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Das emoções a um novo movimento

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Blog da Redação
Das emoções a um novo movimento Julian Assange
Um novo
POR VICENTE VERDÚ feminismo na Julian Assange pergunta:
– ON 18/10/2011 Marcha das "quem traiu os EUA"?
CATEGORIAS: POSTS Vadias? .
sáb, jul 06,
Antonio Negri
2013
Toni Negri: América Latina
A pressa deixou de ser periferia
Compartilhar suspeita do .
Congresso Bernardo Gutierrez
Nacional Esboços de uma democracia
sáb, jul 06, digital
2013 .
TV Globo, David Bromwich
sonegação e Vigilância, agora sob gestão
negócios Obama
obscuros .
qui, jul 04, Robert Fisk
2013 O homem que pode governar o
Egito
Plebiscito:
.
cinco
perguntas perigosas ao povo
qui, jun 27, 2013 Anúncio

Zygmunt Bauman vê nos protestos globalizados um “laboratório de ação social”.


Mas alerta: sem projeto, indignação não se sustentará Outras Mídias

Entrevista a Vicente Verdú, do El País | Tradução: Antonio Martins GloboLeaks:


Por que mídia
Zigmunt Bauman, o filósofo e sociólogo polonês famoso por seu conceito de e Ministério
modernidade líquida – fértil a ponto de ser aplicado ao amor (líquido), arte Público abafam
caso
(líquida), medo (líquido), tempo (líquido) e a quase qualquer coisa – publica, em
[…]
espanhol, o ensaio 44 Cartas desde el mundo líquido. Além disso, o autor, que
qua, jul 10,
recebeu o prêmio Príncipe de Astúrias de Comunicação e Humanidades 2010, 2013
esteve em Madri para fazer conferência sob o título: A Solidariedade tem futuro?
No sábado à tarde, à mesma hora da manifestação internacional dos indignados, O papel central
conversamos em um hotel, a menos de 100 metros da Praça Atocha, onde, entre da Reforma
a multidão, não havia espaço para um alfinete. Política
[…]
Pergunto a este professor emérito da Universidade de Leeds (Inglaterra) se lhe qua, jul 10,
2013 Nossa livraria online
parece que as grandes manifestações maciças, pacíficas e tão heterogêneas
conseguirão combater os abusos dos mercados, promover uma democracia real,
São Paulo: por
reduzir as injustiças – em suma, melhorar a equidade no capitalismo global. que comemorar
Como professor que é, não responde à questão de um só golpe. a não-
construção de
De seu ponto de vista, os graves problemas da crise atual têm como causa novo túnel
principal “a dissociação entre as escalas da economia e da política”. As forças […]
ter, jul 09, 2013 Holocausto Brasileiro. Vida,
econômicas são globais e os poderes políticos, nacionais. “Esta
genocídio e 60 mil mortes no
descompensação, que arrasa as leis e referências locais, converte a globalização
GloboLeaks: maior hospício do Brasil
em uma força nefasta. Daí que os corruptos apareçam como marionetes ou
investigação-
incompetentes – quando não, corruptos”.
bomba pode Autora: Daniela Arbex
reaparecer De R$ 49,00por R$ 35,00
O “movimento dos indignados conseguiria suprir a ausência de uma globalização […]
política por meio da oposição popular”? Na opinião deste sábio de 86 anos, o ter, jul 09, 2013
efeito que se pode esperar deste movimento é “limpar caminho para a

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Das emoções a um novo movimento

construção, mais tarde, de outro tipo de organização”.


Series especiais  
Bauman qualifica este movimento de “emocional”. Para ele, “embora a emoção
seja útil para destruir, parece inepta para construir algo. As pessoas de qualquer
Mídia, poder e contrapoder
classe e condição reúnem-se nas praças e gritam os mesmos slogans. Todos
Da concentração monopólica
estão de acordo sobre o que rechaçam, mas haveria cem respostas diferentes se
à democratização da
se perguntasse a eles o que desejam”.
comunicação

A emoção é “líquida”. Ferve muito mas também esfria, momentos depois. “A


Org: Dênis de Moraes
emoção é instável e inapropriada para configurar algo coerente e duradouro”. De
Por R$ 26,00
fato, a modernidade líquida, em que se escrevem os indignados, possui como
característica a temporalidade: “as manifestações são episódicas, e propensas à
hibernação”.

Seria preciso um líder carismático? Vários líderes inflamados? “O movimento não Siga-nos
o aceitaria, já que tanto sua potência quanto seu prazer são a horizontalidade,
sentir-se juntos e iguais. Isso, em grande medida, é negado pelo Outras Palavras
superindividualismo atual”. A superindividualidade “cria medos, impotências, uma Like Like
capacidade empobrecida de enfrentar as adversidades”. You like this.
Like Like

O estresse é a enfermidade que acompanha este mal. “As pessoas sentem-se


You and 21,847 others like Outras Palavras.21,847 people
sós e ameaçadas pela perda do emprego, a diminuição do salário, a dificuldade
like Outras Palavras.
de adaptação ao risco. O estresse é comum entre os desocupados, mas também
entre os empregados, acossados por fechamentos de empresas e demissões,
aposentadorias antecipadas ou salários cada vez mais baixos. Nos Estados
Unidos, o estresse produz tantos danos econômicos como a soma de todas as
demais enfermidades”. As faltas ao trabalho causadas por ele são avaliadas, diz
Bauman, em 300 bilhões de dólares ao ano – uma cifra que não para de crescer.
TV Outras Palavras
Tudo isso provocará um giro no sistema, um colapso ou alguma mudança
Mais lidos
substancial? Sua resposta é que, nestes momentos, prefere falar de “transição”,
não de “mudança”. Necessitaria de dados mais sólidos para se pronunciar sobre POPULAR COMMENTS
o alcance dos movimentos atuais. “Antes, era preciso muito tempo para preparar
TODAY WEEK MONTH ALL
protestos maciços como os do 15-M. Hoje, as redes sociais permitem articular
enormes concentrações, em muito pouco tempo”. Mas voltamos ao ponto de Zizek: a caminho de uma
partida: da mesma maneira que se concentram e atuam com velocidade, logo ruptura global
depois se detêm.

Coberturas especiais Quatro mitos sobre os


O movimento cresce cada vez mais, porém o faz “por meio da emoção, falta-lhe
protestos
pensamento. Apenas com emoções, não se chega a lugar nenhum”. O alvoroço
da emoção coletiva reproduz o espetáculo de um carnaval, que acaba em si
mesmo, sem consequência. “Durante o carnaval, tudo está permitido; mas O preço do progresso e os
quando ele termina, volta a normativa de antes”. Outras palavras apresenta dois Brasis

Pode-se dizer, pensa o professor, “que nos encontramos numa fase


Safatle: juventude perdeu o
especialmente interessante, como num novo laboratório de ação social”. Tarde ou
medo do capitalismo
cedo, a crise terminará. As coisas serão, sem dúvidas, diferentes. Mas de que
modo?
Primavera Brasileira ou golpe
“Não me peça que seja profeta”, retruca Bauman. “Em alguns lugares, não em de direita?
todos, o movimento alcançou conquistas importantes, mas não é extensível a
todos os países”. O líquido continua válido para a previsão do futuro. A
modernidade liquida se expressa, obviamente, em falta de solidez e estabilidade. Afilio
Nada encontra-se suficientemente determinado. Nem as ideias, nem os amores,
nem os empregos, nem o 15-M. Por isso, Bauman teme que o arrebatamento
também acabe “em nada”. Não é certo, mas sendo líquido, como não pensar no
risco de sua evaporação?

Sobre o mesmo tema:

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18/10/2011 -- Quando o decisivo é construir espaço


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A entrevista de Edward Snowden, que


denunciou o esquema de espionagem dos
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centavos

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Bio Latest Posts

Vicente Verdú
Vicente Verdu é escritor, jornalsita premiado e economista
espanhol, é Ph.D. em sociologia pela Universidade de Paris e
membro da Fundação Nieman de Jornalismo na Universidade de
Harvard. É editor de Cuadernos para el Diálogo e da Revista de
Occidente e diretor da Op-ed do jornal espanhol El País, onde
publica sua coluna.

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TAGS: 15-O, pós-capitalismo, revoltas da juventude

2 Comments

Leonardo de Lucas da Silva Domingues


Posted outubro 19, 2011 at 10:18 PM

Belo texto. Bela tradução.


Há muito a se dizer sobre essas manifestações atuais. Bauman é um sujeito que
tem todo o arcabouço teórico para refletir e avaliar questões mais profundas sobre a

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Das emoções a um novo movimento

realidade social atual. Seus conceitos são interessantes para problematizar os


rumos, as conexões, as dimensões e os desdobramentos concretos que essas
ações imprimem nas realidades locais e em terrenos mais amplos.
Enquanto lia, pensei em Elias Canetti e em vários outros teóricos que tentaram, de
diversas formas, abodar esses fenômenos modernos de grandes aglomerações
humanas.
Seria interessante fazer uma releitura sobre as teorias das massas tendo como
background as manifestações populares atuais.
Abraços…

Marieze
Posted outubro 25, 2011 at 12:22 PM

Não tenho a pretensão e nem tenho o conhecimento ou a erudição do professor


Bauman, mas ao ler o texto da entrevista de Verdú não posso deixar de tecer
algumas considerações. Se as emoções são, por definição, temporárias, flúidas, ou
“líquidas”, com bem coloca o professor, elas se transformam, no contexto das
relações sociais, em sentimentos, e os sentimentos são, também, por definição,
duradouros. No caso do movimento em questão o sentimento prevalecente é a
indignação. Pergunto-me, se a emoção não constrói, como é afirmado, aonde nos
levam a individualidade exacerbada, o hedonismo, e o sentimento de indiferença,
prevalecentes em nossas sociedades? Ora, se é verdade que o movimento dos
indignados pode ser visto como sem sustentação por lhe faltar uma proposta
unificada, uma organização, uma liderança, eu me pergunto: será que as nossas
referências não estão baseadas em um modelo ultrapassado? Finalista? Não
podemos dizer que o movimento de mulheres ou o movimento ambientalista tenham
mudado o mundo, mas seguramente ocorreram mudanças importantes.
Acredito que o estresse” e a depressão são expressões de emoções
experimentadas pelo “eu que são reprimidas e introjetadas. Esquemática e
simplificadamente, para limitar-me ao assunto em pauta, eu diria que o medo do
desemprego ou ameaça real ou imaginada dele, a incerteza de inserção no mercado
do trabalho, à uma emoção constates, não temporária. A raiva e a indignação,
naturais diante de situações de desrespeito ou injustiça, são contidas, por medo de
perder um emprego que garante a subsistência, a um enorme custo para o “eu”. A
essas emoções somam-se a culpa e a vergonha que o “eu” dirige a se mesmo, por
não ser o que se espera dele, por não ser um “sucesso” e nem ter ou proporcionar
melhores condições de vida para si para os seus. A contenção sistemática dessas
emoções estão na raiz de sentimentos contraditórios como o do sofrimento que se
expressa no estresse e na depressão e, que tem como contraponto o de indiferença
ou apatia. Indiferença ou apatia, que são sentimentos construídos pelo “eu” através
de enorme esforço pessoal e de permanente vigilância para ignorar as emoções
experimentadas e evitar o sofrimento. E o faz de tal forma e com tal competência
que estes sentimentos de indiferença e apatia tornam-se incorporadas como hábito
prevalecendo no seu contato com o outro criando uma barreira que garante ao “eu”
a imunidade contra o sofrimento ou a sua possibilidade real ou projetada e
imaginada.
Por tudo isso é que considero, a propósito do texto apresentado pelo jornalista da
entrevista de Bauman, que as emoções são fundamentais tanto para construção
quanto para a desagregação social, ainda que a construção possa não trilhar os
caminhos “ortodoxos” ou já conhecidos.

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