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Ao logo da sua vida, absorveu pesquisas linguísticas, aprendeu línguas em áreas remotas
enquanto viajava em pesquisas geodésicas. O seu primeiro artigo publicado foi sobre a
pronúncia de Shakespeare.
Charles desenvolveu a base filosófica da semiótica numa série de artigos no final da década de
1860, “Questions concerning certain capacities claimed for man” e “Some consequences of
four incapacities”. Nessas mesmas obras, desenvolveu uma crítica sobre a filosofia cartesiana
e do fundacionalismo, argumentando que toda a cognição é irredutivelmente triádica, da
natureza de um signo, falível e completamente imersa em processo contínuo de interpretação.
Considerou a sua semiótica como uma teoria geral da lógica e retratou a linguagem como
apenas uma parte da semiose. Assim, a noção de signo e, consequentemente, a noção de
linguagem, constituem uma das marcas do pensamento peirceano.
A semiótica Peirceana
Para Pierce, tudo aquilo que nos envolve e tudo aquilo em que refletimos tem um passado, ou
seja, tal como um signo, uma ideia também se refere a outra ideia ou outros objetos do
mundo, tudo aquilo sobre o que refletimos deriva de um signo que possivelmente deriva de
outros signos também. Os signos não são uma classe de fenómenos ao lado de outros objetos
não-semióticos. Ao contrário, ele acredita que “o mundo inteiro está permeado de signos, se é
que ele não se compõe exclusivamente de signos”
A semiótica de Peirce é triádica, pois, segundo o mesmo, todas as coisas que se apresentam ao
ser podem ser caraterizadas em três categorias. Em relação triádica do signo, divide-se entre
signo, objeto e interpretante. Em primeiro lugar, temos o primeiro correlato do signo, que é o
representamen, este é o objeto percetível, o veículo que encaminha algo para a nossa mente,
por exemplo o termo “cadeira”. De seguida, temos o objeto, segundo correlato do signo, é
“uma coisa material do mundo”, do qual temos uma imagem nítida ou uma determinada
perceção, derivada do representamen, neste caso cadeira pode-nos remeter para uma cadeira
de madeira, por exemplo, onde nos sentamos, ou então para uma cadeira escolar, uma
disciplina da universidade, aqui entra o interpretante, terceiro correlato do signo, é como se
fosse o primeiro signo mas mais desenvolvido, é o “significado próprio do signo”, “o
interpretante do primeiro signo”, o termo “cadeira” sobre um dos seus aspetos, como uma
disciplina da universidade, gera um vasto leque de opções, como por exemplo, Semiótica,
Sociologia, Design...
A ação que implica a relação destes 3 elementos designa-se de Semiose, um processo contínuo
de criar significados aos objetos. Cada signo cria um interpretante que, por sua vez, é
representamen de um novo signo.
Além disso, divide os signos em ícones, índices e símbolos. O ícone é um signo cujas
características se assemelham ao objeto ou soa como ele, isto é, “é um signo que se refere ao
objeto que denota simplesmente em virtude das características próprias” e depende do objeto
para ter significado. O índice é o signo que apresenta uma ligação existencial direta ao seu
objeto, assim sendo, é a existência do objeto que determina a possibilidade interpretante do
índice. O símbolo representa através de regras, convencionais ou semiconvencionais e não
apresenta ligação ou semelhança entre o signo e o seu objeto.
Peirce estruturou um modelo que contempla três categorias básicas entre elementos que
resume todas as outras relações, a Tríade, composta pelas categorias da primeiridade,
secundidade e terceiridade.
De que forma o objeto produz sentido? Através de que recursos semióticos/signos? De que
modo os recursos semióticos utilizados se articulam entre si? Qual a relação entre o objeto e
os sujeitos (produtores, usuários/consumidores)? Que efeitos de sentido? Qual o papel do
contexto, social e cultural, na produção de sentido? Qual a natureza (multi)modal do objeto
(imagem, texto…)/medium e suas implicações em termos de significação?
A fotografia contempla semelhanças com aquilo que ela representa. As fotografias são meras
representações de uma outra coisa. Toda a fotografia emite, portanto, um signo. Através da
observação de uma determinada fotografia, o observador percebe fenômenos e interpreta-os
de acordo o sua experiência e conhecimento.
Uma menina com um tecido gasto e roto enrolado na cabeça, o rosto sujo e olhar assustado
penetrante que transmite medo e tristeza. A junção destes elementos formam um signo e
permitem a contextualização e perceção de uma situação de pobreza e perigo que a menina
se encontra.
O autor apresenta bastante importância na transmissão de significado através das suas fotos,
no entanto, o leitor também é extremamente relevante no entendimento do mesmo. A sua
interpretação de signos depende do seu conhecimento histórico e cultural sobre a situação
que a fotografia representa. É necessário que o observador tenha conhecimento da guerra e
dos refugiados de Afeganistão. De acordo com a semiótica peirceana, qualquer linguagem
deve ser compreendida de acordo com o contexto em que foi produzida