.C.], .4ó Z]ã.Ée
C2)mdl'fa
(111,71)
[46] Marcus Tu[[ius Cicero [106-43a.C.], Z)e O#icúk (], ]O, 33)
[47] Xenofonte, ala'opaedlb(11, 4, 8).
para regular suas â'onteiras aos partas e aos armênios que os estavam
pedindo [51]. P]utarco [52] diz que a principa] tarefa dos sacerdotes
feciais romanos havia sido "de não permitir de chegar à guerra, antes
que fosse extinta toda esperançade obter uma arbitragem". Estrabão
[53] diz a respeito dos druidas dos gau]eses: "Outrora eram árbitros,
mesmo entre os beligerantes, e muitos vezes separaram os combaten-
tes que avançavam uns contra os outros". O mesmo atesta que os sa'
cerdotes cumpriam a mesma tarefa na ]béria [54] .
4. Tanto para essa causa como para outras, seria útil, seria mes-
mo de a]gum modo necessário [57] que haja certas assemb]éiasdas
potências cristãs, onde as divergências de umas seriam eliminadas por
aquelas que não teriam interesse no negócio e onde até medidas pode-
riam ser tomadas para forçar as partes a firmar a paz em condições
justas [58] . Diodoro e Estrabão nos ensinam que ta] havia sido também
outrora o uso dos druidas entre os gau]eses [59] . Lemos também que os
reis francos deixaram aos grandes de seu Estado o julgamento sobre a
divisão do reino.
tn4à barca, 11,2, quaestio 40, disp. 53, $a\n, YDelnstít. Jur. 41, art. 7.
[75] Covarruvias, in cap. /bccafum, f 7q n. ' 6; A]ciat, /brados., .g .2.7;1i'u]gos.,Z)e
Jusf., E Piccolom., /luto l/Z Clw7. ,FIZz/a,cap. .gJ; Alberico Gentili, alvo .C cap. 6.
ADMOESIAÇOES LURA
NAOEMPREENDER
TEMERARIAMENTE
UAM GUERRA.MESMO
POR JUSTAS CAUSAS
Sumário
plo tão perfeito de Cristo que quis morrer por nós, ímpios e inimigos que
éramos ainda. Isso mesmo nos compromete bem mais a não perseguir o
que toca a nós ou o que nos é devido, atraindo sobre os outros, males tão
consideráveis como aqueles que as guerras trazem consigo.
[he haviam pago o sa]ário de seu traba]ho [4] . Em seu discurso sobre a
guerra e sobrea paz,Dion de Prousa [5] diz que não se devebuscar
somente "se uma ofensa foi recebida da parte daqueles aos quais se
trata de fazer a guerra", mas também "de que conseqüência é o aci-
dente"
[4] Pausânias, V. 2
IS] Dion Crisóstomo,Oraf70mZZ
[6] Dion Cássio [155?-235?], ]?JsfÓrva Boina ]a (XL]V. 32)
[8] iM 44
T CAPITULOHIV ADMOESAÇÕES PARANÃO EMPREENDERTEMERARIAMEWEUMA GUERRA F4ESMOPORIUSTAS CAUSAS
963
[9] ParaPÀr.(V]11,18)
[10] Soneca(.6pikfuJa 88, 38) diz: 'Z c/e/nénc/a/eHa poupar o sa/7guedos outros,
cornose fosse o próprio. Ela sabe que o hoine)n não deve abusar do homem
Segundo Diodoro da Sicília(.f$zg7ne/zfa, XXI, 16). 'hâo se deF'epun»' sei72pre
!odes os culpados, !nas some11teaqueles que 1lão se arrependem de seus maus
alas'l João Crisóstomo(De -SfafuJ's,VI, 3) diz: "Que todos agua/es gue são
estranhos à nossa íé aprendam que o respeito que devemosa Crista é tão
grande que se impõe a todo e qualquer poder. Honra teu amc, perdoa teus
companheiros de escravidão, a âim de que eie !neslno te honre mais ainda e
que, no dia do juiga]nento, te mostre u]]] semblallte sereno e clelneJlte,!eJn-
óra ldo-se de faa ÓI'a/?duJ«a.
" Graciano cita a passagem seguinte, extraída de
fugas\ãxüio,ep11Causa XXlll, quaestio 4 "Essas duas classi8caçõesde que nos
serümas, homem e pecador,31ãosão empregadas em vão porque, se é pecador,
puJ?o'o,se Ó áo nem, Íem compaJ]ão de/e.r"Vertambém o que se segue e o que
dissemosno cap. XX, $ Xll, XXVI e XXXVI.
[11] @71kfu/a (;XXXZZ71 2.
[12] Orava IZ
[13] Mo[ina, H'acfaf. /Z .De JusíJf., d]sp. ]03 Louca, D]kp. /51, /]. '/]; Aegid. Reg., Z)e
actibus supern, dísput. 31, dub. 7, n.' 107.
964 H UGO GROTlus
(b'epa [15] : "Pertence aos sábios não empreender a guerra, mesmo por
causas graves." Em Fi]óstrato [16] ,Apo]ânio diz que "mesmo por pode:
rogos motivos, não se deve recorrer à guerra'
que "a vingança de uma ofensa pessoal não agrada jamais num impera-
dor e mesmo quando fosse mais justa, pareceria ainda mais rigorosa'
Ambrósio [25] diz, em sua carta a Teodósio:"Tu fizeste aoshabitantes
de Antioquia o sacrifício da injúria que te haviam feito." No elogio do
mesmo Teodósio, Temístio [26] diz ao senado que "um bom rei deve ser
superior aosque setornaram culpadosde uma falta contra ele, não os
prejudicando por sua vez, mas fazendo-lhes o bem'
[26] 0m ÉÓ XZX
[40] Vl1, 3, 8.
[41] .4s Sup/Tcanfes(481 e seguintes).
[42] Ttitus Livius. [59 a.C.-17 d.C.], ,4ó Z:/rZ)eGonc#fa (XXX, 30, 30)
[43] 1, 78. '
[44] .De .4nÚna#tzm ]]ZoÜonc?(7)
T 969
CAPÍTULO mlV - ADMOEgAÇÕES PARA NÃO EMPREENDER TEMEMRIAMEmE UMA GUERRA MESMO POR JUSTAS CAUSAS
ção das coisas não é menos desigual, deve-se definir-se pela coisa em
que a disposição para produzir o bem é maior, comparada à disposição
de produzir o mal, porque o mal não é por ele mesmo comparado ao bem
[47] ou, se o bem comparado ao ma] é mais considerável que a disposi-
ção da coisa para o mal, comparada a sua disposição ao bem.
perigos sem motivo, nada podendo ser mais insensato que isso e que,
por essarazão, quando se trata de afrontar o$ perigos, se deve imitar a
conduta dos médicos que dão remédios benignos aos que estão levemen-
te doentes, mas são forçados a aplicar tratamentos perigosos e duvido
sos aos doentes mais graves. Por isso, ele diz que remediar a tempesta-
de é coisa de sábio, sobretudo seo bem que se poderia obter ao amenizar
a coisa é maior que o bem que provém da perturbação.
lõa] Marcus [lu[[ius Cicero [106-43 a.C.], Ed kfu/ae ac/.4fÉ]cu/?] (]X, 112)
5. Sobre o que falei da liberdade, quero que seja dito das outras
coisasdesejáveis,sefor ocasode se temer um mal maior oposto.Como
o diz com razãoAristides]63], costuma-se salvar o navio jogando mer-
cadorias ao mar, não passageiros.
[58] Marcus Tu[[ius Cicero [106-43 a.C.], Z)e ]nre/]üo ]e (11,57, 171)
[59] Essa fai a defesa de Anaxi]as que havia entregue a cidade de Bizâncio por causa
cla fome. Diz que os homens deviam combater contra os homens e não contra
a natureza das coisas. Assim é que o relata Xenofonte (HJkf. Graec., 1, 3, 18)
Procópio(GofÉüic.,
IV. 12)diz que 'bs2zoJnens
não e/og7bm
a morte vo/unfáÜa,
enquanto houver algu3na esperança que pareça maior que o perigo".
[60] XVll, ]O
[61] O mesmo Diodoro da Sicí]ia (XV]]], ]O), fa]ando dos conselhos que haviam
levado a empreender a guerra pelos atenienses, depois da morte de Alexandre,
Xiz ([ue "da opinião de todos os homens distintos por suas !uzes, o povo de
Arenas havia tomado uma resoluçãohonrosa, mas se havia enganadono obje'
üvo de uéí#dadeque se pl puMBa'; de modo que aqueles que se haviam apres'
fado a haviam feito 'bem que nenhuma nocess/dadoúl'esse exlêfdo gué?se
expusesseao perigo", ela, a mais, "desa81aros avisos que os infortúnios tão
famosos dos tebanos deviam ter dado
[62] Oíüo (1072 D)
[63] Oral. P7af. (11)
973
CAPÍTULO HIV - ADMOESTAÇÕES PARA NÃO EMPREENDER TEMERARIAMENTE UMA BERRA MESMO POR JUSTAS CAUSAS
[68] Sérvio, no comentário ao verso 758 do canto X da .Blleida, diz: "Os deuses
deploram o vão furor das duas partes e os trabalhos tão exaustivos dos mortais
p (lue "não há causa tão justa para que a guerra deva serfeíta nesse objetivo
[69] iY 12
[70] Lucius Annaeus Seneca[01?a.C.-65 d.C.], De (::/eme/7fza
(1, 12, 5)
[71] Oraílb De Face (1)
do que entendia Augusto [76] , dizendo que uma guerra não deveria ser
empreendida senão quando fossedemonstrado que a esperança de ga-
nhar pi'evalecia sobre o temor de perder. Não seria desproposital apli'
car aqui o que Cipião o africano e L. Emí]io Pau]o [77] diziam de uma
batalha: "Não se deve combater, a menos de uma extrema necessidade
[78] oü de uma ocasião muito favoráve]." ]sso poderá ocorrer sobretudo
quando setem a esperança de poder chegar a bom termo em seu empreen'
ditnento com nenhum ou pouco perigo, pelo terror que se inspira ou
pe[a grande fama [?9], como Dion [80] havia aconse]hadousar isso para
livrar giracusa. Há nas cartas de Plínio [81]: "... E]e venceu pe]o ter-
ror..., que é a anaisgloriosa de todas as vitórias.:
XIX), aquele que, sem querer, tivesse matado um homem, devia fugir,
se Deus proibiu que seu templo fosse erguido por Davi(/az6zzüasXXVlll,
3), tido como homem que fizera guerras justas, pela razão que havia
derramado muito sangue [89], se junto aos antigos gregos aque]es que
haviam manchado suas mãos por um assassinato, mesmo sem culpa
[87] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], Ed)]kfu/ae ad Z,ucíZfum(88, 30)
DASCAUSAS
DEEMPREENDER
AGUERRAEMFAVOR
DOS OUTROS
Sumário
coisas que prescreve uma virtude qua]quer [18] porque esse direito está
compreendido no direito próprio do superior, enquanto superior. Assim
é que, numa grande carestia de trigo, os cidadãos podem ser coagidos a
co[ocar em comum o que possuem [19] . Eis porque, em nossa questão
controversa, parece mais verdadeiro dizer que ocidadão pode ser coagi-
do a fazer o que exige a caridade. Por isso, esse Fócio de que falei,
mostrando um certo personagem de nome Nicocles, que era seu maior
amigo, dizia que tinham chegado a esseponto de infortúnio que, se
A[exandre o exigisse, e]e mesmo votaria para que fosse entregue [20] .
118]Assim é que entre os tucanos havia uma pena infligida aos pródigos; aos ingra-
tos. entre os macedónios;aos ociosos,entre os mesmoslucanos e os atenienses
Acrescente-se o que foi relatado no livro 1, cap. 1, $ 1X
[19] Lessius, Zíwo JZ cap. g daó. Z
{'
A causa que vem em terceiro ]ugar é aque]a dos amigos [25] , aos
quais na verdade não se pi'ometeu ajuda, mas aosquais contudo se deve
por uma espécie de respeito pela amizade que se tem por eles, se esse
socorro pode ser fornecido faci]mente e seminconveniente]26] .Assim é
queAbraão tomou as armas por Lot, seu parente, que os romanos orde-
naram aos antiates de não exercer a pirataria contra os gregos, visto
que eram parentes dositálicos. Os mesmos, muitas vezes,empreende-
ram guerras ou ameaçaram empreendê-las não somente em favor de
aliados aos quais isso era devido em virtude de um tratado, mas por
amigos.
[24] 11itus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z://óe Conduza(XXXIV. 22)
[25] Essessãoos termos deum antigo orácu]o(E]iano, Uar ]Zikf., 111.44): '7+esenfe.
não prestassesocorroa um companheiroem perigo de morte; nada te direi, a
não ser: sai do templo."
Cícero [35] : "Aque]e que não toma a defesa de um homem que é oprimi-
do ou não resiste, se o puder, à injustiça que Ihe é feita, não é menos
culpado que se abandonasse seus pais ou sua pátria ou seus aliados.:
Dando a "se ele o puder" o significado de "com vantagem". O mesmo diz
em outro ]oca] [36] que "se pode de a]gum modo ser dispensado sem
censura de tomar a defesa dos homens". Nas ./ZJkfórvbsde Sa]ústio [37]
há o seguinte: "Todos aqueles que, numa situação próspera, são solici-
tados a tomar parte numa guerra devem considerar em primeiro lugar
se lhes é possível conservar a paz; em seguida, se a guerra que se lhes
propõe é legítima, segura, gloriosa ou desonrosa'
Tucídides [48], pensam que é justo que "cada um puna os góüg" [49]
Perseu, em seu discurso a Márció, declara que não se justificará dõ que
fez contra os Dolopes: "Eu o âiz por meu direito próprio, porquanto fa-
zem parte de meu reino, estavam sob meu domínio" [50] : Todas esgãs
coisas ocorrem quando os súbitos são vêrdadeitaMehte culpados . Acres-
cente'se mesmo quando a causa é duvidosa. Em vista disto é qüe foi
estabe[ecida essa distribuição dos impérios [51]
bem aos estfazlhós,mãs a justiça nâo pede qtzea gebté os puna '' SéÉundo
Procópió(Banda/ló., 1; 5): 'g confie»/e/7feque cada üm exe«a o poder que /Ze
toca como parte, Mas que hão o êkiha dü éiiidado pelos begócíos dog outros.
[50] {titüs LiViüs [59 a.C.:17 d.ê:1; .4ó Urbe Co alfa (XLl1, 4i, i:i)
4. Assim é que Sêneca [54] estima que aque]e que nada tendo de
comum com minha nação atormente a sua, pode ser de minha parte
objeto de hostilidades, como dissemos (livro 11,cap. XX, $ XL, 3), quan-
do se tratasse de penal a infligir. Essa coisa é muitas vezes unida à
defesa dos inocentes. Sabemos, na verdade, pelas histórias antigas e
novas que a ambição do bem de outrem procura essespretextos, mas se
os maus abusam de uma coisa, o direito não cessa nem por isso de
existir. Os piratas navegam também, os salteadores também fazem uso
daespada.
sa[ário" [56] . ]sso é o que P]atão [57] prova em Tirteu. ]sso mesmo é o
que [emos que foi recriminado aos etó]ios por Fi]ipe]58] e aos arcadenses
por Dionísio de Mli[eto [59] , nestes termos: "Da guerra se faz um trá6co
e os males da Grécia são um lucro para os arcadensesque, sem se
importar com a causa da guerra, tomam as armas ora por um partido,
ora por outro." Coisa dep]oráve], como fa]aAntífanes [60] : "Um soldado
que, a fim de ganhar sua vida, ]ança mão da mortes" [61]. Dion de
Prousa [62] diz: "Que há de mais necessário para nós ou de maior preço
que a vida? E contudo, muitos a sacrificam para se encher de dinheiro.:
[57]Z)eZeg2bus
(1,5)
[58] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z:rróe Gonc#fa (XXX]1, 34)
[61] Sêneca, em Natura/es é?uaesúones(V] 18), disse: '2?asar'sq soó r7kco de üda,
angariar coisas que contribuem a abreüar a üda." T\au\o,el!:t Bacchides (traem:rl.
VII), escreve: ':4que/es gue vendem sua veda pe/o ouJ'o..." Guntherius
(Za#u/:üus,Vl1, 511) fala dessas 'boa'fes a/usadas a preço de cizhàeíro.desses
soldados que só têm em esta Qprémio militar que lhes era dado, acostumados
a mudar de partido de acordo com o preço oferecido e a ter como inimigo aquele
que !hes ordenasse de combater o amo que lhes desse seu salário.
[62] Dion de Prousa ou Dion Crisóstomo,arado mZ7
163]Bellinus,
-Z)e
Re.4ã7lf.,
parteZZÉ#..gn.' 4.
[64] Soneca,em Nafurajes uaesflbnes(V. 18), diz: ']:bmo chamar de ouü'zzmana/-
ra essa ânsia, essa necessidadede espalhar a destruição, de se !andar furiosa
mente sobre desconhecidos.de se irritar sem ofensa, de devastar tudo em sua
passagem e, como animal feroz, degolar sem odiar.
Sumário
[3] Platão nos ensina isso em sua HpoáB2b(17). Como Apo]ânio que opunha a um
edita de Nero este verso de Sófocles: 'í/[ípifer lâo me àav7a dado a arde n
(Filostrato, Héa HpaZ/on 7 nade ?s2i, IV, 38)
998 Hu GO Gxorius
[4] Que Josefo(.4ní7#ü Jades Judaic'as, XV]1, 6, 3) atribui a e]es: '?\Uo áá gue se
maravilhar se acreditamos que os mandamentos que ÀÍoisés nos deixou por
escrito, sob a inspiração e o ensiname]]to de Deus, mereciam $er ]naís respeita-
dos que luas arde ]s."Acrescente-seo que o rabino Tanchuma, citado por Drúsio,
sobre uma passagem dos Hfos (V. 29).
lõ] Eusébio, ]Dhfoda Zcc/eszbsüc'a(IV 23)
[6] Jogo Crisóstomo (comentário à .8p7'sfoJa aos ,E/3slos, Homi]ia XX], 1) assim
explica esta expressão "seguJ7do o Se lüo/': ' recompensa que náo á pe
queda nos foiproposta se prestarmos a nossospaís o respeito que lhes é devido,
mas devemos considera-ios como mestres, devemos respeita-!os em palavras e
anões,excito no caso em que houvesseprejuízo para a piedade." }Lssànlê que se
deve entender essaspalavras de Jerânimo: 'tbnÉzhua feu c'amil2áo,seguindo
aspegadas feu pai "lYata-se de uma expressãodeclamatória, tomada do reitor
Porcius Latro, e que se encontra em Sêneca(ao/IÉroverszbe,1, 8, 15). Do mesmo
modo se deve explicar o que dizem Ambrósio(Z)e Hlgínfáafe), Agostinho(.81ozbfu/a
XX..XVZZZ.4d Z,aefum), bem como o cânon IV do l Concílio de Nicéia, segundo a
tradução árabe
[7] Sophronius Eusebius Hieronymus]331-420], GommeJléarlum lh Eplsfu/am .F)aiz/I'
ad Ephesios (N1., 4Õ
[8] Jogo Crisóstomo(comentário à /.E»J8Éa/naos C];i:úÉ2bsV]1, 24 ]Zom]ZlbX]X,4)
çhü "Limites foram impostos por Deus à obediência dos escravos. Foi-!hes pres-
crito até onde devemobserva-!ose !hes é proibido ultrapassa-!os.No caso em
que o patrão não ordena nada que seja desaprovadopor Deus, devem se condor
mar a suas ordens e obedecer mas nada além (ileso." Clemente de Alexandria
(Síromafa, IV. 19, 125) diz: 'H muJZer deç,eoóedecei-a seu marido em fado,
falando da mãe de família, e nada deverá fazer que o desagrade, salvo se acre-
ditar em alguma conseqiíênciacom relação à virtude e à salvação.
999
CAPÍTULO HVI - DAS CAUSAS JUSTA PEUS QUAIS A GUERRA PODE SER FEITA POR AQUELES QUE EgÃO SOB O DOMÍNIO DE OUTREM
seja ele ]ivre, seja escravo. Tertu]iano [9], por seu turno, diz: "Foi-nos
ordenado de modo suficiente, segundo o preceito do apóstolo, a sermos
submissos com uma inteira obediência aos magistrados [10] , aos prín-
cipes e aos poderes públicos, mas nos limites da disciplina cristã." No
martirológio, o mártir Silvano diz: "Nós só menosprezamos as leis ro-
manas para guardar os mandamentosdivinos." Em Eurípides [11],
Creonte diz: "Ajustiça não ordena que sejam executadas ordens supre'
mas?" Antígono responde: "Não, quando são contrárias às leis e à justi-
ça." Musonius [12] assim se exprime: "Se a]guém desobedece a seu pai
ou ao magistrado [13] ou a seu mestre que ]he ordena coisasvergonho-
sas ou iníquas a fazer, não é desobediente, nem comete uma injustiça,
nem peca.
2. Au]us Ge]]ius [14] nega que seja uma boa máxima a de dever
obedecer a tudo o que um pai ordenou. Ele diz: "Que aconteceria, de
fato, se um pai ordena a seu filho trair sua pátria, matar sua mãe ou
fazer uma ação vergonhosa ou infame? Aqui, a opção mais sábia e mais
segura é um meio-termo. Deve-se em certos casos obedecer e desobede-
cer em outros." Sêneca [15] diz: "Não se deveobedecera todas as or'
dens." Quinti]iano [16] diz: "Os fi]hos não são obrigados a fazer tudo o
que seus pais mandam. Há muitas coisas que não podem ser feitas. Se
mandas teu filho formular uma opinião contrária à sua consciência, se
Ihe ordenas dar testemunho sobreuma coisaque ignora, ser de tal
opinião no senado,seIhe ordenamincendiar o Capitólio, seapoderar da
cidadela, então Ihe é permitido dizer: essas são coisas que não devem
ser feitas." Sêneca [17] diz: "Não podemos ordenar de tudo, como o es
cravo não é obrigado a fazer tudo. O que Ihe for ordenadocontra a
república, não poderá executa-la, pois suas mãos jamais se prestarão
para o crime." Sopater diz: "Deve-se obedecer a um pai, se manda nos
limites daquilo que é justo, está bem; se suas ordens saem do que é
honesto, não convém Ihe obedecer."Foi feito passar outrora pelo ridícu-
[o Stratoc[es [18] que havia proposto antenas uma ]ei dizendo que tudo
o que fosse do agrado do rei Demétrio ordenar, passaria por piedoso ao
o[har dos deuses,e porjusto entre oshomens [19]. P]ínio [20] diz que
;havia em algum lugar demonstrado que a execuçãode uma ordem
iníqua era um crime." [21J
[2]] Tertuliano (Z)e .4nfma, 40) diz: 'Hque7e que manda reaeóe ma/or pu/]lbão,
porquanto mesmo aquele que obedecenão é escusado." i)\z \antbêBrtÇDe
Resurrectione Carris, tSà. "Entre os homens, o exercício mais perfeito da
justiça vai até encontrar aqueles que não foram senão os mí11ístrasde uma
ação para pum'ios ou recompensa-!os,bem como aqueles que se serviram de
seu múnifávlb. "VeT' Gailius, Z)e Pac-ePuó/laa(livro 1, cap. IV. n.' 14)
r CAPÍTULO
HVI DAS CAUSASJUBAS PEUS QUAIS A GUERRAPODESER FEITAPOR AQUELESQUE ESTÃOSOB O DOMÍNIO DE OUTREM
4. Josefo [24] lembra que foi re]atado por Hecateu que os judeus
que serviam sob Alexandre da Macedânia não haviam sido forçados por
golpes de açoite nem por outro qualquer mau tratamento a levar terra
com os outros soldados para reconstruir o templo de Belus que estava
na Babilânia. Temos,porém, um exemplo mais próximo de nossotema
na legião tebana, da qual falamos antes (livro 1,cap. 11,$ 1Xe cap. IV.
$ VII) e nos soldados de Juliano, dos quais Ambrósio fala o seguinte: "0
imperador Juliano, embora fosseapóstata, teve contudo sob suas or
dens soldados cristãos que, quando lhes dizia 'Marcham para o combate
pela defesa da coisa pública', Ihe obedeciam,mas quando lhes dizia
Vo[tai vossas armas contra os cristãos' [25], reconheciam por chefe o
[27] João Crisóstomo(Z)e Prou7denfza, ]ll) diz: 'gl/UJfas urzes maglsüados dará/n
punidos por ter feito morrer injustamente indivíduos, mas ninguém jamais
perseguiu através da justiça os carrascos que foram os ministros dessas execu
iões, emprestando suas mãos para tanto. Nunca se pensou em procura-!cs. A
necessidade de obedecer no posto em que se encontravam bastava para
desculpa-!os, em consideraçãoda autoridade daquele que lhes deu a ordem e
da temor que devia ter aquele que era obrigado a obedecer."V\p\ax\o, segu3nàn
Censo,à\zl "0 escravo que obedeceuàs ordens de seu amo não se tornou
culpado de falta alguma" ÇL 2, Dig., De Nora!. Act). "Não é obrigado a decidir
aquele que obedeceàs ordells de um pai ou de um patrão" ÇL. 4, Dig., De
Rega.lú Ju/:zs).Ver Cujas, sobre essa última lei. Segundo Sêneca(.Z®lsó. 61, 3),
não há necessidadepara aquele que age por vontade própria". ucescenle-se
a lei lombarda, livro 1, tít. IY cap. 2. Mitridates mandou de volta impunes os
libertos de Atílio que haviam sido cúmplices de uma conspiraçãocontra sua
vida e fez o mesmocomrelaçãoa amigosparticularesde seufilho que se
revo[tara contra e]e(Apiano, J?e/7.
]1©fbrldaÉ.).Tibério Graco não foi punido
pelo tratado celebrado com os numantinos porque havia cometido essa falta,
obedecendoàs ordens de outrem(Plutarco, ber7us Graccüus, 827 A)
T CAPÍTULO
HVI DAS CAUSASJUSTASPAUS QUAIS A GUERRAPODESER FEITAPOR AQUELESQUE ESTÃOSOB O DOMÍNIO DE OUTREM
1003
sam toda ação civil contra eles. Dizem que "o autor do dano é aquele que
manda fazer, mas não há culpa da parte daquele que está na necessi-
dade de obedecer" [28] . "A necessidadede obedeceraospoderes serve de
escusa"e outras máximas similares.
:il8à h 169, Damnum, Dig., Derem. jur:;L. 37, Liberhomo, l)ig., AdLegemAquiliam;
L. 167, Non videtur, $ Quiiussu, Dig., De reg. jur.;Paulo, livro V. gene., tít. 22,
$1, 2;Leis dos }ongobardos, !ivro i, tít. 96, de termino effosso;Leis dos visigodos,
livroil, tít. 2, cap. 2;livro Vli!, tít.l, cap. 3, 4;!ivro Vil, tít. Vii, cap. 5.
[29] .Óüca a .A/lbómaco(V. 12).
guerra civil: "Eram as ordens de seu pai e um filho não poderia desobe-
decer." Sêneca [36] diz: "0 escravo não é o censor da ordem de seu pa'
trão, mas o executor."
[36] Marcus Annaeus Seneca [58 a.C. --32? d.C.], GonÉroverszbe(111, 9).
[46] Bald., .ZCCbns. J85; Sotus, De def, gecz memór, 3, quaesf. 2, ]h resp. ad.[
1006 H UGO GROTIUS
6. O que foi dito das leis, de uma maneira talvez pouco distinta
por Tertuliano [49], ocorre exatamente muito a propósito dessas]eis ou
editas concernentes à guerra a fazer: "Um cidadão não obedece fielmen-
te à lei, senão conhecea natureza do que a lei pune. Nenhuma lei deve
se limitar a ser só consciente de sua justiça, mas deve fazê-la conhecer
aos que de quem ela espera o respeito. De resto, é suspeita a lei que não
quer ser examinada, é tirânica se domina sem ter sido examinada." Em
Papínio [50], Aqui]es fa]a assim a U]isses que o incita à guerra: "Dá-me
a conhecerquais foram para os gregosas origens de uma tão grande
guerra; gostaria de haurir daí justos ressentimentos." No mesmo [51] ,
Teceu assim se exprime: "lde com ardor, conüiai,vos rogo, numa tão
grande causal" Propércio [52] havia dito: "A causa da guerra quebra ou
releva as forças no soldado. Se a causa não é justa, o sentimento da
honra faz tombar suas armas." Semelhante a isso, estas palavras do
panegirista [53] : "A boa consciência faz parte tanto da guerra como a
vitória não é um efeito da coragem mais do que da probidade."Assim é
que certos homens eruditos interpretam a palawa ':jarek" que se lê em
Génes7k (X]Vj14) [54], dando-]he o significado que aqueles que assis-
tiamAbraão haviam sido, antes do combate,plenamente informados do
fato, por ele mesmo, da justiça de suas armas.
[54] Em Josefo(.4nÉzgufdades
anda cas,XV] 5, 3), Herodesse exprime assim num
discurso aos judeus, após uma derrota na Arábia: 'Desqb vos mosíral' com
quanta justiça empreendemosesta guerra, coagidos que fomos a fazê-!a pelos
ultrajes de nossos inimigos. Se compreenderdes isso, será para vós um grande
encorajamento. para ousar.
[55]PoZz'Zlc;a
(111,4).
[56] Aegid. Reg., Z)eacílbus sz/pera., dlspuf. J], duó. â n. '85; Bannes, .Zt Z quaesflo
4q a]«í. ]; Mo]ina, H'acfaf. /Z atíspuf. ]/3.
1008 H UGO GROTIUS
[57] Por isso é que os ministros de Sau], mais conscienciososque Doeg, não quase
ram matar os sacrificadores que moravam em Nob (/ Saque/ XXl1, 7). E o
terceiro dos oficiais mandadospor Acab não quis usar de nenhuma violência
contra Ellas(/7Eeü 1, 13 e seguintes). Alguns carrascosconvertidos à religião
de Cristo renunciaram depois ao emprego,comouma tarefa perigosa.Ver o
Martirológio e Beda(.llhóo/:faEcc/esasÉfca,1,7)
[58] Silvest., in verão .BeJyum, parte .C n. ' a caca Élbem.
1009
CAPITULOHVI - DASCAUSASJUSTAS PAUS QUAIS AGUERRA PODESERFEITA PORAQUELESQUE ESTÃOSOB O DOMÍNIO DE OUTREM
2. Não diríamos então que a guerra é justa dos dois lados, pois
não é questão da guerra, mas de uma ação determinada e precisa. Essa
ação, embora por outro lado venha daquele que tem o direito de fazer a
guerra, é injusta e,por conseguinte,é rejeitada legitimamente.
l
REGRAS
/ GERME
DO QUE E PERMITIDO
NA GUERRA.SEGUNDO
O DIREITO DE NATUREZA
/
TRAJA-SE LAMBEM
DO DOLO E DA MENTIRA
Sumário
Vimos quais são os que fazem a guerra e por quais causas é per-
mitido guerrear. Resta examinar quais coisassãopermitidas na guerra
[1], até que ponto e de que maneira se apresentam: o que é considerado
pura e simplesmente ou com relação a uma promessaprecedente. Pura
e simplesmente: segundo o direito de natureza em primeiro lugar, em
seguida de acordo com o direito das gentes. Vejamos, pois, o que é per-
mitido pelo direito de natureza.
[1] Agostinho diz muito bem em sua carta 70 ao conde Bonifácio: "Que possas, na
própria guerra, se ainda é necessário que a faças, observar a boa íé e buscar a
paz.f"E em sua carta 205: ':procura serpac#ícq mesmofazendo a guen'a."Sobre
a justiça a ser observada na guerra, há um excelente discurso de Belisário a
seus soldados, reproduzido em Procópio(Eanda#a, 1, 16). Orósio diz: 'Zss7ln é
que se fazem as guerras civis, nos tempos e pelos princípios cristãos, quando
não àá melo de as ew'far"(livro Vl1, 21). O mesmo,falando de Teodósio(livro
HI, ZSà,à\z. "Que sda mencionada, desdeo começoda fundação de Romã, uma
só guerra que tenha sido empreendida tão justa e necessariamente e tenha
terminado com felicidade tão proüdencia!, de modo que nem os combatesresui'
tapam em grandes massacres, nem a ütória foi seguida de vingança sangrenta.
[2] Vitoria, .De Juz'e .Be/yl] n.' 15.
!016 H UGO Gxoítus
repelir de toda forma de violência aquele que a ataca, mesmo que ele
esteja isento de crime, porque essedireito não surge propriamente do
crime de outrem, mas do direito que a natureza me concedepara mim
mesmo.
[6] A respeito do assunto, ver Tomas, -rZ ], quaesf. ZmZZ arf. 8; Molha, H'acf. .i&
dísput. CXX!.
[7] Vitoria, De Jure .Bei71.n.' 37
!018 H UGO GROTlus
[lO] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], Z)e (;7emenf b (1, 26, 5)
1019
CAPÍTULO 1- 0 QUE.É PERMITIDO NA GUERRA. SEGUNDO O DIREITO DE NATUREZA
feitas pe[os be[igerantes aos outros povos [18], a Himde que sejam infor-
mados tanto da justiça da causa quanto da esperança provável que se
tem de fazer valer seu direito.
[18] Ver exemp]os a respeito na ]iga dos príncipes cristãos contra .os egípcios, os
sarracenas e outros (Can. ult. De transactionibus; Can. Signinicavit, De Judaeis,
Extravagante Capíosus De Judaeis; Can. ], livro y Extravag. De Judaeisà. Fdt
publicado em italiano o livro do Consulado do Mar, onde foram reproduzidas as
constituições dos imperadores da Grécia, da Alemanha, dos reis dos francos. da
Espalha, da Síria, de Chipre, das ilhas Baleárias, dos venezianos,dosgenoveses
NQ título CCLXXIV desse livro, trata-se desse tipo de questões e aqui vão
algumas decisõesapresentadas. Se um navio e sua carga pertencem aos inimi-
gos, é claro que se tornam propriedade de quem deles se apodera. Se o navio
pertence a pessoas de um país neutro e as mercadorias carregadas se destinam
aos inimigos, os beligerantes podem forçar o navio a levar essas mercadorias
para algum porto de sua jurisdição, mas pagandocontudoao donodo navio o
preço do transporte. Se, ao contrário, o navio pertence aos inimigos e as mer-
cadorias a pessoas de um país neutro, deve-setratar com elas com relação ao
valor do navio ou, se os carregadores não querem tratar, podem ser forçados a
vir com o navio para algum dos portos da jurisdição daquele que dele se apode
rou e pagar a esseúltimo o preço devido pelo uso que fizeram do navio.'Quando
os holandesesestavam em guerra com a cidade de Lubeck e outras cidades
situadas sobre o mar Báltico e soba-eo Elba, em 1438, foi julgado, numa cume
rosa assembléia de Estados, que as mercadorias encontradas em algum navio
dos inimigos, não deviam ser apreendidasse parecesseque pertenciam a ou-
tros e isso passou depois a ser lei. O rei da Dinamarca pensou assim, pois no ano
de 1597, enviou aos holandeses e a seus aliados, uma embaixada para reivindi-
car, em proveito de seus súditos, a liberdade de navegar e de carregar suas
mercadorias para a Espalha, com a qual os holandeses mantinham então uma
sangrenta guerra. Na F'lança, sempre foi permitido aos povos que estão em paz
de comercializar mesmo com os inimigos da França e isso com tão pouca reser-
va que os próprios inimigos escondiam muitas vezesseus pertences sob o nome
de outrem, como aparece por uma ordenação de 1543, cap. XLll, que foi reno-
vada naquela de 1584 e nas seguintes. Nessas ordenaçõesé lavrado de modo
expressoque os amigos da Fiança poderão comercializar em tempos de guerra,
mas somente com seus próprios navios e com sua gente e transportar suas
mercadorias para onde quiserem, contento que não sejam coisas necessárias à
guerra, com as quais poderiam ajudar os inimigos. Em tal caso,era permitido
aos franceses se apoderar desse tipo de coisas e guarda-las, pagando o que
valessem. Aqui há duas coisas a observar. A primeira é que, pelas leis da Fiança,
de que acabamos de falar, não se conHlscasequer o que serve para a guerra. A
outra, que as mercadorias de uso inócuo estão, com muito maior razão, ao
abrigo do confisco. Não nego que por vezes se agiu diversamente entre os
povos do norte, mas o uso foi variado e acomodadoàs circunstâncias dos tem-
pos, antes que regulado sobre máximas perpétuas de eqüidade. Os ingleses,
querendo, sob pretexto de suas guerras, impedir o comércio dos dinamarque-
ses, isso fez surgir, há muito tempo, entre essesdois povos,uma guerra que
nãoterminou de modofeliz para os ingleses,pois os dinamarqueseslhes impu-
seram um tributo, chamado de juro dinamarquês, cujo nome subsistiu, mesmo
depois que a razão do tributo foi mudada, até Guilherme o Bastardo, que é
1022
H UGO GROTIUS
mas que, para as demais mercadorias, não seriam apreendidas, nem os navios
detidos, e não se causaria nenhum mal às pessoas dos povosneutros. No
mesmoano, um navio de Hamburgo ia para a Espanta, carregadoem grande
parte de munições de guerra, e os ingleses apreenderam essas munições, mas
pagaram o valor das outras mercadorias. Os ingleses, querendo confiscar al
duns navios da França que iam para a Espanta, ouviram dos franceses a
declaração que não aturariam isso. Tivemos, portanto, razão ao dizer que aqueles
que entram em guerra devemnotifica-lo aos Estados neutros e solicitar que
não mantenham comérciocom o inimigo. Os próprios inglesesreconheceram
isso e o praticaram. Tem-seexemplos disso em Cambden, para os anos de 1591
e 1598. Não se teve sempre, contudo, consideraçãopor essasnotificações, mas
foi feita a distinção dos tempos, dos lugares e das causas. No ano de 1548, a
cidade de Lubeck não julgou interessante concederàquela de Dantzig o pedido
que Ihe fazia de não negociar com os habitantes de hlalmoe e de Memel, seus
inimigos. Os holandeses fizeram o mesmo, no ano de 1551, quando a cidade de
Lubeck lhes pediu que não comercializassemcom a Dinamarca, com a qual
estavaem guerra. No ano de 1622,durante a guerra entre os suecose os
dinamarqueses, o rei da Dinamarca pediu às cidades hanseáticas não manter
nenhum comércio com a Suécia. Algumas dessas cidades aceitaram o pedido
porque tinham necessidade da amizade do rei da Dinamarca, mas outras nada
quiseram fazer. Na guerra entre a Suécia e o rei da Polânia, os holandeses
nunca quiseram interromper seu comércio com os suecos,nem com ós polone'
ses. Quando eles estavam em guerra com a Espanta, sempre entregaram pai'a
a trança os navios que haviam sido tomados pelos holandeses e que iam para
a Espanha ou dela voltavam. Ver o discurso de Louis Servin, então advogado do
rei, feito em 1592, a respeito do negócio dos habitantes de Hamburgo. Os
próprios holandeses não quiseram permitir que os ingleses levassem mercado-
rias para Dunkerque, diante da qual possuíamuma frota. A cidade de Dantzig,
em 1455, mandou dizer aos holandeses que não levassem nada para Kõnigsberg,
comoinforma GaspardSchutz, em sua .l?lbfóavb
da /)rzissia.Ver Caber.,Decis
X[N[[, n.' 2, e Seraütm de Frestas, em seu tratado Z)eJusto ]mpez:ü Z,uslfanou'um
ATbÉüo, onde cita diversos outros autores
[19] Encontram-se muitas coisas sobre essa questão na história da Dinamarca do
sábio Meursius (livro l e 11),onde se pode ver que os habitantes de Lubeck e o
imperador sustentam a liberdade de comércio e que os dinamarqueses são
contra. Ver também Crantzius, UandaJlb.(XIV. 29); De Thou, com relação ao
ano de 1589, AsÉ. (XCVI, 15); Cahbden, em algumaspassagens,além das já
citadas, com relação aos anos de 1589 e 1595, onde trata da disputa que teve
lugar entre os ingleses e as cidades hanseáticas
[20] Políbio, ]ivro 1, 83
[21] Plutarco, Den7eZr7us(904E)
1024 H U GO Gxoilus
[22] O que Plutarco re]ata de Pompeu na história da guerra de Mitridates não difere
nl\lixo (bisa\ "Colaeou guardas para observar cs mercadores que passariam por
Bósforo e matava os mercadores que nesse ponto eram surpreendidos."
[23] Odlisézb (1, 296); Estobeu, 54, 46.
[24] Píndaro [518-438a.C.], ]sÉüm.(111,69).
[25] Pub[ius Vergi[ius Mero [71-19 a.C.], Elleida (11,390).
[26] Idem, .anel'da(11,426).
[27] Plutarco, So/on (82).
[28] Caius Si[ius [ta[icus [séc. ] d.C.], Pünlca (XV. 327)
[29] /üiZopseud. (no início)
[31] Livro V. 9.
[32] Assim é que se exprime Virgí]io na .Enelda(XI, 515) e Salústio que cita Sérvio.
[33] dpopáÉüeg. (209 B)
[34] Livro IX, 12
[35] Caius Si[ius [ta[icus [séc. ] d.C.], .PunJba (V. 100)
[36] Há uma passagem seme]hante de Maomé: 'Z/Za/óu J7ud)'atum': isto é, '%
guerra pede gue se ayb com Érapafa'l Em Virgílio(Ellefda Xl1, 336), Malte leva
em seu séquito 'bs c(í/Bense as bsidzbs'i A respeito, Sérvio observa que o poeta
quer dar a entender que, não somente a coragem,mas também as trapaças são
uma consequêncianecessária da guerra.
[37] ]UarceJo (311 B).
[38] Plutarco, Zakandro(437 A).
[39] Plutarco o compara a Sila que, segundo Carbo, reunia em seu caráter o ]eão e
a raposa.
[40] Plutarco, .Füdopoemen(363 E)
[41] Amiano Marcelino, livro XVl1, 5, 6.
l
1026 H UGO Gxotius
Labeon[46] que re]aciona com o do]o, mas com o do]o inócuo, a dissimu-
lação que se usa para defender o que nos pertence ou o que pertence a
outros. Sem dúvida a]guma, foi dito por Cícero [47] de uma maneira
muito crua que "o Êlngimento e a dissimulação devem ser inteiramente
banidas do comércio da vida". Como ninguém é obrigado a revelar aos
outros tudo o que sabe, nem tudo o que quer, segue-seque é permitido
dissimular certas coisasa certos indivíduos, isto é, de encobri-las e
escondê-]as. Agostinho [48] diz: 'Pode-se esconder prudentemente a ver-
:]
[55] Ele diz: ':r\©o ó a /ikui-a dns 7eÉrn8mas são as paJarras que /epresenfam que
fazem ccm que contratemos alguma obrigação, enquanto se julgou convenien-
te estabelecerquea escritura teria a mesmaforça queas palavras formadase
pro/zuncubdas pe/a i)água. " O jurisconsulto se expressou de uma maneira bem
filosófica ao dizer que se julgou conveniente,querendoindicar que tudo isso
existe em virtude de uma convenção.Ver também -t. 3& .Abn /igtzra, Duk, .De
Oblig. et act.
[56] De /nÉerpr (4).
[õ7] Ver Agostinho, Z)e Z)ocÉr7ha CZTJ)flana(11, 24)
[581 Como no que fez Mico] (/Samue], XIX, 16)
1030 H UGO Gnoíius
que quereria muitas coisas que não se realizam e que, em outro local, o
próprio Cristo (MarcosVI, 48) parecia querer ir adiante dos apóstolos
que navegavam e, aparentemente, não fosse insistentemente instado a
subir no barco. Um segundo exemplo pode ser dado na pessoa de Paulo
(,4ÉosdosHp(isfoZosXVI, 3) que circuncidou Timóteo, sabendo perfeita-
mente que osjudeus aceitariam aquilo como seo preceito da circunci-
são,que efetivamente havia sidojá abolido,devia ainda obrigar osdes-
cendentes de lsrael e como se tal fossea opinião de Paulo e de Timóteo,
embora contudo isso não fosse de modo algum a intenção de Paulo e que
quis somente proporcionar comisso a ele e a Timóteo a faculdade de
viver mais familiarmente com osjudeus. De fato, a circuncisão (estan-
do ab-rogada a lei divina que dizia respeito a ela) não significava mais,
por um efeito da instituição, uma necessidade semelhante. O mal que o
erro podia produzir por um tempo, mas que se devia destruir em segui-
da, não era tão considerável quanto o bem para o qual Paulo tendia, a
saber, a insinuação da verdade evangélica. Os Padres gregos chamam
seguidas vezes esse fingimento de "uma administração" [59] . Há a seu
respeito um excelente pensamento de C]emente deA]exandria [60] que,
falando do homem de bem, assim se exprime: "Faria certas coisas para
a utilidade do próximo que não faria para si mesmoe comuma primei-
ra intenção." Tal foi, numa guerra, ação dos romanos que lançaram do
Capitólio pão nos postos de vanguarda dos inimigos para que não acre-
ditassem que estavam pressionados pe]a fome [61] .
[59] No livro já citado De Sacel'doílb(1, 9), João Crisóstomo diz que é o nome que se
deve dar e não o de oc7tclTTI,
isto é, logro. O mesmo, no comentário à /Ed)]üfo/a aos
Coríntios iX 6, üz. "Não houve fraude nisso, mas uma espécie de condescen-
dãncua e de pi'udenÉe ad)niz71kÉmçâo.
" E nos comentários ao cap. IX, 20: ';r)ara
tornar semelhantesa ele aqueles que ele queria mudar, eie se tornou como
eles, mas 11ãona realidade; ele fez as mesmas coisas que eles, mas não com a.
nJesmaihfe 2çâoe as mesmasalásposubões.
" Pode-serelembrar aqui a loucura
simulada de Dava
[60] Strom. (V]1, 9).
[61] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], ,4ó Z]Zz.óe
Gon(#fa (V. 48, 4)
CAPÍTULO 1- 0 QUE É PERMITIDO NA GUERRA, SEGUNDO O DIREITO DE NATUREZA
[62]Josizá
Vlll; Si]vest.,iz2t,ergo.Be/Ttzm,
pai'ée.C/].' 8.
!032
H UGO GROTIUS
tido, diz que a maioria das coisas sãode tal natureza que se tornam
honestas ou desonestas, não tanto em razão dos fatos quanto em razão
de seus motivos. Difi]o [76] diz: "A mentira dita em vista da própria
conservaçãonão pode ter, segundo minha opinião, nenhum inconve-
niente."ANeoptolemo que, em Sófoc]es[77] ,faz essapergunta "A men-
tira não te parece vergonhosa?", Ulisses responde: "Não, se a salvação
nascerda mentira." Pensamentos semelhantes a essessão citados por
Pisandro e Eurípides. Leio também em Quintiliano [78]: "Às vezes é
permitido, mesmoao sábio, mentir." Eustátio, metropolita de
Tessalânica, diz sobre o segundo canto da Odíssáb;"O sábio mentira
num casode urgência" [79] . Cita nessetrecho testemunhas extraídas
deHeródoto e de lsócrates.
dar a e]as [85]. A isso se referem estas palavras dos hebreus [861:"Se
alguém sabe se servir de uma linguagem de duplo sentido, está bem; se
não,quesecale
[91] Disso decorre o ideia de que aquele que tira de alguém os meios de conhecer
certas coisas é chamado pelos hebreus de homem que rouba o coração(Gâ2eslh
XXXI, 26-27);ver também Onkelose os Setenta.Ver ainda o rabino Dava.em
seu livro EaJÜese o rabino Salomon, em seu comentário, e Aben-Ezra.
1038 H U GO GROTIUS
[92] Z)eJ?epuóJlca
(1,5).
[93] Aurebus Augustinus [354-430], E77cá]rldon de .Pide (cap. 22).
[94] Lactâncio (D/v/harém /ns&ífuf onum, VI, 18) diz também: "Que êJe J'amais
minta para enganar os outros ou para prejudica-ios.
[95] Marcus Tullius Cacei'o[106-43 a.C.], ])e O/ clzk (l, 10, 31)
1039
CAPÍTULO 1- 0 QUE É PERMITIDO NA GUERRA, SEGUNDO O DIREITO DE NATUREZA
l
[96] Tulliug Lucretius Carus [98-55 a.C.}, De Nafizra .Ra'um (1, 939).
[97] Marcus Fabius Quinti[ianus [30?-100?], Z)e ]nsZJfuÉzone. Oraforva (X]1, 1, 38).
proveito. Mais ainda, se ele mesmo forma uma opinião tirada do que é
dito não a ele mas a outro, deve imputa-la a ele mesmo e não a outrem.
De fato, se quisermos julgar bem, a seu respeito o discurso não é um
discurso, mas uma coisa que pode significar tudo o que se quiser.
[lOl] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó C4.óe Obndlfa Q(XX]V. 12).
por causa de alguma vantagem que obtenha com isso, mesmo quando
nãoé cometida uma mentira estritamente dita, isto é, injuriosa. Do
mesmo modo que não cometeria roubo aquele que, segundo a presumi-
da vontade de um proprietário, consumisseuma coisade pouca impor-
tância pertencente a esseúltimo para Ihe proporcionar com isso um
grande proveito. Nas coisas que estão nesse ponto certas, a vontade
presumida é tida como expressa. Consta que não se faz injúria a ou-
trem com seu consentimento. Assim, pois, não parece cometer falta
aquele que consola um amigo doente buscando Ihe fazer crer coisas que
não são verdadeiras, como fez Aria a respeito de Paetus após a morte de
seu filho, história que se encontra nas cartas de P]ínio [105], ou que
incentiva a coragem daquele que treme no combate,por meio de uma
falsa notícia, a fim de que, estimulado por isso, busque a vitória e a
salvação e que, sendo assim surpreso não seja preso, segundo a expres'
são de Lucrécio [106] .
2. Demócrito [107] disse que "é preciso sempre usar uma ]ingua-
gem verídica, quando é a opção mais vantajosa". Xenofonte [108] diz: "]i
permitido enganar seusamigos para seu bem." Clemente deAlexandria
[109] permite também "servir-se da mentira à guisa de remédio". Máxi-
mo de 'Hro [110] diz: "0 médico engana o doente, o genera] o exército, o
essa declaração de Tullius Hosti[ius [112] que era por sua ordem que o
exército albano sehavia retirado. Segundoa linguagem das histórias, a
mentira salutar do cânsu]Quinctius]113] que osinimigos estavam em
fuga na outra ala e outros exemplos semelhantes dispersos entre os
historiadores. Deve-se observar que o insulto ao juízo é tanto menos
considerável nesse caso porque é ordinariamente momentâneo e que,
[114] No segundo canto da ]=íüda (73 e seguintes), Agamemnon, chefe dos gregas
üz'. "Antes, contudo,provaria os gregos,e isso me é legitimamente permitido,
e !hes ordenada de fugir em sua bota armada de bronze."
[115]Z)eRepuó/lca(111,3)
[116] João Crisóstomo(.De SacerdoÉ20,
1, 9) traz exemplos dos médicos.
1043
CAPÍTULO 1- 0 QUE É PERMITIDO NA GUERRA, SEGUNDO O DIREITO DE NATUREZA
Salomão (/.Re/k111, 25) que "deu uma prova da sabedoria que Deus Ihe
havia inspirado, quando, diante das mulheres que disputavam um bebê,
proferiu palavras que exprimiam a vontade de cortar a criança em duas
partes, enquanto que seu espírito estava muito afastado de tal vontade
e que queria atribuir o filho à sua verdadeira mãe". São palavras de
Quinti[iaho [119] que "às vezes a uti]idade geral exige que mesmo coi-
sasfalsas sejam sustentadas:
[n71 De úoi]ep)];]28).
[1181 Cassiodoro(Z)e .4mJcuflb) diz: "G?banda, por um sáó/o álhgímenfo de sever2da
de, ele difamada seus irmãos com uma acusaçãode espionagem.
[119]Marcus Fabius Quinti[ianus [30?-100?],Z)e]nsÉ7fuíloneC2rafar7a
(11,17, 36)
1044
H uoo GROTlus
executar uma ação má [120] . Esse foi o ato de Hipermnestre que, a esse
título, é ordinariamente e]ogiado: "Nobremente mentiroso [121] e vir-
gem i[ustre por todos os sécu]os" [122].
[120] Agostinho (/h .f)saZmumV, 7), passagem reproduzida por Graciano em (:ousa
XXll, quaestio11,Nequis, 14.à:KE. "Há duas espéciesde mentira, nas quais não
há gra[[de culpabilidade, mas que, ]]o entanto, 1]ãodeixam de constituir uma
falta: quando mentimos para lisonjear ou para prestar serviço a nosso próxi
mo. A ]neJltira de !isonja }lão é perigosa porque não erga:la ninguém. De fato,
aquele a quen} é contada sabe que essamento'a fo{ dita par !ísonja. Quanto à
segunda, é taJlto menos funesta que contém em s{ mesma alguma benevo
/énczn." Tertuliano(De PudcuÉÜ, 19) coloca no plano das faltas diárias, às
quais todos estamos sujeitos, as mentiras que são contadas por necessidade
[121] Comentando isso, o esco]iasta diz 'bom decénc/a.De /aío, cí óe/o me/ í7rpe/a
./usí7ba." Semelhante é essepensamento de João Crisóstomo(De Poenifenflb,
Vl1, 5), a respeito de Raab: '2?e/amení#a.r -Ébgano/ou},ál-eZde uma pessoa
que não traiu a religião, mas que se torna a guardiã da verdade" am,comase
encontra em outras edições, 'tla rerdade7bap/'idade.r" Falando das parteiras
do Egito, Agostinho(é?uaes#lb/?es in ]?ep aéeucüum, 11, início) diz: '0.ó.r Sen
tímento profu1ldo de humanidade! Oh piedosa mentira para salvar gente!"
Jerânimo louva as mesmas parteiras e acredita que terão recompensas até
mesmo eternas(Go«:«,enfada«, ih Ezecü 'e/e«, P70pÁefa«,, XVll, e Oo«:«,.
zh lsa bm Propáeíam, LVI) e também Ambrósio(.4d Syagnum, VI), como o
próprio Agostinho(.4d (]onsenüum, (hnÉra Mendacuum,cap. XV), variando
aqui, como costuma, têm o mesmo pensamento. Tostato nega que nisso te
nham pecado. Hesitam a respeito: Agostinho(@uaesÉaones super rodam, ll,
L),'lamas de hqu\no (*SummaTheoJogica,111,2, quaestio CX, art. IV resp. ad
4, sobre o qual se pode consultar Cajetan. Ver, se agradar, Erasmo, em seu
E2zcomium ]lZor7be,e o eruditíssimo Masius, sobre Josuó 11, 5.
[122] Quintus Horatius F[accus [65-08 a.C.] Odarum seu Carminum ]ibri ÇXX1,2
35)
[123] .De.Repuó/lba(11,21).
[124] Z)e C]pz7ZnsdÉ.(1,6, 28) e ]Uelnorab. Soez(VI 2, 16)
1045
CAPÍTULO 1- 0 QUE É PERMITIDO NA GUERRA, SEGUNDO O DIREITO DE NATUREZA
[130] Marcus Fabius Quinti[ianus [30?-100?], .De ]nsüfuÉaone OraforTa (Xl1, 1, 39)
1046 H ÜGO GROTIUS
[131] Tomas, ,Sümma ZZeo/opta, ]Z 2, quaesélb .Z/g a/f. .Ze .3 Covarruvias, in cap,
Quamvis, de Partis, in Vi, parte 1, $ 1, n.' 15 Sa\n, De Justitía, V, quaest. 6,
art. 2, 'taXet., !ivro iV cap. 21 e iiwo À/,cap. 58, 1nssxus, livro 11, i)e Justitia,
cap. 42, dub. 9.
[132] O abade Rupertus escrevea ú]tima opinião deste, com relação a esse ponto.
[133] E o que sustenta Crisipo, em M)ates.4fÉlcae(]X, 12) de Au]us Ge]]ius. Sêneca,
no \ixro De Beneficíis (31,S4à,à\z. "Há um grande número de coisassem nome
que designamoscom denominaçõesquenão lhes são próprias, mas quesão
estranhas e adaptadas.
[134] Agostinho(.De .õ4ag7sÉro,
V]1, 20) diz: ':N©oeJJconíramos
sina/ quq a/ám dHS
coisas que indica, não desperte a ídéia de sí mesmo.
[135] Ver o que foi observadono parágrafo X.
1047
CAPÍTULO 1- 0 QUE É PERMITIDO NA GUERRA, SEGUNDO O DIREITO DE NATUREZA
[150] Aquiles, do qual fala Hoi'ácio(Odarum seu Ch/mihum Zlór2; IV, 6, 13-17), diz
Não foi ele que se teria visto esconder-senos flancos do cavalo, voto impôs
bor feito a Minerva, para surpreender os troianas no meio de suas festas
insellsatas e a corte de Príamo no meio de danças,mas à iuz do dáa, terrível
para os rena'dos..."e o que se segue.Sobreissoo escoliastaobservaque
Aquêlesnão havia jamais agido fraudulentameilte, mas tinha semprecom'
saúdo aóerÉamenfecom conXlançaem seu va/or': Observem-se estas pala-
vras "com conálançae/n seu Haja/' que estão perfeitamente de acordo com o
que dissemosno começodesteparágrafo, no texto
[151] Ráesus (510 e seguintes).
[152] Plutarco, .'Uexand?-e (683 D)
[153] Livro XIII. 3
[154] Caludius Claudianus [séc. ]V d.C.], Z)e Sexto Oo/zsu/afu /ío/]orl} (249)
[155] Uar .ll])É. (Xl1, 33).
[156] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z:/rbe (bnd)fa (XLl1, 47, 4-8)
CAPÍTULO 1- 0 QUE. É PERMITIDO NA GUERRA, SEGUNDO O DIREITO DE NATUREZA
!051
Para ele é permitido, de fato, executar, mas não desse modo. Agostinho
[161] diz com razão que não importa se comeres tu mesmo o crime ou se
queres que outro o cometa por ti.
[162]Livro11,cap.XXV],$V
[163] .Z;. 5/, 7}ansnugam, Z)/r., De .4cguÜ rez domJh.
[164] Por isso, não se é obrigado a entrega-los, salvo que não haja compromissopor
um tratado de paz, comofoi estipulado pelo tratado com Filipe, os etóliose
Antíoco(Polívio, .Uraerpfa -LegaZ]'onum,
IX, XXVlll e XXXV). Menandro, o
Protetor, ensina a mesma coisa
11
COMO,SEGUNDO O DIREITO
DAS GENTES,OSBENS DOS
SUDITOS SAO REQUERIDOS
IRRA COBRIRA DIWDA
DOS SOBERANOS.'TRAJA-SE
/
LAMBEM DAS REPRESALHS
Sumário
quanto. fazem parte da instituição. Sêneca [5] diz: "Se a]guém empresta
dinheiro à minha pátria, não me sinto seu devedor. E um empenho que
não assumiria, nem mesmo para a quitação daria uma quota minha'
[6]. E]e havia dito [7] : "Membro da nação, não pagaria em meu nome,
mas em nome do país, dando minha contribuição." E,ainda: "Os priva-
dos poderiam dever, não como pessoalmente obrigados, mas como parti-
[1] Ver livro 11, cap. XX], $ X]X. Acrescente-se a ]h /lfferzs, de J?apforJóus;
De usuras.
1211
L ujlica, Cod., Ut nuilus ex ücanis.
\:\ÀCod.,Ne uxor pro manto et ne â!!ius pro paire, tons titulis.
ttà L. 7, Sicut, $ !, Dig., Quod cujusque unívers. ilumine.
[5] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], De J?ene#c7lk(VI, 20).
l61Ver as Z,eJSSlc=Zzbnas,no final do livro 1, título 100
[7] Lucius Annaeus Seneca [01? a.C.-65 d.C.], .De .Be/7e#cíz) (VI, 19)
1056 H UGO GROTIUS
t\\À Cod. união, De injurias, in Vr. "0 recebimento de penhores que uma.maneira
popular de se expressam' cáaloa de represa/)as."Mais exatamente se diria, como
ocorre em cel'tos livros, "represa/lbd'. Esta palavra responde assim exatamen'
te à palavra saxânica mfáenam, mas prevaleceu o uso da outra palavra.
[12] Uar .Ê@Jif., ]ivro ]V.
1057
CAPÍTULO ll - SEGUNDO O DIREÜO D6 GENES, OS BENS DOS SÚBITOS SÃO REQUERIDOS PARA COBRIR DÍVIDAS. D6 REPRESÃL16
fosse declarada ao rei Fi]ipe e aos macedónios, seus súditos" [17] . Acém
dostermos da própria decisão:"0 povoromano resolveu mover guerra
contra o povo de Hermundu]o e os homens de Hermundu]o" [18], fór-
mula tirada de Cincius, em sua obra sobre a .4rfe-/láZfar. E em outro
local [19] : "Que seja inimigo, como os que estão em suas fileiras." Mes-
mo quando não se chegouainda a essaplenitude da guerra e que entre-
tanto se tem necessidadede recorrer a alguma via de fato para fazer
valer seu direito, isto é, a uma guerra imperfeita, vemos que o mesmo
costume é observado.Agesi]au [20] dizia um dia a Farnabaz, súdito da
rei dos persas: "Quando, Farnabaz, éramos amigos do rei, agíamos en-
tão como amigos a respeito do que serelacionava a ele.Agora que nos
tornamos inimigos, agimos como inimigos. Por isso é que, como tu que-
res estar entre as coisasque pertencem ao rei, nós o levamoslegitima-
mente em tua pessoa.
,'
[21] Demóstenes, .4drersus M7sÉrocx (82).
1059
CAPRULO ll - SEGUNDO O DIREü0 DE GENES, OS BENS DOS SÚDITOS SÃO REQUERIDOS PAU COBRIR DÍVIDAS. D6 REPRESÂIU
[22] Livro 1. 79
H UGO GROTI us
ly E dos bens
Outra espécie de execuçãoviolenta desse direito é a apreensão
dosbens ou tomada de penhor entre os diversos povos [25], que os juris-
tas modernos [26] chamam de direito derepresália, os saxõese os ingle-
ses, w7fÜerna/n e os franceses, entre os quais isso é ordinariamente
obtido do rei, /efZres de /naJ"que. Essa via ocorre, como dizem os juris-
tas, quando o direito é negado.
[26i Bald., /ZZ (hns. 58 Bart., -De represa., guaesf. ó] ad fer/lum, n.' 9,
[27] A isso se aplica o que diz Gai]ius (Z)e .f)ace Puó//ca, 11, 8, n.' 7) e Vasquez
(aonÉroH
.i77usÉz,
livro IV, cap.X, $ 41)
.t8h L. 60, Julianus, Dig., De condict. index.
}062 H U GO GROíiUS
como Ihe sendo devida, não seria obrigado a restitui-la ao devedor de-
pois do pagamento da dívida, mas Scaevola achava que deveria resti-
tui-]a [29] . Há essadiferença que os súditos não podem ]egitimamente
impedir pela força a execuçãode uma sentença mesmo injusta ou per-
seguir seu direito pela força contra essa sentença, por causa do poder
que tem sobre eles a autoridade superior, enquanto que os estrangeiros
têm o direito de usar a via de fato, mas não lhes é permitido fazer uso a
não ser para poder obter o que lhes é devido pela via da justiça.
[29] Z,. ,r.g .Raso/:zbfuJn, / .Z, .Dzkl, De D2)ÉraÉ, pl]g72.,' ]nnocent. e Panormit., áz CaJ?.
Plerique, De Imlnunítate Ecciesíad Sa\n, !ivro 111,quaest. 4, art. 5.
[30] Há um exemp]o em Amiano (]ivro XV]1, 2), em que Ju]iano retém a]guns
francos até que os prisioneiros sejam postosem liberdade, em virtude de acor-
do celebrado.Acrescente-seo que diz Leão o Africano, livro 111,falando do
monte Bem-Gualid
[31] Jacob e Canib., Anchar. Dominic. Franc. ]h (hn. .C Z)e ]np'ur7]s, ih 6 Fu]gosius e
Salicetns, in Authent. Omnino, Cod., DeAction. et cbligat. !ac.13acab, De Beijo
Visa, in Authent., Ut non âiant pigncrationeg, Si\xest., in verbo Repressaliad
Bart., Ir2 H'acfafu de Regressa/)}b; Guido Papa, Quaesí]b 3Z Gailius, De .fbg7]0r,
ouse/'z ], n. ' 5; Vitoria, Z)eJure Belli, n.' 41; Covarruvias, iiz cap. /)eccafum,
parteii, $9.
[32]Zll'ada(X], 674)
[S3] Nessesentido é que se pode encontrar puatcE,em arcerpÉa .Z.egaÉ]o/]uin,
tirados
cle Políbio(XXXVlll). onde fala dos habitantes da Acata contra os da Beócia, e
Excerpf. CXXlll. Encontra-se também pDalcE(elvem Diodoro da Sicília(Exaerpfa,
do manuscrito de Peiresc). Em outros locais, puatocKotTctWeÀÀetvé uma expres
são de que se serve em matéria de guerra, comoo diremos a seguir, cap. 111,$
Vll; essas são. de fato, coisas que se assemelham muito
1063
üphuto ll - SEGUNDO O DIREü0 DB GENES' OS BENS DOS SÚDITOS SÃO REQUERIDOS PAU COBRIR DÍVIDA. Da REPRESÁln
[39] Segundo re]ato de Gregoras (livro IX, 5), os venezianos seguiram essa regra de
eqüidadecom relação a alguns navios genovesesque haviam apreendidona
&ülâüa. "Eles, porém, não tocaram em nada do carregamentodessesnavios
apreendidos.A carga se compunha de trigo, centeio e de carnes salgadas de
peixes pescadosnas baixios de Copaidese Meótides e no rio banais; canserva-
'nos caIU cuidado, nada tiraram, esperando o pagamento do que lhes era
de'üdo para entregam- a carga integra.Imeilte.
[40] Aeg. Regius, Z)e ac-f óus superu7,, dlsp. .Pí:rZ?]duó, Z /].' -Z.7Z
[411Em Hda de CI)non (483 C), P]utarco diz a i'espeito dos habitantes de Caros: 'H
maioria não queria contribuir comdinheiro, luas exigia que aqueles que pos'
suisseln bens pez'tendendo r
r Een a outros ou que os tivessem untado reparassem o
111
DAGUERRAJUSIA
0USOLENE,SEGUNDO OJUS
GENTIUM (DIREITO DAS /
GENTES). TRAJA SE LAMBEM
DADECLARAÇAODFGUERRA
Sumário
1.A guerra solene do direito das gentes ocorre entre povos dize
rentes.
[7] Marcus Tu[[ius Cicero]106-43 a.C.], Zn Mnraum .4nfon 'um Ornílones PZiZÜ)plcae
(IV,6, 14).
[8] Procópio(banda.]z c., 11, 15) diz: ':Exmamu/óclão de üo Bens /eunidn sem /e mas
que se reuniu.em vista da injustiça.
[9] Livro 1,5
1071
CAPÍTULO 111- DA GUERRA JUSTA OU SOLENE. SEGUNDO O DIREITO DAS GENTES' TRATA-SE TAMBÉM DA DECLARAÇÃO DE GUERRA
ou que sua forma não é mais a de um Estado, tanto que subsiste uma
assembléia,qual seja,de grandenúmero de indivíduos racionais, uni-
dos para participar em bom acordo a coisas a que se afeiçoam." Um
corpo doente é contudo um corpo e um Estado, ainda que gravemente
doente, é um Estado, enquanto subsistem leis, tribunais e as outras
coisas necessárias para que os estrangeiros possam exigir que se devol-
va o que lhes é devido, como também os privados entre si. Dion Crisóstomo
[16] se exprime de uma maneira mais justa, quando diz que a ]ei, aque-
la sobretudoque constitui o direito dasgentes,estánum Estadocomoa
alma no corpo humano e que, se supressa, de fato, não há mais Estado
[17] . Aristides [18], no discurso pe]o qua] exorta os habitantes de Rodei
à concórdia, demonstra que mesmo com a tirania podem existir leis
muito boas.Aristóteles diz, no livro V capítulo IX de seu 7}aóadodn
(lb/ka -PúõZ/ca,que $e alguém estende demais o poder de pequeno núme-
ro ou do povo, o Estado se tornará primeiramente defeituoso e finalmen-
te cessaria de existir. Vamos esclarecer isso com exemplos.
criminoso que seja, e aqueles que, não sendo um povo, se reúnem em 't-
vista do crime.
L.l
111.Uma mudança pode, às vezes, sobrevir
Para que a guerra seja legítima nesse sentido, não basta que seja
feita de parte e outra entre os poderes soberanos. Torna-se necessário,
como dissemos, que seja decretada publicamente e mesmo que seja de-
cretada publicamente de tal maneira que a declaraçãoseja feita por
uma das partes à outra [31] . Disso provém que Enio [32] disse dessas
guerras que são"combates anunciados". Cícero [33] diz, no 7}aÉadodos
.Deveres '"A equidade que se deve observar na guerra foi muito religio-
samente consignada no direito fecial do povo romano. E permitido con-
cluir desse direito que não há guerra justa a não ser aquela que é feita
após ter reclamado o que vos pertence ou quando foi anunciada antes e
declarada." Um antigo escritor, em ]sidoro [34] , disse de uma maneira
menos completa: "A guerra legitima é aquela que se faz em virtude de
uma declaração pública, depois de ter pedido o que vos pertence ou para
repelir os homens." Assim é que Tito Lívio [35] disse, na definição da
guerra legitima, que a guerra é feita abertamente e em virtude de uma
deliberação pública. Depois de ter contado que os acarnanos haviam
ocupadoo território da Anca, diz: "Foi o princípio da animosidade.De-
pois, chegou-se a uma guerra em regra que as cidades declararam vo-
luntária e publicamente."E36]
[34] .Bê7mo/c:gl'a(XV]]], ])
[35]Titus Livius [59 a.C.-17d.C.], .4ó Z:/róeGondlfa(1, 27, 3).
136] Idem, ,4ó C/}.óe (;bndvfa Q(XXI, 14, 10).
[37] Em Tucídides(livro 111.56 e ]ivro 1, 86). O mesmo diz, em seu discurso aos
habitantes de Plateias: 'iSagundo o dl)eito acatado em fadas as naçóé$ ópe/mi'
üdorec;boçal'agua/e gue nos ataca comoJhJ)algo." Em Diodoro da Sicília (Zrcerpf.
Peirescl). F\an\tn\o :'toldava os deuses e os homens caldo testemunhas que a
guerra barlb sido começadape/o reJ': Acrescente-seo que diz Mariana(XIX
13). A respeito da guerra não'declarada, ver Dexippus (,Ercerpfa Z gaf onum)
!076 H UGO GROTIUS
[38] Livro 1, 58
[39] ZacÉ. (1)
[46] Ver Paruta, ,De ,Be/7o Grpr7a(1); Bizarro(livro XXlll, onde fala dos turcos),
Reinking(livro 11,classe111,cap. IV)
[47] Comentário sobre a passagem da Ealefda, X, 14.
[48] Natura.]rs Hlkfo!:fa Q(X]i, 2, 12): 'Quando os arautos andados para a /nÉímaçâo
aos inimigos, isto é, para recialnar ein alta voz a respeito das coisas levadas, um
de/esera chamadode portador de verbena." Falando da verbena(XXV. 9),
escreve\ "E a planta que dissemos que os elnbaíxadores levavam diante deles,
quando se apz'escalaram aos Inimigos."Ver Sérvio, em seus comentários sobre
os cantos IX e X da EJ7e/da.
[49] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], ..áó [Zróe Oondl'fa (V]11, 23, 7).
[50] Caius Corne[ius Tacitus [55-120], .4nna]es(1, 48)
[51] ..4s ,Sup/üanfes (385).
sepultura. Se isso for concedido, fará com que a nação dos erectidas se
torne sua amiga. Se essepedido for atendido por ele, volta para casa. Se
não fores obedecido,pronuncia então estas outras palavras: Que espe'
rem logo as armas de minha juventude." Papínio [53] diz em seu recato
do mesmo fato: "Exige piras para os gregos ou anuncia combates aos
tebanos." Políbio154] chama isso de "denúncia de represálias" e os anti-
gosromanos de "fazer saber'
160] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], ,4ó Z:4.Ée Gond7#a (XXX], 8, 3)
[64]Ver Sé;i;ia, comentário à Zne/da JiK õâ Amiano (X]X, 2, 6), com a nota do
erudito Lindenborg sobre essa passagem.
[651Arnobius [séc.]]] d.C.], DuspufaüonesadversasNaf/pães (11,67)
[66] Marcus Terentius Varro Reatinus [116-27 a.C.], .De .[ahgua Z,aÉ/ha (]V)
[71] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], ,4ó apõe Oondlfa (XXXV], 1, 5)
que não provê senão aos interesses das nações e não ao interesse daque-
les que estão sem nação ou que são uma parte da nação. Eles se enga-
nam [77] igualmente ao pensar que a guerra empreendida para se de-
fender ou proteger seu bem não tem necessidade de uma declaração,
pois ela tem realmente necessidade dela, não sem dúvida por conside-
rar a coisa em si mesma, mas em vista dos efeitos de que começamosa
falar e que explicaremos logo.
DO DIREITO
DE MArrAR OS INIMIGOS
NAGUERRASOLENE
E DE OUTRASWOLENCHS
CONTRAOCORPO
Sumário
mente.
[3] Tertu[iano (.4dversus ]Uarc o/ em, 1, 29) diz: ':AUo Áá assunto a er7far se a
pe/zi7Jssâoáor fl>ada."Ver sobre esseponto e sobre a liberdade de fugir numa
perseguição o mesmo autor (.4d Uxorem, ]). Jerânimo (.4d ]7b/r]'d]um, ]n Z)e
Perpetua Virginitate, 'Z\] àiz. "Uma virgem tem vm mérito maior, porquallto
despreza uma coisa que poderia fazer sem pecar." D\z aXnüatAdversus
Jovinianum, \, \2). "Foipor isso que Cristo prefere as virgens que fazem o que
não /Zes áozarde/dado." Em outro local(.E» kfula adPam/naco/tzm, 48) diz ainda:
As gra1ldes açõessão sempre deixadas à vontade daquele que as faz. A neces-
sidade não !hes é imposta, para que sua volltade colha a recompensa." 3oão
Crisóstomo, em comentários à / Co/:úf70s }77(J?bmi/la XIX, 2) demonstra que
ã castidade é n2elhor". B no comeu\âx\o õ. Epístola aos Radianos Vl1, 6 ÇHomiiia
Xl1, 4à à\z. "Ele nos ameaçou de castigo, se não obedecêssemosa seus preceitos
e mostrou que o que ele ordeJlanão se refere ao número dessas coisas que se
pode praticar ou não à volltade, como a virgindade e a l.enúncia voluntária aos
bens destemulldo, mas que se deverigorosamente cumprir." Bm seu segubào
discurso sobre o jejum(.De Poe/l feJlíla, VI, 3), escreve: 'De kou a conf7bénc/a
virginal fora da are1la,deixou acima da }ei da luta, a 6m de que aquelesque
praticam esta vü'tude mostrem com isso a grandeza de sua alma e que aqueles
gae nâo a prnélbam gozem da 2hdlz.Cgêncybdo.Senáoz" E o que aplica logo após
a renúncia aos bens deste mundo. Acrescente-se as citações que Graciano faz
de Agostinho e de outros em (huna XZV quaesílb /
14] Z)e 4du/fer2h s aonyug])à .4d Po/7e/7ZI'u/ZJ(1, 18)
[5] Em Süo/nafeo/z (111,12, 82) diz, entre outras coisas, a respeito do que contrai
segundas núpcias: '?Uãopeca, na Herda(7qco/ a a a/]b ]ça d7r7ha,pois 2ão]zá
!e{ que o proíba, mas não realiza o grau excelente de perfeição da vida evangé-
!ica
l61 Z)e .4du/fer7hJk aonpug])b, .4d -f)o#e/zézu/n(livro 1, cap. Xlll e XVlll e ainda cap. l,
15). Muitas coisas a respeito Graciano transcreveu em Causa mZZZ quaesÍ2b
/
1089
CAPÍTULO IV- DO DIREITO DE MATAR OS INIMIGOS NA GUERRA SOLENE E DE OUTRAS VIOLÊNCIAS CONTRA O CORPO
do e o que é preciso, como foi feito mais de uma vez por Sêneca [14], em
suas ConÉrovóyszbs.
An\iano Marce]ino [15] diz: "Há coisasque não se
deve fazer, mesmo se é permitido fazê-]as." P]ínio em suas Ca/'óas[16]
.diz: "Deve-se evitar as coisas que não são honestas, não como sendo
proibidas, mas como se fossem honestas." O próprio Cícero [17] diz, em
seu discurso para Bambo:"Há, de fato, alguma coisa que não se deve,
[12] C[audius C[audianus [séc. ]V d.C.], Z)e /y Cbulsu/nfu ]?bnor77 (267 e seguintes)
[14] Marcus Annaeus Seneca [ 58 a.C 32? d. C.], Gonfrovers ae (]V. 24), entre
outras passagens.
[15] Livro XXX, 8, 8.
Pompeu [21], diziam que não eram competentes nem bastante fortes
para decidir qual dosdois partidos tinha a causamais justa. Aseguir, é
que, mesmo numa guerra legítima, não é possível conhecer pelos indí-
cios externos qual ojusto limite concedidopara se defender,recuperar
seu bem ou infligir um castigo. Por isso pareceu mais vantajoso aban-
donar essaapreciação à consciência dosbeligerantes que apelar a arbi-
tragens estrangeiras. Os habitantes daAcaia, no discurso ao senado,
reproduzido por Tito Lívio [22] , exc]amam: "A qua] propósito vêm colo-
car em discussão o que foi feito segundo as leis da guerra?" Independen-
temente desse efeito de permissão, isto é, de impunidade, há ainda ou-
tro, a saber, um efeito de propriedade, sobre que falaremos mais tarde.
[24] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], ,4b Z:/róe OondJ'Éa (XXVI, 31, 9).
1093
CAPÍTULO IV- DO DIREITO DE MATAR OS INIMIGOS NA GUERRA SOLENE E DE OUTRAS VIOLÊNCIAS CONTRA O CORPO
historiador [25], A]con diz aos sagontinos: "Penso que seria melhor so-
frer essetratamento que vos deixar massacrar,que ver tirar e arrastar
diante de vós vossas mulheres e vossos filhos, vítimas do direito da
guerra." O mesmo [26], depois de ter relatado alhures que os habitantes
deAstapa haviam sido mortos, acrescenta que isso foi feito pelo direito
da guerra. Cícero,falando para Dejotarus [27], diz: "Por que teria sido
vossoinimigo porquanto podendo mata-lo como poderíeis tê-lo feito pela
lei da guerra, se lembrava ao contrário que o havíeis feito rei, ele e seus
filhos?" E para M. Marce]o [28] : "Como nos tivésseis destinado todos
legitimamente à morte, segundoa lei da própria vitória, fomosconser-
vadospor uma decisãode vossaclemência." César [29] faz compreender
aoseduenses que "foram salvos por uma graça que lhes foi concedida, a
elesque poderia ter condenadoà morte pelo direito da guerra". Josefo
[30] diz na guerra dos judeus: "É belo morrer na guerra, mas segundo o
direito da guerra, isto é, o vencedor vos tirando a vida." Papínio [31] diz:
'Nós não nos queixamos de que tenham sido mortos, pois essassão as
leis da guerra [32] e as vicissitudes das armas."
[42] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z:&.óeOondlfa (XXXV]11, 48, 9)
t43ÀAd regem5, Dig., ])e Justitia.
[441 Bembus, JDsf. (livro Vll). Cícero (P7a Zlkanb, 2, 4) se serve desse meio de
defesa em favor' de Ligaria. Em Tito Lívio(ÁÓ C/róe Go ?dl'ía, XXV. 22, 11) há um
exemplo sobre os cidadãos campanos. Há outros em Tucídides (livro l e V)
1096 H uco GROTIUS
[46] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4b Z:rrÓeCo Jdlóa (XXX], 6, 1)
[47] .f$agme/7fa (1076).
]
CAPÍTULO IV-DO DIREITO DE MATAR OS INIMIGOS NA GUERRA SOLENE E DE OUTRAS VIOLENCIAS CONTRAO CORPO
[49] Compare:secom o que será dito no cap- V], $ XXV], e A]berico Genti]e em
HJspan. 4drocaf. (]ivro ], cap. V]), além de Wechner, Co/Jsl7.Fra/7con.(92)
[50] J7erac/J'des (251).
[51] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó C//óe Cbndífa (XXV]11, 17, 12). Ver em
Chalcocondylas(livro IX) um fato semelhante dos venezianos que impediram
que os gregos fizessem algum mal aos turcos, num porto sob a administração
de Veneza.Ver o que se fez em Tunis com relação aos venezianos e aos turcos,
em Bembus(]7Jif., livT'o IV) e na SicÍlia, com relação aos pisamos e aos genoveses,
em Bizarro (Z)e .Be/7o .F'fsano). Ver também Paulinus (GofÉÜ.) a respeito de
Rostoch e Gripswald
1098 H UGO GROTIUS
[52] Como os ama]ecitas, de quem fa]a Josefo em .:lnt gú Jades Judaicas (VI, 7, 2),
na história de paul: '7bzpassar ao ála da espada,mesmo as mu/Barese as
=ríanças, não pensando em cometer um ato de crueldade ou contrário à 1latu-
reza humana, primeiramente porque eram inimigos que ele tratava assim,
1100
H UGO GROTIUS
livro Xll dos ..'ínna7ese muitos outros. O mesmo Tácito]80] lembra que
Galba ordenou dizimar os suplicantes que havia recebido em graça e
Cecina, tendo aceitado a rendição deAventicum, investiu contra Julius
Alpinus, um dosprincipais da nação,comoautor da guerra; abandonou
os demais à clemência ou aos rigores de Vite]]ius [81] .
[80] Idem,JÍJkíonhe(1,37).
[81] [dem, ]J]sóoHae(1, 68)
[82] Como Chalcocondylas, ]ivro V]]]
[83] Livro XIV. 46
[84] Livro XVI, 31
185]Ver o mesmoDiodoro da Sicília a respeito de Spondius e Amilcar Barca ein
Ecrcerp6a de Peiresc(.Ercerpía de l>b'Éuf. ef lJTÉlls,l)
1103
CAPÍTULO IV- DO DIREITO DE MATAR OS INIMIGOS NA GUERRA SOLENE E DE OUTRAS VIOLÊNCIAS CONTRA O CORPO
[86]GotÍÜfc.(1, 8)
[87]Políbio,]ivro 1, 17 e ]ivx'oV], 37.
[88] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4b C/}.óe O0/2dlfa (XX]V. 37 9)
189] P[utarco[50?-125?], De C7ar7kMuJlbrl'óus(244 B)
[90]Dionísiode Halicarnasso,livro VI, 30
[911 Caius Corne[ius Tacitus [55-120] , ,4nJJzzJes
(X]], ]O)
!104 H U GO Gxotius
tes [106] não universa], mas de todas as nações européias e aquelas que
seaproximam das mais civilizadas da Europa. Isso foi muito bem ob-
servado por Sarisbéry [107] com estestermos: "Nunca li que alguma lei
autorizasse o veneno, ainda que veja que os infiéis se serviram dele
algumas vezes."Por isso, Si]ius [108] diz: "Desonrar o ferro pelo veneno."
[106] Foi por isso que na Odísséia (1, 263) 11o,HUhode Mermérides, recusa a Ulisses
veneno para seus dardos: 'mamando z? a dos deuses llnopiaJS.
[107] Livro Vll, cap. 20.
[108] Ver nota 104.
[116]Livro V. 81.
11171Que Plutarco(PuZ)/)co/a, 106 B) chama de "ujn Bo/ne n d2ié7néopor lodo ízbo de
vhtudes
l
H UGO Gxoítus
[it8] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Z:/I'óe C0/7d2fa (11, 12, 9)
[120] Marcus Tu[[ius Cicero [106-43 a.C.], .Fbc?Puó/}o SesZ/b (21, 48)
prego da força aberta e não à opinião que a coisa seja justa ou injusta.
aqueles que se servem do concurso dos maus contra seu inimigo consi-
dera-se que pecam diante de Deus, mas não diante dos homens, isto é.
contra o direito das gentes, porquanto, nessa situação, "os costumes
puseram as leis sob seu poder" [130] e que "enganar", segundo a expres-
são de Plínio [131], "passa por prudência, em razão dos costumes da
época". Esse costume, contudo, está aquém do direito de matar, pois
aquele que emprega a perfídia de outrem é considerado como tendo vio-
lado o direito, não somente de natureza, mas também das gentes.Ensi-
nam Isso as seguintes palavras de Alexandre a Dado: "Empreendeis
guerras iníquas e quando tendes armas, colocais a prêmio a cabeça de
vossosinimigos" [132]. E mais adiante: "Vós que não tendes sequer
observado as leis da guerra a meu respeito..." A]hures [133], diz: "Deve
ser perseguição de todos os modos, não como um inimigo leal, mas como
um assassinoe um envenenador..." Deve-serelatar aqui estapassagem
sobre Perseu: "... não para se preparar a uma guerra legítima com os
sentimentos de um rei, mas recorrer a todos os crimes clandestinos dos
bandidos e dos envenenadores" [134]. Marco Filipe, falando dos mesmos
atos de Perdeu,diz que "o ocorrido Ihe ensinará comotodos essescrimes
são detestados pelos deuses"r135]. Aisso se aplicam estas palavras de
Valério Máximo [136] : "0 assassinato de Viriato [137] foi qua]iÊcado de
dupla traição, da parte de seus amigos, pelas mãos de quem foi assassi-
nado, e da parte do cônsul Q. Servilius Caepion que foi o autor desse
crime, prometendo impunidade e que não mereceu a vitória, mas que a
comprou.
5.Arazão pela qual aqui se concordou sobre outra coisa que nos
outros casos é a mesma que citamos anteriormente em relação ao vene-
no ($ XV. 1), isto é, a fim de que os perigos, sobretudo de pessoas emi-
nentes, não aumentem muito. Eumenes declarava que não acreditava
que "nenhum dos generais gostaria de assegurar a vitória por um des-
leixo, cujo exemplo poderia ser usado contra ele próprio" [138] . No mes-
mohistoriador [139] se diz, a propósito de Bessus, que havia atentado
contra Dado, que era o exemplo e a causa comum de todos o$ reis.
Edipo, dispondo-se a vingar o assassinato do rei Laius, fala assim em
Sófocles [140]: 'Vingando Laius, me defendo a mim mesmo." Em Sêneca
[141], na tragédia sobre o mesmo assunto: "A salvação dos reis deve ser
sobretudo defendida por um rei." Os cônsules romanos, em sua carta a
Pirro, dizem: "Pareceu-nosque querer tua salvaçãoera agir para o
exemplo comum e no interesse da boa fé" [142] .
[144] Assim é que, falando de Florêncio e de Barchalba que haviam traído o rebelde
Procópio, Amiano diz que 'be e/es Z7ressem irai o un p/.Jhcipe /eg#lmo, a
própria justiça teria pronunciado con.traeles a prisão e a morte, mas como só
haviam traído um rebelde, um perturbador da ordem pública, comoera
Procópio, segundo a opinião comum, se deveria ter recompensado ampla-
mente uma açâo ZâomeJno/:áKP/. "Assim é que Ai'taban é elogiado, no histo-
riador Procópio ( Handallc.,11,28), por ter matado Gontarides. Acrescente-se
Cromer (livro XXVIII), a respeito da morte de Suchodolius
[14õ] Quintus Curtius Rufos [séc. ] d.C.], livro Vl1, 5, 20.
inimigas [147] . Cipião diz, em Tito Lívio [148], que é de seu interesse e
do interesse do povoromano "não violar entre eles o que era tido em
outros lugares como sagrado". Em outros lugares quer dizer entre os
povos mais civilizados. Diodoro da Sicí]ia [149] faia dos so]dados de
Agatocles que "seu furor criminoso não poupava sequer as mulheres"
[150]. Depois de ter contado que o pudor das mulheres e das jovens de
Pelena havia sido manchado pelos sicionenses vencedores, E]iano [151]
exclama: "Ates cruéis, pelos deuses da Grécia e que, tanto quanto posso
me lembrar, jamais foram aprovados,nem mesmopelospróprios bár-
baros!"
não somente como uma parte da disciplina militar, mas também como
uma parte do direito das gentes,isto é, que aquele que atentou violenta-
mente contra o pudor, embora na guerra, seja passível de punição em
toda parte. Em virtude da lei hebraica (-Deusa'onón oXXI, 10), nin-
guém se eximiria disso com impunidade, como se pode entender nessa
passagem que ordena desposar a cativa]153] e proíbe de vendê-la em
[150] Apiano, em sua Guerra de ]UlÉrldnfes(47), falando dos habitantes .de Quites,
feitos prisioneiros, diz que 'b pudor das mu/Bares e das crTanç;as
áawa sido
violado por aqueles que os conduziam e que se haviam comportadocom eles
como bárbaros
[151] UZJIHJSf. (VI, l).
DA UEXÜSmÇAQ
EDOSAQUE
Sumário
les que serenderam. Tácito [5] diz: "Os habitantes, tendo aberto suas
portas, se entregaram aos romanos com o que possuíam. Essa submis-
sãosalvou suas pessoas.Artaxate foi entregue às chamas."
2. Por isso, Ulpiano [12] diz que o direito público consiste mesmo
nas coisas sagradas. Pausânias [13] diz que era um costume comum
aos gregos e aos bárbaros que as coisas sagradas dependessem daqueles
aue se teriam apoderado das cidades. Assim é que a estátua de Júpiter
Herceu, depois da tomada de 'lYóia, foi concedida a Sthenelus e 'r\icídides
[14] faz menção, em seu livro IV. de muitos outros exemplos desse cos-
tume: "Há essa lei entre os gregos que aqueles que obtêm a soberania
S abre alguma região, grande ou pequena, se tornam donosdos templos'
[15] . Apassagem seguinte de Tácito [16] não difere daque]a: "Nas cida-
des itálicas, todas as instituições religiosas, os templos, as imagens dos
deuses estavam sob a jurisdição e a soberania do povo romano.'
[}2] L. ], $ 2.
[13] Livro Vl11, 46
[14] Livro IV. 98
[15] Uma passagem de Políbio, citada mais adiante, cap. Xll, $ Vlll, mostra a exis-
tência desse costume
[161Caius CorneliusTacitus [55-120],.4nna/es(111,71).
[\l\ L. enter stipulantem, $ Sacrum, e L. Continuus, $ Cum quis, Díg., De vero.
obiig.
[18] Como fai feito pelos siracusanos, da época de TimoleQnte, como o narra Plutarco,
na vida dessepersonagem(Temo/eon,247 E). Os habitantes de Quitespagam
com dinheiro proveniente de seus vasos sagrados a multa que lhes é imposta
por Mitridates, segundo Apiano(Gue/ra de ]UIÉTJdales,
47). Plínio, em Natura/ik
Hlifor7a(Vll, cap. ult. e XVl1, 28), falando de Porcius Calo, diz: '7bzmz'fzuca'íar
as árvores e os bosques sagrados, fazendo antes um sacrifício, e explicou a
razão 10mesmovo/unia."fila, na guerra contra Mitridates, se apodeT-ou
das
coisas preciosas consagradas aos deuses nos templos de Olímpia, de Epidauro,
de Delfos, segundo o relato de Plutarco e de Apiano. O mesmo restituiu o valor
correspondente(Diodoro da Sicília, em Zrcerpfa de Peiresc). Augusto tirou dos
templos seus tesouros, como informa Apiano, em sua /lisfÓTJa das Guerras
(:yv7k(V. 13). Cassiodoro (Xl1, 20) relata que os Vasos sagrados foram penhora
dos por Agapeto.Heráclio, numa prementenecessidade,converteu em moedas
os vasos da igreja, mas em seguida pagou o preço, como o relata Teofânio. Ver
também Ana Comneno (livro V e VI); Cromer (livro XXIII); o discurso de
Laurenciano, em Bembus(livro VIO. Acrescente-seo que será dito mais no cap
XXI, $ xxm.
H UGO GKOilUS
por aqueles que as haviam consagrado, como lemos que isso foi feito por
Péricles, sob a promessa de restituir logo que possível, por Magon na
Espanta, pelos romanos na guerra de Mitridates, por fila, Pompeu,
César e por outros. Em P]utarco [19], Tibério Graco diz que "nada é tão
sagrado, nem tão santo como as coisas consagradas em honra dos deu-
ses. E apesar disso ninguém impede que o povo se sirva delas, que as
transporte..." Lemos nas (]bnÉrovérsJbsde Sêneca [20], que "no mais
das vezes, os templos são desguarnecidos pelo Estado e que fazem fun-
dir as oferendas para emprega-las no pagamento das tropas". 'lkebatius
[21], jurisconsu]to dos tempos de César, chamava "profano o que, de
religioso ou de sagrado que era, se havia tornado próprio para o uso dos
homens e tornar-se objeto de propriedade" [22] . Germanicus fez uso
desse direito das gentes contra os marcos, segundo o relato de Tácito
[231: "0 sagrado não é mais poupado que o profano e o temp]o mais
célebre dessas regiões, o de Tanfana, está inteiramente destruído." A
isso se refere este verso de Virgílio [24]: "Se sempre respeitei vossos
altares, que os troianos tornaram profanos pela guerra..." Pausânias
[25] deixou por escrito que os donsfeitos aos deuseseram ordinaria-
[20] Marcus Annaeus Seneca [58 a.C.-32? d.C.], GonÉrove/Bibe (]V. 4).
[2t] ]üacr Saf. (111,4)
[31] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4b Z:4.Ée Canal'fa (XXX]X, 4, 12)
[32] Caius Sa[[ustius Crispus [86-36 a.C.], Z)e aonyuratlone (hí77lhae (51, 9)
[33] Ver Cromer (livro XVII); sobre os bens de uma igreja de Antioquia, tomados por
Cosroés,
ver Procópio(Persic.
, 11,9)
Z122 H UGO GROTIUS
DODIREITODEADQUIRIR
ASCOISASAPREENDIDAS
NAGUERRA
11
Sumário
VAs coisas que não pertencem aos inimigos não são adquiri-
das pela guerra.
[1] Deu os víveres a seus servos e uma parte do saque a seus aliados. Ver.Josefa, a
respeito dessahistória, e o que será dito no cap. XVI, $ 111.
12]O parafrasta caldeu explica esse fato por oraçõesdirigidas a Deus que, mostran
do uma benevolência particular, havia conservadoSiquém para Jacó e sua
posteridade
!128
H UGO GROTIUS
pouca coragem, pois por esse meio essesbens não serão para aqueles
que os têm, mas para aqueles que os tomam." Em P]utarco [11], 1;3da
3. Marce]o, em Tiro Lívio [15], diz que aqui]o que ele subtraiu dos
siracusanos o tirou peia direito da guerra [16] . Os embaixadores roma-
nos diziam a Filipe, a respeito das cidades da Trácia e outras, que se
Filipe as tivesse tomado pela guerra ele as possuiria pelo direito de
guerra [17], como prêmio pela vitória. Massinissa dizia que possuía, em
virtude do direito das gentes,as terras que seupai havia tirado na
guerra aoscartagineses]18]. Assim é que em Justino]19], Mitridates
[11] Hfa .4/exancül(676 A). No mesmo livro(614 A) se diz: 'Z)s vencedores adguúem
para si as coisas que pertencem aos inimigos.
[12] Çrz7baodJb
(11,3, 2).
[13] Demóstenes, Ed)Jsfu/a .fÜJ7ÜypJ (22)
[14] Z)e .4ZnJeOÓ 'fa ZegaZl0/7e(33)
[15] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó ZZ/óe Canal'za (XXy1, 31. g)
[16] Diodoro da Sicília(arcerpfa de Peiresc, n.' 467) diz: '?\Uo se deve abandonar as
:Digas que secam conquistadas pelas armas e adquiridas pelo direito de guer-
ra."Os godos, em Agatias (1, 5), diziam do rei Teodorico, depois que ele venceu
)üoacro, que "se apoderoupor direito de guerra de tudo o que havia pertencido
a esseúltimo
[17] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], ,4ó C/róe Cóndlfa (XXXIX, 29, 2)
[18] Idem, .4ó orbe aoncüfa(XL, 17, 4)
[19] Livro XXXVl11, 5, 6.
1131
CAPÍTULO VI - DO DIREITO DE ADQUIRIR AS COISAS APREENDIDAS NA GUERRA
diz que "não havia retirado seu filho da Capadócia da qual, vencedor, se
havia apoderadoem virtude do direito dasgentes".Cícero]20] diz que
Mitilene se havia tornado propriedade do povo romano pela lei da guer-
ra e pelo direito da vitória. O mesmo [21] diz que certas coisas começa'
ram a ser bens próprios pela ocupação do que era desocupado ou pela
guerra, isto é, que se tornaram propriedade daqueles que se apodera-
ram delas pela vitória. Dion Cássio [22] as chama "coisas que passam
dosvencidos aos vencedores". De igual modo, Clemente de Alexandria
[23] diz que as coisas dos inimigos são tomadas e obtidas pelo direito da
r
guerra
4. O jurisconsulto Gaio [24] diz: "As coisas que são tiradas dos
inimigos se tornam logo, pelo direito das gentes,propriedade daqueles
que as tomaram." Teóí]]o125] classifica essa aquisição de natural(Qualalv
KTHatv) em suas /nsúóujç(jes Gz'qgas, do mesmo modo queAristóteles
[26] havia dito também que "a guerra traz consigouma maneira de
obter natural". Arazão é que a causa aqui não é considerada, mas que
se tem em vista o fato puro e simples e que o direito se origina desse
fato, do mesmo modo que Nerva, filho, dizia, de acordo com o relato do
jurisconsulto Paulo [27] , que a propriedade das coisas havia começado
por uma possenatural e que ainda se percebeum vestígio nas coisas
que sãotomadas na terra, no mar, no céu e igualmente nas coisas
tomadas na guerra que se tornam todas logo propriedade daqueles que
por primeiro tomaram posse delas.
[20] Marcus Tullius Cicero [106-43 a.C.], Oonfra J?unam (11)in Z)eZ'ege .4graHa (ll
16. 40)
[21] Idem, De OáZlclzs
(1, 7, 21)
[22] Livro XLI, 56.
[23]SÜomafa(1, 23).
Va4À1,.
5, Naturalem, $ ult., Dig., De acquir. rerum domin.
t25À Tit. De rer. divãs.($17, Instit. ll, l).
[26]De RePuÓ/fca
(1,8)
[2]\ L. 1, $ 1, i)íg., De acquir. posa
!132
H U GO GROTIUS
'lb
IV Quando, as terras
1.As terras não são consideradas tomadas logo que forem ocupa'
das [36] , pois embora seja verdade que a parte de um território que um
exército invadiu com grandes forças seja possuído por ele durante esse
tempo, como foi observado por Ce]so [37] , contudo uma possequalquer
não basta para efeito de que tratamos, mas é preciso uma posse dura-
doura. Por isso os romanos consideraram dessemodo o terreno em que
Claro é também que para que uma coisa se torne nossa pelo di-
reito de guerra é necessário que tenha pertencido aos inimigos, pois as
coisas que na verdade estão junto dos inimigos, em suas praças fortes,
por exemplo, ou no interior de suas trincheiras, mas cujos donos nãa
são os súditos dosinimigos, nem animados de espírito hostil, não po-
dem ser conseguidaspela guerra, como aparece entre outras coisas,
[38] T[tus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4Z) Z:/róeGondlfa (XXV], 11, 6)
[39] Marcus Terentius Varro Reatinus [116-27 a.C.], .De Zahgua ZaZína (V. 21)
[40] .Z,.2 q / 8 DTg., .Z;..76.
[41] De Uecélgz].
(IV 43)
1135
CAPÍTULO VI - DO DIREITO DE ADQUIRIR AS COISAS APREENDIDAS NA GUERRA
[43] Os navios, porém, pertencentes a amigos não são boa presa por causa dos
efeitos do inimigo que está próximo, salvo tenham sido colocadoscom o con-
sentimento do comandante do navio (.L. safem., .Dzk,,Z)e Puó]/caril's e6
Uacfzkallóus). Ver Rodrigo Suarez(livro Z)e [üu .4Zarlh, consi]. ]], n.' 6). Acho
que é assim que devemser interpretadas as leis da França que submetemos
navios à presa em razão das coisasque nele se encontram; e as coisas,em razão
dos navios: tais são as ordenações de Francisco 1, ano de 1543, cap. 421 de
Henrique 111,do mês de março de 1584, cap. 69; a lei de Portugual, livro 1, tít
XVIII. Se não há acordo a respeito disso, não há o que é dos inimigos e que
tomba comopresa (Meursius, Z)aJZ/a.,livro 11).Assim é que, na guerra entre os
venezianos e os genoveses, foram vistoriados os navios dos gregos e foram
obrigados a sair os dos inimigos que podiam se esconder no local. Nicéforo
Gregaras(livro IX). Ver também Crantzius(Saxonic., livro 11)e Alberico Gentili
C4dvoc. #JSpan., l, IX)
[45] Assim Rezin, rei da Síria, deu para habitar a cidade cle Elot que antes havia
pertencido aos idumeus, não aos idumeus, mas aos sírios, segundo a informa-
ção dos masoretas(/7 .RezaXVI, 6)
[46] livro VI, 36.
[47] Plutarco( Hda de #(âmuJo,35) diz a mesma coisa dos veios: 't)s pejos posfuJa-
?am no in51cioda guerz'aa entrega de IF'idei3es,comocidade que lhes pertencia,
pretensão não somente ilÜusta mas ridícula por parte de gente que não havia
prestado socorro algum aos ãdenates em perigo e em luta com os romanos e
ainda M, depois de ter deixado matar as pessoas, reclamar as casas e as terras,
das quais outros ora estavam de posse por direito de guerra."
!137
CAPÍTULO VI - DO DIREITO DE ADQUIRIR AS COISAS APREENDIDAS NA GUERRA
[51] Titus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4b C/Fóe Oondlfa (XLI 13, 5)
havia sido retida em virtude desse direito pelos romanos e que não foi
entregue aAntíoco oPiedosoa quem Tigranes [53], inimigo dosroma-
nos, havia tomado. Justino [54], seguindo Trogo, faz responder ao mes-
moAntíoco, por Pompeu, que "como não a havia despojado de seus Esta-
dos, enquanto os possuía, não queria tampouco, depois de ter cedido seu
direito a Tigranes, Ihe entregar um reino que não sabia defender". Os
romanos se apropriaram também daspartes da Gá]ia]55] que os ombros
haviam tomado dos gau]eses [56].
l
direito romano que as coisas tomadas pertencem aos que as tomam e no
conjunto dos cânones que os despojos se repartem seguindo o que agra-
da ao público, uns apósoutros dizem,comoisso ocorreordinariamente,
que as coisas tomadas pertencem primeiramente e de pleno direito aos
que as tomam com as próprias mãos, mas que contudo devem ser reme-
tidas ao general para que faça a partilha entre os soldados.Esta opi-
nião, sendotão comum quanto falsa, deve ser refutada comtanto maior
cuidado, para que isso sirva de amostra para ver como é pouco seguro, r':
h
ÍÕg Meus Livius [59 a.C.-17 d.C.], .4ó Urbe Gond'fa (XXX, 14, 9)
[64]LivroY 67
[65] L. 20, D. XL]X, 15
[66] Uanda#c. (11, 14). Ver também o que se segue. Severo deu igualmente aos
oficiais e aos soldados destacados para guardar as fronteiras as terras que
haviam tomado aos inimigos. Lamprídio faz menção disso. No tratado de confe-
deração entre os cantões suíços,consta que as cidades e as fortalezas tomadas
serão devolvidas à confederação. Isso se encontra em Simler, em várias pas
vagens
!142
H UGO GROTIUS
[67] Entre os próprios hebreus, o rei tomava para sua parte terras conquistadas pot'
direito de guerra, tanto comocada uma das tribos. Isso constano título'do
Talmud, onde se trata do rei
B8« L. 11, Luc. Titius, Dig., De evictionibus;L. 15, Item si verb., $1, De rei vind.
[69] BeZ CI'v2Z(1,7)
[70] .Be/y.(XtdA(11,140)
[71] Marcus Tullius Cicero [106-43 a.C.], .De Z)omo sua ad /)onÍ7XJaes (49. 128)
:t2h L. 51, Transfugam, $ 1, Dig., De acquir. rer. domin.
CAPÍTULO VI - DO DIREITO DE ADQUIRIR AS COISAS APREENDIDAS NA GUERRA
}143
coisas inimigas que se encontram entre nós não são públicas, mas per'
vencem aos que as ocuparam." aue se enconímzz2 entre n(ás, isto é, que
se encontram entre nós no começoda guerra. O mesmo princípio era
observado com relação aos homens na época em que os homens eram
colocadosa esserespeito entre as coisas tomadas. Há sobre esseponto
uma notável passagem de Monino [73] : "Aque]es que, durante a paz,
se mudaram para junto de outros povos,no casoem que uma guerra
tivesse eclodido repentinamente, se tornam escl'avosdaqueles junto aos
quais, ora já inimigos, são surpreendidos por sua má sorte." Assim é
que se deve ler, não por seu fato ou por sua convenção, como trazem os
textos. O jurisconsulto atribui isso à má sorte porque nada fizeram
para merecer cair na escravidão [74] , pois é tradição co]ocar tais coisas
sobo signo do destino. Do mesmosentido sãoestas palavras de Névio
[75] : "Pe]o destino é que em Romã os Metellus se tornaram cônsules",
isto é, sem que seja por seu mérito.
[77]17lüda(1,125)
[781 Homero, /77hdn (IX, 330-33)
1145
CAPÍTULO VI - DO DIREITO DE ADQUIRIR AS COISAS APREENDIDAS NA GUERRA
[92] Isso se encontra em Gregório de Touro (limo 11,cap. 27); Aimonius (livro 1, cap.
12); e no J?estimopublicado por Freher, cap. 9. Era costume antigo e adorado
por outras nações.Sérvio,comentandoo verso 323 do 111canto da Z12elda.diz
: que os prisioneiros e os despojoseram distribuídos entre os vencedorespor
sarfefo. "Assim é que se diz: '7}rar gaffes sobre o saque, " Com relação à coloca-
ção do saque em comum e à justificação por juramento, usadas entre os suecos
e os godos,ver Johannes Magnus, livro XI, cap. ll.
Y'
r
CAPÍTULO Vt - DO.DIREITO DE ADQUIRIR AS COISAS APREENDIDAS NA GUERRA
1147
Era verdade que o povo era o dono do saque [93], mas não era
menosverdade que o poder de dispor dele havia sido confiado aosgene-
rais enquanto a repúb]ica era ]ivre [94], de ta] modo, porém, que
deviam prestar contas ao povo de sua conduta. Lúcio Emílio, em Tito
Lívio [95], diz que "as cidades tomadas sãosaqueadas, não aquelas que
serenderam e, no entanto, essascidades Êicâ= à discrição do general e
não dos soldados". Esse direito de dispor à discrição que o costume deve-
ria aos generais, eles mesmos por vezes, para se colocar ao abrigo de
desconfianças, o transferiam ao senado, como fez Cami]o [96], mas se
encontram também aqueles que o retinham e o usavam de diversas
maneiras, segundo obedecessem à consciência, à reputação, à ambição.
[97] Plínio(Natura/)k HJ:gloria, XVI, 38) escreve: '?l/anius Our us /tirou gue /7áo
havia tocado em nada do saque, exceto num vaso de faia, com o qual haja
oáe/acudo saarJZib os. " O autor da Uda dos ]7omens /7usZres diz. falando de
N\umm\u$ "Despejou Corinto de suas estátuas e de suas mesas e, depois de
)ê-las conduzido para a ltália, nada levou para casa." l?\utatco ÇAemilius Paulus,
270 D) diz desse Emílio Paulo, recém-nomeado: ':?\Uoera menos e.ã9#2bda sua
iberalidade e sua grandeza de alma, porquanto não tinha mesmo desejado ter
lma grande quantidade de ouro e de prata que se havia recolhido, proveniente
]as riquezas do rei, mas havia entregue tudo aos questores para ser depositado
no tesouro pública.
[lOl] Como na maioria das vezes; ver o que será citado de Lucano, no parágrafo
seguinte
2. Por vezes não era o próprio saque, mas o dinheiro que resulta-
va que se dava aos so]dadosem ]ugar do saque [114], o que ocorria
muitas vezes no triunfo. Encontro essa proporção: um tanto era dado a
}'i
fes da milícia. Isso aparece no Código de Justiniano [138], onde são
dispensadasde ser consignadas na relação dos feitos militares, as doa-
çõesde coisas mobiliários ou que se movem por si mesmas que os chefes
da milícia fazem aos soldados dos despojosdos inimigos, soldados que
estivessemno momento ocupados na guerra ou em lugares que se sou-
besse em que estavam.
[148] Sitas féz o mesmo com Atenas(Apiano, Z)e J?eZ/o ]l/]'fárldaÉlco, 38).
[149] Plutarco conta que ele deixou a cidade de Tigranocertes para a pilhagem dos
soldadose que, além disso, deu a cada um deles mais oitocentas dracmas do
saque. Severo concedeuo fruto do saque da cidade de Ctésifon aos soldados.
O mesmo concedeu aos tribunos, aos chefes e aos soldados que guardassem
o fruto do saque que haviam feito nos vilarejos. Aelius Spartianus é que o
conta. Maomé ll prometeu aos soldadosa pilhagem de Constantinopla e os
escravosque nela houvesse
[150] ÀD\ano, De Bebo Mlithddatíco, 8$
[151] Cícero,.De.Znvenüone, 1, 45,85.
[152] jarrão enumera seis modos através dos quais alguém se torna proprietário
!egítimo: a adição de uma herança legitima, a emancipação, a cessão ]n Jure,
o usucapião, a compra "suó corola" dos escravos que fazem parte da pilha'
gem, enfim, os leilões públicos, quando se coloca em leilão os bens de alguém
[153] Ver a passagem de Procópio que será citada mais abaixo, parágrafo 24.
[154] ,4b Zlü'be6bn(#fa, V. 20,6.
[155] OJzupae(il'a,Vl1, 2,11
[156] Tito Lívio, .4ó Z:j}.Ée
(bn(#fa, y 20,8
1156 H UGO GROTIUS
mas que vinha primeiramente dos hebreus. Foi julgado nessa época
pelos pontífices (4ue,nessa décima parte consagrada, se encontravam
não somente as coisas mobiliárias, mas a cidade e o território. O mes-
mo, sendo vencedor, a maior parte do saque tomado dos faliscos foi re-
metida ao questor e assim não foi dado muito aos so]dados [162] . Assim
é que igualmente L. Manlius "vendeu uma parte do saque em proveito
do tesouro público e repartiu a outra entre os soldados,do modo mais
igual possível".Assim o afirma Tito Lívio [163].
2. As espécies em que o saque pode ser dividido são as seguintes:
os homens prisioneiros, os rebanhos de gado e animais menores, que os
gregos quando falam em termos apropriados chamam de "/ézbd', o di-
nheiro, as outras coisas mobiliárias, preciosas e de pouco valor. Quinto
Fábio [164] , depois de ter vencido os volscos, fez vender pelo questor o
saque vivo e os despojos; o dinheiro, ele mesmo o depositou no tesouro.
O mesmo [165], depois de ter derrotado os volscos e os équos, entrega
aos soldados os prisioneiros, exceto os tusculãnos, e no território de
Ecetra, entrega ao saque os cidadãos e os animais. L. Corne]ius [166],
depois da tomada deAnzio, deposita no tesouro público o ouro, a prata e
o bronze; vende através do questor os prisioneiros e o fruto do saque;
[181] Livro X, 6
1160
H UGO GROTIUS
ser concedido a outros pelo povo, não somente após, mas mesmo antes
de sua obtenção,de modoque a captura que se segueàsaçõessejuntem
rapidamente, como falam os jurisconsultos. Essa concessão pode se fa-
zer não somente de modo claro, mas ainda em geral, comono tempo dos
Macabeus (17MacaÓeus,Vl11, 28 e 30) uma parte do saque foi dada às
viúvas, aosvelhos e às crianças em necessidade.Pode ser dado mesmo
em favor de pessoas incertas, a exemplo dos objetos lançados à multidão
que os cônsules romanos faziam tornar-se propriedade daqueles que as
apanhassem.
[185] Calderin. Cona. 85; Joh. Lupas, Z)e BeJ/o, / SI bebe adç'Crias; Jas., ]b Z. Quoc/
apud hostes, De Legatis 1, 'FraBC.a Roda, in L. 1, De acquir. passess.,n. 5,
Covarruvia, ad cnp. /)ec'calam, pari, Z / -ZJ; Bonfin, ]lu .rV dec. 5.
[186] Ver Cromer, /]o/on c., livro XIX
[187] Amalasunta se servedessa razão em sua carta a Justiniano (Procópio, Goffblc.,
1. 3)
1162
H UGO GROTIUS
[1881Z)eZ?ene#c21b,
V], 15,2
[189] 1nsÓfuf. 0r., X]1, 7,10.
[190] .4nna/es, X], 7.
[191] Ver Plutarco, H'da de MarceZo, 302
1163
CAPÍTULO VI - DO DIREITO DE ADQUIRIR AS COISAS APREENDIDAS NA GUERRA
tomado dos cidadãos privados, exceto certas coisas de valor qué tinham
o costume de levar ao rei. Por isso, vemos que eram acusados aqueles
que se dizia ter, perto de Arbela, planejado tornar-se donos de todo o
saque, de modo a nada ]evar ao tesouro púb]ico [199] .
Essas coisas têm o objetivo de saber se, junto a um povo que não
se imiscuiu na guerra, levanta uma contestação por um objeto tomado
na guerra, deve-seconceder esseobjeto àquele que as leis favorecem ou
os costumes do povo do lado do qual a coisa foi tomada. Se nada disso é
provado, a coisa deve ser, em virtude do direito comum das gentes,
concedidaao próprio povo, se contudo essacoisa foi tomada numa expe'
dição de guerra. Parece bastante claro, pelo que já se disse antes, que
aqui[o que a]ega Quinti]iano [220] para os tebanos não é de todo verda-
de; em matéria de coisas que podem ser levadas à justiça, o direito da
guerra não tem nenhuma força e que aquilo que foi tirado pelas armas
não pode ser retido senãopelas armas.
\223ÀL. 3, Quodenim, Dig., De acq. rer. dom.; L. 16, Divas Paus,Dig., De servil.
praed. rust.
12241 Si[vestr., ]z2 verbo .Be/Tum, pa/Ée .Z, / 3 e /], vens. octaro.
Vll
DO DIREITOSOBRE
OS PRISIONEIROS
Sumário
filhos, depois que foram vencidos pelas armas. São coisas essas que,
segundo os direitos da guerra [5], devem ser suportadas por aque]es
mesmos que nada cometeram de ímpio." Assim é que ocorre o que Fílon
observa com estes termos [6] : "Muita gente de bem perdeu por variados
incidentes sualiberdade nativa"
Não são somente eles próprios que se tornam escravos, mas ain-
da seus descendentes para sempre, ou seja, aqueles que nascem de uma
mãe escrava, depois de sua escravatura. ]sso é o que Marciano [9] disse
ao aííJ'mar que, pelo direito das gentes aqueles que nascem de mulheres
escravas nossas se tornam nossos escravos. Tácito [lO] , fa]ando da es-
posa do chefe germânico, disse: "Seio materno votado à escravidão.:
[5] Servius, comentando o canto 11619] da EJlefda, diz ao fa]ar de Hércu]es: 'Como
Laomedon queria expulsa-!o desseporto, foi morto e sua &!ha Hesione fai
pomadapelo direito de guerra e entregue a Teiamon,companheirode líércules
que, por primeiro, havia escalado as muralhas; desse modo nasceu Teucer." O
mesmo, comentando o canto X da Elzezda, contando a mesma história, diz que
os gregos não quiseram entregar lÍesícne aos troianos, dizendo que a possuí'
am por dz)alfa de guerra': Josefo(.4nfl#üidades Judaicas, XIV. 12,2) diz
comohaviam sida aprisionados, em desacordocom o direito de guerra...", e em
outro \acab "Em vb'rude desse direito que foi estabelecido contra os prisionei-
]'os...': diz Menandro, o Protetor. Muitas coisas relacionadasa isso podem ser
encontradas no capítulo precedente porque os autores reúnem e colocam no
mesmo rol as coisas tomadas e as pessoasque são feitas prisioneiras
[6] No livro C2mnem tdrizm óonum esse #óerum, 3
[7] ardil'o .XZ
1. Tudo isso não foi introduzido por outra causa, pelo direito das
gentes de que tratamos, senãopara que, seduzidospor tantas vanta-
gens, aqueles que se apoderassem de prisioneiros se abstivessem de boa
vontade desse extremo rigor que poderiam exercer sobre eles, matan-
do-os de imediato ou após um prazo, como dissemos antes (livro 111,cap.
[V. $ 10). Pompânio [16] diz: "A denominação de escravos decorreu [17]
de que os generais têm o costume de vender os prisioneiros e por meio
disso conserva-los e não mata-los." Eu disse "para que se abstivessem
de boa vontade"; não é, de fato, como uma convenção que os coagida a
se abster, se não for considerado senão esse direito das gentes, mas é
um meio de fazê-los concordar pela consideração do que lhes é mais
vantajoso.
[23] Ver cap. ]X, $ 5. No livro Nn6urai]s ,f]Zsfarlbe,V]1, 28, P]ínio diz a respeito de
Maxcus Selglus'. "Duas vezes preso porAníba], duas vezes ele escapou de seus
grilhões.
[24] goto, Z)e Jusüf. ef Ju/ Zero /K guesf. 4 aró, .Z].essius, /lwo ZZ c-ap./4, dtíK
3
[25] De aduz/aÉ., 11,5.
CAPÍTULO Vll - DO DIREITO SOBRE OS PRISIONEIROS
é justo que cada um tenha o seu? O que o juiz tiver julgado segundo sua
maneira de ver é ratificado pela lei. A mesma coisa, pois, será justa e
nãoiusta.
3. Em nossaquestão,porém, não se pode imaginar nenhuma
razão pela qual as nações teriam tido em vista outra coisa que essa
consideração externa. A possibilidade de reivindicar o escravo, de coa-
gi-lo, mesmo de acorrenta-lo e de se apropriar de seus bens, bastaria
para que aquelesque se tivessem apoderadodosprisioneiros quisessem
poupa-los;ou se tivessem sido bastante cruéis para não se deixarem
tocar põr essasvantagens, certamente uma obrigaçãoimposta à cons-
ciência não os teria tocado tampouco. Além disso, eles poderiam exigir
uma promessaou um juramento, se acreditassemque essaprópria
obrigação fosse absolutamente necessária para e]es [26]
4. Não se deve, pois, numa lei que não foi estabelecida em vista
da equidade natural, mas que foi feita para evitar um mal maior, admi-
tir levianamente uma interpretação que torne criminoso um ato que
por outra é lícito. O jurisconsu]to F]orentino [27] diz: "Não importa
como o prisioneiro voltou, se foi mandado embora, se escapou às perde'
guiçõesdosinimigos pela força ou pela esperteza." E que essedireito de
catividade é um direito de tal natureza que, em outro sentido, é no mais
das vezesuma injustiça e é sob esse nome que é designadopelo
jurisconsulto Paulo [28] : um direito, quanto a certos efeitos; uma injus-
tiça, se a natureza da coisa em si mesma é tomada em consideração.De
onde parecetambém que, se preso numa guerra injusta, alguém caiu
em poder dos inimigos, sua consciência não está manchada pelo crime
[26] Bembus(.]nsf., ]ivro X) diz que a consciência não bica carregada do crime de
furto se porventura se praticar o roubo de suas coisas.
t21\ L. 26, Nihil, Dig., De capt.
t28hL. 19,Postliminiumestjus in princ. eodemtit.
''q
1180 Hu GO GROTiUS
devem dar aos cristãos o exemplo da paciência, antes que de uma coisa
similar que, embora lícita, poderia contudo indispor espíritos estranhos
ao cristianismo ou, por outra, fracos. Pode-se entender da mesma ma-
neira as exortações dos apóstolos aos escravos, a não ser que pareçam
antes exigir dos escravos a obediência durante o tempo em que estive-
rem a serviço de seu patrão, o que é conforme à equidade natural, pois
osalimentos e osserviços secorrespondemmutuamente.
De resto, sou de opinião que isso íoi dito de modo apropriado pelos
mesmos teólogos que comecei a indicar, ou seja, que um escravo não
pode, sem ferir o dever de justiça, resistir ao patrão fazendo uso desse
direito exterior. Há, de fato, entre isso e o que dissemos,uma manifesta
diferença. O direito exterior que não consiste somente na simples impu-
nidade da ação, mas que é colocado sob a tutela dos tribunais será inútil
se, de outra parte, o direito de resistir é mantido. Se é permitido resistir
pela força ao patrão, será permitido também resistir ao magistrado que
protege o patrão, quando contudo o magistrado, em virtude do direito
das gentes, deve manter o patrão em sua propriedade e no uso de sua
propriedade. Esse direito é, pois, semelhante ao que atribuímos em ou-
tro local (livro 1, cap. IV. $ 2) aos poderes soberanos de cada Estado,
dizendo que não é nem lícito, nem permitido em consciência resistir a
eles pela força. Por isso, Agostinho reuniu um e outro, quando disse:
"Os povos devem suportar os príncipes e os escravos seus donos, de tal
modo que os males temporais sejam tolerados como um exercício de
paciência e que os bens eternos sejam esperados.
Deve-se saber que esse direito das gentes, relativo aos prisionei-
ros, não foi acatado sempre, nem junto a todas as nações, embora os
jurisconsultos romanos falem dele geralmente, designando nisso a par'
1182 H u oo GROTIUS
que, desde muito tempo, essa prática havia passado dos ancestrais a
seus descendentes, entre aqueles que faziam procissão da mesma reli-
gião e que não havia sido peculiar àqueles que viviam sob o império
romano, mas comum com os tessalianos, os ilírios, os tribalianos e os
búlgaros. Isso, ao menos, embora seja pouca coisa, é um resultado que
o respeito pela lei cristã rea]izou e ao qua] Sócrates [38], que o havia
aconselhado aos gregos em suas relações mútuas, não havia chegado.
DA SOBERANA SOBRE
OS VENCIDOS
Sumário
11] aonírovers2be, X, 34
[2] HpaZoFeúcus, 25
[3] Z)e InsüfuÉ]'one (2mfoüa, V. lO,113.
[4] Livro IM 5,7
15]Tiro Lítio, .4ó CZ}.óe(;bndlfa, XXXV. 16,4.
[61 Caius Julius Caesar, Z)e .Be/7oGa//)bo, 1, 36
1188 H U GO GROTIUS
lll] .rla/ftÜa,Vl1, 14
[12] Excerpfa ex gyug.of (nm. Gn
[13] .r]nJla/eS,X]], ll
[14] ,4gnsi7aus,1, 22
1190 H UGO GROTIUS
[21]Dionísiode Halicarnasso,111,31.
[22] .De ]nsüfuüame Orafoda, V. ]O, 16
1192 H u co GROTIUS
[26] Antânio obrigou os habitantes de Tiro a devo]ver as coisas que haviam tomado
dos judeus e que não lhes haviam sido concedidaspelo senadoromano, por'
quanto não as possuíamantes da guerra de Cássio. Josefomenciona o fato. Ver
também Bizarro, J7zkó. Ganhe/7szk, livro X
lx
/
DO POSTLIMIMO
Sumário
e
XVTll. Comoopostlimíníofoiobservado entre aqueres U ei'am
que z'
estrangeiros.
í)rl'er n
XIX. Quando isso ocde o:orrerhoje?
CAPÍTULO IX - DO POSTLIMÍNIO
1}95
nar, mas sãopor outro lado de mesma origem, vindo de fato de uma
antiga pa[awa, i])no [3], que significa colocadoem diagonal, e têm o
mesmo significado primitivo, do mesmo modo que mafer7b e mafer7bs,
pal'tzs e ramo, confagzb e coníages]4], cucumJSe cucumer, ainda que
um uso mais recente tenha pretendido que Jylnenfosse antes ligado a
coisas privadas, enquanto /lhes a coisas públicas. Assim é que os anti-
goschamavam eliminar o fato de rejeitar fronteiras e que denomina-
vam o exílio de e]iminação [5] .
[6] Por isso é que Tertuliano disse, em sentido metafórico: "0 rosé/])nih a da paz
eclesiástica" \De Pudicitia, L5À
Lll L Postliminíi, 5, $ !, DÍg., De capt.
t8ÀL. 19, Postlíminíum, $ 3 postlíminío, Dig., De capa.
[9] Para De Thou(livro CXXX,3, do ano de 1603)pareceque os reis do Matracase
de Fez assim o entendiam
[10]Políbio,]ivro 111,24
1}97
CAPÍTULO IX - DO POSTLIMÍNIO
púnica [11] e enviados à Grécia após terem sido vendidos, não gozaram
do direito de post]imínio [12] , porque os gregos se haviam conservado
neutros nessa guerra. Por causa disso foi preciso resgata-los para se'
rem liberados. Mesmo em Homero podemosver, em mais de uma pas'
vagem,os prisioneiros de guerra vendidos a países neutros, como
Licaonte na ]]íada [13] e Eurimedusas na Odisséia [14] .
lente correção que o sábio Pierre du Faur [22] faz a essa passagem de
[lYifonino, sem ser desaprovada por Cujas, pois a razão que se segue e a
oposiçãoque a precede o provam de modo manifesto. Zonaras [23] diz:
"Havia celebrado a paz, tendo mandado embora os prisioneiros, pois
assim havia sido concordado." ]] Pompânio [24] : "Se um prisioneiro, do
qual se havia estipulado seu retorno em tempo de paz, ficou junto aos
inimigos por livre vontade, não subsiste mais depois disso o postlimínio
para ele." E ainda Pau]o [25] : "Se um prisioneiro de guerra fugiu para
sua casa depois da paz selada, pelo postlimínio retorna para aquele que
o havia feito prisioneiro na primeira guerra se, contudo, não se concor-
dou na paz que os prisioneiros seriam devolvidos.:
3. A mesma coisa não podia ser dita daqueles que haviam sido
surpreendidos depois que a guerra havia eclodido, pois nenhum plano
de ataque poderia ser suposto neles. Não pareceria, no entanto, iníquo
relê-los no decorrer da guerra para diminuir as forças dos inimigos.
Terminada a guerra, nada podia ser alegadopara colocarobstáculo a
sua liberação. Por isso se chegou a um acordo sobre esse ponto, que tais
prisioneiros obteriam sempre a liberdade na paz, como sendo inocentes,
com a concordância das partes, mas que, como os outros, cada um usa-
ria do direito que seria reconhecido para eles, exceto quando as conven-
çõesprescrevessemalguma coisa determinada. Pela mesma causa é
que nem os escravos [28], nem as coisas tomadas na guerra não são
devolvidas quando houver paz, a menosque isso não tenha sido estipu-
lado em convenção, porque o vencedor quer que se acredite que tinha o
direito de obter essascoisase que, contradizê-lo,seria dar origem a
novas guerras eclodindo de outras guerras. Disso decorre que a passa'
gem seguinte, encontrada em Quinti]iano [29] , em favor dos tebanos, é
uma alegação engenhosa mas não conforme à verdade: "Por isso é que,
se os prisioneiros retomaram à sua pátria, estão limes porque as coisas
adquiridas na guerra só se conservam com o próprio emprego da força.:
[27] Ver Prisão, -Ercerpfa -Legz]lonum, 28, e Bizarro, .De .Beato Genuensium n
Uenefos,livro ll.
[28] Totila ordenou ao diácono Pe]ágio, que ]he havia sido enviado pelos romanos,
de não Ihe falar da restituição dos escravosdos sicilianos, dizendo que seria
iníquo que os romanos devolvessemseus companheiros de armas a seus anta
gos donos. A passagem se encontra em Procópio, GofÉÜ/a, 111, 16.
[29] .De ]nsüfuüone arufo/:ü, V. ]O, 115.
1201
CAPÍTULO IX - DO POSTLIMÍNIO
Sagunta, quando foi restituída a seus antigos habitantes, oito anos após.
Nem bebas, depois que os tebanos haviam sido vendidos porAlexandre
como escravos. Disso decorre que aquilo que os habitantes da Tessália
de-viam aos tebanos não foi restituído a essestebanos pelo postlimínio.
E isso por duas razões: primeiro, porque era um novo povo; segundo,
porqueAlexandre, na épocaem que era governante, teria podido alienar
essedh'eito e de fato o alienou; e ainda porque uma dívida não se inclui
no número das coisas que retornam pelo postlimínio.
que, entre os espanhóis]74], íoi previsto por lei que os condadose outras
jurisdiçõeshereditárias utilizassem o instrumento do postlimínio: as
grandes, de qualquer forma; as pequenas, se forem reclamadas dentro
dos quatro anos de sua tomada, a não ser que o rei tenha o direito de
reter as fortalezas perdidas na guerra e retomadas de qualquer ma-
neira.
cavalos e as éguas, mas que suportam o 6'eio. Todas coisas que os roma-
nos [77] queriam que pudessem ser va]idamente ]egadas e que fossem
compreendidas entre os bens passíveis de parti]ha de herança [78] .
t8'L\ L 24, Hostes, el,. 27, Latrones, i)íg., De capa.;L 19, Postliminium, $2,Apiratis
eodem tit.
[82] Ver a própria carta de Filipe, entre as obras de Demóstenes.
[83] Demóstenes, .De J7a/obeso.
[84] Reg. (hnsZJf., /)vro .X?K:PTZÉ]'f, .Pg paria .Z Covarruvias, ad cap. /)eccafum, parte
ll,$ 2, n. 8.
[85] O mesmo ocorre entre os venezianos. Isso se depreende das cartas de Du
Fresne, De La Canave, tomo l
H
mos: "Há postlimínio entre nós e os povos livres, os povos aliados, com
os reis, do mesmo modo que com os inimigos." Prócu]o [88] diz, ao con-
trário: "Não duvido que os aliados e os povos livres não soam estrangei-
ros para nós.Não há postlimínio entre nóse eles."
3. Eu penso que se deve distinguir entre os tratados e dizer que
sehouvesse deles que fossem concluídos somente para terminar ou para
prevenir uma guerra pública, não faziam obstáculo à captividade a se-
guir, nem ao postlimínio, mas se houvesse aqueles que contivessem que
os súditos de parte e outra circulassem sob a proteção da autoridade
pública,então, o direito de fazer prisioneiros cessando,o postlimínio
cessariatambém. Pompânio [89] me parece indicar isso, quando diz:
"Se ocorrer que não tenhamos com um povo nem amizade, nem direito
de hospitalidade, nem tratado celebrado por causa de amizade, não são
por isso nossosinimigos. Se uma coisa que nos pertence passa para
eles, se torna sua propriedade e o homem livre que é dos nossos, preso
por eles, torna-se também seu escravo. O mesmo ocorre se alguma coi-
sasdelespassapara nóse que assim, nessecasotambém,o postlimínio
foi concedido." Quando diz "tratado concluído por causa de amizade",
mostrou que podem existir outros tratados que não contêm nem direito
de hospitalidade, nem direito de amizade. Próculo também dá a enten-
der que considera povos confederados aqueles que teriam prometido ami-
zadeehospitalidade segura, quando acrescenta:"De fato, haveria ne-
cessidadede hospitalidade entre nós e eles,porquanto retêm entre nós
sua liberdade e a posse do que lhes pertence, do mesmo modo que se
estivessem em seus domínios e que nós mesmos temos vantagens entre
eles?"Esta é a razão do que se segue em Gallus Aelius: "Não há
postlimínio com as nações que estão sob nosso domínio", como muito
bem ana]isa Cujas [90] que afirma que deve ser completado por este
acréscimo: "Nem com aqueles com os quais temos um tratado de ami-
zade.'
ADVERTENCIAS
ARESPEITO DASCOISAS
QUESEIAZEMNUMA
GUERRAINJUSIA
Sumário
[4] .F>ofagora,12.
[5] .,4d ú?eru(#fum praes2'dem,781 B,C.
[6] 14fa TZesel; VI.
[7] .4nÉzku/Jades dada bas, X]11, 11, 3.
tg\ i,. !4, Adoptivos, $2, Díg., De Fita nupt.
[9] De OáZlcízi,1, 28,99.
[10] Z)e]z'a, 11,27
[11] O mesmo Sêneca, em Z)e .Bene#c7ük,V. 21, diz: 'Hã mufZas cou)asnas quais não
há !e{ e para as quais não há como aduar na justiça e que, contudo, podem ser
exigidas par regras de comércio da sociedade humana, superiores a todas as
/eJS êsc.r7fds. " Quintiliano, em Z)e ZnsÉafuÉlbne OraÉor7al111, 6, 84), diz: ':Hã. de
fato, certas coisas que não são louváveis segundo a natureza, mas que sãa
concedidas por !eÍ; assim é que, por exemplo, foi permitido pela ]ei das Xll
i'águas de partilhar G corpo do devedor entre seus credores, disposição legal
gue os costumes pEÍÓ/loasrecÜaç;arara." Cícero, em Z)e C2áZlcu)k]111,
17,68], diz
Uma é a maneira pela qual as !eis coíbemas injustiças; outra a dos 6llósofos
que as corrigem. As leis se !imitam ao que pode ser tocadopeia mão. Os âHóso
íos estendem sua anão sobre tudo o que pode ser captado peia razão e peia
in telligência .
1221
CAPÍTULO X - ADVERTÊNCIAS A RESPEITO DAS COISAS QUE SE FAZEM NUMA GUERRA INJUSTA
Lactâncio [21] diz, fa]ando dos fi]ósofos, que "quando tratam dos
deveres que se referem aos negócios militares, todo seu discurso não
tende nem à justiça, nem à verdadeira virtude, mas a essa vida e ao
costume civil". O mesmo diz logo a seguir que injustiças eram legitima-
mente cometidas pelos romanos.
[21] -Z2zt-ÜaJ-tzm]nsélfuÉlam um, V], 6. Agostinho, em sua carta ]V. .4d ]]#h/ueZ/7$nzm,
assim se exDümG "Por isso mesmo, se os Estados deste mundo observam os
preceitos cristãos, as próprias guerras não serão feitas sem benevolência."O
[nesnn. en] De Diversas Ecclesiae Observationibus. à:d. "Entre os verdadeiros
adoradores de Deus, as próprias guerras são pacíficas.
1223
CAPITULO X - ADVERTÊNCIAS A RESPEITO DAS COISAS QUE SE FAZEM NUMA GUERRA INJUSTA
[22] ]\rtí/22erasV. 6. Jerânimo, em .4d J?usücum,diz: ';Se fado o que áof mamadonão
for devolvido, não se pode evitar a sentença da condenação."êKgostÀxiho,em sua
culta AdMacedonium, afirma; "Não é um verdadeiroarrependimento,mas um
arrependimentosimulado, quando, podendorestituir o bem de outrem, por
causa da qua/ se pecou, náo se /az. " Graciano menciona esta passagem em
Causa XiX quaestio 6.
[23] Há uma passagem notáve] em Zsaibs,l;Vl11, 5-7, transcrita em grego em Justino,
mártir, em seu Dvá/ogocom gl:í/ão, 15.
V24À
'l&íxo Praeceptorum LegisPareceptojubente,Pí\. Ve as CanonesPoenitentiales
cleMoisés Maimânides, cap. 11,2; também Moisés de Kotzi, .fbaec'epf.Juóenh,
XVI
[25] Ver Leunclavius, 7b/rü., V e XV]]
1224
H U GO GROTIUS
[ivro [[, cap. 9). Há em Va]ério Máximo [31] uma história que vem a
propósito aqui: "0 povo romano, tendo vendido em leilão os camerinenses
vencidos e feito prisioneiros sob o comando de P. Claudius e sob seus
auspícios,embora visse seutesouro enriquecido por essedinheiro e suas
fronteiras ampliadas por esseterritório, resgatou contudo com o maior
cuidado os prisioneiros e restituiu as terras]32] porque não havia certe-
za se essa conquista teria sido feito comjustiça pelo general." Um de-
creto dos romanos devolveu igualmente aos habitantes de Fócia a liber-
dade [33], mesmo a ]iberdade púb]ica, e as terras que ]hes haviam sido
tomadas. A seguir, os ]ígures [34] que haviam sido vendidos por M.
Pompílio foram restabelecidosem sualiberdade, depoisda restituição
do preço a seus compradores e se tomou cuidado também que seus bens
lhes fossem devolvidos [35] . O senadoromano decretou a mesma coisa a
respeito dos abderitas, acrescentandopor razão que selhes havia feito a
guerra injustamente [36].
CONSIDERAÇOE8
ARESPEITODODIREITO
DE MA])\R NUMA
GUERRAJUSIA
Sumário
XVI. Isso é verdade, salvo uln gra ve aten fada não tenha o
do antes; como entender isso.
â .s de seu grande nú
XVl}. Poupar os culpados é bom, p- r causa
mero.
11]Lucano,1, 349.
[2] .De0á7SZÍÜ,
1, 11,34.
[3] Ver livro 11,cap. XX, $ 2 e 28, a]ém das passagensde Agostinho que citamos há
pouco, a respeito da benevolência dos cristãos, mesmo em meio à guerra.
Aristóteles(Política, Y 6) narra que se haviam sido levados a efeito em bebas e
em Heracléia fitos de repressão mais rigorosos que a equidade o exigisse e isto
por um espírito de sedição.Tucídides(111,8) fala de 'tasÉlgosma 'aresdo que a
/usí2ba o exzkzb': Tácito(.4nnaJes 111, 28) diz: ':!)0/71pea era mala áunesfo pejos
remóc#osgue ap/lbaKa do gae os I'idas gue queria co/rlbú: " O mesmo historia-
dor(,4nnaJes,111,24) acusa Augusto de ter ultrapassado, na punição dos adúlte-
ros, os limites da clemência de seus antepassadose suas próprias leis. Juvenal
X, 3L4 ssl} ààz.' mas vezeseste flagelo leva a extremos mais terríveis que
budao que as leis jamais permitiram em favor do ressentimento." Segundo
Quintiliano(.Dec/amaüones, VI, 10): ':SÕmesmo pzzra os pa1:?7biaTosmala atro-
zes é que se pune um homem para além de qualquer medida." O Impe adn
Marco Antonind, segundo o que narra Vulcatius, na H'da de (;ãssz'o(11), diz: ':Eu
escreveria ao senado para que a prescrição não fosse por demais rigorosa e a
punição por demais cruel." )musõlüo(~Cupid.Crucíf., SSàescreve: TA vingança
paJ'eceser maior que seu cr:íme." Amiano(XXVI, 10, 6) diz: 'tortura'se muzfz
gente com maior rigor do que o pedem suas culpas ou seus delitos." tLâ uma.
passagemsemelhante em Agatias(IV, 19).
[4] ,De 0z2%Íis,11, 8,26.
[5] .Z)e(2emenÉía, 11.4.
[6] ZeucÉz2'ca. l
[8] Pyaóajc., 6.
para poder ser punido como suplício da morte diante de um juiz justo
Falaremos menos dessa matéria agora porque tudo o que é preciso sa
ber foi explicado suficientemente, achamos, no capítulo das penas
[1'4]X]11, 29
[15] 11,23
!232 H UGO GRDTI US
amigos, de tal modo que tinham o coração fora dos muros e o corpo do
lado de dentro deles pela necessidade a que eram forçados." Esta última
parte pode parecer ter sido tirada de Tito Lívio [16], no qua] o espanho]
Indibilis diz que seu corpo somente havia estado do lado dos caüagineses,
mas que seu coraçãohavia estado do lado dos romanos.
manos, dizem que perturbaram a paz, oprimidos que estavam pelo ter-
ror e a traição. Por razão seme]hante, Antígono [28] dizia que a guerra
tivera lugar com Cleomenes e não com os espartanos.
simples picada, ou ainda, não seria para essa tal pessoa ou desse modo.
Quando, pois, o dano teve lugar ao contrário do que se poderia esperar,
isso seria uma infelicidade. Se, de qualquer modo, se pudesseesperar
tal desfechoe prevê-lo e que não subsistisse qualquer intenção maldosa,
haveria então uma espéciede culpa, pois isso aproxima muito de uma
culpa a quem traz em si mesmo o princípio do mal de que é acusado; em
vez disso, se o princípio vem de fora, não é senão desafortunado. Todas
as vezes,contudo, em que alguém executa com conhecimento de causa
o que faz, sem que seja no entanto com propósito deliberado, deve-se
admitir que há aí um ato injusto. Tais são os fitos que os homens come-
tem habitualmente por ira e outras perturbações morais similares, se-
jam naturais, sejam necessárias. Aqueles que, movidos pela ira, cau-
sam dano e cometem uma falta não são isentos de injúria, mas não são
classi6lcados, contudo, como injustos ou maus. Se alguém, no entanto,
comete a mesma coisa com propósito deliberado, esse será chamado
com razão mau e injusto.
[29] Dionísio de Halicarnasso(1, 58) diz que '?udo aquilo que ó]nva]unfá o merec'e
perdão'{ Procópio(GoÓÍÜJC.,
111,9) escreve: "Quandoa gente ofendeuaJyuám
por ignorância ou por esquecimento, é justo que aqueles mesmos que foram
vítimas desta ofensa perdoem.
[30] Ak., V]1, 2
1237
CAPITULO XI - CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO DIREITO DE MATAR NUMA GUERRA JUSTA
que ocorrem por um movimento repentino são bem mais leves que aque-
las que sãopremeditadas e preparadas." Na explicação das leis particu-
[ares, Fí]on [37] fala assim: "0 crime é diminuído pe]a metade, quando
nada foi precedido delonga deliberação do espírito."
[37] SPeczb/.-LeF:,11,17.
[381 Acrescente-se o que foi dito no livro ]], cap. XX, $ XX]X, e neste capítulo, $ 111.
Em Tucídides(111, 32), os enviados de gamos dizem ao lacedemânio Alcides, que
havia mandado matar prisioneirosde Quites,que 'hãa ern comJZisízçaqae se
dizia o libertador da Grécia, enquanto tirava a vida a pessoas que não haviam
tomado em armas contra eie e que não eram sequer seus inimigos, porquanto
se haviam tomadoo partido dos atenienses,o haviam feito por extrema neces-
sidade". Cüs6stomo ÇDeProvídentia, N) ààz."Os inimigos privados sabem per-
doar seus inimigos privados e cs inimigos públicos a seus inimigos públicos,
quando vítimas de um dano, por mais consideráve!que seja, desde quefeito
sem seu consenÉ7henfoe cona'a sua uonfade." Os misimianos, em Agatias(IVI
20), julgavam não ser totalmente indignos do perdão e de serem poupados,
porquanto, tendo sofrido numerosasinjúrias, haviam sido impelidas a aplicar a
lei do talhão, cedendo assim a um ímpeto digno dos bárbaros
[39] (bnÉra A7bfac2'atem, 148
[40] OraÉÓin Sfepáanum,1, 67
[41] Livro IV. 98
[42] .Deuferon(anJO,XX]1, 26. MoisésMaimânides,Dúecf. Duózf., 111,41
[43] .4b Z]j}.óe
aondfa, V]1, 20,5.
1239
CAPÍTULO XI - CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO DIREITO DE MATAR NUMA GUERRA JUSTA
nos "de não classificar como intenção o que deveria ser chamado força e
[47] }TfaeSoPÜÍsÉ.,
11,15,2.
[48] Élücaa ]Ulbómaco,V]], ll.
[49] Em Tucídides(111, 40), C]eonte torna assim odiosa a causa dos mitilênios: 'Z7es
não nos.prejudicaram malgrado eles, mas nos armaram, com propósito delibe-
rado, insídias. Não é digno de ser perdoado, senão somente o que se faz contra
a }'anfade."Fílon. em seu livro .De Gang fuendo .f#:zhczbe(13), diz: "Quando se
prata de vingar injúrias, sabe discernir entre aqueles que passam sua üda
armando ínsídias e aqueles que têm outro sentimento totalmente diverso. Há,
de fato. ferocidade e barbárie ao matar indistintamente a todos,mesmo os que
cometeram as menores faltas.
[50] OmÉÜVIL 93
[51] Sêneca diz, no livro Nafuz'ages uaesÉlones(11, 44), onde trata dos raios: "Qui-
seram advertir aqueles que estão encarregadosde fulminar os culpados que o
mesmocastigo não deve atingir todas as faltas, porquanto há raios para des-
truir. outros para tocar e aflorar, outros para avisar comsua apançao-
'H
1240
H UGO GROTIUS
[52] Tal fai '].Yajano, um dos melhores imperadores romanos: ':8/e nâo possui'a essa
erudição cuidadosa que se manifesta peia linguagem, mas conheciao fundo
das calhas e ap/lcava o que e/e saó2b"(Xiphilinus). Herodiano (1, 2,4) diz de
M.arco}LuleiXo."Somente ele entre os imperadores se haja apegadoà filosofia
e se podia notar que dela estava imbuído, não por seus discursos ou por uma vã
ostentação de ciência, mas pela ponderação em seus costumes e peia regulari-
dade de sua wda. "Xiphilinus diz de MacriiM: 'Z7e oZ)sopravaas /ezb com ma/a'
exaúdáo do que as comZzeczn."Dá,
ó Deus, tais príncipes a nosso século!
[53] Temístio, OraÉlb ]X, 123.
[55]Livro 111,391ss
1241
CAPÍTULO XI - CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO DIREITO DE MATAR NUMA GUERRA JUSTA
[57] aaJ}2lpe,]X, 88
[58] .4ó Z:ü.óeaon(#fa, ]V. ]0,6.
[59] Idem, XXV], 40,13
[60] Idem, XXV], 16,5
[61] Idem, V]11, 20,11
[87]É)2ezda,
X, 528.
1881Livro IV. 16,23.
particulares não será di6ici]. Sêneca [lOl] , nos livros em que entra em
cóleracontra a cólera, diz: "Que a idade escute a criança, o sexoa
mulher." O próprio Deus, nas guerras dos hebreus, quer que, mesmo
2?e]i:a 111 24. Plínio, em Arn uraJJkHz)forja (VT11,16), escreve: "0 /eão,
quando está furioso, se lança sobre os homens antes que sobre as mulheres
e não ataca as crianças, a não ser que uma graJlde fome o atormente." A.
respeito dessesversos de Horácio (IV. 6, 18), referentes a Aquiles: 'Z7e feria
queimado as mulheres dos gregos e as crianças.que ainda sequer falavam e
mesmo aquelas escondidas no seio materno...", deve-se nbserval que "o poeta
selevanta contra a ferocidade deAquiles que, seApoio o tivesse deixado viver,
não teria mesmo poupado as crianças no seio de suas mães." FUon, em De
/#lhczb. aonsólf., 13, escreveque "são dispensadasmoças e mulheres". Como
Talão, eXeà\z qxxe"é desumano tratar as mulheres como as cúmplices dos
homens que somente eles é que fazem a suei'ra". O mesmo, em De Specialibus
Legibus (:EI,tab, ààz. "Entre as pessoas de idade razoável, podem ser encontra
das ini] razõespara justiHlcar as querelas e as inimizades, mas com relação às
crianças que mal nasceram e entraram na vida humana, a própria calúnia
não saberia inventar qualquer coisapara tornar culpadas, com a mínima
aparénc/b, essas crJ'af iras zhocenfes." Falando de Manaém, em 4nízguidades
dada 'cas(IX, 11. 1), Josefo diz que 'bf hgfu o ma k e/suado grau de arde/dado
melhor de ferocidade, país não poupava sequer as crianças. Ates que não
poderiam ser perdoados, mesmo se cometidos contra estrangeiros vencidos,
ele os cometeu contra membros de sua própria nação". Q pr6pxia .baseia
(.4nÉJkuJdades
Judaicas, Xl1, 8,3) conta que 'í/tidas .a/ac-ateu,tendo fanada as
cidades de Bosta e de Efron, passou ao glo da espada todos os homens e todos
agua/esque esfaT'amem Idade de comóafez" Em outro local, ele chama de
uma vingança desumana, o castigo que Alexandre, apelidado o 'lYácio, infligiu
às crianças e às mulheres. Agatias(IV, 19) diz; 'Zbmo não era Justo forfurar
e se entregar à loucura da cólera contra crianças recém-nascidas, de todo
inocentesdas faltas de seus pais, seu cume não picouimpune." Eq\Getas,
au
aquele que continuou sua história até o reino do rei Henrique, diz dos citas
que haviam tomado a cidade de Atira: 'Z7es náo pouparam nem mesmo as
crianças de peito; essasjovens plantas foram ceifadas em seu primeiro brota
e em sua primeira flor pelo crime de homens que a piedade não havia podido
Lacare que não sabiamque é pecarcontraa naturezae violar o direito
comum dos homens. estender sua cólera além da vitória e da submissão de
seu ]hJhJko."Acrescente-se o que diz Beda(Hi)farta agcles., 11, 20) sobre a
crueldade'de Carevolas. Ver também em Simler(11) uma boa lei dos suíços e,
em Cambden,a respeito do ano de 1596, as ordens benevolentesda rainha
Elisabete
!250 HU GO GROTIUS
[1061H'fa CamJZ/2;
134 B
1107]Livro 1, 12.
[1081..4Z)C/róe CondJfa, XX]V. 26,11
[114]Livro XXXIX, 2. 7
!252
H U GO GKOTI US
[115].4nJla/es,1,59.
[116] Livro IX, 2
que é conforme à natureza. Assim é que Josefo [123] diz que é justo que,
na batalha, aqueles que tomaram as armas sejam punidos, mas que
não se deve prejudicar os inocentes. Cami]o [124], depois da tomada de
Veies,ordenou que se abstivessem de tocar aqueles que estavam sem
armas. Nessa classe devem ser incluídos em primeiro lugar aqueles
que tomam cuidado das coisas sagradas, pois o costume de todas as
nações, desde a antigüidade, foi que essas pessoas se abstivessem das
armas. Por isso é que, em retorno, se evitava a violência contra eles.
Assim é que os Êllisteus, inimigos dosjudeus, não faziam mal ao colégio
dosprofetas [125] que estava em Gaba, como sepodever em /Snmue/
X. 5 e 10. Assim é que Davi se refugiou com Samuel em outro local,
onde se encontrava um grupo semelhante, como estando ao abrigo de
toda injúria das armas (/SnmueZ, XIX, 18). Plutarco [126] re]ata que
oscretenses, dilacerados por guerras intestinas, se abstinham de fazer
qualquer mal aos sacerdotes [127] e aos que chamavam de KctTctKocUICEI
':"'HHH#!$E'#@ÜWÜ5
(livro 1, tit. XI, 14)
[126] é?uaesf.Gn, 296 B-D.
[127] Sérvio, em seu comentário ao canto Vll da Eneida, diz: 'Zelava ao aõr7go dos
Éaóosde quer:m, senão pe/a zdnde, ao me/]os pe/o raspe fo dando ao sacerdote. '
[128] Livro Vl11, 3,33. Po]íbio (]V. 73) e Diodoro da Sicília (Zrcerpfa /)e] esc Excerpra
de Hrfuíuóus ef Hr is, 1). De igual modo, aquelesque iam combater nos jogos
de Olímpia, de Pítia, Neméia, lstmia gozavam de proteção e de segurança em
temposde guerra. Informam a respeitoTucídides(V. 49) e Plutarco (.4rafus,
1040 B)
1254
H UGO GROíiUS
Íi3ãÍ'ãa'.BÓ,,üãf/um .EsPJkf., l.
[136].4geSJ7aU,
1,21
[137] Livro Xl11, 24
[lS8] Livro XVl1, 13
11.39\De Bello Jugurthino. XCI 6-7
[140] Livro V. 9
[141] HJkÉo/:zbe,IV. 39
[142] .De Face, ll
[143] J7erac/I'd., 965
1257
CAPITULO XI - CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO DIREITO DE MATAR NUMA GUERRA JUSTA
2. Isso era observado pelos romanos, nas sedes das cidades, antes
que o aríete tivesse derrubado as muralhas. César [153] leva a conheci-
mento dos aduáticos que conservara sua cidade, se se renderem antes
que o aríete tivesse tocado suas muralhas. Esse costume se pratica
ainda agora com relação a locais fracos, antes que as máquinas de fogo
sejam lançadas e comrelação às praças fortes antes que se tenha proce'
dido ao assa]to. De seu ]ado, Cícero [154], considerando não tanto o que
ocorre, mas o que é naturalmente justo, assim se pronuncia sobre o
assunto: "N ão somente se deve poupar aqueles que forçastes pelas ar-
mas, mas é preciso também dar tréguas aos que, depondo as armas, se
rendem à discrição do general, mesmo se o aríete já tivesse golpeado a
muralha." Os intérpretes hebreusobservam que seus ancestrais ha-
viam preservado o costume de não investir completamente a cidade que
situassem,mas deixar uma parte livre para aquelesque queriam fugir
[155], a 6lm de que a coisa se passasse com uma menor efusão de sangue.
[lS9] ÁÓ Z:&-óe
aonc#6a, XXV]11, 23,1
1160] Idem, XLl1, 21,3
[163] De Face, ]]
1164] 7}moi., 282 C, e .Dio, 983 E.
1261
CAPÍTULO XI - CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO DIREITO DE MATAR NUMA GUERRA JUSTA
[165]GofÍÜfa.,
], lO
[1661 Polien., ]V. 3, 30.
11671
Erped..4/eÂ-a/id?2;
1,19,8
11681Livro XIV. 112.
[174].f)Barba/ia,11, 198 ss
[178]Livro 1, 12
!264
H U GO GROTIUS
3. Acoragem de Clélia, porém, que viera como refém, não por sua
própria vontade [182], mas por ordem do Estado, quando se deu à fuga
atravessando oTibre a nado, "não somentenão foi punida pelo rei dos
etruscos, mas ainda foi elogiada", segundo as palavras de Tito Lívio
[183] , no re]ato desse trecho.
para obter o que é devido ou para pâr fim a uma guerra, mas que não
tendem senão a se envaidecer de suas forças, isto é, como dizem os
gregos,"que não são senão uma ostentação de suas forças, antes que
um combate contra os inimigos" [184], estão em oposição com o dever do
homem cristão e com a própria humanidade. Por isso, os poderes supe'
dores que prestarão contas do sangue inutilmente derramado àquele
em nome do qual impunham a espada devem proibi-las seriamente. Os
generais, de fato, que conquistam a vitória sem efusão de sangue foram
elogiadospor Salústio [185]. Tácito [186] diz dos Gatos,povo de uma
conhecida bravura: "Fazem poucas incursões e evitam os encontros for-
tuitos" [187] .
[1841
Arriano,á:rped.,ryexandr2;1,22
[lS5] De .Baga JugurÉÜlho, XC]1, 4
CONSIDERAÇOES
SOBREA DE\üSIAÇAO
E OUTRASCOISAS
SIMILARES
Sumário
guerra.
]sa sa
VI. Que isso ocorre particularmente com relação a Bolsas
gradas ou que dependemdas coisassagradas.
VII. De igual 13aodo,com relação a coisas religiosas.
l41 Fílon, em Z)e VJfa (b/zfemp/aÉ;ua, 2, diz: "Os lhlm gos óe/17
0 costume de devassar
as terras inimigas e despojo-las de suas árvores, a fim de que seus inimigos,
vencidos pela falta de coisas necessárias, se entreguem mais facilmente." O
mesma. em De Di!«is. \, escxewe."Causam unia dupla desgraça: a carestia para
seus al3}igos,a abundância para seus inimigos.
''H
1270
H UGO GROíiUS
19]Frontino, .SÉra6ege/17aÉa,
111,4,1
[i0] Tito Lívio, .4Ó Z://óe (b/7dl'fa, V. 12,5, XXXIV. 7,17 XL,38
1111Caius Julius Caesar,Z)c?-Bebo Ga//Jc;o,
VI, 3 e 6
127}
CAPÍTULO Xll - CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEVASTAÇÃO E OUTRAS COISAS SIMILARES
i:::=Bl=:S'«m Fn=i\a==:'É:=m::::=n::\=
1272
H UGO GROTIUS
essas palavras à lei: "Por que entrar em cólera contra as coisas que não
têm nenhum sentimento, que são boas e trazem bons frutos? Será que.
ao modo dos homens que são inimigos, as árvores dão sinais de inimiza.
de para que se deva arranca-las pela raiz em razão do que fazem ou do
que ameaçam fazer? Longe disso, elas são úteis aos vencedores e forne-
cem em abundância as coisas que a necessidade exige e mesmo aquelas
destinadas ao prazer. Os homens não pagam sozinhos os tributos. As
árvores pagam um tributo bem mais rico em suas estações,de tal modo
que sem elas não é possível viver." Josefo [13], por seu lado, diz sobre a
mesma passagem que, se as árvores pudessem proferir palavras, grita-
ram que, não sendo a causa da guerra, sofrem injustamente os casti-
gos da guerra. Não é de outro lugar, se não me engano, que vem esta
máxima pitagórica, em Jâmblico [14J:"Não se deve prejudicar nem
cortar uma boa árvore que produz frutos."
1231gloades, 285 ss
[24] Livro XI, 6,1
'"'
[26] .Fiam l/'us, 371 D
.
1275
CAPITULO Xil - CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEVASTAÇÃO E OUTRAS COISAS SIMILARES
[27] Heródoto, 1, 88
[28] PUDE/2issae,
196 ss
[29] Livro IV. 14,2.
[30] EpJkÉu/ae ad,á]éjculn, ]X 7,4
[31] Livv'o XV]1, .3.
XXX]] 33,11-13
[32] .4b U/be aonde'Éa,
1276
H UGO GROTI US
li:gH%H$::)Baile
El:,=qHq18
:%
.4ósÉn7en fia.'11. 28i. Vegécio(Z)e .4rfe Unfer2narla, 111, proleg. 6)
!278
H UGO GKOíiUS
[50]
[57] Livro IV 1, 13
1281
CAPÍTULO Xll - CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEVASTAÇÃOE OUTRAS COISAS SIMILARES
[80] Livro 1, 81
1851
.4ó z:/]óe ao/]dlfa,xxlv. 20,10
[86] Livro XLIX, 37
CONSiOi!!!AÇQE$
SOBRE ASCOISAS
APREENDIDAS
Sumário
[1] Ver em Bembus, ]ivro l (fo1. 12), o que julgou o pontífice romano Inocência.
[2] Vitoria, .De Juro BeJ7J, n. 55, 56
[3] Os romanos ordenaram a Piusias de ressarcir a Abala e de Ihe pagar, a mais,
uma multa como punição
[4] Cajetan. , /n Suam. Peccaf., verbo Z?e//Jda/n/]uml Covari'uvias, 4d cap, /)eccafu/n,
pat'te11,n. 11;Vital'ia, Z)eJure Be/71,n. 39 e 41; Mo]ina, H'acf. ]l Z)]sP./ 7Z
1290
H UGO GROTIUS
Guiar um direito não somente externo, mas interno sobre o que nog
pertence, assim também adquire por efeito do consensogeral que con-
tém em si, por uma espéciede virtude, o consentimento de cada um dos
privados, no mesmo sentido que uma lei é chamada uma convenção
comum do Estado. E é tanto mais crível que, nesse tipo de negócio. a1l
nações tenham assim âlcado de acordo porque essa lei das nações não foi
somente introduzida para evitar um mal maior, mas também para dar
lugar a cada um recuperar seu direito.
O que diz respeito a outro tipo de dívida, aquela que é penal, não
vejo como tal direito sobre os bens dos súditos tenha saído do consenso
das nações. Tal obrigação envolvendo o bem de outrem é, de fato, Odiosa.
e por conseguinte não deve ser estendida além do que se tem pretendido
de modo manifesto. A utilidade não é a mesma nessa última espéciede
dívida que na primeira, pois a primeira faz parte de nossosbens.a
segunda não faz parte e em decorrência a persecução pode ser abando-
nada sem prejuízo. O que dissemos antes (livro 111,cap. 11,$ 111)do
direito ático não é um obstáculo.As pessoasnele são obrigadas não
propriamente em razão do que o Estado poderia ser punido, mas somen-
te para forçar o Estado a fazer o que deveria fazer, isto é, a dar um
julgamento contra o culpado. Essa obrigação, fundada num dever. se
refere à primeira espéciede dívida e não à última. Uma coisa, de fato, é
dever punir, outra coisa dever ou poder ser punido, embora um seja
geralmente a seqüência da recusa do outro, mas de tal modo que um é
a causa distinta e o outro é o efeito. Os bens dos inimigos, portanto, não
poderão ser tomados a título de punição, mas somente os bens daqueles
que se tornaram eles próprios culpados de um crime, no número dos
quais se incluem também os magistrados que não punem os crimes
cometidos.
1291
CAPÍTULO Xlll - CONSIDERAÇÕES SOBRE AS COISAS APREENDIDAS
2. E porque a bondade o exige [12] que se deixa, aos que não são
culpados pela guerra e que não sãotidos como obrigados soboutro título
que não seja o de caução, as coisas que podemos passar facilmente sem
elas, sobretudo se houver uma aparência suHlciente que não recupera-
rão da parte de seuEstado o que tiverem perdido dessamaneira.Aqui
se ap]ica o que Côro [13] diz aos soldados, depois da tomada de Babilânia:
;0 que detiverdes, não o possuireis certamente de modo injusto, mas se
não tirardes nada dos inimigos, isso será efeito de vossabondade.:
UJ-üie acrescenta que o credor não pode honestamente acionar o avalista, a não
ser quando não há mais meio de cobrar o que Ihe é devido do próprio devedor
Tem razão em dizer que isso não se pode honestamente, pois parece que havia
alguma espécie de vergonha em tomar um avalista, como o diz Cícero a Atico
em suas cartas (Epjk u/Headdfílcu«:, XVI, 5)
lll] .Dec/an?aílones, 273
[12] Ptolomeu devolveu a Demétrio, filho de Antígono, sua tenda e todos os outros
objetos que serviam para os cuidados com seu corpo, com o dinheiro que Ihe
havia talhado, dizendo que combatiam entre eles pela glória e pelo império, e
não por todo tipo de coisas.Assim o conta Plutarco (Z)eineZrlus.891 A). Ver
também o que fez gancho, rei dos bascos,em Mariana, livro XI, cap. 16.
[13] Xenofonte, Çmopaedja,Vl1, 5,73
[14] Aegld. Regius, Z)e,4cZ/óusSuper/ af iralibus,
a disp. 31, dub 2'. /l 11?
1293
CAPÍTULO Xlll - CONSIDERAÇÕES SOBRE AS COISAS APREENDIDAS
CONSIDERAÇOES
SOBRE OS PRISIONEIROS
Sumário
rVINem pul3i'Jocomrigor.
V Nem Ihe impor trabalhosmuito duros.
VI. Quando opecúliopertence ao dono e quan doaoescravo
xls o costuzne
IX. O quedeve serie ito onde não existe costulh de escoa
H vazar
os prislon eiras.
1297
CAPÍTULO XIV - CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PRISIONEIROS
11] Vitoria, Z)e Jure ,Be,CÜ.n. 4.Z; Dec., /]vro ZZ cap. i% duó.4 Covarruvias, ]h c'ap.
Peccatum, p. 11, $ 11* Md\\na., Disp. 120 e !2}, Valer\ia, dísp. 3, quaest. 16.
iZXEpístola 111, De Lycurgl liberis, 3.
l31Alexandre, seu filho, depois da tomada de Tubas, excluiu do número dos prisio-
neiros que deviam ser escravos os sacerdotes e aqueles que não haviam dado
seu consentimento às decisões públicas tomadas contra ele. Plutarco o relata
quando descreve a vida dele (670 E).
1298 H UGO GROTA US
les que se tornam escravos da pena. Por isso um certo Spartanus [4]
dizia que era prisioneiro, não escravo[5]. Se observarmos bem, esse
direito geral sobre os prisioneiros, em virtude de uma guerra justa, é
igual ao direito que têm os patrões sobre aqueles que, coagidospela
pobreza, se venderam para ser escravos,exceto que a infelicidade des-
ses é mesmo mais digna de compaixão, por chegarem nessa situação,
não por suas ações,mas pela culpa dos governantes. lsócrates [6] o
atesta: "Tornar-se escravo pelo direito da guerra é a mais cruel das
coisas.'
111.
Nãoé permitido matar um inocente
O direito que é dito de vida e de morte sobre o escravo faz com que
o patrão tenha uma jurisdição doméstica, mas que, bem entendido,
deveserexercida com a mesma circunspecção que é exercida a jurisdi-
ção pública. E o que quis dizer Sêneca [161: "Deve-se considerar num
escravo, não o que se pode fazê-lo sofrer impunemente, mas o que auto-
rizam a equidade e a bondade que ordenam também poupar os cativos e
os infelizes compradosa preço de dinheiro." Em outro local [17] diz
ainda: "0 que importa que autoridade nos impele, seela é absoluta?«
Nessa passagem compara o indivíduo ao escravo e diz que tratamentos
iguais sãopermitidos contra eles sobum título diferente, o que é certa-
mente bem verdade com relação a esse direito de tirar a vida e ao que
pode aproximar de]a. O mesmo Sêneca[18] diz: "Nossosancestrais pen-
saram que nossa casa era uma pequena república." E Plínio [191:"A
casa é para os escravosuma espéciede república e como um Estado."
latão, o Censor, segundo re]ato de P]utarco [20], não iní]igia suplício a
um escravo que tivesse parecido ter cometido um crime, senão depois
que tivesse sido condenado no julgamento de seus companheiros de es-
cravidão. A isso se devem comparar as palawas de JÓ XXXI, 13 e
versículos seguintes.
[16] .De(;7emen#2b,
1, 18
[17] .Oe.Be/2e#cJis,
111,18.
[18] ,gpJkfu/a XZUZZ 14.
[i9] 4pzkfu/a rZZZ 16
[20] Caio ./]a</ar,349 A
[21] Ver Moisés de Kotzi(.f)raecepf. ./uóe/7f., 174, 175, 178) e a aomparaç;âo dns ]e])
de JZol)ás com as /eJSromanas, tít. 111.Prisco, no local dos É'.rcerpfa l gafJonum
em que dá preferência aos romanos sobre os bárbaros diz: "Osromanos Émfam
]em melhor seus escravos.Eles se comportam a seu respeito comopais ou
pessoasencarregadasde lhes dar educação,pois é para desvia-los de certas
:ousasqug, segundo seus costumes, parecelldo-!hes ilícitas, quando cometem
alguma fale!, eles os castigam, como se fossem seus próprios filhos. De fato,
não têm o direito de mata-ios, comose faz entre os citas.'Eles têm vários tipos
]e liberdade, pelos quais os donos se mostram benignos para com seus escra-
CAPÍTULO XIV - CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PRISIONEIROS
11
1302
H uco GROTIUS
'1
V Nem Ihe impor trabalhos muito duros
[26] Ver o capítu]o X]V da carta dos bispos ao rei Luí$ que está incluída na (;apJéu/ar
de Carlos o Calvo. Sêneca(.8»Jkfu/a .XZ,KZZ4) diz: '%ousamos de/es como se
fossem óesías de ca/ga e não acne/7s." Sobre a meiguice dos atenienses para
com seus escravos,ver Xenofonte, em sua descrição sobre a república dos
atenienses
[27].qp/'s&uJa
K 19.
[28] ÊÜ2Jkfu/aXZKZZ 14
[29] Epicuro os chamava de amigos. Sêneca, .q7]kfo/a CTZZ l
[30] ])ion Crisóstomo, arado .[
[31] Odissáa, X]V, 138 ss. Eumeu elogia a bondade paternal que ele Ihe havia
testemunhado
1303
CAPITULO XIV - CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PRISIONEIROS
1321 JPO/ogeÚcus, 34
1331Cipriano dá também comomáxima que os patrões devem ser mais meigos para
com seus escravos. se tiverem abraçado a fé cristã (7bsfJm., 111,72 .4d
Quer:zhum).Ele o prova pelas palavras do apóstolo Paulo aos Eyêslos(VI, 9)
l,achàBdxo
qX.tsb escreve'."Não há outra razãopela qual nós nos chamamos
mutuamente irmãos, se não é porque nos cremos todos iguais. Se medirmos
bodasas coisashumallas, não com o corpo, mas com o espírito, ainda que sob o
ponto de vista material nossas condições sejam diversas, eles não são contudo
escravos para nós, mas os consideramos como irmãos, assim os chamamos
espiritualmente e segundo a religião, os chamamos também de companheiros
de escrav7cMo.
"Tratando dos costumes da Igreja católica(X, 30), Agostinho diz
Tu ensínas aos escravos de se apelar a seus patrões, 1lão tanto porque a Isso
sejam obrigados pela necessidade de sua condição, mas por amor do dever. Tb
jornas os patrões sensíveis para com seus escravos,em consideraçãode Deus
que é seu mestre comum, e mais propensos a atender a seus interesses do que
em c0/7üadJ2é-Jos. "Acrescente-se lsidoro de Pelusa (livro l, .EpisfoJa 471). Re-
portar'se ao que foi citado há pouco com relação a Prisco.
[34] EpJkfoJa C:XZ,UZZZ25.
[35] De Clwfaée .De?,XIX, 16
1304
H U GO GROTI US
"Os alimentos servem de sa]ário para o escravo." Calão [43] diz: "Cuidam
de vossos escravos, a fim de que tenham o bem-estar, que não passem
frio nem fome." Sêneca [44] também diz: "Há certas coisas que o patrão
deve fornecer a seu escravo, como a alimentação, o vestuário." A ali-
mentação era de quatro medidas de trigo por mês que eram dadas aos
escravos, como o relata Donato [45] . O jurisconsu]to Marciano [46] diz
que há coisas que o patrão deve necessariamente fornecer a seu escra-
vo. como túnicas e outros objetos similares..A crueldade dos sicilianos
[47], que faziam morrer de fome os prisioneiros atenienses, é condenada
peloshistoriadores [48] .
2. Sêneca [49] prova a mais
% que, com relação a certas coisas, o
escravoélivre eque ele tem também possibilidadepara setornar ben-
feitor, se fez algum ato que exceda a medida de seu dever de escravo,
não em virtude de um mandamento, mas por sua própria vontade, pas-
sandoassim do serviço que deve a uma afeição de amigo, o que explica
commais detalhes. De acordo com isso é que se um escravo,como é dito
em Terêncio [50] , acumu]ou a]guma coisa economizando ou conseguiu
algum objeto pelo trabalho de suas horas vagas, essa coisa se torna de
algum modo sua propriedade. Teófi]o [51] não definiu ma] o pecú]io:
[44]Z)e.a3izeõcíís,
111,21, 2. O mesmoautor, em Z)e n'angu]//]hfe .4n/mJ;8, 8, diz:
"Os escravosnecessitam de vesfuár70 e aJJme/?farão." Em Procópio(GoffÀlc;,
111.17), os romanos dizem a Bessas: 'Z)á-nospelo menos a/ihenfos, como se
6ssemos teus prisioneiros; não o dizemos porque nossa extrema necessidade
o pede, mas para aÉaséarde n(ãs z?morte. "João Crisóstomo, em seu comentaria
Epístola aos Efésios (N, 2\], escreve. "A partir do momento em que te.dá o
serviço de seu corpo, deves alimenta-lo e cuidar dele para que, além do alimen-
to, tenha com que se vestir, se calçar; esta também é uma espéciede servidão
Senão cumprires este teu dever para com ele, ele.não cumprirá o dele para
colltigo, mas será livre, e neJlhuma lei o forçará, se não for alimentado, de te
dar seu trabalho.
l4SIÁdPZorm,, ací. .Csc. /, 43.
t46ÀL 40, Pecuiium nascítur, Dig., De pecuiia.
1471E aquela de lsaac Angelo para com os prisioneiros sicilianos, de que fala .N.icetas
(livm 1,cap. Syque reproduz uma carta escrita a respeito pelo rei da Sicília ao
imperador grego.
[48] Tucídides, livro Vl1, 87; Diodoro da Sicí]ia, ]ivro X]11, 19
[49] Z)e Bnzeálc21s. 111. 19
[50]Phonnib,aaf, ]] sc, ], 44
1511/nsí. /V uod cir/?2eo qul h a/fpot.
1306
HU GO GROTIUS
'um casamento natura]". U]piano [53] também, por seu ]ado, disse que
[52] Eumeu, na Odlssáza (X]V. 63 ss.), diz: ':E7e me farta ando o que a vontade
generosa de um patrão daria a seus servidores: uma esposa como companhei-
ra, um óem, uma casa."0 próprio Ulisses diz a Eumeu e a Filécio(Odll$sáza,
XXÇ., 2'L4 ss). "Eu darei a cada um de vós companheiras para vosso leito, um
óen7e c'asasprárlhas â nossa."Varrão(Res .Rusúcae,1, 17,7) diz dos escravos
qxe "se tornam mais zelosospelo trabalho, quando são tratados com mais
iíberalidade, qualldo recebemaliluejltos e vestimentas mais abundantesou
quando .lhes é concedido algum descansoou quando !hes é permitido .levara
pastar em suas terras animais que fazem parte de seu pecúlio.
153ÀL 5, Deposiei, $ 5, Dig., De pecuiÍo.
[54] Z)e .Be/?eÁlcT]i. V]1. 4. No mesmo ]oca] do mesmo fi]ósofo. tem-se: ':g duwdoso
que o escravo não pertença ao patrão com seu pecúlio? E contudo, ele dá um
presente a seu patrão.
t55ÀL. 64, Si quid, Dig., De cond.índeb.
[56} Dionísio, ]], ]O
1307
CAPÍTULO XIV - CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PRISIONEIROS
Salviano [62] diz que era de uso cotidiano que os escravos, mesmo quan-
do não apresentassem os melhores senriços, desde que não fossem per-
versos, eram gratificados coma liberdade. Acrescenta que "não lhes é
proibido levar da casa de seu patrão as coisas que haviam conseguido
durante a escravidão". Numerosos exemplos dessa bondade são mostra-
dos nos martirológios. Torna-se necessário elogiar aqui a clemência da
lei hebraica (DeuferonÓmJb, XV 13) que ordena categoricamente que o
escravo hebreu seja alforriado, depois de expirar certo tempo determi-
nado, e que não o seja sem presentes [63]. Os profetas se queixam amar
gamente do desprezo a esta lei. P]utarco [64] recrimina Calão, o Velho.
porque vendia os escravos enú'aquecidos pela velhice, esquecendo a na-
tureza que é comum entre os homens.
[63] O uso interpretou esta lei de tal maneira que não se deveria dar menosde
trinta siclos. Ver /)raecepÉ. ./uóenf., 84. '- - -'' --v-vD HU
[69] .De(2á%lcJ]i,
1, 12, 38.
[70] Menandro o Protelar e]ogia um ato semelhante de bondade, da parte do impe-
rador cristão Tibério, para com os persas. Mariana elogia um ato similar de
Sisebue e de gancho, rei de Castelã (livro VI, 3 e XI, 5)
CAPÍTULO XIV- CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PRISIONEIROS
ouro. Certo é que pouparia a liberdade daqueles cuja coragem foi poupa-
da pelasorte da guerra." Não há dúvida que Pirro não acreditou fazer
uma guerra justa*contudo achava que se devia poupar a liberdade da-
queles que razões prováveis teriam levado à guerra. Xenofonte [71] e]o-
gia um fato semelhante de Côro,Po]íbio [72] de Filipe da Macedõnia
depois da vitória de Queronéia, Quinto Cúrcio]73] deAlexandre contra
oscitas, Plutarco [74] do rei Pto]omeu eDemétrio que lutavam entre
elescom benevolência para com os prisioneiros, não menos que com
coragem na guerra. O rei dos getas, Dromichaetes [75], fez de Lisímaco,
preso na guerra, seu hóspede e, tendo-o tornado testemunha ao mesmo
tempo da pobreza e da cortesia dos getas, a6umou preferir tais pessoas
por amigos que como inimigos [76] .
[7110Ja'opaedia,
111,1, 28
[72] Livro V. IO
CONSIDERAÇÕES
SOBREACONQUISIA
DA SOBERANA
Sumário
111
Vitoria, Z)eJure .Be/#,n. 38 e 59
[21EPlsfola11,4.
[3] J)e an/4/uraÉl0/2eCâflnbae, X]1, 4
[4] Z)eJ?ep.Oz'dlh.,1, 6.
d 13}6 H UGO GKOTÍUS
[aol Para saber quais eram as condiçõesdessesEstados livres, ver Políbio, .Ekcerpfa
Legal/onum, 6. Suetânio, em (lesar [25], onde faia da Gaita. Guilliman, em Z)e
Re6. /1e/u [1, 81,refere a]gumas coisas a esserespeito que são dignas de serem
lidas
[31] 'fito Lívio, .4ó C/róe aond7fa, xxx]11, 13,9
ver com isso que nada é mais útil para a tranqüilidade e uma paz
seguraque manter-se dentro de suas próprias fronteiras [37]. F]orus
[38] dissede modoprimoroso que "é mais diücil guardar as províncias
do que conquista-lasl são conseguidas pela força e se conservam pela
justiça": A isso parece relacionado este pensamento que se encontra em
Tiro Lívio [39] : "E mais fácil buscar separadamente várias coisas que
guarda-las todas juntas." E as palavras de Augusto em Plutarco [40] :
"Custa menos conquistar um grande império que governa-lo depois de
conquistado."Os embaixadoresdo rei Dado diziam a Alexandre: "Um
império estrangeiro é coisa perigosa. E difícil não deixar escapar o que
não se pode tomar. E mais fácil ganhar certas coisas do que conser-
va-las. Por Hércules, não é mais fácil tomar alguma coisa com a mao
querelê-la?" [41] .
2. Isso é que o indiano Calanus [42], e antes dele Oebarus [43],
favorito de Ciro, explicavam pela analogia comum couro secoque se
endireita de um lado ao mesmo tempo que é pressionado com o pé do
lado Oposto.Tullius Quintius, em Tiro Lívio [44], pe]a comparação de
uma tartaruga ao abrigo de golpes quando se encolhe em seu casco [45] ,
expondo-se aos ataques e sem defesa, logo que faz sair uma parte de si
mesma.Platão, no H'alado (7ns.Leis [46], ap]ica aqui as palavras de
Hesíodo: "A metade vale mais que o todo." Apiano [47] observa que
vamos povos que queriam colocar-se sob a dominação romana haviam
sido repelidos pelos romanos; quanto a outros, até reis haviam sido
dados. Segundo a opinião de Cipião oAâ'icano [48], Romã possuía desde
sua época uma extensão de territórios tão grande que poderia ter-se
tornado insaciável em querer sempre mais. Devia dar-se por feliz em
nada perder do que possuíam Por isso, Romã corrigiu o hino de fecha-
mento do lustro, no qual osdeuseseram rogadospara melhorar e fazer
prosperar os negócios do povo romano, substituindo isso por uma ora-
ção para que os mantivessem perpetuamente ao abrigo de reveses [49] .
[47] P7ae/, 7
dia, com estes termos: "Então avançaram em direção a elas duas mu-
lheresque conturbaram tudo. Uma se chamaAristocracia, a outra De-
mocracia.Soba influência delas mergulharam há muito tempo no delí-
rio." Semelhante é a conduta que Tácito [55] re]ata ter sido utilizada
Artabano na Selêucia: "Entregou o povo ao governo dos pnncipats
cidadãos,em vista de seu próprio interesse, pois o governo do povo é
próximo da liberdade, a dominação de um pequeno número se aproxima
mais do despotismo." A questão de saber se as mudanças desse tipo
contribuem para a segurança do vencedor não é nosso assunto.
1561.4gr7coJa,
14
[57]HJ)forjam,
11,81
[58] Estobeu, 48, 67.
[60].Fbarsa/)b,
V]1, 228
[61] Ver o /)a/?egyrlcum em honra de Maximiano
}324
H U GO GROíiUS
é descrito por Diodoro da Sicília [62], dizia que queria muito obedecerao
rei da Pérsia, mas comoum rei obedecea um rei. Alexandre [63] afere.
cia por vezes essa condição a Dado vencido; ele poderia comandar ou-
tros, ao mesmo tempo que obedecia a Alexandre. Falamos em outro
local (livro 1, cap. 111,$ XVll e livro 111,cap. Vlll, $ 111)das maneiras de
misturar a soberania. Para alguns foi deixada uma parte de seu Esta-
do, como se deixa uma parte das terras a seusantigos proprietários.
Mesmo que toda a soberania seja tirada aos vencidos, suas leis
[64], seus costumes, seus magistrados podem ser deixados a eles, no
que tange a seus negócios particulares e aos negócios públicos de pouca
importância. Assim é que na Bitínia, província proconsular, a cidade de
Apaméia teve o privilégio de se governar à sua vontade [65], comoas
cartas de Plínio]66] nos informam. Em outro local diz que os bitinienses
tinham seus magistrados, seu senado. Assim é que, no Ponto, a cidade
deAmisa se governava segundo suas próprias leis, por bene6cio conce-
dido por Lucullus [67] . Os godos deixaram as leis romanas aos romanos
vencidos.
[62] Limo XV 9.
[63] Diodoro da Sicília, livro XVl1, 54. Assim também ocorreu outrora na ltáha com
reis dependendo de outros reis, como se pode ver em Servius, BOcomentário ao
canto X da E}7e/da.Assim é que se pode ]er em Os /)essas de Esquilo: 'Os reli
suba'dJhados ao grande re]. " O mesmo ocorre junto aos.turcos conforme test.:
mundo de Leunclavius, livro XVlll
[64] Fílon, em .Legal/o ad (h um(23), diz: ':AUo me/]os calando fere .4ugusfo em
:oilservar as leis própz'ias de cada nação, ao invés de impor as roman.as.'
"H
[66] EP])fujam, X, 48, 84, 117e 119.
[67] Plínio, ÊbJkfuJae,X, 92
H
1325
CAP(TULE XV - CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONQUISTA DA SOBERANIA
lê®"E melhor que um deus qualquer seja adorado do que não adorar nenhum
como dissemos há pouco, ao citar as palavras de Severo. Foi assim que os godos
diziam que não haviam forçado ninguém a seguir a religião deles (Procópio,
GofÉÜc., 11, 16)
[69i .LegaÉ70 ad aaJizm, 36
CONSIDERAÇOES
$QlilW
ASCOISAS QUE,SEGUNDO
O DIREITO DAS GENTES.$AQ
/
DESPROWDAS DE POSTLIMINIO
Sumário
11. Exemplos.
tll\ L. 27, Sinoxale, $ ex his, Dlg., De noxal. act.; L. 20, Taditio, Dig., De acq.dom
[2] De .Be/7eÉlcJh,V. 12.
XSA
L. 27, Latrones,Dig., De capa.
1330
H UGO GROTIUS '1
to natural, ao súdito daqueleque, feito prisioneiro numa guerra injus-
ta, caiu logodepois,numa guerra justa ou por outra razão, sobo poder
de outrem. Segundo a justiça, uma guerra injusta não difere em nada
do [atrocínio[4] . Nesse sentido é que, consu]tado, Gregório de Neocesaréia
[5] aprovou, de fato, a circunstância em que certos habitantes do Ponto
haviam retomado dosbárbaros coisaspertencentes a seus concidadãos
11.Exemplos
partiu para Romã, onde era esperado para os comícios." Em outro local
111],falando do saque que Cornélio Cipião havia levantado junto de
llipa, cidadeda Lusitânia, o mesmoescritor relata: "Os despojosforam
expostostodos diante da cidade. Cadaum teve a liberdade de vir reco-
nhecere retomar o que Ihe havia sido tomado. O resto foi dado ao questor
para ser vendido e o dinheiro resultante dessa venda foi distribuído
entre os soldados." Depois da batalha empreendida por T. Graco em
Benevento, "todo o fruto do saque foi deixado para os soldados, exce-
tuando-seos cativos. Foram excluídos também os animais. Seuspro'
prietários tiveram trinta dias para reconhecê-los", como relata o mes-
mo Tito Lívio [12] .
[13]]7Jhfar7a,
11,31.
[14] HpWáü., 200 B
[16] Também Diodoro da Sicília, em .Ercerpfa Pe }esc. (1) e Va]ério Máximo (V. 1,6).
A bo1ldadede Cipião Africano se propagou de modo notáve! e até !cnge. Depois
de se ter apoderado de Cartago, mandou avisar a todos os Estados livres da
Sicíiia para que viessemretomar, por meio de embaixadores,os or1lamentos
que pertenciam a seus templos e que os cartagineseshaviam !evado. Além
disso, que tomassem as medidas necessáriaspara recoloca-!osnos lugares de
onde haviam sido retirados.
[17] /n narre/n.4cílb, 11,35,86
[18] Idem,in Uen'em
.4cf70,
]V 33,73
[19] Tito Lítio, .4ó Z://óe aonde'fa, XXX], 15,5
[20] Idem, .4ó Z]&-Beao/?d)fa, XXX]11, 13,11
1333
CAPITULO XVI - CONSIDERAÇÕES SOBRE AS COISAS QUE. SEGUNDO O DIREITO DAS GENTES, SÃO DESPROVIDAS DE POSTLIMÍNi0
homem de espírito não somente piedoso mas também e]evado [23], não
quis nada para ele, mas deu, contudo, como em virtude de um direito
que havia, a décima parte das coisas recuperadas a Deus, deduziu as
despesas necessárias e quis que uma porção do saque fosse distribuída
entre seusaliados.
[23] Foi o que observou muito bem Jaquíades, em seu comentário sobre Daniel V.
17. Sulpício(HJkf, Saca.,livro 1, 5) diz de Abraço que 'ê/e dl)&r7óuu o resto do
saque eJltre aqueles de quem havia sido tomado". êmblâs\o ÇDePatriarca., \. Zà
escxewG"Como não exigia recompensa dos homens, eie recebeu uma de Deus.
A conduta de Pittacus e Timoleonte não difere muito disso. 'Como ern oáerec7-
do, com o consentimento de todos, a Pittacus de A4itiiena uma porção do terra
tório que havia sido reconquistado, ele não quis receber essepresente, pensam
]o que era vergonhosodiminuir a glória de suas conquistaspelo tamanho do
saque de que se óeneácubr7a"(Valério Máximo, VI, 5,1).A respeito de Ttimoleonte,
P\utaxco ÇTímoieon,'àll Bà escreve. "Em semelhante caso, não é desonesto
receber, mas émaís bonito recusar, representando isto o mais alto grau de uma
eminente virtude que testemunha de modo ímpar que se pode dispensar coisas
gue ópe/m í7do amó clonar "Verificar o que foi dito no livro 11,cap. XIV $ VI e
cap. IX, $ 1l deste livro
128] Marcus Tullius Cicero [106-43 a.C.], Oe O/Zc/)s. 11. 23.82 Foi o que fez
Ferdinando, segundo relato de Mariana (livro XXIX, cap. 14).
XVll
CONSiPEKAÇQE8
SOBREAQUELESQUESAO
NEUTROSNAGUERRA
Sumário
!1
.E
1339
CAPÍTULO XVll - CONSIDERAÇÕES SOBRE AQUELES QUE SÃO NEUTROS NA GUERRA
[3] HÓ Z:/róeCbndJ'éa,
XLI, 22,6.
[4] .4g7s,801 D.
l71 /)ro ZeFe .4/an/7lb, 13, 39. Também Plutarco, em /)ompeius(624 A): ';gaóedor que
seus soldados se comportavam com desleixo, mandou colocar uma marca eln
suas espadas; quem leão a conservasse,seria punido
[8] SÓmf., 11, 11,7
[20] Sobre esta passagem de nucas, Ambrósio (11,77) diz: ;H razão pe/a qua/ o se/da
foi estabelecido é para impedir que, procurando se reembolsar, não se chegue
a enriquecer pe/os saques."Agostinho transcreveu estas palavras(Se/mo XIX,
Z)e UarÓls.DamlnJ'secundam .ã/afíZaeum -- SerenoLXXXll, 1, in apêndice). A
respeito disso, há belas ordenaçõesem Gregório de Touro (11, 37); nas Capitu-
lar;s de Carlos e de seus sucessores(livro V tit. 189); nos concílios da França
(tomo 11);nas Capitulares de Luas o Piedoso (tomo 11,cap. XIV e tomo 111);no
concílio de S. Macram. Acrescente-se a Z,ex .BafoarJorzm(tit. 11,5). Guntherus
assim refere uma lei de Frederico l(Z,zkü/:zn., Vl1, 299ss.): 'Se dIgNam ííveZ'
incendiado os camposou as casasdo habitante pacífico, sua testa será marcada
por um sinete, depois de terem sido raspados seus cabelose, expulso do acam-
pamento, deverá se afastar, depois de ter levado grande número de chibatadas.
[23]Ver Spartianus sobre a severidadecom que agiu Niger por causado roubo de
um galo.
6. Não posso omitir aqui a opinião dos teó]ogos [29] que considero
como verdadeira, que o rei que não paga aos soldados o soldo que lhes
deve não é somente obrigado com eles pelos danos que disso decorrem,
mas que o é ainda para com seus súditos e vizinhos que os soldados,
coagidospela fome, maltrataram.
[27]]7lkíar7be,111,2
1281 /n Marram ,4aflb, 1, 21,26
i291 Aegid. Regius, Z)e acf óus s /pera?afu/'allÓus. dispus. 31: dub. 7. n. 95.
1345
CAPÍTULO XVll - CONSIDERAÇÕES SOBRE AQUELES QUE SÃO NEUTROS NA GUERRA
guerra precise
1346 H UGO GKOíiUS
que servem de modo próprio para a guerra. Demóstenes [36] havia dito
outrora: "Aquele que faz e trama coisaspara me fazer prender é meu
inimigo, mesmo se não me agride e sequer lança um dardo." Mlarcus
Acilius [37] declarou aos epirotas, que não haviam ajudadoAntíoco for-
necendo-lhe soldados, mas que eram acusados de Ihe ter enviado di-
nheiro, que não sabia se devia conta-los entre os inimigos ou os neutros.
O pretor Lúcio Emílio [38] acusou os habitantes de Teia de ter fornecido
víveres à frota inimiga e de Ihe ter prometido vinho, acrescentando que
se eles não dessem as mesmas coisas à frota romana, ele os considera-
ria como inimigos. Convém citar também as palavras de CésarAugusto
[39] que "um Estado que aco]he o inimigo perde o direito da paz:
136] PnJ7ÚPP.,111,17.
Sumário
2. Aqueles que pensam que isso vem do direito das gentes externo
se engana. Se for considerado esse direito, do mesmo modo que é permi-
tido a todo indivíduo se apoderar da coisa inimiga, como dissemos antes
[1] Z)e0áZ7'clãs,
1, 11,36
[2] Ver Xenofonte, (an ]ilsfzfuÉloJle, ]V. 1,3.
[31 P[utarco, Quaesf. Xom. 39 (273 F) e ]Uarc'e/7us(317 D)
[4] Z)e /ra, 1, 9
1350
H UGO GKOiiUS
[7] Avidius Cassius justificava assim sua ordem: ':PodgrT# cave/' aJgu// a e/zlóosca
dn. "E o que conta Vulcatius em .4uldl'us (hsslus, 4
[8] Z)e ao/Z/u/aÉJone Câf77ihae, IX, 4
[9] Plutarco, .4popáÉüegm., 236 E
[10] Plutarco, G?uaesf. J?oJn., 273 E.
CAPÍTULO XVlll - DAS COISAS QUE. NUMA GUERRA PÚBLICA. SÃO FEITAS DE MODO PRIVADO
Arriano [11] , Epicteto, ao relatar o fato que acabou de ser contado sobre
Crisanto, diz: "Assim agiu porque Ihe parecia preferível seguir a vonta-
de de seu general do que a sua própria.
[11]Livro 11,6
[12] Servius, comentários à .Ene/da, l
t\3À Cod.111,27, Quando !iceat unicuique, L. ! e 2.
1352
H U GO GKOíl US
[15] Esta é a razão peia qual Plutarco acusa Crasso (C>assus, 543 B): ':E7eacumu/ou
a ilaaior parte de seus bens com o fogo e a guerra, aproveitando-sedas calami-
dades públicas enl seu próprio beneficio
1354
H UGO GROTIUS
DAA(ANUTENÇAQ
DA PALA\aU
ENTREINIMIGOS
Sumário
1358
H UGO GROTIUS
que "a boa-fé é o supremo vínculo das coisas humanas, que o mérito da
palavra mantida entre inimigos é uma coisa santa". Assim é que
Ambrósio [8] diz também: "Consta que, mesmo na guerra, se deve guar-
dar a palavra e a justiça." E Agostinho [9] : "Quando a pa]avra é dada,
deve ser mantida mesmo para com um inimigo a quem se move guer-
ra." Isso porque aqueles que são inimigos não deixam de ser homens.
Todosos homens que chegaram ao uso da razão estão aptos a adquirir
um direito em virtude de uma promessa. Em Tito Lívio [lO], Camilo
diz: "Entre ele eos faliscoshá uma sociedadeque a natureza criou."
[8] -Oe(2ó]cu]k-4/Jni)Írorzzm,
1, 29,140.
[9] .ZipJsfo/a / ac/ .BoJ?/7àc/um. 'rata também longamente do mesmo assunto na
Epístola \26
[10] ,4Ó Z:/rÓeaon(#fa, V. 27,6
[11]. #Í]'ca a Àrlcó/naco, IV, 13
[12] .4rcaduc;.,V]11, 7
1359
CAPITULO XiX - DA MANUTENÇÃO DA PALAVRA ENTRE INIMIGOS
nenhum homem faz menos caso da boa-fé." Va]ério Máximo [13] diz de
Aníbal que "ele havia declarado a guerra ao povo romano e à ltália, mas
que a fazia com mais animosidade ainda contra a boa-fé, sentindo pra'
zer somente nas mentiras e nos enganos, como se fossem excelentes
meios de sucesso. Por isso, ele que, sem isso, teria deixado uma memó-
ria gloriosa de sua pessoa,deixa ao contrário duvidar se deve ser consi-
deradoo homem maior ou pior de seu tempo." Em Homero [14], os
troianos, atormentados pela consciência,se acusam a si mesmos:"Clom-
batemos depois de ter violado a aliança sagrada e violado a palavra
dada sobjuramento, nossa guerra é um crime.
1191Em Sêneca(ErcerpÉ. aonfroz, IV. 7), se pode ler: ':AUose deKpr7afrafa2' coJna
]m adultério o rata de corromper a esposade um tirano, do mesmo modo que
náo ser7b ÁomlcJ'd/b mala/' u/n f/Fado. "Ju]ius C]arus(no $ ]7o/n/c/d/um, n. 56)
emitiu a opinião que uma mulher banida poderia cometer adultério impune-
mente.
[20] O rabino Levi Ben-Gerson e o rabino Salomon em .4c/ Zev7É?cu/n .X:t /O.
[21] Assim é que a perfídia de Didius para com os celtiberos que viviam de saquesfni
criticada
[22]Z)e-Be//o0l't-7711
111,19
1231Porfírio, Z)e,4Z)sz//7e/
f/a, 111.25
[24] Diodoro da Sicília, in ,Ercerpfa .f%of/}: XXXVI, l
[25] Livro 56, cap. 43
1361
CAPÍTULO XIX - DA MANUTENÇÃO DA PALAVRA ENTRE INIMIGOS
homem está ligado não somente para com o homem, mas ainda com
Deus, contra o qual não existe exceçãodeviolência. É verdade, contudo,
que essevínculo por si só não engaja o herdeiro daquele que prometeu,
porque as coisas que estão no comércio humano, em virtude da lei pri-
mitiva da propriedade, passam ao herdeiro, mas que essedireito adqui-
rido por Deus não se encontra por ele mesmo entre essas coisas. Deve-
setambém reproduzir o que foi dito antes (livro 111,cap. IV $ X) que, se
alguémviola a palavra dada comou semjuramento a um bandido, não
é passível de punição a esse título junto às outras nações, porque em
ódio aosbandidos as naçõespreferem passar sob silêncio o que se come-
te contra eles, mesmo ilicitamente.
l32X "0 tribullo jurou e manteve ápaiavra. Prestou contas à asselnbiéia sobre o
!motivo de sua des:istência.Jamais outro havia telhado impor silêncio impu1le'
neníe a uin ár7buno"(Sêneca, Z)e Beneálcylb, 111, 37)
1365
CAPÍTULO XIX - DA MANUTENÇÃO DA PALAVRA ENTRE INIMIGOS
[35] Livro V. 3
[40] Ver o fato, detalhadamente relatado por Plutarco em óerJus Grnccóus, 831 D
[41] Tito Lívio, .4ó [/róe (bndlfa, XXX]X, 23,6.
[42] Exemplo semelhante pode ser lido em Paruta (livro VI).
1367
CAPÍTULO XIX - DA MANUTENÇÃO DA PALAVRA ENTRE INIMIGOS
a palawa. Aesse respeito Valério Máximo [47] diz: "0 senado não ]evou
em consideração com quem estava assumindo seus compromissos." E
Salústio [48] : "... Ainda que os cartagineses tivessem muitas vezes, tan-
to na paz quanto durante as tréguas, cometido atrozes perfídias, nossos
antepassados não aproveitaram jamais a ocasião para imita-los. . .'
[54] Livro 11, cap. Vll, $ 11. Em Scorplae (6), Tertuliano escreve: 'Ninguém abre
achar ruim que se faça uma justa compensação do bem ou do mal de parte e de
ouvi'a.
1371
CAPITULO XIX - DA MANUTENÇÃO DA PALAVRA ENTRE INIMIGOS
o valor da promessa não excede a coisa que nos pertence, que se encon-
tra sem direito nas mãos de outrem. Sêneca,em seu glaíado dos.Bebe'
áãbs [55], escreve: "Muitas vezes o devedor é condenado em favor do
credor que Ihe tomou, a outro título, mais que o primeiro devia pelo
empréstimo. Não é somente entre o credor e o devedor que o juiz inter-
vém para dizer ao primeiro: Você Ihe emprestou dinheiro? E verdade?
Você está de posse da propriedade dele sem tê-la comprado. Fazendo os
cálculos, você é que se tornou devedor, de credor que você era.:
[58] De .Be/7eã'cÍzh,
V], 6
[59] Z)e .BeneÉlcü),V], 5
[60] Z)o .Bene#cjz), V], 6
1373
CAPITULO XIX - DA MANUTENÇÃO DA PALAVRA ENTRE INIMIGOS
negócio,de fato, para que não se tenha agido em vão, mostra que a
convenção foi feita colocando à parte as rixas da guerra. De outra for-
ma, não haveria convenção alguma que não pudesse ser eludida. Talvez
não aplicaria aqui sem muito sentido este pensamento que se encontra
no mesmoSêneca]61] e quejá citei várias vezes:"Não admitiram(nos-
sos antepassados) nenhuma desculpa, a íim de ensinar aos homens que
devem a todo custo manter sua palavra. Seria melhor rejeitar pequeno
número de escusas mesmo fundadas que permitir a todos de inventar
màs.'
/
DAS CON\WNCOES PUBLICAS
PELAS QtJMS SE TERMINA
A GUERRA, ONDE SE TRAIA
DO TRAJADO DE IUZ, DA SORTE,
DO COMBATE COUUi$412q
DAARBITRAGEM,DA
ll
CAPITULAÇÃO,DOS REFÉNS,
bÓS PENHORES
Sumário
VII. Os bens dos súdítos podem ser cedidos pela paz em vista
n n*P*'P-P :nlhTico.idas com o ónus da indenízação.
çlil. Que decidir quanto aos bensjápe!-ditos na guerras
[4] Ver Guichardin, livro XVI e XVlll, onde só fala uma vez.
[5] Arumaeus em seu discurso sobre a Bu/a de Oui'o: "0 pa/aÉlbo Rodo.IHo
áav7a
:unido, por temor, para a Inglaterra. Henrique de Mogúncia havia sido violenta-
mente expulso pelo eleitor de Travese, no entanto, leãoperderam por isso seus
:lireites de eleitores.
[6] Em .f)farsa/zb(V. 28 ss.), Lucano diz: ':EJ)gua/JfoCâm 7o agrava e/n .Ro/na. Romã
aí estava também."NexChassagBe,De Gloria Mundo,parte \Cconsid. 89.
[7] Mal'cus ]\]]ius Cicero, Z)e O/nc7Ji, 111,27,100.
1381
CAPÍTULO XX - DAS CONVENÇÕES PÚBLICAS PELAS QUAIS SE TERMINAA GUERRA. ONDE SE TRATA DO TRATADO DE PAZ
[11] .E]o])fujam,VI, 13
[12] Vasquez, 6b ]fro ]]7usfr., livro l cap. 4, ondecita muitos deles,e cap. 5; ver
livro 11, cap. VI, $ 111 e seguintes.
!382
H UGO GROTIOS
no. Pode, contudo, ocorrer que um tal rei não possa alienar algum:
parte de seu império, no casoem que tivesse recebido seus Estados en
propriedade, sobo encargo de não desmembrá-los. No tocante aos ben:
chamados da Coroa, podem também ser incluídos no património do rei
de duas maneiras: separadamente ou junto com o próprio reino. Se
ocorrer da segunda maneira, podem ser alienados, mas não sem o rei
no; se da primeira, podem ser alienados, mesmo separadamente,
mais absoluto ao rei e tal que possa despojar os proprietários sem com-
pensação e não lhes conferindo o mesmo direito sobre as outras. Está
errado, pois a propriedade, de qualquer origem que provenha, tem sem-
pre seus efeitos próprios, segundo o direito natural, e não se pode privar
ninguém, a não ser por razões ligadas essencialmente à propriedade ou
que provenham de aros dos proprietários.
H lá H Fm:=.;::='E=!::'\=
1387
CAPÍTULO XX - DAS CONVENÇÕES PÚBLICAS PELAS QUAIS SE TERMINA A GUER'RA.ONDE SE TRATA DO TRATADO DE PAZ.
que não seja permitida senão contra um inimigo. Assim é que pela paz
concluída com os gregos,os tebanos retiveram P]atéia [26], dizendo que
"deviam esse lugar não à violência, à traição, mas à livre vontade da-
queles a quem havia pertencido". Foi em virtude de semelhante direito
que Niséia ficou com os atenienses. Tu]]ius Quinctius [27] usava da
mesma distinção contra os habitantes de Etólia, dizendo: "Esta cláusu-
la dizia respeito às cidades tomadas, mas as cidades da Tessália volun-
tariamente se colocaram sob nossa dominação."
Como esse direito, contudo, não nos pertence da mesma maneira que
aquele que nasce da desigualdade e como as penas têm sempre alguma
coisa de odioso, uma leve conjectura de palavras bastará para que esse
direito seja também considerado como reposto.
XXV Do prazo
plausível, seria melhor acreditar que uma injustiça foi cometida sem
perfídia antes que com perfídia. Vale a pena relembrar estas palavras
de Tucídides [46] : "Não sãoaqueles que rechaçam a força pela força que
rompem a paz, mas aquelesque por primeiro atacam os outros" [47].
Isto posto, é preciso ver da parte de quem e contra quem um ataque
armado rompe a paz.
Sei que há autores que pensam que, se aqueles que foram aliados
fazem qualquer coisa semelhante, a paz será rompida. Não nego que se
possa concordar que sim, de modo que, não que um se torne, propria-
mente falando, responsável do fato de outrem, mas que a paz não pare-
ça plenamente selada e que não esteja sob condição, em parte sob a
égide do poder e em parte casual. Entretanto não se deve acreditar que
a paz tenha sido feita dessa maneira, a menos que isso transpareça de
modo manifesto. De fato, seria contra as normas e isso não convém ao
voto comum daqueles que gelam a paz. Aqueles, pois, que cometeram
esses atou de hostilidade, sem serem ajudados por outros, serão res-
ção [58] e for de ta] modo contrário ao direito natural, que aquilo que
fazem, devem fazê-lo supostamente com a total desaprovação daqueles
que governam e que não se possa recorrer à justiça contra eles, como
sãoos que exercem a pirataria, será permitido recuperar de suas mãos
osbens que tomaram, vingar-se deles, como se tivessem sido entre-
gues.Por causa disso, porém, atacar com as armas outras pessoasque
sãoinocentes é agir contra a paz-
[58] Assim foi que Augusto se pronunciou contra Silas e em favor de Herodes
(Flávio Josefo, .4nólküJdades Judaicas, XVI, 16)
[59] De Thou, ]ivro XV, ano de 1578. Algo a respeito se pode ver também em
Haraeus, tomo ll da história de Brabante, comrelação ao ano de 1556
1398 H UGO GROTIUS
a paz não deve ser considerada rompida. Como dissemos, não Costuma
depender de uma condição casual. Mas a outra parte poderá escolher, se
prefere esperar, no caso em que houver alguma esperança que a pro-
messa possa ser cumprida mais tarde ou então receber por estimativa a
coisa prometida ou ser desobrigadade outras cláusulas recíprocasou
equivalentesàquela.
amizade conjunta, como nos ensina Pompânio [66]) muitas coisas que,
relativas às agressões feitas sem armas e aos ultrajes, são geralmente,
2. Por isso é que, ainda que a injúria tenha sido feita a uma
pessoaíntima ou submissa, não será considerada como feita contra
aquele com quem a paz foi selada, salvo que não tenha sido feita aberta-
mente para insultar. As leis romanas [68] seguem esta equidade natu-
ral comrelação aosescravoscruelmente maltratados. O adultério ou o
estupro deveriam ser imputados antes à paixão do que à inimizade. A
usurpação do bem alheio seria motivo de acusaçãode nova cobiça, antes
que de uma violação da palavra dada
VG8À
L. l, Item si cui, Díg., De injur.; Instit., $ Servis, eodemtit.;Alex., Cona.11,n. 3.
1402
H UGO GROtiUS
[69] cólon (Plutarco, So/on, 91 F) não deixava inscrever no álbum dos cidadãos
senão aqueles que haviam sido rechaçados de sua pátria, condenadosa exiba
perpétuo, ou aquelesque tivessem emigrado com toda a família para Atenas, a
6im de exercer uma atividade. Em Apiano (ZrcerpÉa Zegaflbnum, n. 25). Perseu
hz "Agi em conformidade com o direito comum dos homens, segundo o qual
ç,cás
recebes es /#ua/me/?íe exz7adosde ou/ras nações." Esse direito comum é
geralmente confirmado ou fortalecido por tratados. Ver o tratado de paz de
Antíoco, em Políbio (Ercerpfa Z%af., n.'25) e em Tito Lívio; o tratado entre os
romanos e os persas, em Menandro, o Protelar; ver também Simler. sobre as
convenções dos suíços entre si. Estrabão (limo XVI, 2,14) atesta: "Os iaó/fan'
;es de Arádia, enquanto os reis da Síria guerreavam entre si, tiveram permis-
são de concederrefúgio aos fugitivos, mas sem poder rechaçá-los
[70] HÓ 27/Óeao/]dJ'fa,XLl1, 41,7
[71] .LeucÓÜaa, l
do por uma guerra injusta for de tal maneira inferior que não possa
alimentar qualquer esperançade resistir, pareceque possaoptar pelo
caminho da sorte, a fim de escapar de um perigo certo através de um
perigo incerto. Este, de fato, é, de dois males, o menor.
tes [76] . Não há, de fato, nada a imputar ao que prefere combater por
essemeio porque Ihe faz entrever uma esperança talvez mais provável.
Mas é verdade também que certas coisasque não convém fazer não são
comrazão aprovadas por outros, mas são permitidas para evitar males
mais graves que, de outra forma, seriam inevitáveis. Assim é que em
muitos lugares, a usura e a prostituição feminina sãotoleradas.
zã8z:ã=z.::duzíuí? HI
les que haviam obtido a permissão de retirar seus mortos, eram vistos, segue
do o costume. como se tivessem renunciado à vitória e aqueles que a haviam
solicitadonão tinham o direito de esculpir troféus."
[89] ,4ó Z]&.óe (];am(#fa, XXIX e XL.
[90] Z. 7 Soez'efaóem, .Z)ib, Pro soez'o
!408
H UGO GKOtiUS
[92] Mariana, ]ivro XX]X, 15; Bembus, ]ivro ]V. 62. Há diversos exemp]os de trata-
dos feitos por meio de árbitros na história polonesa de Cromer, nos livros X,
XVI, XVlll, XXI, XXIV. XXVll, XXVIII. Há exemplostambémna história da
Dinamarca de Pontanus, livro 11.Conferir com o que dissemosno livro 11,cap.
xxm, $ vm.
[93] JUafuraJls J7ikfor7b, prefácio, 19.
1409
CAPÍTULO XX- DAS CONVENÇÕES PÚBLICAS PELAS QUAIS SE TERMINA A GUERRA, ONDE SE TRATA DOTRATADO DE PAZ,
DA SORTE,DO COMBATE COMBINADO. DA ARBITRAGEM, DA CAPITULAÇÃO. DOS REFÉNS. DOS PENHORES
[94] .De.Be/?eÉlcu]b,
111,7,5
195].RefÓÜca,
1, 13
H UGO GROTA US
[96] É o que dizia o Duque de Savóia, na disputa que teve com re]ação à Sa]úcia. Ver
De Series, na história de Henrique IV
[97] .4ó Z]/}.óe aon(#óa, XL, 17,6
[98] Tiro Lívio, .4ó Z]/rbe (;o/]c#fa, XXXV]1, 49,4
[99]PunJba,X]V 4
CAPÍTULO XX - DAS CONVENÇÕES PÚBLICAS PELAS QUAIS SE TERMINA A GUERRA, ONDE SE TRATA DOTRATADO DE FAZ.
derão dizer que existe entre nós um tratado. Isso faz grande diferença.
Secelebrarmos tratados com eles, para os romper eles terão sempre
alguma razão para alegar contra alguma parte do tratado, como se
fossemparte lesada. Como há muitas cláusulas suscetíveis de interpre-
tação duvidosa, haverá sempre um modo de se equivocar. Mas quando
lhes tivermos tirado as armas, como fazemos com aqueles que se entre-
gam, depois de termos recebido a eles próprios sob nosso poder, haverão
decompreender então que nada têm dê próprio, haverão de se humilhar
e tudo o que receberem de nós o receberão com prazer, como se fosse
dado dos bens de outrem."
Lúcio Antânio, que havia vindo se render, diz: "Se tivessesvindo para
concluir um tratado, verias que souvitorioso e estouofendido.Mas
como agora te tendes à nossa discrição, tu, teus amigos e teu exército,
vós todos desarmais minha ira. Vós me tirais mesmo a vantagem que
estaríeis obrigados a me conceder numa negociação. Não devo olhar
somente o que vós mereceis, mas devo ver ao mesmo tempo o que é
conveniente que eu faça. E é isto que prefiro."
sem demora. Fanéias teria respondido: "Nós não nos constituímos vos-
sos escravos, mas nos entregamos à vossa boa fé." Teria acrescentado
que o que fazia não estava de acordo com os costumes dos gregos. O
cônsul teria respondido que não se preocupava em saber quais seriam
os costumes gregos e que ele tinha, segundo os costumes romanos, o
poder sobre aqueles que se haviam entregue por sua própria vontade. E
ele teria ordenado acorrentar os embaixadores. No grego se lê: "Aqui se
discute sobre o dever e a conveniência, desde que vos conÊiastes à nossa
fé." Por estas palawas se pode ver tudo o que pode ser feito impunemen-
te e sem violar o/usgenúum (direito das gentes), aquele de quem um
povo se entregou à íé. Entretanto, o cônsul romano não usou desse po'
der, mas libertou os embaixadores e permitiu ao conselho dos etólios
deliberar novamente. De igual modo se lê que o povo romano havia
respondido aos fa]iscos [111], isto é, que bem sabia que não se tinham
entregue ao poder, mas à fé dos romanos. Lemos ainda que os campa'
nos [112] não se haviam confiadoà fé por um tratado, mas por uma
submissão.
Dissemos (livro 111, cap. XI, $ XVIII) que um refém pode ser leva-
11141
Ver nesselivro, cap.IV. $ XIV e tambémcap.XI, $ XVlll
1416
H UGO GROTIOS
da, mesmo segundo o./usgenZlum (dh'eito das gentes), podem ter bens
e deixa-los a herdeiros, embora o direito romano [115] ordenasseque
seus bens fossem atribuídos ao asco.
[117] Ver Plutarco, em Puó/lco/a, 107 A. A respeito deste verso de Virgílio "Hhclus
b ]a]«eÍ(#eJ7b2'upáls'; Sérvio diz que se trata dos 'q,7hcuJos
do Éraóado':
[118]Tiro Lívo, .4b [/róe Canal']a,11,13, 8-9
1417
CAPÍTULO XX - DAS CONVENÇÕES PÚBLICAS PELAS QUAIS SE TERMINA A GUERRA. ONDE SE TRATA DO TRATADO DE PAZ,
DA SORTE, DO COMBATE COMBINADO. DA ARBITRAGEM. DA CAPITULAÇÃO. DOS REFÉNS. DOS PENHORES
Aquele que foi entregue como refém somente para resgatar outro
cativo ou refém fica livre com a morte deste, pois no momento em que
esseúltimo morrer, o direito de penhor se extingue em sua pessoa,
como o disse Ulpiano a respeito de um prisioneiro. Por isso é que, do
mesmo modo que na questão de U]piano [119] o resgate que tomou o
lugar da pessoa não é devido, assim também aqui a pessoa que se tor-
nou o substituto da pessoanão 6lcará obrigada. Assim, Demétrio não
pedia sem razão ao senadoromano ser libertado "após a morte deAntíoco,
porquanto fora entregue em seu lugar", segundorelato deApiano [120] .
Segundo Trogo, Justino [121] diz que "Demétrio, refém em Romã, ao
saber da morte de seu irmão Antíoco, se apresentou ao senado e que,
tendo vindo comorefém (prefiro, para que o discurso mantenha a liga-
ção, ler: declarando que havia vindo como refém), estando seu irmão
ainda vivo, tendo agora falecido, não entendia a que título era detido
ainda'
Sumário
IX. Se aquele que foi retido por força maior perto da fim da
trégua pode retornar.
X. Cláusulas específicas de uma trégua e questões que dela
decorrem geralmente.
XI. Quando ascJáusulas de uma trégua são viola ias por uma
das partes, a outra pode recomeçar a guerra.
XII. Que decidir se uilla pena foi acrescida?
XVill. Aosbens.
XIX. Quem são aqueles que são compreendidos sob o
desígnatívo de séquito e de gente.
[12] Mo.cães
.4tüc'ae,1,25
[13] /bnegyz2bum, 9.
[14] .Ehej'da, X], 133.
[15],4c/ZZuc7'dT'dem,
1, 40.
[16] Publius Papinius Statius, Sl7uae,]V. 4, 40
[17] Z)e So n ]o ef Uglba, ]
L\8ÀAd Tereiatium Eunuchus, act. 1, scella 1, 6Q
[191]Vocées
,4fÉ]'c'ae,
1, 25.
1425
2
CAPÍTULO XXI - DAS CONVENÇÕES DURANTE A GUERRA. EM QUE SE TRATA DATRÉGUA, DO LIVRE TRANSITO. DO RESGATE DE PRISIONEIROS
ção dos aros de hostilidade, nesse caso o que foi dito a respeito do tempo
da paz tem seuefeito durante a trégua, não pela força da palavra, mas
por uma indução certa da intenção de que falamos em outro local (livro
11,cap.XVI, $ XX).
derivamos .índoií7b,.íz7doJflbe,
em seguida .íz2duÉza,
do qual o plural.
como disse, está em uso somente. Outrora, segundo a observação de
zulus Gellius, era também empregadano singu]ar. Donato [24] não se
afasta muito dessaetimologia, quando quer que a palavra .índuczae
venha do fato que a trégua dê repouso por alguns dias. A trégua é pois
um repousona guerra, não é a paz. Por isso os historiadores [25] se
exprimem com exatidão, quando relatam muitas vezes que a paz foi
recusada, que uma trégua foi concordada.
por dias civis vem das leis e dos costumes dos povos. Na noutra desig-
naçãolevanta-se geralmente uma dúvida sobre a questão de saber se,
quando foi dito que a trégua duraria até um certo dia ou um certo mês
ou um certo ano; esse dia, esse mês, esse ano são considerados excluídos
ou compreendidos [28].
l3SI BATE.,ad J,. O/n/lespopa//; Panormit., cap. 11, Cbnsr.,e ibid. Feliz., n. 7
[S4] Como a respeito de Scione, em 'lhcídides (IV, 122). O que Mariana relata (livra
XXVl11, 7): o que os espanhóis fizeram na ltália não pode, portanto, ser apto'
vago
CAPÍTULO XXI - DAS CONVENÇÕES DURANTE A GUERRA, EM QUE RETRATA DATRÉGUA. DO LIVRE TRANSITO. DO RESGATE DE PRISIONEIROS
priedade deles. Por isso o jurisconsulto Pau]o [36] diz que em tempo de
trégua não há postlimínio porque o postlimínio exige um direito antece-
dentede tomar pela guerra, direito que não existe durante a trégua.
l461 Como isso foi concedido aos napolitanos por Totila, como se lê em Procópio
(GoffÜ]'c.,
111,7).
[47] Ver C Slg]7]HcarTf,Z)eJudae s (/7Z)ecrefa.Ê,V, 6). Sobre as tréguas com exce-
ção dos locais há exemplos em Procópio e em Menandro, o Protetor
CAPITULO XXI - DAS CONVENÇÕES DURANTE A GUERRA. EM QUE RETRATA DATRÉGUA. DO LIVRETRÃNSITO, DO RESGATEDE PRISIONEIROS
tar o resgate dos cativos [60]. Diz ele: "0 resgate dos prisioneiros é a
ornamento dos sacramentos." Há vários outros pensamentos na mes-
ma linha.
[65] Ver Zonaras, sobre o sério arrependimento do imperador Maurício, por ocasião
de fato semelhante
1440 H UGO GROítUS
[67] Foi o que não cumpriu Pau]o Ba]ioni que havia sido ]ibertado sob a condiçãode
pedir a libertação de Carvajali que morreu antes de ser libertado. Mariana
critica Balioni(livro XXX, 21). Paruta (livro 11),no entanto, conta as circuns-
tâncias do fato de modo um poucodiverso
&8Ã L 5, Naturaiis, $ 1, De praescript. vero.;L 16, Uit., Dig., De child. ob causa dali.
XXll
DASCONVENÇOES
DOS PODERES
SUBALTERNOS
NAGUERRA
Sumário
X. Taisconvençõesdevemserestritamenteinterpretadas epor
XI. Como deve serinterpretada uma submissão aceita por um
general.
l41Ver Cambden, sobre os fatos do ano de 1594, onde relata o julgamento do conde
de Mirando na questão Hawkins.
1446
H UGO Gnoiius
1. Deve-se também acatar o que foi dito antes (limo 11,cap. XI, $
Xll e XIII), que aquele que encarregou alguém de conduza' um negócio
se encontra obrigado, mesmo se aquele que recebeu seuspoderes agiu
contra suas ordens secretas, contento que isso estej a dentro dos limites
de sua missão conhecida do público. O pretor romano se conformou com
razão a esta equidade na açãoinstitutória. De fato, tudo o que sefaz
com o lhsüfornão obriga aquele que a propôs, mas não há obrigação a
não ser que o contrato tenha sido celebrado em vista da coisa para a
qual o íz2süforteria sido proposto. Quanto àquele, com relação ao qual
se demonstrou publicamente que não havia mais porque contratar com
ele, não será mais considerado como preposto [6] . Se esta declaração
tiver sido realmente feita, mas não ao alcance de todos, apesar disso o
que a propôs é obrigado. As modalidades da missão conferida devem
também ser observadas,pois sealguém quis que o contrato fossefeito
sob certa condição ou por intermédio de determinada pessoa, seria mui-
to justo que a cláusula, em base à qual o Insófor foi preposto, seja
observada.
Í81 Belisário diz a aos godos: 'bUo remos o poder de dispor dos negóc/osdc7)ópera
dor" (Procópio,Go tblc., 11,6)
[9] Plutarco, .4gesl/as, 60] B)
[10] De .Be/7o JugurfÁlno, XXXIX, 3.
[11] ,4b C/rbe Oondiéa, XXXVl1, 19, 2
[12] Tito Lívio, 4b ZI/rbe Cb/2difa, IX, 9, 7
!450
H UGO GROTIUS
em todos", ou seja, com relação a todas as coisas que não dizem respeito
à condução da guerra, o que demonstram as palavras que precedem a
rendição, a promessa de abandonar ou de incendiar a cidade, de mudar
a forma do Estado.
IH IULAVRA DADA
PORCIDADAOS
PRl\4ADOSNAGUERRA
Sumário
[1] .DeOáZ?CJ}S,
1,13, 3
[2] Bartol., em .L 5; Ch;zvenflo/ztzm, Z)/g,, .Z)e pacfls; Zazius, em Hpo/og. C;b/7Éra
Eckiuln.
1458 H uoo GROTIUS
IV Se o erro libera
pode ser posta com referência a suas ações e a seus bens porque estas
coisas parecem também que não possam ser concedidas ao inimigo sem
algum prejuízo para sua parte. De onde decorre que semelhantes con-
venções podem parecer ilícitas aos cidadãos, por causa do direito
supereminente do Estado e aos soldados recrutados, por causa do jura-
mento que prestaram.
2. Deve-se saber que as convenções que tendem evitar a um mal
maior ou mais certo devem ser consideradas como mais úteis que pre'
judiciais, mesmopara o público, porque um mal menorreveste a natu-
reza de um bem. "Entre os males, deve-se escolher os menores", como
diz alguém emApiano [4]. Ademais, nem o compromisso somente, pelo
qual não se abdica do poder que se tem sobre si mesmo e sobre seus
bens, nem a utilidade pública, sem a autoridade da lei, podem fazer
com que o que foi cumprido (mesmo supondo que se tenha agido contra
o dever) seja nulo e desprovido de todo efeito de direito.
4. Se o ato que havia sido interditado por uma lei ou por uma
ordem e que sehavia impedido de valer pôdeser proibido comjustiça,
nesse casoo ato do privado será nulo, mas esseprivado poderia contudo
ser punido porque prometeu uma coisa que não tinha o direito de pro-
meter, sobretudo se o fez com juramento.
[4] PuJ21aa, 94
!460
H UGO GROtlUS
[5] .De0áH7'c7]j,
111,29, 108
[6] Horário, Odarum seu (]a/]]] hum #ór7111,5, 49-50.
[7] Mocfes,4fílc'ae, V], 18.
18]"Z)qurJO v7naf/']]igados por juramento], isto é, "capJÍI) mJhoreJ' comose exprl
me Horácio (Odarum, 111,5, 42), falando de Regulus.
[9] Livro 1, 103
[10]Livro 1,78.
1461
CAPÍTULO XXlll - DA PALAVRA DADA POR CIDADÃOS PRIVADOS NA GUERRA
VIII. Denãofugir
Alguns prometem também não fugir. Essapromessaos obriga,
mesmo quando a tivessem feito estando acorrentado e isso, contraria-
mente à opinião de certos autores. Por esse meio a vida é geralmente
conservada ou se obtém uma vigilância um poucomais branda. Se o
prisioneiro foi posto aosferros depois, será desimpedido de sua palavra,
se não prometeu para não ser acorrentado.
[11] GotÉüJC.
11,14, sobre os hérulos
[12] GoféÜJc.,
111,36.
1462 H UGO GROTIUS
[14] Já antes disso, o próprio senado romano havia obrigado aqueles que Pirro
havia mandadode volta sob condiçãode retornar para junto dele (Apiano,
Excerpta Legal., x- Sà.
1463
CAPÍTULO XXlll - DA PALAVRA DADA POR CIDADÃOS PRIVADOS NA GUERRA
IH l)ALAVRA DADA
TACITAMENTE
Sumário
[4] Elles'da,
11,65
1468
H UGO GROTIUS
[5] Agatias (livro 11,14)critica comrazão o huno Ragnaris, por ter decididotrespas
sar Narsete com um dardo, quando este se retirava de um colóquio
[6] .4ó aPÕeaonde'za,XXXV]11, 25, 8.
[7] Livro IX, 6, 3
[8] Caius Julius Caesar, De .BeiçoGaZüao,V]11, 23
[9] Tiro Lívio, .4b Z:/róeOondlfa, XL]1, 47
1469
CAPÍTULO XXIV - DA PALAVRA DADA TACITAMENTE
rendem
nnp depõem
poe r n em súplicas
as armas
1470
H U GO GKOíiUS
solução do que foi dito antes (livro 111,cap. l\C $ Xll e cap. XI, $ XV). Em
nossosdias, as bandeiras brancas sãosinal tácito de uma entrevista
solicitada [15] . Obrigam não menos que se fosse pedida de viva voz.
[15] Entre os povos nórdicos, um fogo acesoé o sinal de pedido de entrevista. Jogo
Magnus e outros relembram isso. Plínio(livro XV 30) diz do loureiro: ':r)7nnfa
que traz a paz e que, mesmo no meio dos inimigos armados, quailda apresen'
cada:é um shla} de tranqüílídade
[16] Políbio, em passagemconservadaem ExcerpÉaZegaÉlo/u/n (n. 122), trata a
questão de saber se, quando se perdoou àquele próprio que cometeu o crime,
se está sob obrigação de perdoar também àquele por cuja ordem o crime foi
cometido. Não acho que seja assim, pois cada um é responsável por suas pró
prias faltas
xxv
CONCLUSÃO
COM
\ EXOlilAGOES
/ \
A BOA-FEE A IUZ
Sumário
\( E também ao vencedor.
[8] /)o/z'fica.fV]1, 2 e 14
1475
CAPITULO XXV - CONCLUSÃO COM EXORTAÇÕES À BOA-FÉ E À PAZ
V E também ao vencedor
Ela interessa também aos que são mais fortes porque, como o
mesmoTito Lívio [13] diz com não menos verdade, a paz é vantajosa e
gloriosa para aqueles que a dão na prosperidade de seus negócios e que
é melhor e mais segura que uma vitória esperada. Deve-se pensar, de
fato, que Morte é acessível a todos. Aristóte]es [14] diz: "Deve-se consi-
derar como na guerra ocorrem geralmente mudanças numerosas e im-
previstas." Num discurso pela paz, em Diodoro [15], uma repreensão é
dirigida aos que "exaltam a grandeza de suas ações, como se isso não
illiHKl: ll::ll; [
1476 H UGO GKOtiUS
Que Deus, que só ele pode, grave essas coisas no coração daque-
les, nas mãos dos quais estão os destinos da cristandade. Que lhes dê
um espírito inteligente para captar o direito divino e humano e que
cada um deles pense sempre que foi escolhido como ministro para go'
vernar homens, seres tão caros a Deus]19] .