Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISSN: 2525-8761
RESUMO
O artigo discute a biossegurança frente às novas tecnologias, especificamente a moderna
biotecnologia e a nanotecnologia, como contribuição aos processos de ensino, e para isso
foi realizado um estudo descritivo-bibliográfico. O surgimento de novas tecnologias,
como as descritas anteriormente pode levar ao surgimento de novos riscos ocupacionais
e ambientais, além de gerar conflitos acadêmicos, éticos, religiosos, entre outros. Espera-
se que este artigo seja uma base de trabalho para docentes dos níveis Médio e
Superior das áreas de Física, Química, Biologia, Biossegurança, entre outras, no
sentido de colaborar para o planejamento das suas aulas, já que textos com a
integração desses temas – Biossegurança, Biotecnologia e Nanotecnologia, ainda
não são amplamente disponibilizados.
ABSTRACT
The article discusses biosafety in the face of new technologies, specifically modern
biotechnology and nanotechnology, as a contribution to teaching processes, and for this,
a descriptive-bibliographic study was carried out. The emergence of new technologies,
such as those described above, may lead to the emergence of new occupational and
environmental risks, in addition to generating academic, ethical, religious conflicts,
among others. It is expected that this article will be a working base for teachers from the
Middle and Higher levels in the areas of Physics, Chemistry, Biology, Biosafety, among
others, in order to collaborate in the planning of their classes, since texts with the
integration of themes - Biosafety, Biotechnology and Nanotechnology, are not yet widely
available.
1 INTRODUÇÃO
Não há consenso completo sobre os setores de tecnologia a serem considerados
sob o guarda-chuva das novas tecnologias. Isso pode incluir a microeletrônica,
biotecnologia moderna, nanotecnologia, novos materiais, robótica, novas fontes de
energia, telemática, aeronáutica, engenharia médica, telecomunicações, novas fontes de
energia, telefonia móvel, e acima de tudo, o desenvolvimento acelerado da ciência da
computação (FPRL, 2015).
De certa forma, a introdução de novas tecnologias está proporcionando uma
verdadeira revolução que requer a coordenação das ações de todos os setores afetados
para se obter uma maior qualidade de vida.
A crescente unificação entre ciência e tecnologia, que em 2020 teve seu auge,
exemplificado pelo desenvolvimento e produção, nunca vistos, de vacinas contra a Covid-
19, em diferentes plataformas tecnológicas, criando, novas bases para o conhecimento
científico, também apontou que a biossegurança é um campo estratégico do conhecimento
e essencial à segurança do ambiente e da saúde humana (ROCHA; BESSA; ALMEIDA,
2012).
Na área da saúde (ITODO et al, 2020) não tem sido alheia a essa influência e hoje
existem inúmeros procedimentos aos quais as novas tecnologias tem sido aplicadas: no
diagnóstico, monitoramento ou tratamento de doenças, registros médicos online,
dispositivos móveis para tratamento de doenças, equipamentos de diagnóstico, processos
automatizados, produção de insumos farmacêuticos, para elaboração de remédios e
vacinas (IFAs – Insumo Farmacêutico Ativo), e até consultas médicas na internet estão
entre esses avanços.
Portanto, este artigo busca realizar uma discussão sobre essa temática, ou seja, a
biossegurança frente as novas tecnologias, especificamente a moderna biotecnologia e a
nanotecnologia, como contribuição aos processos de ensino. Não está no escopo deste
artigo questões relacionadas a biotecnologia tradicional ou clássica, como a utilizada na
produção de laticínios, pães, bebidas, entre outros.
Espera-se que este artigo seja uma base de trabalho para docentes dos níveis
Médio e Superior das áreas de Física, Química, Biologia, Biossegurança, entre
outras, no sentido de colaborar para o planejamento das suas aulas, já que textos
Para se ter uma ideia desta escala, um fio de cabelo humano está entre 10.000 a
100.000nm, as hemácias, que são as células vermelhas do sangue, medem cerca de 10
micra (micra é o plural de mícron) ou 10.000nm, os vírus normalmente têm dimensão
máxima de 10nm a 100nm e uma molécula de ácido desoxirribonucleico (DNA) tem
diâmetro de cerca de 2nm (HOHENDORFF, 2018, p.6).
Os primeiros conceitos de nanotecnologia foram introduzidos pelo físico
americano Richard Feynman em 1959. Nesta palestra Feynman explorou a ideia de
escrever toda a enciclopédia britânica na cabeça de um alfinete. Para isso deve-se
manipular a matéria na escala de átomos e moléculas (COSTA; COSTA, 2020).
O termo "Nanotecnologia" foi criado em 1974 por Norio Taniguchi, um
pesquisador da universidade de Tóquio e foi usada, para descrever a habilidade de se criar
materiais precisos na escala nanométrica. A “paternidade” da tecnologia em si seria do
primeiro doutor na área, o engenheiro norte-americano Eric Drexler, autor do livro
Engines of creation: the coming era of nanotechnology (Engenhos da criação: o advento
da era da nanotecnologia), de 1986, importante na disseminação dessa nova tecnologia
para o grande público (CERAVOLO, 2015). Atualmente a nanotecnologia é aplicada a
diversas áreas, o que chamamos de plasticidade das nanotecnologias (COSTA; COSTA,
2020):
Como as nanopartículas são muito pequenas, [...] são regidas por leis físicas
muito diferentes daquelas com as quais a ciência está acostumada. Existem
probabilidades de que as nanopartículas apresentem grau de toxicidade maior
do que as partículas em tamanhos normais, podendo assim ocasionar riscos à
saúde e segurança de pesquisadores, trabalhadores e consumidores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Novas tecnologias podem trazer muitos benefícios, mas também, vários riscos
agregados, alguns conhecidos, outros desconhecidos. Essas incertezas, porém, não
justificam a falta de atenção aos processos e produtos da nanotecnologia, que podem
gerar danos sérios e irreversíveis no futuro. Devemos observar cotidianamente os
Princípios da Prevenção e o da Precaução. Esse alerta, somado às incertezas da
convergência tecnológica, especificamente das interações bio-nano, acentuam ainda mais
a necessidade da inclusão da biossegurança nessas discussões, que infelizmente não estão
ocorrendo na velocidade desejada.
Há necessidade de que a sociedade esteja devidamente esclarecida sobre às
questões que envolvem essas novas tecnologias, e que as “fake news”, passem longe desse
processo, embora saibamos que os diversos interesses enraizados, principalmente os
comerciais, ainda estarão presentes.
Portanto, é importante que haja o fortalecimento das parcerias universidade-
indústria-sociedade de modo a estabelecer mecanismos e instrumentos de monitoramento
e rastreamento para que essas novas tecnologias sejam vetores de desenvolvimento e não
de agravos à saúde humana e ambiental.
AGRADECIMENTO
Ao CNPq pelo apoio financeiro a vários projetos na área do ensino da biossegurança.
REFERÊNCIAS
BARINAGA, M. Azilomar Revisited: lessons for today? Science, v.287, n.5458, p.1584-
1585, 2000.
COSTA, M.A.F.; COSTA, M.F.B. Biossegurança Praticada: uma visão geral. USA:
Amazon, 2021a.
ITODO, G.E.; ENITAN, S.S.; OYEKALE, A.O.; AGUNSOYE, C.J.; ASUKWO, U.F.;
ENITAN, C.B. COVID-19 among healthcare workers: risk of exposure, impacts and
biosafety measures – a review. International Journal of Health, Safety and
Environment (IJHSE), v.6, n.4, p. 534 – 548, 2020.
MOSER, A. Biotecnologia e bioética: para onde vamos? Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
O`BRIEN, J.T.; NELSON, C. Assessing the Risks Posed by the Convergence of Artificial
Intelligence and Biotechnology. Health Security, v.18, n.3, p. 219-227, 2020.
REIS, C.; PIERONI, J.P.; SOUZA, J.O.B. Biotecnologia para saúde no Brasil. BNDES
Setorial, n. 32, p. 193-230, 2010. Disponível em: BS 32 Biotecnologia para saúde no
Brasil_P.pdf (bndes.gov.br)> Acesso em março de 2021.
SCHNEIDER, S. H. Science as contact sport: inside the battle to save Earth’s climate.
Washington: National Geographic, 2009.