Você está na página 1de 14

97

Atendimento odontológico do paciente com diabetes melito:


recomendações para a prática clínica
Crésio Alves 1
Márcia Brandão 2
Juliana Andion 3
Rafaela Menezes 3
Fabíola Carvalho 3

Resumo
Diabetes melito (DM) abrange um grupo de distúrbios metabólicos que têm em comum a presença de hiperglicemia.
Além das manifestações sistêmicas, o DM mal controlado apresenta importantes repercussões sobre a saúde oral (e.g.,
doença periodontal, xerostomia, hiposalivação, susceptibilidade a infecções, dificuldade de cicatrização). Este trabalho
tem por objetivo destacar a importância do conhecimento básico do odontologista sobre DM e propor um protocolo de
atendimento dentário para esses pacientes. A revisão bibliográfica foi realizada nos bancos de dados MEDLINE e
LILACS, com pesquisa em artigos publicados nos últimos dez anos, a partir das palavras-chave: diabetes mellitus,
dentistry, oral health e periodontal disease. Os resultados são estruturados em tópicos. Na primeira parte, são atualizadas
informações sobre diagnóstico, manifestações clínicas, repercussões orais e tratamento do DM. Na segunda parte,
propomos um protocolo de atendimento, no qual são discutidas, de modo didático (e.g., anamnese, exame físico,
exames complementares, conduta), as dúvidas mais comuns em relação à consulta odontológica do diabético (e.g.,
profilaxia antibiótica em procedimentos com risco de bacteremia, uso de antiinflamatórios, sedativos e anestésicos com
vasoconstrictores, tratamento paliativo versus definitivo, como proceder em casos de hipoglicemia e hiperglicemia,
quando suspeitar de um DM não diagnosticado). Ao final, uma ficha clínica sumariza os principais aspectos da consulta
odontológica do paciente diabético. Conclui-se que diabéticos bem controlados e sem complicações podem ser tratados
de modo similar a não-diabéticos, para a maioria dos procedimentos de rotina. O cirurgião-dentista, em comunicação
com o médico assistente, desempenha um importante papel na promoção e manutenção do bem-estar e qualidade de
vida do paciente diabético.

Palavras-chaves: Diabetes melito - Odontologia; saúde oral; doença periodontal.

INTRODUÇÃO

Diabetes melito (DM) representa um dução de insulina, resistência periférica à sua


grupo de doenças caracterizadas por hiper- ação, ou ambas. A incidência do DM vem atin-
glicemia, como resultado da deficiência na pro- gindo proporções epidêmicas. De acordo com

1 Professor Assistente de Pediatria. Faculdade de Medicina. Universidade Federal da Bahia – UFBA. Salvador - BA. Coordenador da
Residência em Endocrinologia Pediátrica. Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Universidade Federal da Bahia – UFBA.
Salvador - BA
2 Professora Assistente de Odontologia Social. Fundação Baiana para o Desenvolvimento das Ciências – FBDC. Salvador - BA
3 Acadêmico de Odontologia Faculdade de Odontologia – UFBA. Salvador - BA

Correspondência para / Correspondence to:


Crésio Alves
Faculdade de Medicina – UFBA
Rua Plínio Moscoso, 222/601
40.157-190. Salvador – BA - Brasil
Tel.: (71) 9975-8220
E-mail: cresio.alves@uol.com.br

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


98

a Organização Mundial de Saúde, no ano de PUBMED, para seleção de artigos publicados


2030, 300 milhões de pessoas serão diabéticas nos últimos 10 anos, sob a forma de consenso,
(EISELEIN; SCHWARTZ; RUTLEDGE, trabalhos originais e de revisão, a partir das se-
2004). No Brasil, aproximadamente de 8 a 10 guintes palavras-chaves: 1. diabetes mellitus; 2.
milhões de pessoas são portadores de DM. dentistry; 3. oral health; e 4. periodontal disease.
Em longo prazo, a hiperglicemia pode
causar disfunção e falência de diversos órgãos.
Dentre as complicações sistêmicas, incluem-se DIABETES MELITO: NOÇÕES GERAIS
as alterações bucais, com destaque para a doen-
ça periodontal, considerada por alguns como a Diagnóstico e manifestações clínicas
sexta complicação crônica do DM (SOUZA et Em indivíduos normais, a concentração
al., 2003; ORSO; PANGNONCELLI, 2002). plasmática de glicose situa-se entre 70 e 99 mg/
Estima-se que 3 a 4% dos pacientes adultos dL. Níveis superiores indicam graus variados
que se submetem a tratamento odontológico de tolerância à glicose (pré-diabetes) ou diabe-
são diabéticos, e uma parte significante deles tes, cujos critérios diagnósticos foram recente-
desconhece ter a doença (SOUZA et al., 2003). mente atualizados pela American Diabetes
Devido à alta prevalência, à morbidade, Association (TABELA 1). As duas formas mais
às manifestações bucais e às dúvidas sobre o aten- comuns de DM são: diabetes melito tipo 1
dimento odontológico dos indivíduos com DM, (DM1) e diabetes melito tipo 2 (DM2)
este artigo tem por objetivo atualizar o conhe- (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION,
cimento básico sobre esse assunto e propor um 2004). Outras formas menos comuns são os
protocolo de atendimento preventivo e diabetes gestacionais, diabetes associados a me-
terapêutico que o auxilie o odontólogo quando dicamentos (corticóides), doenças do pâncreas
da avaliação desses pacientes. (fibrose cística), infecções (rubéola congênita)
e síndromes genéticas.
O DM1 é causado pela interação de fa-
METODOLOGIA tores genéticos e ambientais, levando à destrui-
ção auto-imune das células â-pancreáticas pro-
Foi realizada pesquisa bibliográfica nos dutoras de insulina (MISTRO et al., 2003;
bancos de dados MEDLINE, LILACS e ANTUNES et al., 2003). O DM1 apresenta

Tabela 1. Critérios para o diagnóstico do diabetes

Fonte: AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2004.


Notas:- Glicemia de jejum: ausência de ingestão calórica por pelo menos 8 horas.
- Glicemia ao acaso: glicemia realizada em qualquer hora do dia sem levar em consideração o tempo desde a última
refeição. O diagnóstico deve ser confirmado medindo a glicemia em jejum ou 2 h após o TTOG.
- TTOG (Teste de Tolerância Oral a Glicose): é a medida da glicemia basal e 2 horas após a ingestão de 1,75 g/Kg de
glicose (máx. 75 g).
- Um resultado positivo em qualquer dos testes acima deverá ser confirmado nos dias subseqüentes medindo a glicemia
em jejum ou 2 h após o TTOG.

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


99

dois picos de incidência: entre 5-7 anos e na inalatória (Exubera®). Os hipoglicemiantes


puberdade. Não há predileção por gênero. Essa orais podem ser classificados em sulfoniuréias e
patologia acomete 5 a 10% dos pacientes com meglitinidas (estimulam a produção de insuli-
DM. Quando o quadro clínico se inicia, já hou- na), biguanidas (diminuem a resistência à in-
ve perda de 80 a 90% da capacidade de produ- sulina), glitazonas (aumentam a ação da insuli-
ção de insulina (MANNA et al., 2002). As na) e inibidores da alfa-glicosidase (diminuem
manifestações clássicas incluem poliúria (aumen- a absorção do açúcar).
to do volume urinário, devido à diurese Para que se consiga melhor resultado, o
osmótica, causada pelo excesso de glicose), paciente e sua família devem ser orientados
polidipsia (aumento da sede para compensar a quanto à importância do tratamento. A
perda de água pela urina), polifagia (aumento automonitoração domiciliar da glicemia permite
da fome, para compensar o estado catabólico o conhecimento das variações glicêmicas durante
resultante da deficiência de insulina) e perda o dia, levando a decisões terapêuticas mais acer-
de peso. Menos freqüentemente, alguns paci- tadas (MEALEY et al., 1999). A avaliação tri-
entes são diagnosticados em cetoacidose diabé- mestral da hemoglobina glicosilada (HbA1c) é
tica. o padrão-ouro para a monitoração da glicemia.
O DM2 decorre da combinação de defi- Ela mede a ligação da glicose com a hemoglobina,
ciência relativa de insulina e resistência no interior das hemácias. Como as hemácias têm
insulínica (FERREIRA; VANNUCCI, 2004). uma vida média de 3 meses, a HbA1c reflete a
Essa é a forma mais comum da doença, res- média de controle glicêmico nesse período. O
ponsável por 90-95% dos casos. Geralmente é valor normal para indivíduos adultos é < 7%.
associada à obesidade, hipertensão e Para crianças, os valores recomendados são: pré-
dislipidemia, acometendo principalmente in- escolares < 8,5%, escolares < 8% e adolescen-
divíduos com mais de 40 anos (MOORE et tes < 7,5% (SILVERSTEIN et al., 2005).
al., 2001; ANTUNES et al., 2003). Um nú-
mero significativo de pessoas com DM2 é Complicações
assintomática ou oligossintomática. Isso faz com As principais complicações crônicas do
que o diagnóstico seja tardio e muitas delas já DM são nefropatia, retinopatia, neuropatia e
apresentem complicações microvasculares ou doença macrovascular. As complicações agudas,
macrovasculares quando do diagnóstico. hipoglicemia e hiperglicemia, são discutidas a
seguir:
Monitoração e tratamento
O DM não tem cura. A abordagem tera- 1. Hipoglicemia
pêutica inclui: dieta, atividade física, educação, - Definição: glicemia < 70 mg/dL.
apoio psicossocial e medicamentos para controle - Causas: dose excessiva de insulina ou
da hiperglicemia. A insulinoterapia é indicada hipoglicemiantes orais, omissão ou atraso das
para todos os pacientes com DM1 e alguns com refeições, ingestão de álcool, exercícios prolon-
DM2. Os hipoglicemiantes orais são indicados gados, insuficiência renal, má absorção intesti-
para o DM2 (CALLIARI, 2004). Na nal, drogas com ação hipoglicemiante
insulinoterapia, através de injeções subcutâne- (antiinflamatórios não-hormonais).
as, utiliza-se insulina humana de ação interme- - Sintomas: adrenérgicos (tremor,
diária (NPH ) e ação rápida (Regular); e, mais sudorese, palidez, taquicardia, palpitação, fome)
recentemente, os novos análogos de ação lenta e neuroglicopênicos (cefaléia, tontura, sonolên-
(Glargina [Lantus®], Detemir [Levemir®]) e cia, irritabilidade, fraqueza, confusão mental,
ultra-rápida (Lispro [Humalog®], Aspart visão turva, incoordenação motora, desmaio,
[NovoRapid®]). Uma pequena proporção de convulsão e coma).
indivíduos ainda faz uso de insulina de origem - Classificação: assintomática, sintomá-
animal. A partir do final de 2006, estará dispo- tica leve (o paciente pode tratar sua
nível, para uso clínico, a primeira insulina hipoglicemia) e sintomática grave (o paciente

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


100

requer ajuda de outra pessoa para tratar a - Tratamento: nos casos leves, o paciente
hipoglicemia). fará os ajustes de doses orientados por seu mé-
- Diagnóstico: a suspeita de hipoglicemia dico. Na hiperglicemia grave, o paciente deverá
deve ser confirmada medindo-se a glicemia ca- ser encaminhado para uma Unidade de Emer-
pilar. Caso isso não seja possível, o paciente sin- gência.
tomático deverá ser tratado como se apresen-
tasse uma verdadeira hipoglicemia. Manifestações bucais
- Tratamento: o tratamento depende da As manifestações bucais observadas no
gravidade. O paciente consciente deverá inge- paciente com DM, embora não específicas des-
rir o equivalente a 15 gramas de glicose: 1 com- sa doença, têm sua incidência ou progressão
primido de glicose, 1 sachê de mel ou açúcar, 1 favorecida pelo descontrole glicêmico. Os dis-
copo de suco de frutas ou de refrigerante, 1 co- túrbios da cavidade bucal mais freqüentes nos
lher de sopa rasa de açúcar, 2 balas de mel ou 3 diabéticos são: xerostomia, hiposalivação,
colheres de geléia. Na falta desses, ingerir qual- síndrome de ardência bucal, glossodinia, dis-
quer outro alimento com açúcar. Em seguida, túrbios da gustação, infecções, ulcerações na
monitorar a glicemia capilar a cada 15 minu- mucosa bucal, hipocalcificação do esmalte, perda
tos, até a sua normalização. O paciente incons- precoce de dentes, dificuldade de cicatrização,
ciente não deverá receber nada por via oral, com doença periodontal, hálito cetônico e líquen
exceção de um pouco de açúcar aplicado na plano (SOUZA et al., 2003; VERNILLO,
bochecha. O tratamento ideal para esses casos é 2003).
a administração de glicose a 10% por via Existe controvérsia sobre a associação en-
endovenosa (em média 30-50 mL). tre diabetes e cáries (VERNILLO, 2003). Se,
por um lado, poder-se-ia supor maior suscepti-
2. Hiperglicemia bilidade à cárie entre diabéticos (maior concen-
- Definição: em diabéticos, glicemia > tração de glicose salivar, aumento da acidez do
140-180 mg/dL, a depender do grau de con- meio bucal, aumento da viscosidade e diminui-
trole desejado. ção do fluxo salivar, hipocalcificação do esmal-
- Causas: omissão ou subdose de insuli- te, distúrbios salivares e periodontais), outros
na ou hipoglicemiantes orais, excessos alimen- fatores, como menor ingestão de sacarose, po-
tares, medicamentos que aumentam a glicemia deriam contribuir para diminuir sua ocorrên-
(corticóides), infecções, cirurgia, estresse físico, cia (SOUZA et al., 2003; AMARAL; RAMOS;
traumático, metabólico ou emocional. FERREIRA, 2006). Alguns autores não encon-
- Sintomas: poliúria, polidipsia, polifagia, traram relação entre essas duas doenças
perda de peso, hálito cetônico (odor de maçã (MIRALLES et al., 2002), enquanto outros re-
ou fruta passada, na respiração). Se não contro- latam que pacientes com controle metabólico
lada, a hiperglicemia pode evoluir para inadequado apresentam piores resultados nos
cetoacidose diabética, que se caracteriza por índices CPO-D (Dente Cariado/Perdido/Ob-
taquicardia, hipotensão, náusea, vômito, dor turado) (FERREIRA; VANNUCCI, 2004).
abdominal, desidratação (mucosa oral seca, sa- A produção e o fluxo salivar são
liva espessa), respiração de Kussmaul (respira- mediados pelo sistema nervoso autônomo, atra-
ção rápida e profunda), alteração do sensório, vés da ação do neurotransmissor colinérgico
choque e coma. acetilcolina. A xerostomia (sensação subjetiva
- Classificação: casos leves (poliúria, de boca seca que, geralmente, mas não necessa-
polidipsia, polifagia) e casos graves (cetoacidose riamente, está associada com a diminuição da
diabética). quantidade de saliva) é relatada por 10 a 30%
- Diagnóstico: a suspeita de hiperglicemia dos diabéticos (NEVILLE et al., 2004; COS-
deve ser confirmada pela medida da glicemia TA et al., 2004; TÓFOLI et al., 2005). A
capilar. hipossalivação pode causar glossodinia, úlceras,

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


101

queilites, língua fissurada, lesões cariosas e difi- 2003). A manifestação inicial é gengivite
culdade de retenção das próteses, com trauma (sangramento, recessão gengival), que, se não
dos tecidos moles, o que predispõe a infecções cuidada, progride para doença periodontal se-
(VERNILLO, 2003). Ela tende a se agravar em vera, com formação de bolsas periodontais ati-
fases de descontrole metabólico, pelo fato de a vas, abscessos periodontais, osteoporose
desidratação aumentar os gradientes osmóticos trabecular e destruição do suporte periodontal
dos vasos sanguíneos em relação às glândulas (SOUZA et al., 2003; PALMER; SOORY,
salivares, limitando a secreção de saliva 2005).
(MOORE et al., 2001). O uso de drogas com Algumas hipóteses consideram uma as-
ação anticolinérgica é outra condição que leva à sociação bidirecional entre diabetes e doença
redução da produção e do fluxo salivar. Os prin- periodontal. Nessas hipóteses, o diabetes alte-
cipais medicamentos com efeitos anticolinér- raria a resposta imunológica e metabólica do
gicos são: antidepressivos (amitriptilina organismo, favorecendo e exacerbando a doen-
[Amytril®, Tryptanol®], sertralina [Zoloft®], ça periodontal, e ela contribuiria para o mau
paroxetina [Atropax®]), anti-histamínicos controle dos níveis glicêmicos (WEHBA;
(loratadina [Claritin®, Loralerg®], prometazina RODRIGUES; SOARES, 2004). Assim, a ma-
[Fenergan®]) e derivados benzodiazepínicos nutenção da saúde dos tecidos periodontais con-
(alprazolam [Frontal®], diazepan [Valium®, tribui para um melhor controle metabólico,
Diempax®], lorazepan [Lorax®]) (WYNN; reduzindo as necessidades de insulina e os ní-
MEILLER, 2001). veis de hemoglobina glicosilada (KAWAMURA,
Indivíduos com DM estão mais propen- 2002).
sos a desenvolver infecções e abscessos na cavi-
dade bucal, o que pode agravar o controle me-
tabólico. A susceptibilidade para infecções orais, DIABETES MELITO: PROTOCOLO DE
a exemplo da candidíase oral, é favorecida pela ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO
hiperglicemia, diminuição do fluxo salivar e al-
terações na composição da saliva, através de Nas consultas eletivas, é útil obter um
modificações em proteínas antimicrobianas relatório do médico assistente, enquanto nas
como lactoferrina, lizozima e lactoperoxidase consultas de emergência, pode ser necessário um
(VERNILLO, 2003; TEKELI et al., 2004). contato telefônico com o mesmo. Lembrar que,
A susceptibilidade e a progressão da do- muitas vezes, o problema dentário é a causa de
ença periodontal, no paciente diabético, está descompensação do DM e que seu tratamento
associada ao descontrole metabólico, à presen- pode ser a única maneira de restaurar controle
ça de complicações, ao espessamento dos vasos metabólico.
sanguíneos, à redução da quimiotaxia dos
neutrófilos, à glicosilação (ligação de glicose a Anamnese
proteínas) de proteínas estruturais, formando Grande parte dos pacientes com DM2
produtos avançados de glicosilação (AGEs), fun- desconhece a sua doença. Portanto, o cirurgião-
ção reduzida dos fibroblastos e alterações gené- dentista deve estar atento para suspeitar dos casos
ticas, como herança de determinados antígenos não diagnosticados, encaminhando para o mé-
de histocompatibilidade (SOUZA et al., 2003; dico assistente aqueles indivíduos que apresen-
ANTUNES et al., 2003; SOUTHERLAND et tem sintomatologia oral (candidíase, xerostomia)
al., 2006). Um estudo mostrou prevalência de ou sistêmica sugestiva de DM1 (poliúria,
9,8% de doença periodontal em pacientes com polidispsia, polifagia, perda de peso) ou DM2
DM1, quando comparados a 1,6% em não di- (obesidade, dislipidemia, hipertensão).
abéticos (CIANCOLA et al., 1982). No DM2, Nos pacientes com diagnóstico prévio, o
o risco de doença periodontal é três vezes maior dentista deve se informar sobre o tipo da doen-
do que na população em geral (VERNILLO, ça (DM1, DM2,), duração da enfermidade,

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


102

terapia (dieta, insulina, hipoglicemiantes, ho- flamação (sangramento ou supuração à sonda-


rário da última dose desses medicamentos), gem), níveis de inserção periodontal e recessão
horário da última refeição, controle metabólico gengival. Não esquecer de investigar lesões de
(HbA1c), complicações (nefropatia, neuropatia, furca, grau de mobilidade das unidades den-
retinopatia), sintomas de hipoglicemia, histó- tais, hálito cetônico, infecções bucais e
ria de hospitalização e cetoacidose, infecções hiposalivação. Os pacientes com nefropatia di-
sistêmicas (febre, mal estar, uso de antibióti- abética ou hipertensão arterial devem ter sua
cos, antiinflamatórios e analgésicos) e medica- pressão arterial aferida antes do inicio dos pro-
mentos para tratar complicações associadas ao cedimentos odontológicos.
DM. Os antihipertensivos podem causar desi-
dratação, os antidepressivos e benzodiazepínicos Exames complementares
podem levar à hiposalivação, os antiinflamatórios Naqueles onde a história clínica sugerir
não-esteróides (AINES) podem potencializar os DM1 ou DM2, solicitar exames laboratoriais
efeitos dos hipoglicemiantes orais, aumentan- que comprovem o diagnóstico e, caso esse seja
do o risco de hipoglicemia, e os corticóides po- confirmado, encaminhar o paciente para o
dem agravar a hiperglicemia (TÓFOLI et al., endocrinologista (SOUZA et al., 2003).
2005; SOUZA et al., 2003). Também é im- Aqueles com diagnóstico prévio de DM
portante questionar sobre hipertensão arterial, deverão ter sua glicemia capilar avaliada antes
uso de álcool (causa de hipoglicemia) e tabagis- do inicio do procedimento, para identificar e
mo. O médico assistente deverá ser consultado tratar uma possível hipoglicemia ou
no caso de pacientes com complicações crôni- hiperglicemia (MISTRO et al., 2003).
cas, para discutir possíveis modificações no pla- Radiografias de unidades dentárias espe-
no terapêutico, principalmente se procedimen- cíficas e radiografias panorâmicas estão indicadas
tos cirúrgicos forem necessários (VERNILLO para complementar o exame físico, quando da
et al., 2003). Nas diabéticas grávidas, é funda- avaliação de doença periodontal, inserção ós-
mental se informar dos cuidados em relação ao sea, tratamentos endodônticos, abscessos, lesões
uso de medicamentos e exposição aos raios X. cariosas e comprometimento ósseo (SANCHES
Em relação à saúde bucal, devem ser feitas per- et al., 2004).
guntas sobre higiene oral (freqüência de
escovação, uso de fio dental, visitas regulares ao Aspectos importantes da consulta
dentista), sintomatologia sugestiva de manifes- odontológica do paciente diabético
tações bucais associadas ao DM (sangramento - Controle metabólico: pacientes bem
ou pus na gengiva, dentes “moles ou bambos” controlados, sem complicações crônicas, com
excluindo a troca de dentição decídua, boa higiene bucal e acompanhamento médico
candidíase oral, abscessos) e tratamento regular podem ser tratados sem necessidade de
periodontal prévio. cuidados especiais, uma vez que eles respon-
dem de forma favorável e da mesma forma que
Exame físico não-diabéticos (SOUZA et al., 2003). Naque-
O exame físico da cavidade oral deve se- les com descompensação metabólica e (ou)
guir a rotina habitual. No exame supragengival, múltiplas complicações, o tratamento
enfatizar a avaliação de sangramento gengival odontológico será paliativo e indicado em situ-
(gengivite), placa bacteriana e possíveis fatores ações de urgência, como presença de dor e in-
retentivos (cálculo dental, cárie, próteses mal- fecções. A terapia definitiva será adiada até es-
adaptadas, restaurações com falta ou excesso de tabilização das condições metabólicas (TÓFOLI
material restaurador, raízes residuais, posiciona- et al., 2005). Pacientes com glicemia, em je-
mento dental atípico, hiperplasias gengivais e jum, acima de 230 mg/dL, têm um aumento
presença de aparelhos ortodônticos). A avalia- de 80% no risco de desenvolver infecção (SHIP,
ção das áreas subgengivais deve observar a pro- 2003).
fundidade de sondagem, sinais clínicos de in- - Jejum e horário do atendimento: no dia

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


103

que precede a consulta odontológica, a dieta auxiliar, quando apropriadas. A sedação


será de acordo com o padrão usado pelo paci- inalatória é relatada por alguns autores como a
ente. Em caso de necessidade de jejum prolon- técnica mais segura e previsível de sedação cons-
gado, ou antecipação de redução na ingestão ciente (TÓFOLI et al., 2005; HORLIANA et
alimentar após o procedimento, poderá ser ne- al., 2005). Os benzodiazepínicos usados para
cessária a redução ou a omissão de doses dos tratar ansiedade (diazepan, lorazepan), embora
hipoglicemiantes orais ou da insulina possam causar hiposalivação, não são contra-
(MEALEY et al., 1999; SOUZA et al., 2003). indicados.
O jejum desnecessário é um dos fatores - Dor: a dor pode ser controlada com
precipitantes para hipoglicemia. O atendimento analgésicos simples (acetaminofeno, dipirona)
odontológico pode ser feito em qualquer horá- e AINES (nimesulida, ibuprofeno, diclofenaco).
rio do dia (SOUZA et al., 2003; HORLIANA Nos casos graves, usar preparações com codeína.
et al., 2005). - Inflamação: a inflamação pode ser con-
- Equipamento especial: é importante que trolada com AINES. Evitar corticóides pelo ris-
o cirurgião-dentista possua um glicosímetro para co de hiperglicemia. O uso de clorexidina du-
checar a glicemia capilar antes da consulta ou rante o tratamento odontológico é recomenda-
durante a mesma, caso se suspeite de do para controle da placa, manutenção de flora
hipoglicemia ou hiperglicemia. não patogênica e prevenção da doença
- Ajustes nas doses de insulina e periodontal severa (SANCHES et al., 2004).
hipoglicemiantes orais: ajustes nas doses de - Antimicrobianos: a terapêutica
medicamentos estão indicados quando houver antimicrobiana para pacientes com bom con-
necessidade de jejum prolongado, uso de trole glicêmico é semelhante ao de não-diabéti-
AINES ou corticóides, realização de procedi- cos, ou seja, só deve ser realizada quando existi-
mentos invasivos e antecipação de dor ou estresse rem sinais e sintomas sistêmicos de infecção
importante. Os hipoglicemiantes orais podem (TÓFOLI et al., 2005). Nos pacientes com
ter seu efeito potencializado pelo uso doença mal controlada, mesmo na ausência de
concomitante de AINES, que deslocam os sinais e infecção, preconiza-se profilaxia antibi-
hipoglicemiantes do seu sítio de ligação, au- ótica nos procedimentos que geram bacteremia
mentando o efeito hipoglicemiante, enquanto importante (QUADRO 1) (DAJANI et al,
os corticosteróides têm efeito hiperglicemiante. 1997). Caso seja necessária a prescrição curati-
Assim, a prescrição desses dois medicamentos va, podem ser usados: penicilinas (amoxicilina,
deve ser criteriosa, sendo necessário entrar em ampicilina), cefalosporinas (cefalexina) ou
contato com o médico responsável, para ajustar macrolídeos (azitromicina, claritromicina)
sua posologia (TÓFOLI et al., 2005; (TÓFOLI et al., 2005). Não se preocupar em
SANCHES et al., 2004). A não ser nessas situ- prescrever antibióticos sob a forma de suspen-
ações, os pacientes devem ser instruídos a man- são oral com receio de agravar a hiperglicemia.
ter a dose usual de seus medicamentos. Nessas situações, o paciente estará checando sua
- Ajustes na monitoração domiciliar da glicemia capilar mais vezes e poderá usar insu-
glicemia: a glicemia capilar deverá ser checada lina de ação rápida ou ultra-rápida, caso a
mais freqüentemente nos primeiros dias após a glicemia ultrapasse um determinado valor esta-
realização de procedimentos dentários demora- belecido pelo médico assistente.
dos, traumáticos ou estressantes, ou quando for - Anestesia local: não existe consenso so-
necessário uso de antibióticos, AINES, bre o tipo de anestésico local a ser usado no
corticóides ou restrição alimentar. tratamento odontológico do diabético. Em pa-
- Ansiedade e medo: esses sintomas de- cientes compensados, os anestésicos locais com
vem ser controlados, pois levam à liberação de adrenalina ou noradrenalina podem ser usados
adrenalina, causando aumento na glicemia sem problemas (TÓFOLI et al., 2005). Os
(TÓFOLI et al., 2005). Visando a reduzir essa anestésicos de longa duração não constituem a
tensão, recomenda-se utilizar técnicas de sedação melhor escolha, porque têm influência no

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


104

Quadro 1- Antibioticoterapia profilática para procedimentos dentários.

Quadro 2 - Tratamento das principais complicações bucais do diabetes melito.

miocárdio (SOUZA et al., 2003). Em pacien- autores recomendam evitar uso de soluções com
tes com descontrole metabólico, a indicação de vasoconstrictores à base de adrenalina e
anestésico com adrenalina é controversa. Alguns noradrenalina, pois essas promovem a quebra

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


105

de glicogênio em glicose, aumentando ainda suspenso imediatamente, e o paciente aborda-


mais os níveis de glicose circulante (SOUZA et do como descrito no tópico sobre complicações.
al., 2003; TÓFOLI et al., 2005). Nesses casos, c) Complicações bucais: o Quadro 2
eles recomendam usar preparados sintéticos sumariza as principais complicações bucais do
(felipressina), ou usar anestésicos sem DM e seu tratamento.
vasoconstrictores (TÓFOLI et al., 2005). A
lidocaina 2%, mepivacaína 2%, articaína 4% Medidas preventivas
associados à adrenalina 1:100.000, prilocaína Pacientes bem controlados deverão ser
3% com felipressina a 0,03 UI/mL, ou avaliados a cada 6 meses, e aqueles com descon-
mepivacaína 3% (sem vasoconstrictor) são op- trole metabólico mais freqüentemente. Nas con-
ções de anestésicos locais usados em pacientes sultas odontológicas, eles serão informados
com DM. quanto à técnica e à freqüência de escovação e
Procedimentos: do uso do fio dental, e receberem profilaxia para
a) radiografias, exame físico e moldagens: cárie e periodontite com aplicação de flúor e
podem ser feitos sem restrição; remoção de placas e cálculo. A entrega de fo-
b) exodontias, raspagem e cirurgias lhetos explicativos com informações quanto à
periodontais, endodontia, apicectomia, coloca- manutenção da saúde oral e condições que o
ção de bandas ortodônticas, injeções anestésicas façam suspeitar de problemas dentários é útil
locais intraligamentares e limpeza profilática para ajudar a fixar o conhecimento. Situações
como sangramento: avaliar uso de antibiotico- que devem motivar a consulta ao dentista são:
terapia (ORSO; PAGNONCELLI, 2002; SOU- gengiva vermelha, inchada, que sangre ou te-
ZA et al., 2003; HORLIANA et al., 2005); nha pus, mau hálito inexplicável, dor ao masti-
c) implantes osteointegrados: contra-in- gar, dor de dente, boca seca, candidíase e den-
dicados nos DM descontrolado, devido à alte- tes móveis ou “bambos” com exceção da troca
ração na síntese do colágeno (SOUZA et al., de dentição decídua.
2003);
d) tratamento hospitalar: é prudente que Ficha clínica: os Quadros 3 e 4
seja realizado em consulta com o sumarizam uma ficha clínica para consulta
endocrinologista. odontológica do paciente com diabetes.

Situações especiais
a) Insuficiência renal: não administrar CONSIDERAÇÕES FINAIS
drogas excretadas por via renal (gentamicina,
amicacina). Os antibióticos, analgésicos ou O DM é considerado um grave proble-
antiinflamatórios de escolha são os ma de saúde pública, devido ao aumento de
metabolizados pelo fígado. AINES devem ser sua incidência. Por ser uma doença sistêmica,
usados com cautela, porque podem promover tem influência em todo o organismo, inclusive
retenção de sódio e água e provocar sangramento na cavidade oral, aumentando a susceptibilida-
gástrico (SANCHES et al., 2004). de à xerostomia, hiposalivação, candidíase e
b) Hipoglicemia: o cirurgião-dentista doença periodontal. Essa predisposição é maior
deve estar preparado para eventuais emergênci- em pacientes mal controlados.
as relacionadas ao DM durante o tratamento Por isso, é importante que o cirurgião-
odontológico, e o paciente deve ser encorajado dentista faça parte da equipe multiprofissional
a comunicar qualquer sensação de mal-estar que cuida dos pacientes com DM. Cabe ao den-
(MEALEY et al., 1999; SOUZA et al., 2003). tista conhecer melhor essa patologia e suas ma-
Se o paciente desenvolver sintomatologia suges- nifestações bucais, estando preparado, inclusi-
tiva de hipoglicemia, o procedimento deverá ser ve, para atuar em casos de hipoglicemia duran-
te o tratamento. Pacientes bem controlados de-

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


106

Quadro 3 - Ficha de atendimento odontológico do paciente com diabetes melito (Parte I).

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


107

Quadro 4 - Ficha de atendimento odontológico do paciente com diabetes melito (Parte II).

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


108

vem ser tratados como não diabéticos, sem ne- ções. Infelizmente, a literatura é pobre em es-
cessidade de cuidados especiais. Pacientes com tudos com boa qualidade metodológica para
descontrole metabólico deverão receber trata- apoiar a maioria das condutas recomendadas,
mento paliativo até a restauração do controle as quais se apóiam principalmente em concei-
glicêmico. Pacientes com complicações crôni- tos teóricos.
cas serão tratados de acordo com suas limita-

Dental care of the patient with diabetes mellitus: clinical practice


recommendations
Abstract
Diabetes mellitus (DM) encompasses a group of metabolic diseases that have in common the presence
of hyperglycemia. Besides its clinical complications, the poorly controlled DM is also associated with oral
health disorders (e.g., periodontal disease, xerostomy, hypossalivation, susceptibility to infections, difficulty
in healing). This paper aims to update the dental-surgeon on the current knowledge of DM and presents
a protocol to guide the dental care of the diabetic patient. The literature review used the MEDLINE and
LILACS database searching for articles published in the past ten years utilizing the following keywords:
diabetes mellitus, dentistry, oral health and periodontal disease. The results are structured in topics. The
first part presents updated information regarding the diagnosis, clinical, oral manifestations and treatment
of the DM. The second part, proposes a clinical protocol in which are discussed, in a didactic manner (e.g.,
history, physical examination, subsidiary evaluation), the most common doubts related to the dental consult
of the diabetic patient (e.g., antibiotic prophylaxis during procedures with high risk of bacteremia, use of
antiinflammatory, sedatives and anesthetics with vasoconstrictors, definite versus palliative treatment, how
to proceed in the event of hypoglycemia and hyperglycemia, when to suspect of a DM yet non diagnosed).
At the end, a clinical sheet summarizes the most important aspects of this evaluation. Patients with well
controlled diabetes can be treated similarly to non-diabetics for most routine dental needs. The dental
practitioner, in communication with the assistant physician, plays an important role in the promotion
and maintenance of the diabetic patient's quality of life.

Keywords: Diabetes mellitus-Dentistry; Oral health; Periodontal disease.

REFERÊNCIAS

ALBERTI, S. Citologia esfoliativa da mucosa AMERICAN DIABETES ASSOCIATION.


bucal em pacientes diabéticos tipo II: morfologia Diagnosis and classification of diabetes mellitus.
e citomorfometria. 2002 Dissertação Diabetes Care, Alexandria, v.27, p.S5-S10,
2004.
(Mestrado)- Faculdade de Odontologia, Uni-
versidade de São Paulo, Bauru, 2002. ANTUNES, S.F. et al. Diabetes mellitus e a
doença periodontal. R. Odonto. Ciênc., Porto
AMARAL, F.M.F.; RAMOS, P.G.A.;
Alegre, v.18, n.40, p.107-111, 2003.
FERREIRA, S.R.G. Estudo da freqüência de
cáries e fatores associados no diabetes mellitus CALLIARI, P.E.L. Diabetes mellitus tipo 1.
tipo 1. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., Rio de In:______; GUERRA JÚNIOR, G. (Ed).
Janeiro, v.50, p.515-522, 2006. Endocrinologia pediátrica. São Paulo: Atheneu,
2004. p.121-128.

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


109

CIANCOLA, L.J., et al. Prevalence of MANNA, T.D. et al. Diabetes mellitus na in-
periodontal diseaes in insulin-dependent dia- fância e adolescência. In: SETIAN, N. (Ed.)
betes mellitus (juvenile diabetes). J. Am. Dent. Endocrinologia pediátrica: aspectos físicos e
Assoc., Chicago, v.104, p.653-660, 1982. metabólicos do recém-nascido ao adolescente.
2.ed. São Paulo: Sarvier, 2002. p.195-229.
COSTA, C.C. et al. Estudo das manifestações
bucais em crianças com diabetes e suas variá- MEALEY, B. et al. Diabetes and periodontal
veis de correlação. Arq. Bras. Endocrinol. diseases. J. Periodontol., Chicago, v.70, p.935-
Metab., Rio de Janeiro, v.48, p.374-378, 2004. 949, 1999.
DAJANI, A.S. et al. Prevention of bacterial MIRALLES, L.J. et al. Estudio clínico sobre la
endocarditis: recommendations by the patología bucodentaria en el paciente diabéti-
American Heart Association. J. Am. Dent. co tipo 1. Med. Oral., Valencia, v.7, p.58-62,
Assoc., Chicago, v.277, p.1794-1801, 1997. 2002.
EISELEIN, L.; SCHWARTZ, H.J.; MISTRO, F.Z. et al. Diabetes mellitus: revi-
RUTLEDGE, J.C. The challenge of type 1 são e considerações no tratamento odontológico.
diabetes mellitus. ILAR J., Washington, DC, R. Paul. Odontol., São Paulo, v.25, p.15-18,
v.45, n.3, p.231-236, 2004. 2003.
FERREIRA, S.B.G.; VANNUCCI, M.G.. MOORE, P.A. et al. Type 1 diabetes mellitus,
Noções de diabetes para o não especialista. In: xerostomia, and salivary flow rates. Oral Surg.
BRUNETTE, C.M. (Ed). Periodontia médi- Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod.,
ca: uma abordagem integrada. São Paulo: St. Louis, v.92, n.3, p.281-291, Sept. 2001.
SENAC, 2004. p.152-170.
NEVILLE, B.W. et al. Manifestações orais e
FUNK, J.R. et al. Biochemical evaluation of doenças sistêmicas. In: ______. Patologia oral
early fracture healing in normal and diabetic e maxilofacial. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
rats. J. Orthop. Res., New York, v.18, p.126- Koogan, p601, 2004.
132, 2000.
NOVAES, A.B. et al. Manifestations of insulin-
GREGHI, S.L.A. et al. Relação entre diabetes dependent diabetes mellitus in the
mellitus e doença periodontal. R. APCD, São periodontium of young Brazilian patients: a 10-
Paulo, v.56, p.265-269, 2002. year follow-up study. J. Periodontol., Chica-
go, v.68, p.328-334, 1997.
HORLIANA, A.C.R.T. et al. Integração entre
o cirurgião-dentista e o médico no atendimen- ORSO, V.A.; PAGNONCELLI, R.M.. O per-
to dos diabéticos. R. Assoc. Paul. Cir. Dent., fil do paciente diabético e o tratamento
São Paulo, v.59. p.367, 2005. odontológico. R. Odonto Ciênc., Porto Ale-
gre, v.17, p.206-213, 2002.
KARJALAINEN, K.N.; KNUUTTILA, M.L.
The onset of diabetes and poor metabolic PALMER, R.; SOORY, M. Fatores
control increase gingival bleeding in children modificadores: diabetes, puberdade, gravidez e
and adolescents with insulin-dependent diabetes menopausa e tabagismo. In: LINDHE, J. Tra-
mellitus. J. Clin. Periodontol., Copenhagen, tado de periodontia clínica e implantologia oral.
v.23, p.1060-1067, 1996. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
p.176-180.
KAWAMURA, J.Y. Avaliação clínica,
radiográfica e imunohistoquímica da doença SANCHES M.H. et al. Cuidados
periodontal em pacientes portadores de diabe- odontológicos em portadores de insuficiência
tes mellitus tipo 1. 2002. Dissertação renal crônica. R. Paul. Odontol., São Paulo,
(Mestrado)-Faculdade de Odontologia, Univer- n.5, p.29-32, 2004.
sidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006


110

SANTANA D. et al. Manifestações orais em of type-1 diabetes mellitus pacients. Mycoses,


diabéticos metabolicamente descompensados. Berlin, v.47, p.315-318, 2004.
RGO, Porto Alegre, v.50, p.23-29, 2002.
TÓFOLI, G.R. et al. Tratamento odontológico
SHIP, J.A. Diabetes and oral health. J. Am. em pacientes com diabetes mellitus. R. Assoc.
Dent. Assoc., Chicago, v.134, p.4S-10S, 2003. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v.59, p.306-310,
SILVERSTEIN, J. et al. Care of children and 2005.
adolescents with type 1 diabetes. Diabetes Care, VASCONCELOS, L. et al. Influência do dia-
Alexandria, v.28, p.186-212, 2005. betes melito na reparação óssea: revisão de lite-
SOUTHERLAND, J.H. et al. Commonality ratura. R. Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo,
in chronic inflammatory diseases: periodontitis, v.58, p.339-342, 2004.
diabetes, and coronary artery disease. VERNILLO, A.T. Dental considerations for
Periodontol. 2000, Copenhagen, v.40, p.130- the treatment of patients with diabetes mellitus.
43, 2006. J. Am. Dent. Assoc., Chicago, v.134, p.24S-
SOUZA, R.R. et al. O paciente odontológico 33S, 2003.
portador de diabetes mellitus. Pesq. Bras. WEHBA, C.; RODRIGUES, A.S.; SOARES,
Odontopediatr. Clin. Integr., João Pessoa, v.3, F.P. Diabetes e doença periodontal: uma rela-
p.71-77, 2003. ção bidirecional. In: BRUNNETTE, C.M.
SPANHEIMER, R.G.; UMPIERREZ, G.E.; Periodontia médica: uma abordagem integra-
STUMPF, V. Decreased collagen production da. São Paulo: SENAC, 2004. p.173-195.
in diabetic rats. Diabetes, Alexandria, v.37, WYNN, R.L.; MEILLER, T.F. Drugs and dry
p.371-376, 1987. mouth. Gen. Dent., Chicago, v.49, n.1, p.10-
TEKELI, A. et al. Candida carriage and 12, 14, 2001.
Candida dubliniensis in oropharyngeal samples
Recebido em / Received: 10/052006
Aceito em / Accepted: 30/08/2006

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006

Você também pode gostar