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RECURSOS PROTÉTICOS EM ODONTOPEDIATRIA

Dentro do atual panorama mundial, a Odontologia vem se aprimorando nos programas de


prevenção, ainda assim, na nossa realidade, estamos distantes do ponto ideal aceitável, portanto, a
utilização de recursos protéticos em Odontologia e principalmente em Odontopediatria não se
restringe somente a dentes comprometidos por acidentes, mas infelizmente, pelo menos por
enquanto, também por caries.
O principal papel dos recursos protéticos em Odontopediatria é devolver a função e a estética e,
com isso, sem sombra de dúvidas, a autoestima de nosso pequeno paciente, pois com a perda de
um dente, principalmente, anterior, as crianças muitas vezes são ridicularizadas por outras crianças
ou até mesmo pela própria família.
Muitos são os recursos protéticos, porém alguns, mais comuns e, eficazes merecem destaque,
entre eles:

COROAS DE AÇO
As coroas de aço estão indicadas em grandes destruições dentárias por cárie, onde não nos é
mais possível uma restauração convencional, dentes comprometidos pela amelogênese imperfeita,
e/ou dentinogênese imperfeita, hipoplasias etc., em pacientes com bruxismo severo e em alguns
casos de anquilose. As coroas de aço possuem a grande vantagem de terem um custo relativamente
baixo, de todo o processo ser efetuado no próprio consultório, por ser de fácil manuseio eliminando
assim a fase laboratorial. A sua grande desvantagem é estética.
Quando da sua confecção devemos ter um kit de coroas de aço, facilmente encontradas no
mercado, com várias marcas comerciais, um alicate 114, pedras montadas para acabamentos e
polimentos, um compasso de ponta seca e uma tesoura para ouro de ponta romba.
Logo após termos o dente indicado para receber a coroa, a escolha da mesma deverá ser da
seguinte maneira: Com um compasso de ponta seca medimos a distancia M-D do dente em questão,
no caso de extrema destruição deste deveremos usar o dente homologo, se este também estiver
destruído deveremos usar a medida padrão para o dente em questão.
Uma vez tomada a medida, três tamanhos de coroas serão escolhidos a saber; uma do
tamanho, uma imediatamente maior e uma imediatamente menor, para que se possa fazer ajustes
necessários durante a adaptação da mesma.
O preparo do dente deverá ser da seguinte forma: Desgaste em altura C-O entre 0,5 e 1,0mm,
nas proximais M-D e na V-P contornamos o formato anatômico do dente, com ligeira convergência
para oclusal, entrando com a broca no máximo a 1,0mm na gengiva marginal livre.
Neste ponto começamos a testar a coroa na posição, adaptando-a no preparo feito, adaptação
esta feita com tesoura caso a coroa fique alta, e com o alicate 114 na borda para que ela “abrace”
melhor o dente, uma vez adaptada, faz-se uma radiografia para melhor visualização da adaptação,
em seguida cimentamos, podemos utilizar cimento de fosfato de zinco, cimento de ionômero de vidro
para cimentação, cimento resinoso ou outro material adequado para cimentação de peça protética
metálica, tomamos outra radiografia proximal e controlamos esse paciente com consultas de rotina.

INCRUSTAÇÕES METÁLICAS FUNDIDAS


As incrustações metálicas fundidas estão indicadas nos casos de molares totalmente destruídos
por cárie, em pacientes bem condicionados e com baixo índice de atividade de cárie. Apresentam
como desvantagens um custo relativamente alto, pois envolve moldagens e fase laboratorial, que
demanda um tempo maior. O preparo varia de acordo com o remanescente dentário, mas em linhas
gerais, segue os princípios da coroa de aço, bem como a cimentação.

COROA DE POLICARBONATO
Indicadas para dentes decíduos anteriores quando não for possível uma restauração
convencional, (dentes destruídos por cárie ou fratura), o preparo para esse tipo de prótese segue o
mesmo principio descrito para os dentes posteriores, pouco desgaste em toda a sua extensão,
ligeiramente abaixo da gengiva marginal livre na parte cervical, adaptamos a prótese posicionamos e
cimentamos.
Quando o dente tiver canal tratado podemos lançar mão de pinos intrarradiculares utilizados em
Odontopediatria que poderá ser os disponíveis no comercio (rosqueaveis) ou os confeccionáveis no
próprio consultório utilizando os fios de ortodontia.
Estes devem ser colocados dentro do conduto, em seguida confeccionamos um núcleo em
resina e na sequência adaptamos a prótese e cimentamos (cimento resinoso), radiografamos e
acompanhamos o caso até a esfoliação deste dente.

PRÓTESE FIXA ANTERIOR


A prótese tubo-barra é a principal representante das próteses fixas anteriores, visto que não
interfere no crescimento e desenvolvimento normais dos ossos das arcadas envolvidas, Sua
confecção envolve moldagens e toda fase laboratorial, por exemplo, um caso onde não temos os
centrais superiores, preparamos os laterais, e na prótese unimos os laterais aos pônticos (centrais)
esquerdo e direito respectivamente e, os dois centrais, esquerdo e direito são unidos pelas mesiais
por um tubo de metal, de sorte que quando do crescimento fisiológico do paciente os centrais vão se
afastando sem interferir no crescimento da maxila, esta prótese, como as demais, podem ser
cimentadas com cimento resinoso tipo dual.

PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL


Este recurso nada mais é que um mantedor de espaço estético. Está indicado quando há perda
de um ou mais dentes de uma mesma arcada, quer seja superior ou inferior, há necessidade de
moldagens e fase laboratorial, um cuidado que devemos mencionar é a posição dos grampos que,
deverão estar sempre posicionados de modo a não interferir no crescimento da arcada envolvida, o
controle deste paciente deverá ser ainda mais rigoroso do que os portadores de próteses unitárias,
visto que, teremos que efetuar desgastes quando da erupção dos dentes sucedâneos, alertar aos
pais e a própria criança que a fratura ou perda do aparelho devera ser comunicada ao dentista, pois
outra prótese devera ser refeita imediatamente.

PRÓTESE TOTAL
Acreditamos ser a prótese total o ultimo recurso em Odontopediatria visto que já não há dentes
para ser recuperados, quer tenham sido perdidos por acidente, cárie ou ainda, raramente, nos casos
de agenesia. Assim temos que reabilitar nosso pequeno paciente tanto no aspecto sócio-emocional,
quanto na função, fonação e mastigação como também evitando hábitos lesivos causados pela
ausência dos dentes. De uma maneira bastante resumida podemos ter a seguinte sequência na
confecção de prótese total em Odontopediatria, primeira moldagem com alginato para confecção de
moldeiras individuais que deveram ser de resina acrílica, a segunda moldagem deverá ser com
elastômero fluido ou leve para o modelo de trabalho, os demais passos segue como na confecção de
prótese total para adultos, sendo que na medida feita com o compasso de Wiillis para se determinar
a D.V.R. (dimensão vertical de repouso) devemos descontar dois milímetros em media, para
obtermos a D.V.O. (dimensão vertical de oclusão). No momento da instalação da prótese devemos
fazer os ajustes necessários e reforçar muito para a criança e principalmente para a família os
cuidados que deverão ter com a prótese no sentido de higiene, perda ou fratura, ferimentos
causados por ela etc, e devemos ter controle rigoroso sobre esse paciente, com visitas frequentes ao
consultório até que o problema possa ser solucionado definitivamente, ou por erupção dos
permanentes ou por uma prótese definitiva após o termino do desenvolvimento fisiológico desse
paciente.
Dentro dos aspectos clínicos, as soluções para perdas dentais em Odontopediatria são bastante
amplas e ainda crescem a cada dia, mas o principal para nós e devolver ao nosso paciente como
uma unidade: a estética a função e a autoestima.

Guedes-Pinto AC, Odontopediatria. 8 ed. São Paulo:Santos, 2010.


McDonald RA, Avery DR, Dean JA, Odontopediatria para crianças e adolescentes. 9 ed.Elsevier,
2011. 551-66.
Cameron AC, Manual de Odontopediatria. 3 ed.Elsevier, 2012. 81-83.

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