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EXPORTAÇÃO DE K EM FOLHAS E RAÍZES DE CENOURA EM CULTIVO

ORGÂNICO

1Wanderley BUTZKE; 2Larissa Costa MELO; 3Mirielle Aline GREIN; 4Robinson Jardel Pires de OLIVEIRA,
5Romano Roberto VALICHESKI.

1,2,3Acadêmico Curso de Agronomia, IFC-Campus Rio do Sul 1; Professor Orientador, IFC-Campus Rio do Sul 4.
robinson.oliveira@ifc.edu.br;

RESUMO
Com o objetivo avaliar a teor de K acumulado em plantas de cenoura sob
diferentes níveis de adubação orgânica, foi instalado um experimento em
blocos casualizados, com 5 tratamentos e 4 repetições, sendo testado 0; 1; 2; 4
e 8 ton ha-1 de esterco de peru. Semeou-se a cultivar Brasília em parcelas com
1,3 m2, espaçadas 0,25m entre linhas e 5 cm entre plantas. Foram avaliadas 4
plantas, determinando-se os teores de K no tecido seguindo metodologia
descrita por TEDESCO et al., 1995. A planta acumulou 165,02 kg ha -1 de K na
dose 4,5 ton ha-1 de esterco de peru.

INTRODUÇÃO

A cenoura (Daucus carota L.), é a principal hortaliças em expressão econômica


na família das Apiaceae (DUDA & ARAUJO, 2003), e cultivada em grande escala na
região Sul e Sudeste (JOVCHELEVICH, 2007). Entre as hortaliças cuja parte
comestível são as raízes, a cenoura é a de maior valor de comercialização (GALLETA,
1990).
A cultura tem respondido à adubação orgânica, especialmente em solos de baixa
fertilidade e/ou compactados (EMBRAPA HORTALIÇAS, 2008). Por ser consumida na
forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de cenoura (sem
agroquímicos) é essencial para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio
ambiente. Os dejetos de aviário, no qual se inclui a cama de peru, é rico em nutrientes, e
a sua aplicação tem sido associada à melhorias nos atributos químicos, físicos e
biológicos do solo (COSTA et al. 2009).
Portanto, espera-se que a aplicação de esterco de peru promova elevação nos
teores de K, influenciando na produção dos cultivos. Desta forma o presente trabalho
teve como objetivo avaliar a teor de K exportado pela cultura da cenoura cultivada sob
diferentes níveis de adubação orgânica com esterco de peru.
MATERIAL E MÉTODO
O presente trabalho foi implantado em 15/08/2016, na área experimental do
setor de agroecologia do IFC – Campus Rio do Sul. O solo da área possui os seguintes
atributos químicos: pH em água de 6,8; teores de Ca +2 (5,6), de Mg+2 (3,9), Al+3 (0,0) e
CTC (11,45), em cmolc dm3; saturação por bases de 89,54%, teor de argila de 24% e
teores de P (168,1) e K+ (294), em mg/dm³. O fertilizante “esterco de peru”, apresentou
as seguintes concentrações de nutrientes: 495,2 mg/dm³ de P, 9600 mg/dm³ de K e
14,6% de M.O.
O experimento foi montado em blocos casualizados, sendo 5 tratamentos com 4
repetições. Os tratamentos utilizados foram: T1= 0 ton ha-1; T2= 1 ton ha-1; T3= 2 ton
ha-1; T4= 4 ton ha-1; T5= 8 ton ha-1 de esterco de peru. Semeou-se a cultivar Brasília
em canteiros com 1,3 m de largura x 7,0 m de comprimento, subdivididos em parcelas
com 1,3 m2. O espaçamento foi 0,25m entre linhas e raleio aos 10 dias após a
emergência, com 5 cm entre plantas, totalizando 30 plantas por linhas. Das 120 plantas,
foram avaliadas 4 plantas aos 100 dias após a semeadura, secas em estufa (60°C) até
atingir peso constante, triturado em moinho tipo Willey e submetido à digestão
sulfúrica, determinando-se os teores de K no tecido de folhas e raízes seguindo
metodologia descrita por TEDESCO et al., (1995).
Após tabulação, os dados foram submetidos a análise de variância com aplicação
do teste de F e quando significativo, foram comparadas pelo teste Scott Knott (α=1% e
5%), utilizando o programa SASm-Agri (CANTIERI et al., 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de F e o nível de significância para as fontes de variação, bem como
o coeficiente de variação experimental para exportação de K em folhas, raízes e total
nas plantas em função das diferentes doses de esterco de peru aplicadas no solo, não
apresentaram efeito significativo (P<0,05) para as variáveis analisadas (tabela 1). A
ausência de resposta a adubação orgânica e aos teores de K contidas na mesma é um
indicativo de que os teores disponíveis previamente no solo foram suficientes para
atender a demanda das plantas neste período. Segundo Almeida et al., (1997), os
Cambissolos da região de Rio do Sul apresentam a mineralogia da fração argila
composta de caulinita como argilomineral dominante, além de mica (ou ilita),
argilominerais 2:1 com ou sem polímeros de hidroxi-Al nas entrecamadas,
interestratificados e quartzo. Esses argilominerais do tipo 2:1, devido os fatores do
intemperismo agem de modo gradual, podendo estar liberando parte do potássio que a
cenoura necessita para o seu desenvolvimento.
Para o fator de variação bloco não houve resposta significativa, indicando que
não havia à necessidade desse modelo de delineamento experimental, uma vez que área
onde foi implantada o experimento é uniforme (Tabela 1).
Tabela 1. Acúmulo de K (kg ha-1) em folhas, raízes e total nas plantas (folhas + raízes)
de cenoura em função das diferentes doses de esterco de peru (Ton ha -1), valor de F,
coeficiente de variação e efeito de bloco. Rio do Sul, SC, IFC – Campus Rio do Sul,
2017.
F.V. Teor de K em Teor de K em Teor de K na planta
folhas raízes
kg ha-1
0 Ton ha -1 29,39 81,28 110,67
1 Ton ha -1 33,83 109,02 142,85
2 Ton ha-1 45,00 116,63 161,64
4 Ton ha-1 43,89 116,64 160,53
8 Ton ha -1 35,57 113,69 149,26
Valor F 1,58ns 3,83ns 2,17ns
Bloco 4,94* 5,87* 6,17*
C.V. (%) 24,57 15,44 16,81
ns= não significativo, *=significativo (5%), **=altamente significativo (1%)

Em relação ao acúmulo de potássio pelas folhas, raízes e total na planta, mesmo


não havendo não havendo uma resposta significativa a (α= 1% e 5%), observou-se que
nos tratamentos com adição de esterco de peru, o acúmulo de K para folhas, raízes e
total na planta foi maior que na testemunha (figura 1), indicando o fenômeno de
“consumo de luxo” amplamente relatado na literatura para o potássio, uma vez que a
alta disponibilidade de um nutriente faz com que a sua absorção e acúmulo pelas
culturas seja maior, mesmo que não ocorra resposta de aumento de produtividade com o
uso do nutriente (FERNANDES, 2006). Para os dados obtidos, o modelo quadrático, de
segunda ordem, foi o mais adequado, obtendo-se R2= 0,86 para a folha e planta e R2=
0,79 para o acúmulo nas raízes, sendo que no ponto de máximo acúmulo, a planta
acumulou 46,03 kg ha-1 de K nas folhas, 124,79 kg ha-1 de K nas raízes e 165,02 kg ha-1
de K na planta para a dose 5,0 ton ha-1 de esterco de peru.
Isso mostra que, embora não tenha se observado resposta à adubação potássica, a
quantidade de K acumulada em folhas, raízes e total na planta é relevante, sendo um
fator importante para o ajuste da adubação dos cultivos subsequentes. Conforme Alves
et al., (2008), o elevado acúmulo de potássio nas folhas e raízes da cenoura confirma a
importância deste nutriente para plantas armazenadoras de reserva em órgão
subterrâneos, que faz dele o nutriente mais extraído pela planta, para translocação de
açúcares e síntese de amido e requerido para a obtenção de produções elevadas.

Figura 1. Acúmulo de potássio em folhas, raízes e na planta em função da dose de


esterco de peru (Ton ha-1) aplicados no solo. Rio do Sul, SC, IFC – Campus Rio do Sul,
2017.

CONCLUSÃO
No ponto de máximo, a planta acumulou 46,03 kg ha -1 de K nas folhas, 124,79 kg ha-1
de K nas raízes e 165,02 kg ha-1 de K na planta para a dose 5,0 ton ha -1 de esterco de
peru.

REFERÊNCIAS

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de rocha pelítica nos patamares do Alto Rio Itajaí e no Planalto de Lages (SC).Revista
Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v.21, n.2, p.181-190, 1997.

ALVES, A.U.; PRADO, R.M.; GONDIM, A.R.O.; FONSECA, I.M.; CECÍLIO FILHO,
A,B. Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omissão de
nutrientes.Revista Horticultura Brasileira, v. 26, n. 2, p. 292-295, 2008.
CANTERI, M.G.; ALTHAUS, R.A.; VIRGENS FILHO, J.S. GIGLIOTI, E.A.,
GODOY, C.V. SASM - Agri : Sistema para análise e separação de médias em
experimentos agrícolas pelos métodos Scoft - Knott, Tukey e Duncan. Revista
Brasileira de Agrocomputação, v.1, n.2, p.18-24. 2001.

COSTA, A. M. et al. Potencial de recuperação física de um Latossolo Vermelho, sob


pastagem degradada, influenciado pela aplicação de cama de frango. Ciência e
Agrotecnologia, Lavras, v. 33, ed. esp., p. 1991-1998, 2009.

DUDA, C.; ARAÚJO, E.S. Efeito de espaçamento entre linhas na produção de cenoura.
In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 43, 2003. Recife: SOB(CD-ROM). 2003.

EMBRAPA HORTALIÇAS, Sistema de produção. Versão eletrônica, jun/2008. Acesso


em 25/04/2017. Disponível em:
https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Cenoura/Cenoura_Daucus_
Carota/adubacao.html.

FERNANDES, M.S. Nutrição mineral de plantas. Viçosa, MG, Universidade Federal


de Viçosa, 2006. p.281-298.

GALLETA, C.E.K. 1990. Levantamento da participação do estado de São Paulo no


mercado de hortigranjeiros, Campinas, CATI, 49p.

JOVCHELEVICH, P. 2007. Rendimento, qualidade e conservação pós-colheita de


cenoura (Daucus carota L.), sob cultivo biodinâmico, em função dos ritmos lunares.
Dissertação de Mestrado. 95p. Botucatu: SP.

TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A.; BOHNEN, H.; VOLKWEISS, S.J.
Análise de solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, 174p. 1995.

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