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Organizadora
RAÇA,
HIGIENE SOCIAL
E NAÇÃO FORTE
MITOS DE UMA ÉPOCA
RAÇA, HIGIENE SOCIAL
E NAÇÃO FORTE
mito s d e u ma épo ca
Editora da Universidade Estadual de Maringá
Reitor: Prof. Dr. Júlio Santiago Prates Filho. Vice-Reitora: Profa. Dra. Neusa Altoé. Diretor da Eduem: Prof. Dr. Ivanor Nunes do
Prado. Editor-Chefe da Eduem: Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini.
Conselho Editorial
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Marcos Cipriano da Silva. Comercialização: Norberto Pereira da Silva, Paulo Bento da Silva, Solange Marly Oshima.
Maria Lucia Boarini
(organizadora)
Prefácio
Oswaldo H. Yamamoto
Maringá
2011
Copyright © 2011 para os autores
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo mecânico,
eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, dos autores.
Todos os direitos reservados desta edição 2011 para Eduem.
R111 Raça, higiene social e nação forte : mitos de uma época / Maria Lucia Boarini (organizadora) ;
prefácio Oswaldo H. Yamamoto. -- Maringá : Eduem, 2011.
252p. : il.
Vários autores.
ISBN 978-85-7628-379-9
Prefácio
Oswaldo H. Yamamoto.............................................................. 7
Apresentação
Maria Lucia Boarini................................................................... 11
Referências..................................................................... 235
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Prefácio
Oswaldo H. Yamamoto
1 HOBSBAWN, Eric J. A era dos extremos: o breve século XX. (1914-1991). São Paulo: Companhia
das Letras, 1995.
RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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PREFÁCIO
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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Apresentação
Maria Lucia Boarini
poderiam vir de fora, “no exército o perigo era ainda maior, pois
não somente estava ‘dentro’, como também armado”.
No capítulo terceiro, intitulado A Eugenia sob a lente
de Lima Barreto, de nossa autoria, recuperamos alguns
posicionamentos do escritor brasileiro Lima Barreto em
relação à ciência produzida e veiculada na época. Do rico
legado literário de cunho memorialístico deste escritor
circunscrevemos suas críticas e dúvidas a algumas “certezas” e ao
caráter discriminatório de algumas produções cientificas. Além
disto, dando voz à literatura imbricada em sua historicidade,
objetivamos demonstrar a literatura como fonte relevante para
leitura e compreensão da produção social de uma época, e
nesta medida constatar o profícuo diálogo entre a ciência e a
literatura.
Na sequência vem o texto intitulado A eugenia pela arte
cinematográfica, de autoria dos jovens cientistas Durval
Wanderbroock Junior, Renata Heller de Moura e Saulo Luders
Fernandes. Focalizam para análise os fatos e acontecimentos
expressados pelos comentários “Homo Sapiens 1900” e
“Arquitetura da Destruição”, dirigidos pelo diretor sueco Peter
Cohen (1946-). Tomando como instrumento de análise a arte
cinematográfica, os autores discutem a limpeza racial como forma
de aperfeiçoar a espécie humana e criar um novo homem.
A seguir, Marcos Maestri, com o texto intitulado As
campanhas antialcoólicas nas escolas primárias - nas décadas
de 20 e 30 do século XX, no Brasil, indica quão antigo é o
fenômeno do abuso de bebidas alcoólicas. Maestri demonstra a
grande preocupação dos membros da Liga Brasileira de Hygiene
Mental ante a alta incidência de consumo de bebidas alcoólicas
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APRESENTAÇÃO
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Reflexões sobre eugenismo à
francesa: Alexis Carrel
Marcos Alexandre Gomes Nalli
Todos aqueles que não podem evitar uma abjeta pobreza aos
filhos deveriam evitar se casar, pois a pobreza é não apenas um
grande mal, mas tende a crescer e a incrementar um descaso
no casamento. Por outro lado, como observou Sr. Galton,
se as pessoas prudentes evitam o casamento, enquanto os
descuidados se casam, os indivíduos inferiores da sociedade
tendem a suplantar os indivíduos superiores da sociedade (apud
PICHOT, 2000, p. 181, tradução nossa)1.
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
A polêmica Carrel
the basis for the development of the moral sense, may be safely attributed”. Disponível em:
<http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F937.2&keywor
ds=galton&pageseq=420>.
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REFLEXÕES SOBRE EUGENISMO À FRANCESA
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
Citações como essas, por outro lado, não nos permitem ler
o livro de Carrel como um manifesto pessimista da civilização
moderna, da civilização científica de seu tempo. Claro que é
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REFLEXÕES SOBRE EUGENISMO À FRANCESA
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REFLEXÕES SOBRE EUGENISMO À FRANCESA
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REFLEXÕES SOBRE EUGENISMO À FRANCESA
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REFLEXÕES SOBRE EUGENISMO À FRANCESA
Considerações finais
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Soldados de todo o país: higienizai-
vos! A Liga Brasileira de Hygiene
Mental e as Forças Armadas
(1914-1945)
Durval Wanderbroock Junior
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S O L DA D O S D E T O D O O PA Í S
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S O L DA D O S D E T O D O O PA Í S
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S O L DA D O S D E T O D O O PA Í S
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A eugenia sob a lente de Lima
Barreto
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
Paulo. No mesmo período foi publicada uma breve nota por João
do Rio, e em 1914 Alexandre Tepedino apresentou à Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro uma tese intitulada Eugenia. No
dia 13 de abril de 1917 foi proferida pelo médico Renato Ferraz
Kehl (1889-1974) a primeira conferência sobre Eugenia no
Brasil, realizada na Associação Cristã dos Moços (ACM) de São
Paulo, a convite de seus diretores. Esta Conferência foi publicada
na íntegra no dia 19 do mesmo mês, no Jornal do Comércio.
A eugenia foi tomando o seu lugar nos debates científicos
propriamente ditos em janeiro de 1918, com a fundação da
Sociedade Eugênica de São Paulo por Renato Ferraz Kehl, sob o
patrocínio de Arnaldo Vieira de Carvalho, diretor da Faculdade
de Medicina de São Paulo. Esta Sociedade contava inicialmente
com 140 médicos associados e era a primeira instituição desse
gênero constituída na América do Sul (KEHL, 1922). Nesse
período, as propostas e encaminhamentos de caráter eugênico
já contavam com defensores contundentes tais como, Afrânio
Peixoto, Belisário Penna e outros.
Nas palavras do médico Renato Ferraz Kehl (1922, p. 27,
grifo do autor), importante publicista do ideário da eugenia,
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A EUGENIA SOB A LENTE DE LIMA BARRETO
1 Para Lamarck, não são os órgãos que condicionam os hábitos e as faculdades vitais, mas,
ao contrário, são os hábitos e a maneira de viver que condicionam os órgãos; com isso,
há uma atrofia pelo desuso e um desenvolvimento anormal pelo uso intensivo. Ele cita
vários exemplos cabíveis em sua teoria: a necessidade de flutuação das aves aquáticas fê-las
desenvolver um tipo especial de pés; na girafa, um pescoço agigantado foi produzido para
alcançar as arvores cujas folhas lhe servem de alimento; nas serpentes, a necessidade de
rastejar acarretou o desaparecimento dos membros, entre outros (STEBBINS, 1974, p. 9).
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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A EUGENIA SOB A LENTE DE LIMA BARRETO
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A EUGENIA SOB A LENTE DE LIMA BARRETO
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A EUGENIA SOB A LENTE DE LIMA BARRETO
3 .
César Lombroso (1835-1909) desenvolveu estudos e definiu perfis de criminosos
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A EUGENIA SOB A LENTE DE LIMA BARRETO
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A eugenia pela arte
cinematográfica
Durval Wanderbroock Junior, Renata Heller
de Moura, Saulo Luders Fernandes
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
Considerações finais
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As campanhas antialcoólicas nas
escolas primárias - nas décadas de
20 e 30 do século xx no Brasil
Marcos Maestri
As campanhas antialcoólicas
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A S C A M PA N H A S A N T I A L C O Ó L I C A S N A S E S C O L A S P R I M Á R I A S
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A S C A M PA N H A S A N T I A L C O Ó L I C A S N A S E S C O L A S P R I M Á R I A S
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A S C A M PA N H A S A N T I A L C O Ó L I C A S N A S E S C O L A S P R I M Á R I A S
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
Propõe, por isso, a Liga, que em cada Escola, onde haja uma
educadora abstêmia, exista, aos cuidados desta, um pequeno
‘livro dos alunos abstêmios’, rubricado pelo inspetor escolar ou
pelo inspetor médico-escolar, ou pela diretora da Escola, no qual
cada assinatura implique o compromisso formal da abstenção de
bebidas alcoólicas durante o prazo de um ano. Decorrido este,
deverá ser o compromisso reiterado, por escrito, para outros
doze meses [...] (LBHM, 1930b, p. 133).
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A S C A M PA N H A S A N T I A L C O Ó L I C A S N A S E S C O L A S P R I M Á R I A S
Considerações finais
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A educação escolar do deficiente
mental: a proposta higienista
Milena Luckesi de Souza
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A EDUCAÇÃO ESCOLAR DO DEFICIENTE MENTAL
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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A pedagogia médico-higiênica de
Manoel Bomfim: um olhar sobre a
criança nas primeiras décadas
do século XX
Roselania Francisconi Borges
todo indivíduo precisa saber para viver como ser humano social,
qualquer que seja a sua situação pessoal e o seu destino possível
[...]”. Atribuía a ela uma dupla função: “ensinar umas tantas
cousas, e educar convenientemente a mentalidade da criança”
(1926, p. 99, grifo do autor).
Ante a alegação de alguns parlamentares de que era direito
dos pais não obrigarem seus filhos a frequentar a escola primária,
Manoel Bomfim recorre ao Estado como lei maior na tarefa
de debelar o analfabetismo e enfatiza que “seria monstruoso
que o Estado, defensor efectivo dos fracos, além de admitir o
não cumprimento de um dever moral, reconhecesse nos pais o
direito de condenar as crianças, pessoalmente indefesas e fracas,
ao grande mal do analfabetismo e da ignorância” (BOMFIM,
1926, p. 101).
Na mesma perspectiva de análise, Leão (1917, p. 83) clama ao
poder público em prol da educação popular. Inflamado, assim
se expressa: “Organizemos a educação nacional, eduquemos o
nosso povo, ensinando-lhe cousas práticas e úteis, fazendo-o
trabalhar, individualizar-se e viver”.
Seus anseios, tal como os de Manoel Bomfim, pautavam-
se em ideais por ele vislumbrados de conquistas educacionais
obtidas por países que ele admirava, às quais ele atribuía o
desenvolvimento econômico por eles alcançado. Nessa linha
de raciocínio Carneiro Leão ainda acentuava: “Unamo-nos,
solidários e resolutos, para esta campanha de alevantamento
cívico, de educação do nosso povo, de salvação da pátria”
(LEÃO, 1917, p. 153).
Enquanto grande parte dos setores médios discutia se
era ou não necessário ofertar e tornar obrigatória a educação
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A PEDAGOGIA MÉDICO-HIGIÊNICA DE MANOEL BOMFIM
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A PEDAGOGIA MÉDICO-HIGIÊNICA DE MANOEL BOMFIM
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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A PEDAGOGIA MÉDICO-HIGIÊNICA DE MANOEL BOMFIM
pode nos oferecer, que muitas das questões por eles postas
como ideais de desenvolvimento social e progresso para
todos, via educação, não foram viabilizadas ao longo desses
cem anos. Podemos perceber ainda que, mesmo o tempo
tendo demonstrado o equívoco de ser atribuir à educação o
desenvolvimento de um país, tais concepções ainda continuam
presentes nos discursos da contemporaneidade. Não é nosso
intuito avançar para o terreno da crítica e discussões sobre
educação na atualidade, porém, a título de ilustração de
nossas proposições iniciais, destacamos algumas falas que
ilustram tal constatação. Durante o 1º Congresso Nacional
de Combate ao Insucesso Escolar de Resende, em Minas
Gerais, ocorrido no ano de 2006 no discurso de abertura a
fala do presidente do Congresso, é de que:
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A PEDAGOGIA MÉDICO-HIGIÊNICA DE MANOEL BOMFIM
1 No Relatório mundial de monitoramento sobre educação para todos divulgado pela Unesco em
2007 o Brasil aparece em 72º lugar, entre 125 países (RELATÓRIO..., 2008).
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A participação da família na escola
higienizada
Maria Silvinha Carraro Martins
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A PA RT I C I PA Ç Ã O DA FA M Í L I A N A E S C O L A H I G I E N I Z A DA
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A PA RT I C I PA Ç Ã O DA FA M Í L I A N A E S C O L A H I G I E N I Z A DA
Considerações finais
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Referências
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REFERÊNCIAS
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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REFERÊNCIAS
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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REFERÊNCIAS
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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REFERÊNCIAS
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RAÇA , HIGIENE SOCIAL E NAÇÃO FORTE
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REFERÊNCIAS
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Sobre os autores
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