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Dimensões
Revista de História da Ufes
Conselho editorial
Patrícia Merlo (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
Antonio Carlos Amador Gil (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
Maria Cristina Dadalto (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
Sergio Alberto Feldman (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
Conselho consultivo
Alexandre Avellar (Universidade Federal de Uberlândia, Brasil)
Angelo Carrara (Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil)
Angelo Priori (Universidade Estadual de Maringá, Brasil)
Antonio Carlos Amador Gil (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
Dulce Amarante dos Santos (Universidade Federal de Goiás, Brasil)
Fabiana de Souza Fredrigo (Universidade Federal de Goiás, Brasil)
Fábio Vergara Cerqueira (Universidade Federal de Pelotas, Brasil)
Fernando Nicolazzi (Universidade Federal do Rio de Grande do Sul, Brasil)
Francisca Nogueira Azevedo (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil)
Gizlene Neder (Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Herbert S. Klein (Columbia University, United States of America)
Jorge Malheiros (Universidade de Lisboa, Portugal)
José Carlos Reis (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil)
Luiz Fernando Saraiva (Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Manolo Garcia Florentino (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil)
Márcio Seligman-Silva (Universidade Estadual de Campinas, Brasil)
Marco Antônio Lopes (Universidade Estadual de Londrina, Brasil)
Marcos Luiz Bretas (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil)
Maria Beatriz Nader (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
Maria Elisa Noronha de Sá (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil)
Miguel Suarez Bosa (Universidade de Las Palmas en Gran Canaria, España)
Miliandre Garcia (Universidade Estadual de Londrina, Brasil)
Norberto Luiz Guarinello (Universidade de São Paulo, Brasil)
Pedro Paulo Abreu Funari (Universidade Estadual de Campinas, Brasil)
Quentin Skinner (University of Cambridge, England)
Renan Friguetto (Universidade Federal do Paraná, Brasil)
Ricardo de Oliveira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil)
Stefano Gasparri (Università Ca’ Foscari Venezia, Italia)
Secretária
Janaína Oliveira Souza (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
Editoração, revisão técnica e capa
João Carlos Furlani (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
Revisão
Os autores
Realização
Núcleo de Pesquisa e Informação Histórica do Programa de Pós-Graduação em
História da Universidade Federal do Espírito Santo
Contato
Av. Fernando Ferrari n. 514, 2º andar IC-3, CCHN - Campus de Goiabeiras, Vitória,
ES, CEP: 29075-910. Tel.: 55 27 4009-2507. E-mail: revistadimensoes@gmail.com
Objetivo
Dimensões – Revista de História da Ufes é um periódico semestral voltado para a publicação
de artigos inéditos e resenhas de autoria de mestres, doutorandos e doutores. Os
artigos são agrupados em dossiês ou temas livres. Mantida pelo Programa de Pós-
Graduação em História, a revista foi fundada em 1990 como Revista de História, tendo
permanecido com esse nome até 2000, quando foi renomeada para Dimensões – Revista
de História da Ufes, mas preservando o mesmo ISSN (1517-2120). Em 2010, com o
propósito de facilitar a difusão do conhecimento científico, Dimensões passou a ser
veiculada exclusivamente por meio eletrônico, com livre acesso por parte dos usuários.
Em 2011, um novo ISSN foi atribuído à Dimensões: 2179-8869. Atualmente, a revista se
encontra classificada como B1 no Qualis de periódicos elaborado pela Capes. A principal
missão de Dimensões é divulgar a produção intelectual de pesquisadores vinculados ao
sistema nacional de pós-graduação, além de promover o intercâmbio com profissionais
do exterior. A revista apresenta ainda uma notável abertura transdisciplinar, acolhendo
contribuições de diversas áreas das Ciências Humanas além da História.
Ficha catalográfica
Semestral
ISSN 2318-9304
1. História - Periódicos
CDU 93/99
Relações de gênero e de poder no carnaval de
Porto Alegre*
CAROLINE P. LEAL**
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Abstract: This paper discusses the relationship of gender and power established in the
carnival festivities in the city of Porto Alegre, by the last quarter of the nineteenth century,
from the analysis of the Shrovetide play. I seek to show how this celebration came to
express symbolic disputes about power and senses and meanings for relations between
men and women.
Keywords: Carnival; Gender; Women.
*
Recebido em 08 de maio de 2016 e aprovado para publicação em 22 de junho de 2016.
**
Doutora em História/PUCRS. Professora de Ciências Sócias Históricas/PMPA. E-mail:
carolpleal@yahoo.com.br.
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Porto Alegre começou a ser ocupada ainda na primeira metade do século XVII, mas seu
processo de povoamento só teria início com a chegada de casais açorianos em 1752. O
pacato vilarejo passou a ser a sede da administração do governo provincial no ano de 1773,
antes mesmo de ser elevado à categoria de município: isso só ocorreria por volta do início
do século XIX, quando contava com uma população de 3.927 habitantes (SIMANSKY,
1998, p. 41).
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Porto Alegre sofreu ameaças de epidemias, fazendo parte das cidades atingidas no Brasil,
em 1855, pela cólera. Essas ameaças foram constantes na década de 1850, destacando-se
de febre escarlatina em 1850 e 1853, provavelmente em consequência do cerco da cidade
na década de 1840, do aumento da população, devido a presença de tropas durante a
Revolução Farroupilha, e do comércio com a área colonial, que não foram acompanhadas,
imediatamente, de condições urbanas ideais para enfrentar uma maior concentração
populacional (WEBER, 1992, p. 8).
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Exerceu mandato de 16/09/1968 a 20/05/1869 (AITA, 1996).
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Além disso, há o fato de que ao se casar novamente Maria Isabel perdeu o título de
Marquesa de Monte Alegre, tendo ele ficado para a primeira esposa de José da Costa
Carvalho, Genebra de Barros Leite (PFROMM NETTO, 2013).
5
Gisele Becker, ao pesquisar narrativas literárias, inventários, processos de divórcio e
jornais, aponta para a diversidade dos tipos femininos que circulavam em Porto Alegre.
Havia “mulheres que se adequavam ao padrão desejado de retidão (a boa esposa, a boa
mãe, a defensora dos filhos, a mulher que se apega as coisas simples da vida e não aos
prazeres mundanos e ao luxo, a moça de boa índole, a que suporta o adultério do cônjuge),
mulheres que fogem a esse estereotipo ( a adúltera, a ciumenta, a questionadora, a viúva
que contrai um segundo matrimonio, a mulher que assume os negócios deixados pelo
marido, as que passam a administrar propriedades, a que não perdoa a infidelidade do
marido) e, até, possivelmente mulheres que conjugam diferentes elementos desses perfis”
(BECKER, 2001, p. 274).
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Aquiles Porto Alegre nasceu em Rio Grande em 1848 e faleceu em Porto Alegre em
1926. Foi funcionário público, jornalista, cronista, poeta. Membro da Sociedade Partenon
Literário. Usava o pseudônimo de Carnioli em suas crônicas no Jornal do Comércio (FRANCO,
1998, p. 326).
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sobre o carnaval, ressaltava que o entrudo era pretexto para muitas outras
coisas: além das guerras de limões; declarações amorosas e intenções
maliciosas. Vejamos:
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Compartilhamos com Joan Scott (1990, p. 14 e 15) o entendimento do conceito de gênero
como o saber a respeito das diferenças sexuais, “um elemento constitutivo de relações
sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, e [...] o primeiro modo de
dar significados às relações de poder”, pois esse conhecimento funda significados sobre
as diferenças corpóreas, sendo primeiro campo por meio do qual o poder é articulado. De
acordo com a autora, “as mudanças na organização das relações sociais correspondem
sempre a mudanças nas representações de poder, mas a direção da mudança não segue
necessariamente um único sentido”.
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Figura 1 - Entrudo8
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Não é nosso objetivo fazer uma análise da imagem apresentada. Ela foi proposta como
ilustração do entrudo como ameaça a honra masculina. Na legenda da charge diz: “Alguns
chefes de famílias viram-se atordoados com esses destampatórios”.
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Referências
AITA, Carmem (Org.). Parlamentares Gaúchos das Cortes de Lisboa aos nossos
dias: 1821-1996. Porto Alegre: Assembléia Legislativa do Estado do
Rio Grande do Sul, 1996.
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Festas para que te quero:
por uma historiografia do festejar. Patrimônio e Memória. UNESP
– FCLAs – CEDAP, v. 7, n. 1, p. 134-150, 2011.
AREND, Silvia. Um olhar sobre a família popular porto-alegrense (1886-1906).
Dissertação (Mestrado) - UFRGS, Porto Alegre, 1994.
BECKER, Gisele. Uma História Polifônica: Mulheres e Laços de Família em
Porto Alegre (1858-1908). Dissertação (Mestrado) - PUCRS, Porto
Alegre, 2001.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2005.
CARELI, Sandra da Silva. Texto e contexto: virtude e comportamento sexual
adequado às mulheres na visão da imprensa porto-alegrense na 2ª
metade do século XIX. Porto Alegre: PUCRS, 1997.
CORUJA, Antônio Álvares Pereira, Antigualhas: Reminiscências de Porto
Alegre. Org. Sérgio da Costa Franco. 2. ed. Porto Alegre: UE/Porto
Alegre, 1996 [O trecho citado faz parte de um artigo originalmente
publicado em Gazeta de Porto Alegre, 13 de março de 1884].
D’INCAO, Maria Ângela. Mulher e família burguesa. In: DEL PRIORY,
Mary. História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2000.
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