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WBA0203_v1.

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Princípios e Pronunciamentos
Contábeis
Princípios e Pronunciamentos Contábeis
Autoria: Martha Regina Meira Bianchi
Como citar este documento: BIANCHI, Martha Regina Meira. Princípios e Pronunciamentos Contábeis.
Valinhos: 2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Princípios contábeis 05
Unidade 2: Princípios Contábeis segundo o CFC 24
Unidade 3: Registro pelo Valor Original 48
Unidade 4: Comitê de pronunciamentos contábeis 72
Unidade 5: Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques 92
Unidade 6: Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado 115
Unidade 7: Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível 138
Unidade 8: Pequenas e médias empresas 161

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Apresentação da Disciplina

Esta disciplina apresenta os Princípios Con- mentos.


tábeis, pilares conceituais que abrangem a Além disso, serão abordados os princípios
análise, interpretação e a escrituração dos fundamentais elencados na Resolução CFC
fatos contábeis tão necessários para di- 750/93 e alguns dos Pronunciamentos Con-
vulgação de informação aos usuários da tábeis emitidos pelo CPC, com aplicação
informação contábil. Também serão apre- em empresas grandes, empresas de capital
sentados os Pronunciamentos Contábeis, aberto e, também, em pequenas e médias
emitidos pelo CPC, criado em 2005, evi- empresas.
denciando a importância da padronização
e convergência da contabilidade brasileira O entendimento da contabilidade e dos
às normas internacionais. Nesta disciplina, princípios e normas que a regem são de
você será levado a entender os princípios extrema importância para quem trabalha
que regem a estrutura conceitual da con- diretamente com as informações con-
tabilidade brasileira e internacional, verifi- tábeis e escrituração dos atos e fatos con-
car a importância dos Princípios de Contab- tábeis, pois sua não observância pode gerar
ilidade emitidos pelo CFC – Conselho Fed- punição por meio dos órgãos reguladores.
eral de Contabilidade e conhecer a criação O conhecimento não está restrito à classe
do CPC e as aplicações de seus Pronuncia- profissional dos contadores: todos aqueles

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que utilizam as informações contábeis em preender os Princípios, a importância dos
suas atividades e que estiverem familiariza- Pronunciamentos para a correta escritu-
dos com a forma e os princípios nos quais ração das informações contábeis e suas
são baseadas estas informações têm um aplicações práticas. Assim, você poderá vi-
grande diferencial profissional. O conhec- sualizar a contabilidade de maneira mais
imento dos Princípios e Pronunciamentos fluida e informativa, uma vez que saberá
Contábeis é vital para as funções relaciona- todos os pressupostos para a confecção da
das à auditoria e perícia, pois é possível ver- informação transmitida pela contabilidade.
ificar e/ou desvendar quaisquer desvios por
erros, omissões ou má-fé.
Para administradores, economistas, inves-
tidores e qualquer profissional que embase
suas decisões em informações contábeis,
esse conhecimento permite entender a for-
ma com que aquela informação é transmit-
ida e permite a correta decodificação das
informações e demonstrações contábeis.
Esta disciplina capacitará você a com-
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Unidade 1
Princípios contábeis

Objetivos

1. Apresentar a importância dos Princí-


pios Contábeis relacionados aos obje-
tivos e objeto da contabilidade.
2. Entender o conceito da essência sobre
a forma.
3. Apresentar as principais linhas de
Princípios Contábeis no Brasil.

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Introdução
A palavra princípio tem a origem no latim, 1. Contabilidade baseada em
principium, que significa início ou momento princípios
em que uma ação passa a existir. A partir da
origem da palavra, já é possível desprender Iudícibus (2010) descreve que o grande
a importância dos Princípios Contábeis para objetivo da contabilidade é o de prover aos
entender a informação contábil: os princí- usuários o maior número de informações
pios são a base de todo o início da transfor- possível acerca do patrimônio de uma enti-
mação dos números em informações con-
dade. Essas informações só terão utilidade
tábeis.
se puderem exprimir informações a todos
Antes mesmo de a informação contábil os tipos de usuários de informações, não li-
existir, os princípios exigidos para sua con- mitada apenas à figura do contador.
fecção já devem estar em mente do conta-
dor que elabora suas demonstrações. E qual
a importância desses Princípios? Como fo-
ram escolhidos? Neste tema, você conhece-
rá a teoria por trás dos Princípios Contábeis,
bem como sua importância para o estudo
do principal objeto da contabilidade: o pa-
trimônio.
6/198 Unidade 1 • Princípios contábeis
comparar informações contábeis, seja da
Para saber mais mesma empresa ao longo do tempo, seja
de empresas diferentes de um mesmo se-
Sérgio de Iudícibus é Professor Emérito da USP
tor, para ter ideia de desempenho histórico,
e um grande teórico da contabilidade no Brasil.
comparativo, entre outras importantes in-
Possui diversos livros publicados nas áreas de
formações necessárias para administrar o
Teoria da Contabilidade, Contabilidade Societá-
negócio e gerir seus investimentos.
ria, Gerencial, entre outras. Ele foi responsável
pela primeira minuta realizada sobre os Princípios Se cada profissional escolhesse qual cri-
Contábeis através da deliberação n.º 29/86, rea- tério lhe fosse mais conveniente, ou ainda
lizada pela CVM – Comissão de Valores Mobiliá- pudesse alterar os princípios pelos quais as
rios – em conjunto com a IBRACON (atualmente, informações contábeis são realizadas nas
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil). demonstrações contábeis, não seria possí-
vel a comparação dos valores e a contabi-
lidade perderia sua finalidade: controlar o
Para uniformizar o modo como as informa- Patrimônio da empresa.
ções deverão ser transmitidas, faz-se ne-
cessário seguir um conjunto de princípios Padronizar as informações contábeis tem
e postulados. Assim, é possível verificar e sido um desafio no mundo dos negócios,

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principalmente neste contexto de globali- outro. O Brasil participa desse processo de
zação e empresas multinacionais. Não fo- convergência às normas internacionais, e
ram poucos os casos que, ao traduzir as de- você verá de que modo foram recepciona-
monstrações contábeis de um país para ou- das estas normas no 4º módulo do curso.
tro, com diferentes regras de contabilização
dos fatos contábeis, empresas que apresen-
tavam lucros no país de origem passaram a
amargar prejuízos na simples tradução de
seus balanços.
Tendo esses problemas em mente, em 2001,
foi constituído o IASB, um Conselho em que
Para saber mais
participam representantes de vários países O IASB é composto por 12 experts em Contabi-
no intuito de elaborar normas internacio- lidade, de vários lugares do mundo. O brasileiro
nais de contabilidade. Essas normas, de- Amaro Gomes é o representante da América do
nominadas IFRS, são de adesão voluntária Sul desde 2009, com término de seu mandato
dos países e permitem uma base comum de em 2019.
normas contábeis para facilitar a leitura das
demonstrações contábeis de um país para
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A ideia de que a contabilidade deveria ser 2. Essência sobre a forma
regida por Princípios, e não puramente por
Regras, foi defendida por Sir David Tweedie, A importância dos Princípios Contábeis está
primeiro presidente do IASB. Em uma entre- ligada à relevância econômica que a infor-
vista ao jornal inglês The Guardian, ele afir- mação contábil deve exprimir. Padoveze,
mou que, se a contabilidade for baseada em Benedicto e Leite (2012) ressaltam que os
regras rígidas, em poucos instantes se des- princípios contábeis são a base conceitual
cobrirá alguma pequena variação nas con- de sustentação das teorias contábeis e de
dições propostas que não estarão cobertas seus eventos. Para que a contabilidade ex-
pela regra. Contudo, se a contabilidade for prima a realidade econômica nas quais es-
baseada em Princípios, qualquer pequena tas entidades se encontram, a essência de-
variação estará sujeita ao Princípio, muito verá prevalecer sobre a forma.
mais geral e abrangente do que uma regra Um exemplo clássico da aplicação da essên-
rígida. cia sobre a forma é o arrendamento mer-
cantil. O arrendamento mercantil financei-
ro, conforme exemplifica Iudícibus (2010), é
uma operação em que o banco (arrendador)
empresta o valor para a empresa (arren-
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datária) comprar um bem, mas, até o pa- advindos com sua compra e com cláusulas
gamento do arrendamento, o bem fica em contratuais que a responsabilizam por qual-
nome do banco, como garantia da opera- quer avaria ou roubo do bem adquirido. Com
ção. Contudo, a empresa é responsável pela a prevalência da essência, o contador deve re-
guarda, manutenção, segurança e, inclusi- gistrar essa operação como uma compra de
ve, desfruta dos possíveis ganhos econômi- equipamento financiada pelo banco.
cos pela compra do bem. O conceito da essência sobre a forma é fun-
Ao final do contrato, é facultada ao arrenda- damental para a transparência nas informa-
tário a compra desse bem por um valor sim- ções contábeis, com a transmissão de infor-
bólico, com a consequente transferência de mações corretas que embasem os usuários da
titularidade para o nome da empresa. Oras, se informação a tomar suas decisões e conhe-
o profissional se basear na simples proprieda- cer a real situação da empresa, mesmo sem
de jurídica do bem (ou seja, pela forma), esse participar e acompanhar suas atividades. É a
bem deveria constar no balanço patrimonial transparência nas informações que permite o
do banco, e não da empresa! Apesar de não desenvolvimento do mercado de capitais e a
possuir a propriedade jurídica do bem, a em- possibilidade de financiamento às empresas a
presa já exerce a propriedade de fato, inclusive um custo mais baixo, bem como o desenvolvi-
com o recebimento de benefícios econômicos mento sadio de toda a economia.
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Essa transparência exigida pelos usuários e lizado grandes esforços para traduzi-las
a prevalência da essência sobre a forma faz e adequá-las à realidade local, com ampla
com que o papel do contador tenha desta- consulta aos interessados em um processo
que nas empresas, e também maior respon- transparente.
sabilidade. Isto porque, muitas vezes, o pro- Com a adoção das normas internacionais e
fissional, como, por exemplo, o contador, a edição dos Pronunciamentos Contábeis,
tem certa discricionariedade para escolher com a consequente alteração das leis bra-
de que forma transmitirá a informação nas sileiras que regem as sociedades por ações
demonstrações contábeis. O conhecimen- (Lei n.º 11.638/07, que alterou a lei nº
to dos Princípios Contábeis é fundamental 6.404/76), os Pronunciamentos agora são o
para que o julgamento realizado nas esco- pilar que regem as demonstrações das in-
lhas do profissional não esbarre em nenhu- formações contábeis (desde que dispostos
ma ilegalidade. nas leis brasileiras). Contudo, nesses Pro-
nunciamentos, não há menção explícita aos
Princípios Contábeis, apesar de que esses es-
3. Princípios contábeis no brasil tão presentes em toda a estrutura concei-
O Brasil, ao aceitar o desafio de internacio- tual.
nalização das normas contábeis, tem rea-
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hierarquicamente estes princípios em Pos-
Para saber mais tulados, Princípios Contábeis propriamente
ditos e Convenções Contábeis.
A Lei 6.404/76, conhecida como a Lei das S.A.,
é extremamente importante para o exercício da Entidade e Continuidade, postulados defi-
Contabilidade no Brasil. Nessa, encontram-se nidos pela Deliberação, são os axiomas da
as regras para empresas de capital aberto e as contabilidade: a Entidade trata da obrigato-
demonstrações financeiras obrigatórias, dentre riedade de não confundir o patrimônio dos
outras informações. sócios e quotistas com o patrimônio da em-
presa. A Continuidade refere-se à contabili-
A CVM e o CFC, antes mesmo da criação do dade ser realizada, partindo do pressupos-
CPC, dispuseram os princípios contábeis to que a entidade realizará suas atividades
explicitamente para que houvesse a obser- continuamente.
vância desses princípios pelos responsáveis Os Princípios Contábeis propriamente ditos
pela escrituração da Contabilidade e para por essa deliberação são: custo como base de
conhecimento aos usuários de informação. valor, denominador comum monetário, reali-
A CVM listou os Princípios Contábeis atra- zação da receita e confronto com as receitas,
vés da Deliberação n.º 29/86 e classificou com as despesas e com os períodos contábeis.

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Já as Convenções contábeis são definidas contábil no Brasil, e ainda dialoga com os
como objetividade, materialidade, conserva- Princípios dispostos na Deliberação da CVM
dorismo e consistência. e a Estrutura Contábil apresentada pelo
O CFC, considerando a necessidade de pro- CPC.
ver fundamentação apropriada para inter-
pretação e aplicação das normas brasilei-
ras de contabilidade, publicou a Resolução
750/93, que apresenta os Princípios Con-
tábeis, de observância obrigatória no exer-
cício da profissão de contador. Inclusive,
sua inobservância é considerada infração e
pode gerar punições, até mesmo pelo Códi-
go de Ética Profissional do Contador, como
afirma Crepaldi (2013).
Essa Resolução, que sofreu atualizações
em 2010 pela nova Resolução de n.º 1282,
é importante para o exercício da profissão

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Glossário
Axiomas: verdades inquestionáveis universalmente válidas; a sua comprovação é dispensável.
CFC: Conselho Federal de Contabilidade.
CPC: Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
Discricionariedade: palavra comumente usada no universo jurídico, indica quando um agente
pode escolher dentre várias possibilidades igualmente legais a que melhor se adéqua à situa-
ção.
IASB: International Accounting Standards Board (Conselho de Normas Internacionais de Conta-
bilidade).
IFRS: International Financial Reporting Standard (Normas Internacionais de Relatório Financei-
ro).

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?
Questão
para
reflexão

Imagine que você faça parte do corpo executivo de uma


empresa e perceba que o Diretor Executivo esteja reti-
cente em aceitar as orientações do setor contábil para
registrar um equipamento financiado através de leasing
financeiro no patrimônio da empresa. “Afinal, o equipa-
mento ainda não nos pertence legalmente!”, afirma o di-
retor. De que lado você ficaria? Quais argumentos você
usaria para convencer a parte contrária?

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Considerações Finais

• A contabilidade baseada em Princípios permite uma melhor abrangência de


seus postulados e, com o esforço da convergências às normas internacionais,
a existência de princípios comuns diminuem a discrepância das informações
contábeis e aumenta sua capacidade informativa;
• a Essência sobre a Forma é um pressuposto fundamental para que a informa-
ção contábil represente a situação econômica da empresa de maneira mais
fidedigna;
• no Brasil, a deliberação CVM n.º 29/86 e a Resolução CFC n.º 750/93 expõe
os Princípios Contábeis de maneira taxativa. Na Estrutura Conceitual abor-
dada pelo CPC, estes Princípios também estão presentes, apesar de não es-
tarem explícitos nos Pronunciamentos.

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Referências

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
IUDÍCIBUS, Sergio de, coord. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, Sergio de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012.

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Questão 1
1. Os Princípios Contábeis são fundamentais para o estudo do objeto da
Contabilidade. O(s) objeto(s) de estudo da contabilidade é(são):

a) as partidas dobradas;
b) o Lucro;
c) o Patrimônio;
d) o Ativo;
e) o Prejuízo.

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Questão 2
2. A contabilidade baseada por Princípios, ao invés de baseada em
regras, é considerada:

a) mais abrangente;
b) menos abrangente;
c) não há diferença entre ambos;
d) inócua;
e) de difícil aplicação por trazer muito detalhamento das operações.

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Questão 3
3. A prevalência da essência sobre a forma na contabilidade é importante
para:

a) seguir estritamente a regra contábil, mesmo com divergências em relação à realidade da


empresa;
b) o contador basear apenas em seu instinto, ignorando os Princípios Contábeis;
c) dificultar a transparência das informações contábeis;
d) exprimir corretamente a realidade econômica da empresa;
e) diminuir a responsabilidade do contador pelas informações contábeis.

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Questão 4
4. A CVM publicou os Princípios Contábeis através da:

a) Lei 6404/76
b) Resolução 750/93
c) Deliberação 29/86
d) Resolução 1282/10
e) Lei 11738/07

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Questão 5
5. O CFC atualizou os Princípios Contábeis através da:

a) Lei 6404/76
b) Resolução 1282/10
c) Deliberação 29/86
d) Resolução 750/93
e) Lei 11738/07

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Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: D.

O objeto de estudo da Contabilidade é o Pa- As informações contábeis devem exprimir


trimônio das entidades, sendo que seu ob- a realidade econômica da empresa, e para
jetivo também está ligado ao patrimônio: isso a essência deverá prevalecer sobre a
prover aos usuários o maior número de in- forma.
formações acerca do patrimônio da entida-
de estudada. 4. Resposta: C.

2. Resposta: A. A CVM publicou os Princípios através da de-


liberação CVM 29/86.
Com o exemplo dado na entrevista pelo pri-
meiro presidente do IASB, fica intuitivo ve- 5. Resposta: B.
rificar que um princípio é mais abrangente
que a regra. Inicialmente, o CFC publicou os Princípios
Contábeis pela resolução CFC 750/93, que
foi atualizada pela resolução CFC 1282/10.

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Unidade 2
Princípios Contábeis segundo o CFC

Objetivos

1. Conhecer os Princípios Contábeis


elencados na Resolução CFC n.º
750/93.
2. Compreender o significado de cada
Princípio Contábil.
3. Visualizar a aplicação desses Princí-
pios na prática.

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Introdução

O entendimento e aplicação dos Princípios na escrituração dos fatos contábeis são extrema-
mente importantes não só para o contador, mas a todos aqueles que queiram interpretar cor-
retamente as informações contábeis disponíveis nas demonstrações financeiras das empresas.
Neste tema, você conhecerá os seis Princípios dispostos pelo CFC para a prática contábil e enten-
derá a aplicabilidade de cada um destes Princípios.
Com exceção do princípio “Registro pelo valor original”, você verá exemplos práticos de aplicação
de cada Princípio. Assim, terá uma maior compreensão de que forma eles afetam a confecção e
interpretação da contabilidade no Brasil.

25/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


1. Resolução CFC Nº 750/93:
observância e conceituação Para saber mais
O CEPC possui vários artigos acerca da obrigato-
Dada a importância da adoção dos Princípios riedade de observância dos Princípios Contábeis
para a prática contábil, a Resolução CFC nº como dever do profissional. No art. 5º há menção
750/93 dispõe, em seu primeiro artigo, da expressa de dever ao contador que atuar como
observância obrigatória deles no exercício perito, assistente técnico, auditor ou árbitro, de
da profissão, sendo essa uma condição de assinalar divergências ou equívocos na aplicação
legitimidade das NBC. Essa obrigatoriedade dos Princípios Contábeis.
consta na Resolução CFC nº 803/96 e alte-
rações, que dispõem sobre o CEPC. A Lei nº 6.404/76, a “Lei das S.A.”, também
ressalta, em seu artigo 177, a obrigatorie-
dade de se seguir os Princípios Contábeis
Geralmente Aceitos:

26/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros perma-
nentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e
aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar mé-
todos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações
patrimoniais segundo o regime de competência (BRASIL, 1976).

Para saber mais


Os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos no Brasil também são conhecidos por BR GAAP. GAAP são
todas as convenções, regras e procedimentos necessários para a prática contábil no país (PADOVESE et
al., 2012).

O art. 2º da Resolução traduz conceitos importantes para definição dos Princípios da Ciência
Contábil e de seu objeto de estudo:

27/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Art. 2º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutri-
nas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendi-
mento predominante nos universos científico e profissional de nosso País.
Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência
social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. (Redação dada pela Re-
solução CFC nº. 1.282/10) (CFC, 1993, grifo nosso).
Pode-se desprender desse artigo que os Princípios tentam refletir a teoria contábil disposta no
país e alinhar à prática contábil. Ainda estabelece que a contabilidade é uma ciência social cujo
objeto é o patrimônio das entidades.
A essência sobre a forma, conceito já discutido, também é evidenciado no § 2º do primeiro artigo
da Resolução. Esse parágrafo, que foi acrescido pela Resolução CFC n.º 1282/10, está alinhado
com a expectativa de que a informação contábil deve transmitir a realidade econômica da en-
tidade, conceito que também consta nas normas internacionais de Contabilidade trazidos pelo
CPC.

28/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


2 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS SEGUNDO CFC N.º 750/93

O CFC, através da Resolução nº 750/93, elencou os Princípios Fundamentais de Contabilidade, que,


através da Resolução nº 1282/10, passaram a ser chamados apenas de Princípios da Contabilidade.
Os Princípios estão elencados no artigo 3º da Resolução, com a seguinte redação:

Art. 3º São Princípios da Contabilidade: (redação dada pela Resolução CFC n.º
1282/10)
I) o da ENTIDADE;
II) o da CONTINUIDADE;
III) o da OPORTUNIDADE;
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;
V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; (Revogado pela Resolução CFC nº.
1.282/10)
VI) o da COMPETÊNCIA; e
VII) o da PRUDÊNCIA. (CFC, 1993).

29/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Antes da atualização dos Princípios pela Resolução CFC nº 1282/10, os Princípios Contábeis
eram 7. Com a nova resolução, a atualização monetária deixou de ser um Princípio e foi absorvi-
da pelo registro pelo valor original.
Você verá agora cada Princípio Contábil (com exceção do registro pelo valor original, que será
abordado no próximo módulo) e seu significado.

2.1 Entidade

O Princípio da Entidade, abordado no art. 4º, tem a seguinte redação:

Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da


Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da dife-
renciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios exis-
tentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de
pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade,
com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimô-
nio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no
caso de sociedade ou instituição (CFC, 1993)
30/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC
Esse Princípio é fundamental para entender
que, na Contabilidade, o patrimônio da En-
tidade não se confunde com o patrimônio
Para saber mais
de seus sócios. Ou seja, a partir do momento O princípio da entidade visa proteger tanto o
em que se constituiu a sociedade e determi- patrimônio da entidade como o patrimônio de
nados bens foram comprados ou alocados a seus sócios. No Direito, é conhecido por Princípio
ela, seus sócios não podem usufruir desses da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, e
bens a seu bel-prazer, apenas em serviço à impossibilita, por exemplo, que o patrimônio dos
sociedade criada. Um exemplo prático seria sócios responda por dívidas da sociedade, como
um dos sócios utilizar o veículo em nome da estipulado no art. 1.024 do Código Civil.
sociedade para fins pessoais, ou utilizar o
caixa da empresa para pagar suas despesas
pessoais. Isto fere o princípio da Entidade.

31/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


2.2 Continuidade

O Princípio da Continuidade, disposto no art. 5º da Resolução CFC 750/93, traz a seguinte reda-
ção:

Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará


em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos
componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.
Esse princípio apregoa que a empresa irá manter suas atividades durante um período indefinido
e, por conta disso, a escrituração deverá ser realizada com base nesta continuidade indetermi-
nada. Quando uma empresa está em liquidação, ou tem sua dissolução antecipada em casos de
pedido de falência, a mensuração do valor de seus bens é alterada. Pressupondo a continuidade,
a Entidade registra o valor de um ativo pelo preço de aquisição e registra as depreciações do va-
lor do bem com o passar do tempo. No caso de uma empresa em liquidação, isso já não faz mais
sentido: o valor de seus bens será o valor que a empresa conseguirá recuperar.
Assim, pelo princípio da Continuidade, é presumido que a Entidade não tem a intenção de entrar

32/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


em liquidação, nem reduzir seu nível de operações, o que é razoável supor na criação da socie-
dade (afinal, ninguém espera que uma sociedade seja criada para ser liquidada). Caso haja uma
intenção de liquidar ou encerrar as operações, as demonstrações contábeis deverão ser realiza-
das em uma base diferente, tal como afirma Crepaldi (2013).

2.3 Oportunidade

O art. 6º traz o conceito do Princípio da Oportunidade:

Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração


e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações
íntegras e tempestivas (CFC, 1993).
Esse princípio está relacionado à relevância econômica que a escrituração contábil deve trazer.
Se a informação contábil não for registrada tempestivamente, ela pode não representar correta-
mente a realidade da empresa, ou ainda pode perder sua importância.
Você já entende que a essência deverá prevalecer sobre a forma para representar a realidade eco-

33/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


nômica da empresa, mas também o registro contábil depende da ponderação entre oportunida-
de e confiabilidade da informação. O contador deverá registrar as informações de forma a trans-
parecer sua importância econômica, mas desde que haja essa razoável certeza da ocorrência do
evento, e se esse for tecnicamente estimável (CREPALDI, 2013). Essa ponderação entre oportuni-
dade e confiabilidade consta no parágrafo único do art. 6 da Resolução CFC 750/93.

2.4 Competência

O princípio da Competência é explicitado no art. 9º da Resolução CFC 750/1993:

Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transa-


ções e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem,
independentemente do recebimento ou pagamento.
Esse princípio revela a obrigatoriedade de utilização do regime de competência na escrituração
contábil no Brasil, em contraposição à utilização do regime de caixa. Para entender esse princí-
pio, você deverá entender a diferença entre esses dois regimes.

34/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Um exemplo prático é a escrituração do con- em que ocorre o fato, independentemente
sumo de luz no mês de janeiro/20X1, com do desembolso financeiro.
vencimento para fevereiro/20X1. Pelo regi- A escrituração do consumo de luz, pelo
me de caixa, o profissional registra a despe- regime de competência, no mês de janei-
sa apenas no momento de seu efetivo pa- ro/20X1 seria:
gamento, ou seja, no momento em que você
D – Despesa com energia elétrica $XXX
paga a conta e há o desembolso financeiro.
Para o regime de caixa, essa despesa seria C – Contas a pagar $XXX
reconhecida apenas em fevereiro/20X1. Em fevereiro/20X1, com o pagamento efe-
Já no regime de competência, a despesa é tivo do consumo, não será mais necessário
reconhecida no período de ocorrência da lançar a despesa, pois ela já foi lançada de
despesa, independente de se o pagamento acordo com seu fato gerador. O pagamento
ocorrer meses depois (ou até mesmo antes). do consumo de energia elétrica no mês de
Seguindo o princípio da competência, a des- fevereiro/20X1 seria contabilizado da se-
pesa seria lançada no mês de janeiro/20X1, guinte forma:
mesmo que o pagamento seja feito ape-
D – Contas a pagar $XXX
nas em fevereiro/20X1. Conforme Iudícibus
(2010), o regime de competência leva em C – Caixa $XXX
conta o fato gerador, ou seja, o momento
35/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC
Esse mesmo raciocínio é utilizado para o reconhecimento de receitas: mesmo que o valor ainda
não tenha sido recebido, a receita é considerada no momento do fato gerador, dependendo do
tipo de atividade empresarial. No caso de prestação de serviços, por exemplo, a receita é reco-
nhecida no ato da efetiva prestação, mesmo que tenha sido negociado um prazo para seu rece-
bimento.
O princípio da Competência também consta no art. 177 da Lei 6.404/76, como regime obrigató-
rio das escriturações contábeis no Brasil.

36/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


2.5 Prudência

No art. 10º da Resolução CFC 750/93, tem-se o conceito do princípio da Prudência:

Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor


para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre
que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação
das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido (CFC, 1993).
Esse princípio está atrelado a algum grau de incerteza presente nos negócios, muitas vezes rela-
cionado a valores estimados. No parágrafo único desse princípio, fica estabelecido que o propósi-
to consiste em não superestimar o valor do ativo e subestimar o valor do passivo, uma vez que
isso poderia causar um resultado artificial nas contas de resultado. Este conservadorismo está
presente também em diversos pronunciamentos contábeis, em que se espera que o contador
informe o valor de uma determinada conta, dentre algumas opções de mensuração disponíveis,
a que resultar no menor valor. Esse é o caso da mensuração de Estoques, conforme disposto no
item 9 do CPC 16.

37/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Glossário
CEPC: Código de Ética Profissional do Contador.
GAAP: General Accepted Accounting Principles (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos).
NBC: Normas Brasileiras de Contabilidade.
Regime de caixa: regime contábil que reconhece despesas e receitas no momento em que fo-
ram pagas/recebidas, independente do momento em que foram realizadas.
Regime de competência: regime contábil que reconhece as despesas e receitas no momento
em que foram realizadas, independente do momento em que foram pagas/recebidas.

38/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


?
Questão
para
reflexão

Imagine que você faça parte do corpo executivo de uma


empresa e ainda não tenha conseguido convencer o di-
retor executivo de que um bem adquirido através de lea-
sing financeiro deve ser registrado como propriedade da
empresa. O diretor, que leu superficialmente os princípios
contábeis emitidos pelo CFC, diz que segue o princípio da
prudência, ou seja, não registra o bem que não pertence
juridicamente à empresa como propriedade. O diretor está
correto? Qual é o objetivo desse Princípio?

39/198
Considerações Finais

• Os Princípios Contábeis, de observância obrigatória aos profissionais


da área, são conceitos que tentam aliar a teoria à prática contábil e
determinam os elementos a serem observados na escrituração das
informações contábeis;
• apesar de os Princípios delimitarem a atuação do contador, o julga-
mento e bom senso do profissional é esperado, tais como nos princí-
pios de Oportunidade e Prudência, uma vez que é permitido um grau
de arbitrariedade em suas aplicações;
• a correta observância dos Princípios Contábeis para escrituração e
padronização é prevista não apenas na Resolução do CFC, mas tam-
bém em Lei Federal, ressaltando a importância da padronização da
contabilidade para toda a sociedade.

40/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n.º 750 de 29 de dezembro de 1993.
Dispõe sobre os Princípios de Contabilidade. Disponível em <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/
RES_750.doc>. Acesso em: 30 set. 2016.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
IUDÍCIBUS, Sergio de, coord. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

41/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Questão 1
1. O Princípio Contábil que prevê a autonomia patrimonial, para que o patri-
mônio da sociedade criada não se confunda com o de seus sócios, é:

a) o da Entidade;
b) o da Oportunidade;
c) o da Competência;
d) o da Prudência;
e) o da Continuidade.

42/198
Questão 2
2. Esse Princípio pressupõe precaução em caso de necessidade de estimati-
vas em certas condições de incerteza. Falamos do Princípio da:

a) Entidade
b) Oportunidade
c) Competência
d) Prudência
e) Continuidade

43/198
Questão 3
3. O Princípio da Atualização Monetária, revogado pela Resolução CFC
1282/10, foi absorvido pelo Princípio:

a) da Entidade;
b) da Oportunidade;
c) do Registro pelo Valor Original;
d) da Prudência;
e) da Continuidade.

44/198
Questão 4
4. O regime contábil que reconhece despesas e receitas no momento em que
foram pagas/recebidas, independente do momento em que foram realizadas, é
o Regime:

a) da Entidade;
b) da Competência;
c) do Registro pelo Valor Original;
d) da Prudência;
e) de Caixa.

45/198
Questão 5
5. O regime contábil que reconhece as despesas e receitas no momento em
que foram realizadas, independente do momento em que foram pagas/re-
cebidas, é o Regime:

a) da Entidade;
b) da Competência;
c) do Registro pelo Valor Original;
d) da Prudência;
e) de Caixa.

46/198
Gabarito
1. Resposta: A. sorvido pelo Princípio do Registro pelo Valor
Original.
O Princípio que prevê a autonomia patrimo-
nial, visando à diferenciação do patrimônio 4. Resposta: E.
particular dentre os demais existentes, é o
da Entidade. O regime contábil que reconhece despesas e
receitas no momento em que foram pagas/
2. Resposta: D. recebidas, independente do momento em
que foram realizadas, é o Regime de Caixa.
O Princípio da Prudência pede cautela para
que os ativos não sejam superestimados e 5. Resposta: B.
os passivos, subestimados, dando maior
confiabilidade na mensuração. O regime contábil que reconhece as despe-
sas e receitas no momento em que foram
3. Resposta: C. realizadas, independente do momento em
que foram pagas/recebidas, é o Regime de
O Princípio da Atualização Monetária, revo- Competência.
gado pela Resolução CFC 1282/10, foi ab-

47/198
Unidade 3
Registro pelo Valor Original

Objetivos

1. Conhecer os fundamentos do Princí-


pio do Registro pelo Valor Original.
2. Entender o conceito de custo histórico
e suas variações.
3. Reconhecer o conceito de fair value.

48/198
Introdução

O registro do valor das operações, bens, di- tuguês) e sua importância na estimação de
reitos e obrigações é elemento fundamen- ativos e instrumentos financeiros pelo valor
tal para a Contabilidade e para a represen- de mercado.
tação fidedigna do objeto contábil: o pa-
trimônio da Entidade. Para isso, faz-se ne- 1. Registro pelo valor original
cessário conhecer e entender de que forma pela resolução CFC nº 750/93
é possível realizar o correto registro desses
valores, pois nem sempre o valor é atribuído Uma vez que o grande objetivo da Conta-
de forma objetiva: as preferências pessoais bilidade é prover aos usuários da informa-
e outros componentes subjetivos também ção contábil o maior número de referências
afetam o valor. Neste tema, você conhece- e dados acerca do patrimônio da Entidade
rá o Princípio Contábil que rege o registro (IUDÍCIBUS, 2010), precificar corretamente
de valores do patrimônio de uma entidade os elementos contidos nesse patrimônio é
segundo a Resolução CFC 750/93 e demais indispensável. Partir de um “denominador
implicações contidas nesta Resolução, jun- comum” para valorar as informações contá-
tamente com alguns dos Pronunciamentos beis é fundamental para padronizar os nú-
emitidos pelo CPC. Você também conhecerá meros e, assim, poder compará-los. Afinal,
o conceito de fair value (valor justo, em por- esse é o objetivo dos Princípios Contábeis:

49/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


estipular regras comuns para possibilitar uma comparação entre balanços da mesma empresa,
empresas concorrentes, e até mesmo de outros países, dado o esforço de internacionalizar as
normas de contabilidade.
O Princípio do Registro pelo Valor Original está descrito no art. 7º da Resolução CFC 750/93,
que apresenta a seguinte redação:

Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os compo-


nentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores ori-
ginais das transações, expressos em moeda nacional. (CFC, 1993)

Para saber mais


O Princípio do Registro pelo Valor Original foi atualizado pela Resolução CFC 1282/10, em sintonia com os
conceitos dispostos na Estrutura Conceitual Contábil emitida pelo CPC. A Estrutura Conceitual, conhecida
como CPC 00, traz a mensuração dos elementos das demonstrações em seus itens 4.54 a 4.56.

50/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


Através dessa definição, percebe-se que há a preocupação de registrar os elementos patrimo-
niais pelo valor original. O artigo da resolução traz o conceito de custo histórico e de variações
aceitas neste custo para registrar os componentes do patrimônio da Entidade. A definição de
custo histórico consta no inciso I do parágrafo 1º do art. 7º:

I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a se-


rem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recur-
sos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos
são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca
da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou
equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no
curso normal das operações; [...] (CFC, 1993)
O valor original da transação é o custo histórico do valor pago, ou a ser pago, como ocorre quan-
do o fato gerador já ocorreu, mas ainda não houve a contrapartida financeira, tal como visto ao
apresentar o regime de Competência. Aqui também é trazida a possibilidade de se registrar o
valor justo como custo histórico.

51/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


Veja exemplos de aplicação prática do cus- de mercado do bem.
to histórico: quando uma empresa mercan-
til compra bens para posterior revenda a um 2. Variações no custo histórico
valor superior, ela deve registrar em seu es- segundo CFC nº 750/93
toque o valor pago ou a ser pago. Padoveze
(2014) afirma que, quando o contador de- Também foram incluídas nesse Princípio
para-se com diferentes valores de custo e possibilidades de variações ao valor históri-
de mercado pelo mesmo bem, deve ser re- co, após a integração do bem/direito/obriga-
gistrado o que for menor. ção ao patrimônio da entidade.
Agora, suponha que essa empresa receba, As variações ao custo histórico estão dis-
por meio de doação de um de seus sócios, postas no inciso II do parágrafo 1º do art. 7º
uma obra de arte. Nesse caso, o registro do CFC n.º 750/93:
será feito pelo valor de mercado desse bem,
ou seja, seu valor justo. O valor justo seria o
valor de troca do bem entre compradores e
vendedores, sem que nenhuma das partes
tenha vantagem na negociação. O valor jus-
to, de uma maneira simplista, seria o valor

52/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os com-
ponentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decor-
rentes dos seguintes fatores:

a) Custo corrente. [...];

b) Valor realizável. [...];

c) Valor presente. [...];


d) Valor justo. [...]; e

e) Atualização monetária. [...]. (CFC, 1993)

Você verá de que forma são possibilitadas essas variações constantes no Princípio a seguir.

Para saber mais


No CPC 00, tanto o custo histórico quanto suas variações compõem um número variado de bases de men-
suração. Essas bases incluem o custo histórico, custo corrente, valor realizável e valor presente.

53/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


2.1 Custo corrente O custo corrente seria o custo de reposição,
isto é, o valor que a Entidade teria de de-
Segundo a Resolução, os ativos são reco- sembolsar no período das demonstrações
nhecidos pelos valores em caixa ou equiva- contábeis para adquirir aquele bem que ela
lentes de caixa, os quais teriam de ser pa- possui, ou para liquidar a obrigação. Se uma
gos se esses ativos ou ativos equivalentes empresa mantém estoque de uma determi-
fossem adquiridos na data ou no período nada matéria-prima, que foi adquirida por
das demonstrações contábeis. Os passivos $100, e, no fechamento do balanço, a mes-
são reconhecidos pelos valores em caixa ma matéria-prima, em condições idênticas
ou equivalentes de caixa, não descontados, à de posse da empresa, poderia ser adquiri-
que seriam necessários para liquidar a obri- da por $90, pelo custo corrente haveria uma
gação na data ou no período das demons- diferença de $10. Esta diferença monetária
trações contábeis. deve ser contabilizada como despesa na
conta de resultados e também como redu-
ção da conta do ativo (conta retificadora do
ativo de natureza credora) que contabiliza
essa matéria-prima.

54/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


2.2 Valor realizável

A variação do custo histórico pelo valor realizável apresenta a seguinte redação:

b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equi-


valentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma
ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes
de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as
correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade
(CFC, 1993, grifo nosso).
Os conceitos de custo corrente e valor realizável, à primeira vista, parecem muito próximos. Con-
tudo, no valor realizável, os ativos são avaliados pelo valor de venda, e os passivos, pelo valor que
se espera liquidar no curso normal das operações. No custo corrente, o valor deverá ser baseado na
data das demonstrações contábeis, enquanto que não há referências de datas para base de valor
no caso de se utilizar o valor realizável como mensuração.
Na estrutura conceitual emitida pelo CPC (CPC 00), o valor realizável também é chamado de valor
da realização ou de liquidação. Isso porque os ativos devem ser mantidos pelos valores que po-
55/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
dem ser obtidos pela sua venda, ou seja, pela sua realização, e os passivos deverão ser mantidos
pelos valores que se espera para liquidar a obrigação.

2.3 Valor presente

As instruções para a base de mensuração através do valor presente estão dispostas no item c,
inciso II do parágrafo 1º do art. 7º:

c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado


do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo
item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são man-
tidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de
caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal
das operações da Entidade (CFC, 1993).

56/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


O CPC emitiu um Pronunciamento tratando equivalente a um determinado valor que se
apenas do ajuste a valor presente. Esse Pro- optou por receber (ou pagar) no futuro, des-
nunciamento, chamado CPC 12, ressalta a contada uma taxa de juros. O CPC 12 esti-
importância dessa variação para incremen- pula que a taxa de desconto a ser utilizada é
tar o valor preditivo da Contabilidade. a que mais coaduna com o risco da entida-
O valor presente busca trazer a informação de, que deve ser cuidadosamente estipula-
de quanto vale na data da mensuração o valor da, pois, uma vez definida a taxa, ela não se
de um ativo ou passivo da entidade, geral- altera no decorrer do tempo para ajuste do
mente ligado a operações de longo prazo. De valor presente. Essa taxa pode ser compara-
fato, os elementos do ativo decorrentes de da ao custo de oportunidade da empresa,
operações de longo prazo, ou pertencentes isto é, o valor dos usos alternativos do fluxo
ao passivo não circulante deverão ser ajus- monetário que a empresa postergou.
tados com base no valor presente de forma
mandatória, conforme estipulado nos arti-
gos 183 e 184 da lei 6.404/76 (BRASIL, 1976).
O conceito de valor presente é trazido da
matemática financeira, visto a necessidade
de se conhecer qual o valor atual que seria
57/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
2.4 Valor justo

O valor justo tem sua descrição no item d, inciso II do parágrafo 1 do art. 7º do CFC 750/93:

d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo
liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação
sem favorecimentos (CFC, 1993).
O valor justo, ou Fair Value em sua nomenclatura nas normas internacionais de contabilidade,
surgiu da necessidade de se atribuir valor a todos os elementos que possam afetar o patrimônio
da empresa. Muitos instrumentos financeiros não eram contabilizados no balanço patrimonial,
mas eles poderiam ter impactos significativos no resultado e no patrimônio das empresas. Com
a introdução do conceito de valor justo, todos os ativos financeiros deverão ser reconhecidos e
divulgados ao valor justo (PADOVEZE et al., 2012).
A Lei 6.404/76 reconhece e impõe a utilização do valor justo no inciso I do art. 183 para as
aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos,
classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo (BRASIL, 1976). A obrigatorieda-

58/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


de de se utilizar o valor justo na mensuração que, no custo corrente, o valor é o custo de
inicial de ativos e passivos financeiros tam- reposição para a entidade, no valor realizá-
bém consta no Pronunciamento CPC 38. vel é o valor de realização em uma possível
venda (descontados os custos e as despesas
referentes a esta venda), no valor presente,
Para saber mais a empresa estipula uma taxa de desconto,
e finalmente no valor justo é o mercado que
A inclusão de avaliações do ativo seguindo o cri-
determina o valor do elemento patrimonial
tério de valor justo foi trazida pela Lei 11.941/09.
em questão.
Para o CPC 46, a entidade deve mensurar o
O CPC traz um pronunciamento específico valor justo utilizando as mesmas premissas
sobre o valor justo, através do Pronuncia- que os participantes do mercado utilizaram
mento CPC 46. A definição trazida neste para avaliar o ativo ou passivo, supondo que
pronunciamento é a de que o valor justo é esses ajam em seu melhor interesse econô-
uma mensuração baseada em mercado, e mico. Isso significa que essa avaliação deve
não uma mensuração específica da Enti- ser baseada em um ambiente de livre merca-
dade. Podem-se desprender algumas dife- do, sem imposições ou influências, tal como
renças das variações anteriores: enquanto também descreve a Resolução CFC 750/93.

59/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


A mensuração dos itens patrimoniais pelo seu valor justo está intrinsecamente ligada à essência
sobre a forma: o intuito é refletir a posição patrimonial de modo que a avaliação reflita a essência
patrimonial e não meramente as formalidades, como o valor de face de um contrato, sem levar
em conta juros, riscos e demais itens que são precificados pelo mercado.

2.5 Atualização monetária

A atualização monetária, antes um Princípio Fundamental que foi revogado pela Resolução CFC
nº 1282/10, foi incorporada ao Princípio de Registro pelo Valor Original com a seguinte redação:

e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da


moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis median-
te o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patri-
moniais. (CFC, 1993)
Em 1993, o CFC havia estabelecido a atualização monetária como princípio dada a preocupação
com os índices inflacionários até então. Em 1990, por exemplo, o país vivenciou uma inflação de
mais de 1.800%. Com o esforço desprendido pelo Plano Real, em 1994, em estabilizar a econo-
60/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
mia, não houve mais momentos de hiperinflação como se viu nas décadas anteriores. Contudo,
a inflação, mesmo que sem a característica hiperinflacionária, afeta os preços e, consequente-
mente, o patrimônio das Entidades. A inflação em 2015, por exemplo, superou 10% em muitos
índices utilizados em sua medição. Mesmo sem status de Princípio, a atualização monetária é
relevante para traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em dado período.
O CFC, em sua resolução, ressalta que a atualização monetária não representa uma nova aval-
iação para os elementos patrimoniais atualizados, mas apenas manter os valores das demon-
strações contábeis ao valor real da moeda utilizada como medida de valor.

61/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


Glossário
Custo de oportunidade: corresponde ao valor que se deixou de receber dada a alocação dos
bens/disponibilidades a uma determinada finalidade em detrimento de outra.
Valor justo: preço que seria recebido pela venda de um ativo ou pago pela transferência de um
passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data da mensura-
ção.
Valor presente: instrumento trazido da Matemática Financeira, permite determinar o valor pre-
sente de desembolsos/recebimentos futuros a uma dada taxa de juros.

62/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


?
Questão
para
reflexão

Suponha que você continue na diretoria executiva da empresa,


que sempre tem muitos debates sobre a correta contabilização
de seus bens. O diretor executivo realizou um investimento de
longo prazo em um fundo de ações, adquirindo 1.000 cotas a
um valor de mercado de $100. Na elaboração das demonstra-
ções contábeis, o valor de mercado de cada cota subiu para
$110, mas o diretor acha que não é conveniente alterar, em
razão da volatilidade da aplicação em ações. Você concorda?
Qual deve ser a base de mensuração para esta conta?

63/198
Considerações Finais

• Além dos Princípios e Pronunciamentos Contábeis, o profissional sempre


deve estar atento ao disposto na Lei 6.404/76. Em seus artigos 183 e 184,
são trazidos os critérios de avaliação do Ativo e do Passivo, que devem ser
observados na elaboração das demonstrações contábeis;
• o valor justo pode se assemelhar ao custo corrente, ao valor realizável e ao
valor presente, pois em muitos casos o valor de mercado é o mesmo do que
o valor de reposição, de realização ou valor presente;
• a atualização monetária é imprescindível, uma vez que a moeda, apesar de
ser uma medida universal de reserva de valor, não é constante ao longo do
tempo.

64/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n.º 750 de 29 de dezembro de 1993. Dis-
ponível em: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_750.doc>. Acesso em 30 set. 2016.
IUDÍCIBUS, Sergio de (Coord.). Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de Contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012.

65/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


Questão 1
1. Segundo o CFC nº 750/93, os ativos registrados pelo custo histórico de-
vem corresponder aos valores:

a) que foram recebidos em troca da obrigação;


b) atualizados monetariamente à data do recebimento;
c) pagos ou a serem pagos em caixa (ou equivalente) ou ainda seu valor justo na data da aqui-
sição;
d) de liquidação da obrigação;
e) em moeda estrangeira, em caso de multinacionais.

66/198
Questão 2
2. O Princípio de Atualização Monetária foi revogado pelo(a):

a) Resolução CFC nº 1282/10


b) Resolução CFC nº 750/93
c) Resolução CFC nº 1282/93
d) Deliberação CVM nº 29/86
e) Pronunciamento CPC 00

67/198
Questão 3
3. Segundo o CFC nº 750/93, os passivos registrados pelo custo histórico de-
vem corresponder aos valores:

a) dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação;


b) atualizados monetariamente à data do recebimento;
c) de liquidação da obrigação antecipada;
d) pagos ou a serem pagos em caixa (ou equivalente) ou ainda seu valor justo;
e) em moeda estrangeira, em caso de empresas com filiais no exterior.

68/198
Questão 4
4. A variação no custo histórico que equivale ao custo de reposição é o:

a) valor presente
b) valor realizável
c) valor de atualização monetária
d) valor justo
e) custo corrente

69/198
Questão 5
5. A variação do custo histórico que preza por representar um valor de troca
na qual um ativo possa ser trocado, sem favorecimentos, é o:

a) valor presente
b) valor realizável
c) valor de atualização monetária
d) valor justo
e) custo corrente

70/198
Gabarito
1. Resposta: C. para liquidar o passivo no curso normal das
operações”.
A Resolução CFC nº 750/93 define que “os
ativos são registrados pelos valores pagos 4. Resposta: E.
ou a serem pagos em caixa ou equivalentes
de caixa ou pelo valor justo dos recursos que O custo corrente refere-se ao valor em caixa
são entregues para adquiri-los na data da que teriam de ser desembolsados para ad-
aquisição”. quirir os ativos na data das demonstrações
contábeis.
2. Resposta: A.
5. Resposta: D.
A Resolução CFC nº 1282/10 revogou o
Princípio de Atualização Monetária. O valor justo é a variação no custo histórico
que tenta aproximar-se do valor de merca-
3. Resposta: A. do.

A Resolução CFC nº 750/93 define que “os


passivos são registrados pelos valores dos
recursos que foram recebidos em troca da
obrigação [...], os quais serão necessários
71/198
Unidade 4
Comitê de pronunciamentos contábeis

Objetivos

1. Conhecer o histórico do esforço à internacio-


nalização das normas contábeis no mundo.
2. Entender a importância da criação do CPC para
a convergência às normas internacionais.
3. Conhecer o trâmite que valida e adéqua as nor-
mas internacionais à realidade brasileira.

72/198
Introdução

A contabilidade, segundo Padoveze et al. Brasil. Neste módulo, você acompanhará o


(2012), pode ser vista como a linguagem fi- esforço para internacionalizar as normas da
nanceira universal do mundo dos negócios. Contabilidade no mundo e no Brasil, através
E, para que essa comunicação ocorra de for- do CPC.
ma efetiva e sem ruídos, a harmonização de
suas normas é imperiosa para que possam 1. Internacionalização das
ser compreendidas em diferentes países, com normas contábeis – Histórico
sistemas legais, aspectos culturais e sociais
diversos. Desde a criação do IASC (Comitê de Com o advento da globalização e existência
Normas Contábeis Internacionais) em 1973, de um número cada vez maior de empresas
vários países estão empenhados em formu- multinacionais que operam no mundo todo,
lar e criar um novo padrão de normas contá- inclusive com ações negociadas em bolsas
beis que pudesse ser aceito universalmente. de valores em diferentes países, logo surgiu
a necessidade de se universalizar as nor-
No Brasil, tal esforço resultou na criação do
mas contábeis. Isso porque a globalização
Comitê de Pronunciamentos Contábeis –
evidenciou o problema de cada país apre-
CPC, que, desde sua criação em 2005, bus-
sentar sua norma contábil: na tradução de
ca a convergência internacional das normas
seus balanços, com a adequação de normas
e centralização da emissão das normas no
73/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
contábeis locais, muitos resultados positi-
vos passaram a apresentar prejuízos. Para saber mais
Em 1973, um grupo de 10 países, liderado A convergência de normas e conciliação de di-
por representantes dos órgãos contábeis ferentes interesses e lobbys envolvidos tiveram
da Austrália, Canadá, França, Alemanha, Ja- muitos percalços e desafios. O histórico do IASC e
pão, México, Holanda, Reino Unido/Irlanda sua evolução para o IASB é contado por Stephen
Zeff, em um artigo publicado na Revista de Con-
e Estados Unidos, criou o IASC com o obje-
tabilidade & Finanças, da USP.
tivo de formular e criar um novo padrão de
normas contábeis que pudesse ser aceito Com o apoio da IOSCO (Organização Interna-
no mundo todo. cional das Comissões de Valores Mobiliários),
A intenção do IASC era editar normas con- a partir de 1995, o IASC recuperou o fôlego e
tábeis para adesão aos países participantes, aumentou o número de países envolvidos, até
as IAS (Normas Internacionais de Contabili- que, em 2001, foi criado o IASB. O IASB torna-
dade). Contudo, conciliar interesses de vá- -se o responsável por promover a harmoniza-
rios países não é fácil e o IASC apresentou ção internacional da contabilidade por meio
diversos problemas em combinar interesses da elaboração e emissão das normas inter-
dos países participantes. nacionais de relatórios financeiros e de con-
tabilidade. Com a criação do IASB, foi criado o
74/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
IFRIC (IFRS – Comitê de Interpretação de IFRSs)
em substituição ao SIC (Comitê Permanente Para saber mais
de Interpretações), órgão responsável por in- O Conselho do IASB admite até 16 membros di-
terpretar as aplicações de IFRS e IAS existen- vididos por suas regiões geográficas, mas, se não
tes (normas produzidas na existência do IASC) for possível o conjunto completo de membros,
e prover auxílio em questões não abordadas seus trabalhos não serão invalidados, conforme
pelas IFRSs, ou pela sua estrutura conceitual. consta na Constituição da IFRS Foundation (docu-
O Conselho do IASB é composto por até 16 mento em inglês). De fato, em 2016, o conselho
membros selecionados pelas áreas geográ- foi composto por 12 membros.
ficas que representam (Ásia/Oceania, Euro-
pa, América do Norte, África e América do 2. Adoção das normas
Sul). Esse esforço de abarcar profissionais de
contábeis no Brasil e criação do
vários países na elaboração das normas tem
CPC
apresentado bons resultados: Padoveze et
al. (2012) afirmam que mais de 100 países já Antes da criação do CPC e da convergência
adotaram as normas internacionais de Con- das normas brasileiras às normas interna-
tabilidade, entre eles vários países da União cionais, as entidades que se manifestavam
Europeia e Brasil. acerca das normas e procedimentos contá-
75/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
beis no Brasil eram o CFC, a CVM e o IBRACON listas e Profissionais de Investimento
(antigo Instituto Brasileiro de Contadores, do Mercado de Capitais;
hoje Instituto dos Auditores Independentes • BM&FBOVESPA: Bolsa de Valores,
do Brasil). Contudo, muitas vezes havia di- Mercadorias e Futuros;
vergências entre essas regulamentações. • CFC;
Dado o interesse e a necessidade do Brasil em • FIPECAFI: Fundação Instituto de Pes-
aderir às normas contábeis internacionais, quisas Contábeis, Atuariais e Finan-
representantes de vários órgãos regulado- ceiras; e
res, do universo acadêmico, de associações e • IBRACON.
representantes dos usuários de informações Sempre serão convidados a participar os
contábeis constituíram o Comitê de Pronun- seguintes órgãos:
ciamentos Contábeis em outubro de 2005.
• BACEN: Banco Central do Brasil;
O CPC é composto por dois representantes
de cada entidade a seguir: • CVM;
• ABRASCA: Associação Brasileira de • Secretaria da Receita Federal; e
Companhias Abertas; • SUSEP: Superintendência de Seguros
• APIMEC Nacional: Associação de Ana- Privados.
76/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
O CPC foi criado pela Resolução CFC n.º 1055/05, sendo seu objetivo disposto no art. 3º:

Art. 3º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) tem por objetivo


o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre pro-
cedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natu-
reza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasilei-
ra, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção,
levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos
padrões internacionais (CFC, 2005).
Uma vez que a contabilidade também depende da adequação das leis nacionais, no que tange
à obrigação de demonstrações contábeis, bases de mensuração, entre outros, os legisladores
também realizaram esforços com auxílio de profissionais da área para aprovar alterações na lei
6.404/76. Essas alterações foram essenciais para que, em 2010, o Brasil estivesse totalmente
convergido às normas contábeis do IASB. A Lei 11.638/07 criou condições para harmonizar a
contabilidade brasileira às normas internacionais, e a Lei 11.941/09 possibilitou, dentre outras
providências, um Regime Tributário de Transição para minimizar os impactos fiscais na adoção
das novas normas.

77/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


3 FUNCIONAMENTO DO CPC

O CPC emite seus Pronunciamentos, Orientações e Interpretações de acordo com as IFRS (ou IAS,
se produzida durante o funcionamento do IASC), fazendo, inclusive, menção à norma internacio-
nal a qual se refere. As atribuições do CPC estão dispostas no art. 4º da Resolução CFC 1055/05:

Art. 4º É atribuição do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - (CPC) estudar, pes-


quisar, discutir, elaborar e deliberar sobre o conteúdo e a redação de Pronuncia-
mentos Técnicos.

§ 1º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) poderá emitir Orientações


e Interpretações, além dos Pronunciamentos Técnicos, sendo que todos poderão
ser consubstanciados em Norma Brasileira de Contabilidade pelo CFC e em atos
normativos pelos órgãos reguladores brasileiros, visando dirimir dúvidas quanto à
implementação desses Pronunciamentos Técnicos (CFC, 2005).

78/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


É possível perceber que, apesar de o órgão do um número e, em seguida, o título de seu
ser o responsável por emitir os pronuncia- pronunciamento. Se o pronunciamento em
mentos, ele não afasta as competências questão já foi revisado, ele apresenta após
do CFC, CVM e demais órgãos reguladores este número a letra R, seguida do número
brasileiros. A cada pronunciamento, o CPC de revisões realizadas, com esta informação
publica um Termo de Aprovação, o qual re- entre parênteses. Um exemplo é o CPC 02
comenda que o documento seja referenda- (R2) – Conversão de demonstrações contá-
do pelas entidades reguladoras brasileiras, beis. O “R2” entre parênteses significa que
visando sua adoção. Após o termo, o docu- ele fora revisado 2 vezes. Também é refe-
mento é firmado através de deliberações da renciado sobre qual norma internacional o
CVM, resoluções do CFC, circular do BACEN CPC é correlacionado. No caso do CPC 02,
e agências reguladoras, aprovando o con- ele está correlacionado ao IAS 21.
teúdo do pronunciamento emitido.
O CPC também realiza periodicamente a
revisão de seus pronunciamentos, com su-
gestões recebidas através de audiências
disponibilizadas em seu site.
A cada pronunciamento emitido, é atribuí-
79/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
4. Pronunciamentos contábeis Resolução CFC nº 1282/10, em consonân-
e princípios contábeis segundo cia com a estrutura conceitual emitida pelo
CPC, em 2008. Contudo, entre a Resolução
CFC nº 750/93
CFC nº 750/93 e os Pronunciamentos emi-
Você deve lembrar que, no primeiro módu- tidos pelo CPC, há algumas diferenças de
lo, foi dito que não há menção explícita aos nomenclatura importantes para enfatizar:
Princípios Contábeis nos Pronunciamentos • No CPC 00, a essência sobre a forma
emitidos pelo CFC. De fato, com a emissão foi retirada, uma vez que foi conside-
da primeira versão do CPC 00 – Estrutu- rada redundância com a exigência da
ra Conceitual para Elaboração e Divulga- informação contábil ter representação
ção de Relatório Contábil-Financeiro, em fidedigna;
2008, a CVM emitiu a Deliberação CVM n.º
• o Princípio da Oportunidade é trazido
539/2008, revogando sua antiga delibera-
pelo CPC 00 como característica qua-
ção CVM nº 29/86, que trazia a Estrutura
litativa de melhoria, com o nome de
Conceitual Básica da Contabilidade, com os
tempestividade;
postulados, princípios de convenções.
• a Prudência, Princípio segundo o CFC,
Já o CFC optou por não revogar a Resolu-
ção CFC nº 750/93 e a atualizou através da foi retirada pelo CPC 00 por ser con-

80/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


siderada inconsistente com a neutra- CPC 16.
lidade. Segundo o pronunciamento, a Os conceitos embutidos nos princípios da
informação deve representar a reali- Entidade, da Continuidade, da Competên-
dade econômica da empresa, sem su- cia e do Registro pelo Valor Original per-
bavaliações de ativos ou superavalia- meiam os Pronunciamentos emitidos pelo
ções de passivos. CPC, apesar de não serem chamados de
Apesar de no CPC 00 haver a retirada ex- Princípios.
pressa da prudência, convém ressaltar que,
em outros pronunciamentos, existe ainda
menção à prudência das demonstrações
contábeis quando na ausência de pronun-
ciamento que se aplique especificamente a
uma transação, tal como no CPC 23 – Po-
líticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
Retificação de Erro. Em vários Pronuncia-
mentos, também há menção de se avaliar
um ativo pelo menor valor, quando são pos-
síveis duas formas de mensuração, como no
81/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
Glossário
IASC: Internacional Accounting Standards Committee – Comitê de Normas Contábeis Internacio-
nais.
IAS: International Accounting Standards – Normas Internacionais de Contabilidade, emitidas pelo
IASC.
IFRIC: IFRS Interpretation Committe – Comitê de Interpretação de IFRSs.
IOSCO: International Organization of Securities Commissions – Organização Internacional das Co-
missões de Valores Mobiliários.
SIC: Standing Interpretation Committe – Comitê Permanente de Interpretações.

82/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


?
Questão
para
reflexão

Imagine que você está cada vez mais envolvido nas ati-
vidades contábeis da empresa em que trabalha e, apesar
de trabalhar na gestão da empresa, está sempre atento
à produção e escrituração das informações contábeis.
Contudo, nem todos os seus colegas se preocupam com
a forma e o impacto de uma mudança na legislação ou
uma nova orientação emitida pelo CPC pode ter sobre
as informações contábeis. O que diria para chamar a
atenção dos colegas?
83/198
Considerações Finais

• A contabilidade é afetada por diversos órgãos, uma vez que é de interesse


de investidores, empresários e até mesmo para fins fiscais e arrecadatórios
por parte do Estado. A atualização dos novos Pronunciamentos, Orienta-
ções e Interpretações emitidos pelo CPC e atenção à alteração de leis são
essenciais para o trabalho do profissional da área contábil;
• como a contabilidade é uma ciência social, deve estar atenta a mudanças
exigidas pelas diferentes formas de negócios e valores que eventualmente
surjam, sempre na tentativa de trazer dados mais apurados sobre o patrimô-
nio das entidades. O IASB e o CPC estão em constante busca para aperfei-
çoar as normas contábeis, em um processo transparente incluindo audiên-
cias públicas e consultas, a fim de aprimorar a mensuração do patrimônio e
acompanhar a evolução da sociedade;
• apesar de os Princípios não estarem explicitamente na estrutura concei-
tual e demais pronunciamentos do CPC, pode-se perceber que os Princípios
Contábeis emitidos pelo CFC coadunam com a estrutura conceitual.
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Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n.º 750 de 29 de dezembro de 1993.
Dispõe sobre os Princípios de Contabilidade. Disponível em: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/
RES_750.doc>. Acesso em: 30 set. 2016.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n.º 1055 de 07 de outubro de 2005.


Cria o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e dá outras Providências. Disponível em:
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2005/001055>. Acesso em: 13
out. 2016.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012.

85/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Questão 1
1. As normas internacionais criadas pelo IASC são conhecidas pelas siglas:

a) IASB
b) IAS
c) IFRS
d) CPC
e) IOSCO

86/198
Questão 2
2. No CPC 00, a essência sobre o valor original foi retirada do texto. Essa
mudança ocorreu em virtude de:

a) na nova estrutura conceitual, a realidade econômica não precisa se sobrepor à forma;


b) não representar mais uma bandeira insubstituível nas normas do IASB;
c) ser trocada pela representação fidedigna, que também exprime que a realidade econômica
sempre deva transparecer sobre sua forma;
d) ser um conceito ultrapassado aos usuários de informação;
e) prejudicar o balanço patrimonial da empresa.

87/198
Questão 3
3. A edição de duas leis foi essencial para que houvesse a convergência
das normas contábeis brasileiras à internacionais. Assinale a lei que tra-
tava de um regime transitório de tributação a fim de diminuir o possível
impacto fiscal com a edição das novas normas.

a) Lei 6.404/76
b) Lei 11.638/07
c) Resolução CFC 1282/10
d) Deliberação CVM 539/08
e) Lei 11.941/09

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Questão 4
4. Antes da criação do CPC, outros órgãos eram responsáveis por mani-
festarem a respeito dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos no Brasil
– BR GAAP. Assinale a alternativa que contenha um desses órgãos:

a) Secretaria da Receita Federal


b) BM&FBOVESPA
c) ABRASCA
d) CFC
e) SUSEP

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Questão 5
5. As normas internacionais emitidas pelo IASB são conhecidas pelas si-
glas:

a) IAS
b) IASB
c) CPC
d) IFRS
e) IOSCO

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Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: D.

Durante a existência do IASC, as normas Os BR GAAP eram emitidos e discutidos pelo


contábeis internacionais eram chamadas CFC (resposta correta), e também pela CVM.
de IAS – International Accounting Standards.
5. Resposta: D.
2. Resposta: C.
As normas emitidas pelo IASB são chama-
A essência sobre a forma foi substituída por das IFRS – International Financial Reporting
representação fidedigna, que também busca Standard.
retratar a realidade econômica da empresa.

3. Resposta: E.

A Lei 11.941/09 tratava sobre o Regime


Transitório de Tributação – RTT.

91/198
Unidade 5
Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques

Objetivos

1. Conhecer a definição de estoques e a


abrangência do CPC 16.
2. Entender a forma de mensuração do
custo dos estoques.
3. Analisar os diferentes critérios de va-
loração do estoque permitidos pelo
CPC 16.

92/198
Introdução

Você pôde acompanhar no tema anterior 1. CPC 16 (R1) – Estrutura


como são produzidos os Pronunciamentos e correlação às normas
Contábeis emitidos pelo CPC, com a preo- internacionais
cupação da convergência das normas in-
ternacionais à realidade brasileira, e com a Os Pronunciamentos Contábeis são com-
realização de consultas e audiências públi- postos pelo Termo de Aprovação, o Pronun-
cas que resultem na transparência da edi- ciamento propriamente dito, o Sumário e o
ção dos Pronunciamentos. Até outubro de Relatório de Audiência Pública. No site do
2016, o CPC já havia publicado 45 Pronun- CPC, estão disponibilizados todos esses do-
ciamentos, 17 interpretações e 8 orienta- cumentos, separados por Pronunciamen-
ções. Neste e nos próximos 3 temas, você to, com acesso livre e gratuito. Lá também
conhecerá alguns desses pronunciamen- constam as aprovações endossadas pelos
tos e explorará a estrutura dos documentos órgãos reguladores brasileiros.
emitidos pelo CPC.

93/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


O Pronunciamento Contábil CPC 16 – Estoques foi elaborado a partir da norma internacional IAS
2 – Inventories. Esse Pronunciamento, que já foi revisado uma vez (representado pelo R1), esta-
belece o tratamento contábil para os estoques e seu objetivo apresentado no sumário é:

[...] determinar a forma de avaliação dos estoques adquiridos para revenda,


dos mantidos para consumo ou utilização industrial ou na prestação de
serviços, dos em processamento e dos produtos acabados prontos para a
venda (CPC, 2012).

Para saber mais


É possível, mediante a realização de cadastro, ter acesso aos documentos referentes às normas interna-
cionais de contabilidade no site do IFRS Foundation. Há também opções pagas do serviço.

94/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


A importância da mensuração dos estoques
está relacionada ao reconhecimento das re- Para saber mais
ceitas. Você já sabe que o reconhecimento O resultado bruto de empresas que trabalham
de um evento está relacionado à ocorrên- com comercialização de mercadorias, ou seja, o
cia do fato gerador, independentemente do resultado com mercadorias (RCM), é o equivalen-
recebimento do correspondente monetá- te monetário da receita de vendas (RV) subtraído
rio. Outro conceito relevante, relacionado o custo das mercadorias vendidas (CMV), ou seja:
à mensuração dos estoques, é a confronta- (IUDICIBUS, 2010).
ção das despesas com as receitas. Os valo-
res contidos nos estoques são fundamen-
tais para essa confrontação e apuração do Esse Pronunciamento busca trazer orienta-
resultado do período, pois eles impactam ções sobre a determinação do custo dos es-
o custo das mercadorias vendidas e, conse- toques e, ainda, orientações sobre o méto-
quentemente, a apuração do resultado bru- do a ser utilizado para valorar os estoques.
to do período.

95/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


2. Definição e mensuração do estoque segundo CPC 16
2.1 Conceito de estoques

Segue a definição de Estoques, segundo o CPC 16 (R1):

Estoques são ativos:

(a) mantidos para venda no curso normal dos negócios;

(b) em processo de produção para venda; ou

(c) na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transfor-


mados no processo de produção ou na prestação de serviços. (CPC, 2009).

96/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


Contudo, o tratamento dado aos Estoques 2.2 Mensuração
pelo CPC 16 (R1) não é aplicável a estoques
específicos relacionados à produção em Os estoques tratados pelo CPC 16 devem
andamento provenientes de contratos de ser mensurados pelo valor de custo ou va-
construção (regido pelo CPC 17 – Contratos lor realizável líquido, dentre os dois valores
de Construção), instrumentos financeiros o menor. Segundo Yamamoto et al. (2011),
(dispostos nos CPC 38 e CPC 39 – Instru- esse tratamento é realizado com o objetivo
mentos Financeiros) e, ainda, ativos bioló- de eliminar dos estoques os valores de cus-
gicos relacionados com a atividade agríco- tos não recuperáveis com a venda.
la e o produto agrícola no ponto da colhei- A mensuração dada pelo Pronunciamen-
ta (tratado pelo CPC 29 – Ativo Biológico to CPC 16 (R1) não é válida para produto-
e Produto Agrícola). Essa diferenciação é res agrícolas e florestais, de produtos após
feita, principalmente, em virtude da neces- a colheita, de minerais e produtos minerais,
sidade de tratamento diferenciado das re- à medida que sejam mensurados pelo valor
ceitas e despesas que ocorrem em períodos realizável líquido de acordo com a prática
contábeis diferentes, ou, ainda, na forma de do setor. Os comerciantes de commodities
mensuração singularizada desses ativos es- que mensurem seus estoques pelo valor
pecíficos. justo também estão excluídos do tratamen-
97/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques
to dado pelo CPC 16 (R1). Nesses casos, as seus custos indiretos. Os custos diretos são
alterações nesses valores deverão ser reco- aqueles diretamente relacionados às uni-
nhecidas no resultado do período em que dades produzidas, seja matéria-prima con-
tenha sido verificada a alteração. sumida na fabricação ou mão de obra. Já os
custos indiretos são aqueles que, quando
Os custos devem incluir todos os custos de
não é possível identificar separadamente e
aquisição, transformação e outros incor-
alocá-los diretamente na produção (como
ridos para trazer os estoques à condição
em fábricas que produzem mais de um pro-
e localização atuais. Isso inclui o preço de duto e dividem o espaço produtivo), devem
compra, os impostos (exceto aqueles recu- ser atribuídos em uma base racional e con-
peráveis junto ao fisco), custos de transpor- sistente.
te, seguro, manuseio, outros valores direta-
Existem várias metodologias para apro-
mente atribuíveis à aquisição de produtos
priação de custos, tais como custeio por
acabados, materiais e serviços. Para apura-
absorção, custeio variável, custeio basea-
ção do custo, devem ser deduzidos os des-
do em atividades, entre outros. Contudo, o
contos comerciais, abatimentos e outros
custeio por absorção é o mais adotado pela
itens semelhantes. Contabilidade Financeira, segundo Martins
Nos custos de transformação, estão os cus- (2010). Isto porque ele é mais aceito pela le-
tos diretos de fabricação e a alocação de gislação fiscal.
98/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques
de quanto deveriam ser seus custos, dados
Para saber mais níveis normais de utilização dos materiais
e bens de consumo. Já o método de varejo,
A contabilidade de custos é uma importante
utilizado no setor de varejo para mensurar
ferramenta de uso não só para elaboração das
estoque de grandes quantidades de itens
demonstrações exigidas pela legislação, mas
que mudam rapidamente, é determinado
também para a gestão do negócio. Inicialmen-
pela redução do seu preço de venda a uma
te, ela foi originada para resolver problemas de
percentagem de margem de lucro.
mensuração dos estoques, mas logo se percebeu
o potencial para uso como instrumento de admi-
nistração. Muitos métodos de custeio existentes
2.3 Critérios de valoração do
foram elaborados com o propósito de gerenciar estoque
os custos de produção.
Os critérios de valoração do estoque rela-
cionam-se às formas de atribuir valores aos
Outras formas para a mensuração do custo
itens mantidos no estoque e às mercadorias
permitidas pelo CPC 16 (R1) são o custo-pa-
vendidas, para obter o custo de mercado-
drão e o método de varejo, se esses resul-
rias vendidas no cálculo da receita. Os prin-
tados se aproximarem do custo real. O cus-
cipais critérios utilizados são o custo espe-
to-padrão é o valor estimado pela empresa
99/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques
cífico, PEPS, UEPS e custo médio ponderado Contudo, na maior parte das vezes, a em-
(YAMAMOTO et al., 2011). presa realiza a compra de diversos mate-
O CPC 16 preconiza o uso do custo específi- riais em datas diversas, por preços diferen-
co em casos de projetos cujos itens não são tes. Para esses itens intercambiáveis, o CPC
intercambiáveis. Neste caso, os custos de- permite a utilização dos métodos PEPS e
vem ser atribuídos pelo uso da identificação custo médio ponderado.
específica dos seus custos individuais. Po- O item 27 do CPC 16 (R1) traz os conceitos
de-se citar o exemplo de aquisição de ma- do critério PEPS e custo médio ponderado:
téria-prima exclusivamente para uso numa
determinada ordem de produção ou enco-
menda.

100/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


27. O critério PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) pressupõe que os itens
de estoque que foram comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos
em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que permanecerem em
estoque no fim do período sejam os mais recentemente comprados ou
produzidos. Pelo critério do custo médio ponderado, o custo de cada item
é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhan-
tes no começo de um período e do custo dos mesmos itens comprados
ou produzidos durante o período. A média pode ser determinada em base
periódica ou à medida que cada lote seja recebido, dependendo das cir-
cunstâncias da entidade.
O critério PEPS, segundo a definição, faz com que os estoques mais antigos sejam vendidos em
primeiro lugar. Esse critério é aceito pelas Normas Internacionais e pela legislação tributária bra-
sileira ao invés do UEPS, pois leva em conta possíveis forças inflacionárias na compra de esto-
ques novos. Geralmente, os estoques adquiridos em um período anterior apresentarão valores
menores do que aqueles adquiridos mais recentemente, principalmente quando os estoques não
possuem alta rotatividade.

101/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


tentes, após cada evento que altera a quan-
Para saber mais tidade de estoque.
O método UEPS (último que entra é o primeiro
que sai) não é aceito para fins fiscais, tampouco 3. Divulgação
pelas normas internacionais de contabilidade.
As principais informações que devem cons-
Esse método consiste em avaliar o custo de mer-
tar nas demonstrações contábeis exigidas
cadorias pelas compras mais recentes e o esto-
pelo CPC 16 (R1) estão relacionadas:
que remanescente pelas compras mais antigas, o
que geralmente reduz o lucro contábil. • às políticas contábeis adotadas na
mensuração dos estoques, com a ex-
Já no critério pelo custo médio ponderado, o pressa menção das formas e critérios
custo das mercadorias é calculado de forma utilizados para valoração deles;
dinâmica, já que se altera a cada compra de
• aos valores do total e subgrupos dos
novas unidades por um preço unitário dife-
estoques de mercadorias e produtos;
rente do preço médio na data da compra.
O valor médio é calculado com a divisão do • ao valor dos estoques escriturados
custo total do estoque pelas unidades exis- pelo valor justo menos seus custos es-
timados de venda;

102/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


• ao valor dos estoques reconhecidos saiba quais critérios foram utilizados para
como despesas (CMV) no período; a valoração do estoque. Estas informações
• ao valor de redução ou reversão de re- devem constar nas Notas Explicativas,
dução do valor dos estoques reconhe- que fazem parte do conjunto completo das
cida no período; demonstrações contábeis, conforme CPC
26 (R1) – Apresentação das Demonstrações
• às circunstâncias que levaram à rever- Contábeis.
são de redução de estoques no perío-
do;
• ao montante escriturado de estoques
dado como garantia de passivos.
Perceba que nem todas essas informações
ficam claras ao usuário de informação ape-
nas pela observação do saldo total das
contas disposto no balanço patrimonial.
As políticas contábeis utilizadas pela enti-
dade, por exemplo, precisam ser descritas
para que o usuário da informação contábil
103/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques
Glossário
Commodities: produtos de baixo valor agregado, correspondente ao seu estado in natura, sem
transformação. Seus preços são determinados pela oferta e procura internacional.
Notas explicativas: notas que incluem descrições ou análises mais detalhadas dos itens apre-
sentados nas demonstrações contábeis da entidade.
PEPS (primeiro que entra é o primeiro que sai): critério de valoração de estoque, em que os
estoques mais antigos são contabilizados como custo de mercadorias vendidas (também co-
nhecido por First in – First out – FIFO).
UEPS (último que entra é o primeiro que sai): critério de valoração de estoque, em que os es-
toques mais novos são contabilizados como custo de mercadorias vendidas (também conheci-
do por Last-in – First out – LIFO).
Valor realizável líquido: preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzidos os
custos estimados para sua conclusão e os gastos estimados para a conclusão da venda.

104/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


?
Questão
para
reflexão

Na empresa em que trabalha, há um sistema de gerenciamento


de estoques muito eficiente, que permite que a diretoria execu-
tiva possa acompanhar sua evolução, saldo, vendas etc. Em uma
consulta de rotina, você percebeu que um lote grande de maté-
rias-primas não constava no sistema. Quando foi questionar o
porquê, o setor responsável optou por não registrar, afinal, daqui
a pouco seriam registrados os produtos já acabados. Esse posi-
cionamento está correto? Quais os problemas que podem ocorrer
com a ausência da informação correta e tempestiva?

105/198
Considerações Finais

• Os estoques são ativos importantes para a maioria das empresas. A correta


mensuração e a escolha dos critérios de valoração impactam no resultado
do período;
• as orientações contidas no CPC 16 indicam quais os possíveis tratamentos
contábeis dos estoques, principalmente relacionados à mensuração, crité-
rios de valoração e divulgação;
• os critérios utilizados pela Entidade relacionados à mensuração do custo e
valoração dos estoques devem estar disponíveis nas demonstrações contá-
beis, através das Notas Explicativas.

106/198
Referências

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 16 (R1) – Es-


toques. CPC: 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronun-
ciamentos/Pronunciamento?Id=47>. Acesso em 14 out.2016.

IUDÍCIBUS, Sergio de, coord. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012
YAMAMOTO, Marina Mitiyo; PACCEZ, João Domiraci; MALACRIDA, Mara Jane Contrera. Funda-
mentos da Contabilidade: A nova Contabilidade no contexto global. São Paulo: Saraiva, 2011.

107/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Questão 1
1. O Pronunciamento Contábil, que traz informações sobre o tratamento
contábil dos estoques, emitido pelo IASB é:

a) CPC 16
b) CPC 26
c) IAS 16
d) IFRS 2
e) IAS 2

108/198
Questão 2
2. Assinale a alternativa que contenha um tipo de estoque que não é
disciplinado pelo CPC 16:

a) Mercadorias destinadas à venda.


b) Ativos biológicos relacionados a atividades agrícolas.
c) Matérias-primas a serem utilizadas no processo de produção.
d) Commodities.
e) Mercadorias em processo de produção.

109/198
Questão 3
3. O Pronunciamento Contábil que traz informações sobre o tratamento
contábil dos estoques emitido pelo CPC é:

a) CPC 16
b) CPC 26
c) IAS 16
d) IFRS 2
e) IAS 2

110/198
Questão 4
4. Segundo o CPC 16 (R1), os estoques devem ser mensurados:

a) pelo valor de custo ou valor realizável líquido, o que for maior:


b) pelo valor justo;
c) pelo valor de custo ou valor realizável bruto, o que for menor;
d) pelo valor de custo ou valor realizável líquido, o que for menor;
e) pelo valor de custo ou valor realizável bruto, o que for maior.

111/198
Questão 5
5. A mensuração dos estoques pelo CPC 16 (R1) pode ser relacionada
com um Princípio Contábil presente na Resolução CFC º 750/93. Falamos
do Princípio:

a) da Entidade
b) da Continuidade
c) da Prudência
d) da Atualização Monetária
e) da Oportunidade

112/198
Gabarito
1. Resposta: E. 3. Resposta: A.

O pronunciamento emitido pelo IASB acer- O pronunciamento emitido pelo CPC acerca
ca dos estoques é IAS 2 – Inventories. dos estoques é o CPC 16 (R1) – Estoques.

2. Resposta: B. 4. Resposta: D.
O tratamento dado aos Estoques pelo CPC Segundo item 9 do CPC 16 (R1), os estoques
16 (R1) não é aplicável a estoques especí- devem ser mensurados pelo valor de custo
ficos relacionados à produção em anda- ou pelo valor realizável líquido, dos dois o
mento provenientes de contratos de cons- menor.
trução (regido pelo CPC 17 – Contratos de
Construção), instrumentos financeiros (dis- 5. Resposta: C.
postos nos CPC 38 e CPC 39 – Instrumentos
Financeiros), e ativos biológicos relacionados A mensuração dos estoques, segundo CPC
com a atividade agrícola e o produto agrícola (R1), deve ser realizada pelo valor de cus-
no ponto da colheita (tradado pelo CPC 29 – to ou pelo valor realizável líquido, o que for
Ativo Biológico e Produto Agrícola). menor. Isso significa atribuir um valor me-
nor, dentre os possíveis, a uma conta do
113/198
Gabarito
ativo. Isso corresponde ao princípio da Pru-
dência, que “determina a adoção do menor
valor para os componentes do ATIVO e do
maior para os do PASSIVO”.

114/198
Unidade 6
Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado

Objetivos

1. Conceitualizar ativo imobilizado se-


gundo CPC 27 e a legislação brasileira.
2. Entender a forma de reconhecimento
e mensuração dos ativos imobiliza-
dos.
3. Analisar os diferentes critérios de de-
preciação possíveis dentro do CPC 27
e os permitidos pelos órgãos fiscaliza-
dores do Brasil.

115/198
Introdução
Os Ativos são considerados recursos con- mensurados e, ainda, as diferenças entre
trolados pela Entidade dos quais se espera a aplicação das instruções e orientações
que fluam futuros benefícios econômicos, contidas no Pronunciamento CPC 27, bem
segundo a Estrutura Conceitual trazida pelo como as exigências impostas pelas leis bra-
CPC. Os bens, equipamentos e instalações sileiras.
de longa permanência destinados ao uso e
atividades operacionais da empresa consti- 1. Ativo imobilizado segundo
tuem um subgrupo do ativo: o ativo imobi-
lizado. Esse subgrupo representa os ativos
CPC 27 e lei 6.404/76
corpóreos que, apesar de não serem desti-
O ativo imobilizado é uma conta pertencen-
nados à revenda ou investimentos, são de
te ao ativo não circulante, relacionada às
extrema importância ao funcionamento e
atividades de longo prazo da Entidade, ou
continuidade da Entidade, com a expecta-
ainda, àquelas em que não se espera reali-
tiva de futuros benefícios econômicos. Má-
quinas, equipamentos, edifícios, veículos, zar, vender ou transacionar no mesmo ciclo
ferramentas e instalações são exemplos de operacional.
ativos imobilizados. O CPC 27, elaborado a partir da norma in-
Você conhecerá as definições de ativo imo- ternacional IAS 16 – Property, Plant and Equi-
bilizado, de que forma são reconhecidos e pment, traz a definição de ativo imobilizado:
116/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
Para saber mais
A Lei 11.941/09 atualizou a Lei 6.404/76 (Lei das S.A.) no que se referem às contas do balanço patrimonial:
no ativo, as contas são divididas em ativo circulante e ativo não circulante. O ativo não circulante, rela-
cionado a operações de longo prazo da Entidade, é composto pelos subgrupos realizável a longo prazo,
investimentos, imobilizado e intangível.

Ativo imobilizado é o item tangível que:


(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços,
para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e
(b) se espera utilizar por mais de um período.
Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive
os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o con-
trole desses bens. (CPC, 2009)

117/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


A Lei 6.404/76 traz a classificação de ativos
imobilizados, atualizada pela Lei 11.638/07, Para saber mais
como “os direitos que tenham por objeto As operações que transferem benefícios, riscos
bens corpóreos destinados à manutenção e controle dos bens, trazidas tanto no CPC 27
das atividades da companhia ou da empre- quanto na Lei 6.404/76, referem-se, principal-
sa ou exercidos com essa finalidade, inclusi- mente, ao arrendamento mercantil financeiro. O
ve os decorrentes de operações que trans- Pronunciamento CPC 06 (R1) – Operações de Ar-
firam à companhia os benefícios, riscos e rendamento Mercantil trata especificamente do
controle desses bens”. registro dessas operações.
Perceba que as definições trazidas pelo Pro-
nunciamento emitido pelo CPC e pela Lei
são muito similares e se complementam.

118/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


O tratamento dado pelo CPC 27 não se apli- • direitos sobre jazidas e reservas mine-
ca a: rais.
• ativos imobilizados mantidos para
2. Reconhecimento, mensura-
venda pelo CPC 31 – Ativo Não Circu-
ção e depreciação do ativo imo-
lante Mantido para Venda e Operação
Descontinuada;
bilizado
• ativos biológicos relacionados com a 2.1 Reconhecimento
atividade agrícola, tratado pelo CPC
29 – Ativo Biológico e Produto Agríco- O CPC 27, item 7, trata do reconhecimento
la; do ativo imobilizado:
• reconhecimento e mensuração de ati-
vos de exploração, e avaliação de re-
cursos minerais, que será disciplinado
pelo CPC 34 – Exploração e Avaliação
de Recursos Minerais, ainda não edi-
tado;

119/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


7. O custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como
ativo se, e apenas se:

(a) for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item flui-
rão para a entidade; e

(b) o custo do item puder ser mensurado confiavelmente (CPC, 2009).


Perceba que o item “a” é o próprio conceito de Ativo definido pela Estrutura Conceitual CPC 00.
A expectativa de benefícios econômicos em virtude da propriedade do bem é a essência do con-
ceito de Ativo.
Bens como peças de reposição, sobressalentes, ferramentas e equipamentos de uso interno tam-
bém são considerados ativos imobilizados quando é esperado que a Entidade os use por mais de
um período ou ciclo contábil.

120/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


2.2 Mensuração mensurar o ativo imobilizado pelo método
do custo ou, quando a Lei permitir, pelo mé-
A mensuração dos ativos imobilizados dife- todo de reavaliação.
rencia-se quando realizadas no reconheci-
O método do custo exige que o ativo seja
mento e após o reconhecimento. mensurado pelo valor de custo menos qual-
• Mensuração no reconhecimento: quer depreciação e perda por redução ao
valor recuperável. Na Lei 6.404/76, o artigo
Segundo CPC 27, um item do ativo imobili-
183, em seu item V, especifica que os direi-
zado que atenda aos critérios de reconheci- tos classificados no imobilizado serão ava-
mento deve ser mensurado pelo seu custo. liados pelo custo de aquisição, deduzido do
O custo do ativo imobilizado engloba o pre- saldo da respectiva conta de depreciação,
ço de aquisição, quaisquer custos atribuí- amortização ou exaustão.
veis diretamente para que ele possa entrar
em funcionamento e a estimativa inicial dos A reavaliação de ativos não é permitida no
Brasil, porém, na adoção inicial das normas
custos de desmontagem e remoção do item
internacionais contábeis e dos CPCs, foi
e de restauração do local no qual esse está
permitido um ajuste no valor inicial de seus
localizado. ativos que estivessem reconhecidos no ba-
• Mensuração após o reconhecimento: lanço por valor consideravelmente inferior
ou superior ao seu valor justo (IUDÍCIBUS
Após o reconhecimento, a Entidade pode
et al., 2013). A prática mais adequada para
121/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
reavaliação é empregar o valor justo como 2.3 Depreciação
custo atribuído (deemed cost) e quaisquer
ajustes nos saldos iniciais, tanto positivos A depreciação, segundo o CPC 27, inicia-se
como negativos, devem ser registrados na quando o bem está disponível para uso e se
conta Ajustes de Avaliação patrimonial. O
encerra quando o ativo é classificado como
uso do custo atribuído consta no Pronun-
mantido para venda ou na data que o ati-
ciamento CPC 37 (R1) – Adoção Inicial das
Normas Internacionais de Contabilidade. vo é baixado, o que ocorrer primeiro. A de-
preciação deve ser realizada considerando
a vida útil econômica do ativo em questão.
Para saber mais A definição de depreciação dada pelo CPC
Pelo CPC 27, quando o ativo é mensurado pelo 27 é:
método de Reavaliação, ele deve ser feito perio-
dicamente caso sofram mudanças significativas
em seu valor justo. Contudo, no Brasil, essa práti-
ca só pode ser realizada na adoção inicial às nor-
mas internacionais. A IAS 16 permite o método de
reavaliação após o reconhecimento inicial de um
ativo imobilizado.

122/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


A depreciação, entendida como a alocação sistemática do valor depre-
ciável de um ativo ao longo da sua vida útil econômica para a entidade,
corresponde à parcela pertencente ao período do total da diferença entre
o valor do custo do ativo (ou outro valor que substitua o custo) menos o
valor residual esperado ao final de sua utilização.
Pela Lei 6.404/76, a diminuição dos elementos do ativo imobilizado deverá ser registrada nas
contas de depreciação, amortização e exaustão. A depreciação está relacionada à perda de valor
de bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsoles-
cência. A amortização já está relacionada à perda do valor do capital aplicado na aquisição de
direitos da propriedade com existência ou exercício de duração limitada (mais relacionada a ati-
vos intangíveis). Já a exaustão é aplicada à perda do valor de direitos cujos objetos sejam recursos
minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

123/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


Os principais critérios contábeis para de- despesa constante de depreciação
preciação de ativos, segundo Padoveze durante a vida útil do ativo, caso o va-
(2012), são: lor residual do mesmo não se altere,
como o método das quotas constan-
• A depreciação deve ser ajustada no
tes (Depreciação = valor depreciável÷
resultado;
vida útil).
• a vida útil do ativo deve ser revisada;
• Método dos saldos decrescentes: re-
• o método de depreciação deve refletir sulta em uma despesa de depreciação
o padrão de consumo pela Entidade decrescente durante a vida útil, como
dos benefícios econômicos futuros; o método da soma dos dígitos dos
• o método de depreciação deve ser re- anos.
visado periodicamente. • Método das unidades produzidas: re-
Existem vários métodos de depreciação que sulta em uma depreciação baseada
podem ser utilizados para apropriar o valor no uso ou produção esperados (De-
depreciado do ativo ao longo de sua vida preciação = unidades produzidas no
útil. Os métodos citados pelo CPC 27 são: período ÷ unidades estimadas de pro-
dução durante a vida útil).
• Método da linha reta: resulta em uma
124/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
Contudo, há de se ressaltar que o trata-
mento das depreciações, para fins fiscais, é
diferente. No Brasil, o Regulamento do Im-
posto de Renda traz uma tabela com a taxa
anual de depreciação e o tempo de vida útil Para saber mais
de bens depreciáveis, desde que utilizados
Pelo Regulamento do Imposto de Renda 3000/99,
em condições normais e turnos de oito ho-
não são depreciáveis: terrenos (também consta
ras diárias. Em caso de turnos maiores, é
esta vedação no CPC 27), prédios ou construções
possibilitada uma aceleração na deprecia-
não alugadas nem utilizadas pelo proprietário na
ção de bens móveis, em função do número
produção dos seus rendimentos ou destinados a
de horas diárias da operação.
revenda e bens que normalmente aumentam de
valor com o tempo, como obras de arte ou anti-
guidades.

125/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


2.4 Redução ao valor através de uso, ou de sua venda. A análise
recuperável de redução ao valor recuperável é obrigató-
ria aos itens dispostos nos ativos imobiliza-
O CPC 27 apregoa que, quando um item do dos e intangíveis pela legislação brasileira.
ativo está com parte de seu valor irrecu- A Lei 6.404/76, no artigo 183, §3º, ressalta
perável, deverá ser aplicado o CPC 01(R1) a obrigatoriedade de a empresa efetuar pe-
– Redução ao Valor Recuperável de Ativos. riodicamente análise sobre o valor recupe-
Esse Pronunciamento, em consonância com rável dos ativos.
a norma IAS 36 – Impairment of Assets, im-
O Pronunciamento define valor recuperável
plica no dever da Entidade em verificar se há
como o maior valor entre o preço líquido de
alguma indicação de que seus ativos perde-
venda do ativo e o seu valor em uso. Caso
ram representatividade econômica, deven-
um desses valores exceda o valor contábil
do efetuar uma avaliação e reconhecer con-
do ativo, não haverá desvalorização nem
tabilmente a desvalorização dos ativos.
necessidade de estimar o outro valor. Po-
A redução ao valor recuperável dos ativos rém, se o valor contábil do ativo for superior
busca garantir que os ativos não estejam ao seu valor recuperável, a Entidade reduz
registrados contabilmente por um valor o ativo a esse valor por meio da conta Per-
superior ao de sua recuperabilidade, seja das estimadas por redução ao valor recu-
126/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
perável” ou “perdas por Impairment” (conta d) o valor contábil bruto e a depreciação
redutora do Ativo) e reconhece a perda re- acumulada (mais as perdas por re-
ferente à parcela não recuperável no resul- dução ao valor recuperável acumula-
tado do período (IUDÍCIBUS et al., 2013). das) no início e no final do período; e
e) a conciliação do valor contábil no in-
3. Divulgação ício e no final do período.
O CPC 27 determina que nas demonstra-
ções contábeis devem constar as seguintes
informações, para cada classe de ativo imo-
bilizado:
a) os critérios de mensuração utilizados
para determinar o valor contábil bru-
to;
b) os métodos de depreciação utilizados;
c) as vidas úteis ou as taxas de depre-
ciação utilizadas;

127/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


Glossário
Ativo: recurso controlado pela Entidade como resultado de eventos passados e do qual se es-
pera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade.
Ciclo operacional: o período que a empresa leva para produzir, vender e receber a venda dos
produtos, sendo o mínimo um ano.
Impairment: declínio no valor de um ativo ou dano econômico.
Tangível: bem corpóreo, que se pode tanger ou tocar.
Valor depreciável: valor reconhecido do ativo menos seu valor residual.
Valor residual: valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as
despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim
de sua vida útil.

128/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


?
Questão
para
reflexão

Analisando as demonstrações contábeis dos últimos anos da


empresa em que trabalha, você percebeu que está sendo uti-
lizada a mesma taxa de depreciação dos bens para fins fiscais
no balanço da empresa. Quando questionou se esses valores
estariam corretos, logo lhe foi dito que isso seria benéfico a to-
dos, pois a empresa não teria de se preocupar com avaliações
e outros métodos de depreciação e que isso gera economia de
custos. Você concorda? O balanço da empresa está conseguin-
do retratar a sua situação econômica de fato?

129/198
Considerações Finais

• Neste tema, você pôde perceber a importância das leis 11.738/07 e


11.941/09 para a convergência das normas internacionais através da con-
ceitualização dos itens que compõem o balanço patrimonial à luz das nor-
mas internacionais, ainda que com algumas diferenças pontuais;
• a reavaliação de ativos, apesar de adotada pelas normas internacionais de
contabilidade e constar no CPC 27, é vedada por Lei no Brasil, exceto pela
adoção inicial das normas internacionais de Contabilidade;
• os testes para aplicação do Impairment são essenciais para que os valores
contábeis de fato reflitam a realidade econômica de seus itens e da Entida-
de.

130/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 27 – Ativo Imo-
bilizado. CPC: 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pro-
nunciamentos/Pronunciamento?Id=58>. Acesso em: 14 out. 2016.

IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo. Manual
de Contabilidade Societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012.

131/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Questão 1
1. O Pronunciamento Contábil que traz informações sobre o tratamento
contábil dos ativos imobilizados e emitido pelo IASB é:

a) CPC 27
b) IAS 36
c) IAS 16.
d) IFRS 16
e) IAS 2

132/198
Questão 2
2. O método de depreciação que resulta em uma despesa constante de
depreciação durante a vida útil do ativo é o:

a) método das unidades produzidas;


b) método da linha reta;
c) método dos saldos decrescentes;
d) método da soma dos dígitos dos anos;
e) método da taxa anual.

133/198
Questão 3
3. Assinale o item considerado como ativo imobilizado:

a) Imóvel adquirido para revenda.


b) Prédio-sede da Entidade.
c) Estoque.
d) Material de escritório.
e) Patente.

134/198
Questão 4
4. A depreciação de um ativo é realizada com base em seu valor deprecia-
do. O valor depreciado é calculado:

a) pelo valor do ativo mais seu valor residual;


b) pelo valor justo;
c) pelo valor residual;
d) pelo valor de custo ou valor realizável líquido, o que for menor;
e) pelo valor do ativo menos seu valor residual.

135/198
Questão 5
5. A perda por Impairment é reconhecida quando:

a) o valor contábil é superior ao seu valor de uso e valor de venda;


b) o valor contábil é superior ao seu valor de uso ou valor de venda;
c) o valor contábil é inferior ao seu valor de uso e valor de venda;
d) o valor contábil é superior ao seu valor de uso ou valor de venda;
e) o valor contábil é idêntico ao seu valor recuperável.

136/198
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: E.

O IAS 16 – Property, Plant and Equipment se O valor depreciável de um ativo é seu valor
refere ao tratamento de ativos imobilizados. menos o valor residual.

2. Resposta: B. 5. Resposta: A.

O método da linha reta resulta em uma des- A perda por Impairment é reconhecida quan-
pesa constante de depreciação durante a do o valor contábil é superior ao seu valor de
vida útil do ativo, caso o valor residual dele uso e valor de venda. Perceba que, se o valor
não se altere. de uso ou de venda exceder o valor contá-
bil do ativo, não haverá desvalorização nem
3. Resposta: B. necessidade de estimar o outro valor. Ou
seja, para registrar a perda por valor recu-
O prédio-sede da Entidade é um exemplo de perável, o valor contábil deve superar am-
ativo imobilizado. bos os valores.

137/198
Unidade 7
Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível

Objetivos

1. Conceitualizar ativo Intangível segun-


do CPC 04 e a legislação brasileira.
2. Entender os critérios que devem ser
satisfeitos a fim de enquadrar o item
como ativo intangível.
3. Conhecer de que forma os ativos in-
tangíveis são mensurados inicialmen-
te e após seu reconhecimento inicial.

138/198
Introdução
Os ativos intangíveis são um subgrupo per-
1. Ativo intangível segundo CPC
tencente ao ativo não circulante, cuja defini-
04 e lei 6.404/76
ção pelo CPC 04 (R1) – Ativo Intangível – é
dada como ativos não monetários identi- O CPC 04 (R1) – Ativo Intangível foi emiti-
ficáveis sem substância física. Os ativos in- do com base no IAS 38 – Intangible Assets e
tangíveis compreendem itens como marcas, contém o tratamento contábil a ser aplica-
patentes, fundos de comércio, direitos auto- do aos ativos intangíveis, exceto:
rais, softwares, concessões públicas, entre
outros, que estão diretamente relacionados
às atividades da Entidade dos quais se espe-
ra que resultem benefícios econômicos futu-
ros para a Entidade. Neste tema, você sabe-
rá da importância em atribuir valor a esses
itens incorpóreos no balanço patrimonial da
Entidade, quais são os itens que podem ser
considerados intangíveis e, ainda, entender
como são realizados o reconhecimento e a
mensuração desses ativos.

139/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


(a) ativos intangíveis dentro do alcance de outro Pronunciamento Técnico;
(b) ativos financeiros, conforme definidos no Pronunciamento Técnico
CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação;
(c) no reconhecimento e mensuração de ativos advindos da exploração e
avaliação de recursos minerais (ver Pronunciamento Técnico CPC 34 – Ex-
ploração e Avaliação de Recursos Minerais, quando emitido);
(d) gastos com desenvolvimento e extração de minerais, óleo, gás natural
e recursos naturais não renováveis similares (CPC, 2009, p. 3)
O CPC 04 permite o tratamento de ativos intangíveis com algum grau de generalidade, porém,
antes de realizar os procedimentos contábeis, faz-se necessário verificar se existe uma norma
mais específica a ser aplicada no caso.
A Lei 6.404/76 classifica os ativos intangíveis como “os direitos que tenham por objeto bens in-
corpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o
fundo de comércio adquirido” (BRASIL, 1976). Essa definição, trazida pela Lei 11.638/07, revela
duas importantes características sobre os ativos intangíveis: devem ser incorpóreos e relacionados
às atividades/manutenção da companhia.
140/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
Para saber mais
Os bens tangíveis e intangíveis não usados nas atividades da empresa são reconhecidos e
listados no subgrupo Investimentos. Existe, inclusive, uma interpretação emitida pelo CPC,
o ICPC 10, sobre aplicação inicial ao ativo imobilizado e propriedade para investimento.

Para serem classificados no ativo intangível, os bens devem ser incorpóreos, conforme defini-
ção do CPC e da lei das SA. Porém, cabe aqui uma distinção quanto à classificação de softwares
contida no CPC 04 (R1): quando esse software é indissociável de uma máquina ou equipamento,
como um software operacional, ele deverá ser classificado no ativo imobilizado. Agora, quando o
software não é parte integrante do hardware, como os softwares de gestão, eles são considerados
ativos intangíveis.

141/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


2. Reconhecimento, mensuração e amortização do ativo intangível
2.1 Identificação

Para serem reconhecidos como ativos intangíveis, eles devem ser identificáveis, controlados e ge-
radores de benefícios econômicos. A identificação, segundo CPC 04 (R1), deverá satisfazer aos
seguintes critérios:

(a) for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido, li-
cenciado, alugado ou trocado, individualmente ou junto com um contrato, ativo ou
passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade; ou
(b) resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independentemente de
tais direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e
obrigações. (CPC, 2009)
Iudícibus et al. (2013) trazem como exemplo de intangível não identificável o goodwill. O goodwill
gerado internamente não deve ser reconhecido como ativo, pois não é um recurso identificável
ou separável controlado pela Entidade.

142/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


Já o goodwill gerado em uma combinação Já o controle está relacionado à capacidade
de negócios que estão inseridos no preço da entidade em restringir o acesso a tercei-
de aquisição pago por um negócio e pu- ros aos benefícios econômicos gerados pelo
derem ser tecnicamente identificados são ativo intangível. Um bom exemplo está re-
contabilizados em separado pelo valor justo lacionado a diretos legais e autorais obtidos
e registrados no ativo intangível apenas no pela Entidade, tal como marcas e patentes.
balanço consolidado. A geração de benefícios econômicos está
relacionada à geração de receitas ou redu-
ção de custos. Um exemplo dado pelo CPC
Para saber mais 04 (R1) é do uso de propriedade intelectual
no processo produtivo que possa reduzir
O CPC 15 (R1) – Combinação de Negócios traz seus custos de produção.
maiores detalhamentos no reconhecimento e
mensuração do goodwill no caso de combinação
de negócios. Inclusive, essa é uma das exceções de
aplicação do CPC 04 (R1), pois está dentro do al-
cance de outro Pronunciamento.

143/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


2.2 Reconhecimento e mensuração

O CPC 04 (R1) determina que um ativo intangível só deve ser reconhecido se:

(a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuí-


veis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e

(b) o custo do ativo possa ser mensurado com confiabilidade (CPC, 2009).
O custo de ativo intangível adquirido em separado pode normalmente ser mensurado com con-
fiabilidade quando o valor é pago em dinheiro ou com outros ativos monetários, em casos de
aquisição separada. Nesse caso, o seu custo inclui seu preço de compra, acrescido de impostos
de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos
comerciais e abatimentos e qualquer custo diretamente atribuível à preparação do ativo.
Os custos dos ativos intangíveis gerados através da aquisição como parte de combinação de
negócios deverão ser calculados pelo seu valor justo na data de aquisição, de acordo com o Pro-
nunciamento CPC 15 (R1) – Combinação de negócios.

144/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


A aquisição de intangíveis por meio de sub- sa, os custos decorrentes dessas atividades
venção ou assistência governamental (tais deverão ser registrados como despesas, pois
como concessões, licenças etc.) deve ser a Entidade não está apta a demonstrar a exis-
reconhecida inicialmente ao valor justo. Se tência de ativos que possam gerar possíveis
uma entidade optar por não reconhecer ini- benefícios econômicos. Já o ativo intangível
cialmente ao valor justo o ativo, ela deve re- resultante da fase de desenvolvimento po-
conhecer o ativo inicialmente ao valor no- derá ser reconhecido se a Entidade puder de-
minal (o outro tratamento permitido pelo monstrar:
Pronunciamento Técnico CPC 07) acrescido
de quaisquer gastos que sejam diretamente
atribuídos à preparação do ativo para o uso
pretendido.
Já os ativos intangíveis gerados internamente,
muitas vezes, são mais difíceis de reconhecer,
pois devem atender às exigências de identi-
ficação, controle e geração de benefícios fu-
turos. O CPC 04 (R1) faz uma distinção entre
itens desenvolvidos na fase de pesquisa e na
fase de desenvolvimento. Na fase de pesqui-

145/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


(a) viabilidade técnica para concluir o ativo intangível de forma que ele seja dispo-
nibilizado para uso ou venda;
(b) intenção de concluir o ativo intangível e de usá-lo ou vendê-lo;
(c) capacidade para usar ou vender o ativo intangível;
(d) forma como o ativo intangível deve gerar benefícios econômicos futuros. [...]
(e) disponibilidade de recursos técnicos, financeiros e outros recursos adequados
para concluir seu desenvolvimento e usar ou vender o ativo intangível; e
(f) capacidade de mensurar com confiabilidade os gastos atribuíveis ao ativo intan-
gível durante seu desenvolvimento (CPC, 2009, p. 14).
Os gastos incorridos com o ativo intangível reconhecidos inicialmente como despesas não de-
vem ser reconhecidos como parte do custo do ativo intangível em data subsequente.

146/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


2.3 Amortização
Para saber mais
A mensuração dos ativos intangíveis após
A reavaliação de ativos pela adoção inicial
seu reconhecimento inicial deverá ser efe-
às normas internacionais foi possibilitada apenas
tuada pelo método do custo ou por sua rea-
para itens dispostos no ativo imobilizado e pro-
valiação, tal como os ativos imobilizados.
priedade para investimento, sendo vedada pelas
Contudo, você já sabe que a Lei 6.404/76
práticas contábeis brasileiras e pelo CPC o uso de
veda a reavaliação de ativos no Brasil. Por-
custo atribuído para ativos intangíveis, investi-
tanto, no Brasil, é possível apenas utilizar o
mentos em controladas, controladas em conjun-
método de custos.
to, coligadas ou outros ativos que não os ativos
imobilizados e propriedade para investimento.

O método de custo define que, após o reco-


nhecimento inicial, o ativo intangível deve
ser valorado pelo custo menos a eventual
amortização acumulada e a perda acumu-
lada. A amortização do ativo intangível é
147/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
dependente da vida útil do bem: se ele pos- similares aos métodos de depreciação, tais
suir uma vida útil definida, estará susce- como método de linha reta, o método dos
tível à amortização. Se o item não possuir saldos decrescentes e o método de unida-
vida útil definida, ele não é amortizável e des produzidas.
as variações em seu custo inicial serão fei- Na escolha do método de amortização ade-
tas através de testes de recuperabilidade do quado, a entidade pode determinar o fator
bem, de acordo com CPC 01 (R1) – Redução limitante predominante que é inerente ao
ao Valor Recuperável de Ativos, similar ao ativo intangível. Esse fator limitante pode
tratamento de ativos imobilizados visto no ser o número de anos da concessão de um
módulo anterior. serviço público, obtenção de um limite de
O valor amortizável do ativo intangível com receita, ou ainda expectativa de obter re-
vida útil definida, segundo CPC 04 (R1), ceita com o ativo. A identificação do fator
deve ser apropriado sistematicamente ao limitante predominante pode servir de pon-
longo de sua vida útil estimada. A amorti- to de partida para a identificação da base
zação deve cessar na data em que o ativo adequada da amortização, mas outra base
é classificado como mantido para venda ou pode ser aplicada se refletir de forma mais
na data em que ele é baixado, o que ocorrer próxima o padrão esperado de consumo de
primeiro. Os métodos de amortização são
148/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
benefícios econômicos. cada exercício. Caso a vida útil prevista do
O valor amortizável dos ativos intangíveis, ativo seja diferente de estimativas anterio-
tal como nos ativos imobilizados, é seu va- res, o prazo de amortização deve ser devi-
lor subtraído de seu valor residual. Contudo, damente alterado. Qual seja o critério de
é de se esperar que o valor residual de um amortização adotado, esse deve constar nas
ativo intangível seja zero, ou seja, os bene- notas explicativas e o valor da amortização
fícios econômicos findam com sua extinção dos ativos intangíveis deve ser lançado em
ou esgotamento. Contudo, o valor residual despesas operacionais e estar destacado
do ativo intangível não será nulo se (i) hou- na demonstração do resultado do exercício
ver compromisso de terceiros para comprar (IUDÍCIBUS et al., 2013).
o ativo ao final de sua vida útil, e (ii) existir
mercado ativo para ele e seu valor residual 3. Divulgação
possa ser determinado nesse mercado e for
O CPC 04 (R1) traz, dos itens 118 ao 128, as
provável que esse mercado continue a exis-
informações obrigatórias e recomendadas
tir.
que devem ser disponibilizadas aos usuários
O período e o método de amortização de da informação. As principais informações a
ativo intangível com vida útil definida de- serem divulgadas estão concentradas no
vem ser revisados pelo menos ao final de item 118, transcrito a seguir:
149/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
118. A entidade deve divulgar as seguintes informações para cada classe de ati-
vos intangíveis, fazendo a distinção entre ativos intangíveis gerados internamen-
te e outros ativos intangíveis:

(a) com vida útil indefinida ou definida e, se definida, os prazos de vida útil ou
as taxas de amortização utilizados;

(b) os métodos de amortização utilizados para ativos intangíveis com vida útil
definida;

(c) o valor contábil bruto e eventual amortização acumulada (mais as perdas


acumuladas no valor recuperável) no início e no final do período;

(d) a rubrica da demonstração do resultado em que qualquer amortização de


ativo intangível for incluída;

(e) a conciliação do valor contábil no início e no final do período (...) (CPC, 2009).

150/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


Glossário
Fundo de Comércio adquirido: goodwill obtido pela combinação de negócios; ativo intangível
da adquirida independentemente do ativo intangível ter sido reconhecido pela adquirida antes
da aquisição da empresa.
Goodwill: o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura.
Vida útil indefinida: o ativo não pode ter seu período de geração de benefícios econômicos fu-
turos estimados com confiabilidade pela empresa.

151/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


?
Questão
para
reflexão

A empresa em que você trabalha está tentando ampliar o seu merca-


do, pois suas atividades estão baseadas somente na região Sudeste
no Brasil. Um dos entraves à busca de novos mercados consumido-
res são os custos logísticos e a falta de know-how do mercado em
outras regiões do Brasil. Um dos diretores propôs a compra de algu-
ma unidade fabril com atividades semelhantes em uma região dife-
rente, pois assim seria mais fácil superar os entraves iniciais a essa
expansão. Você, como membro da diretoria, foi chamado a fornecer
seu parecer técnico. O que deveria ser levado em conta para aceitar a
proposta? Qual seria o valor justo dessa transação?

152/198
Considerações Finais

• Os ativos intangíveis estão intrinsecamente ligados à geração de valor que


ocorre em empresas atuais, tais como propriedade da marca, imagem co-
mercial, patentes etc.;
• a onda de fusões e incorporações ocorridas nos anos 2000 ressaltou a im-
portância do valor dos ativos intangíveis a empresas, pois, em muitas dessas
fusões realizadas, o valor contábil físico da empresa era facilmente supera-
do pelo seu valor de venda;
• os ganhos de sinergia com a combinação de negócios geram interesse em
fusões e aquisições, em função do goodwill esperado.

153/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 04 (R1) – Ativo
Intangível. CPC: 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pro-
nunciamentos/Pronunciamento?Id=35>. Acesso em: 17 out. 2016.

IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo. Manual
de Contabilidade Societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

154/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Questão 1
1. O Pronunciamento Contábil CPC 04 deve ser aplicado a todos os ativos
intangíveis, exceto:

a) Softwares de gestão.
b) Máquinas e equipamentos.
c) Ativos intangíveis gerados em fase de desenvolvimento, com todos os itens de reconheci-
mento demonstrados.
d) Ativos intangíveis dentro do alcance de outro Pronunciamento Técnico.
e) Direitos autorais.

155/198
Questão 2
2. O período e o método de amortização de ativo intangível com vida útil
definida devem ser revisados:

a) somente na venda do ativo;


b) ao final de cada exercício, pelo menos;
c) o período de vida útil nunca deve ser revisado;
d) o método de amortização, uma vez definido, não pode ser alterado;
e) apenas por solicitação dos acionistas.

156/198
Questão 3
3. A amortização do ativo intangível cuja vida útil é indefinida deve ser
feita pelo método:

a) da linha reta;
b) das unidades produzidas;
c) dos saldos decrescentes;
d) a depender de seu fator limitante;
e) não deve ser amortizado.

157/198
Questão 4
4. Para serem reconhecidos como ativos intangíveis, eles devem:

a) ser identificáveis, controlados e geradores de benefícios econômicos futuros;


b) ser apenas geradores de benefícios econômicos;
c) identificáveis, controlados e geradores de benefícios econômicos passados;
d) possuir vida útil limitada;
e) possuir vida útil ilimitada.

158/198
Questão 5
5. A(s) principal(is) característica(s) para um ativo ser definido como intan-
gível é (são):

a) resultar em benefícios econômicos futuros;


b) ser bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finali-
dade;
c) sua destinação à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade;
d) os itens a, b e c são corretos;
e) apenas sua tangibilidade.

159/198
Gabarito
1. Resposta: D. 4. Resposta: A.
Caso haja um Pronunciamento técnico mais O reconhecimento dos ativos intangíveis
específico, esse deverá ser observado em está relacionado à sua identificação, con-
detrimento do CPC 04. trole e geração de benefícios econômicos
futuros.
2. Resposta: B.
5. Resposta: D.
O período e o método de amortização de
ativo intangível com vida útil definida de- O item E está incorreto, pois, quando um
vem ser revisados pelo menos ao final de item, mesmo que intangível, não for utiliza-
cada exercício. do nas atividades da empresa, é considera-
do um item de Investimento. Não é apenas
3. Resposta: E. a tangibilidade que define sua classificação.

Os ativos intangíveis de vida útil indefinida


não são amortizados.

160/198
Unidade 8
Pequenas e médias empresas

Objetivos

1. Conhecer os critérios para enquadra-


mento em pequenas e médias empre-
sas.
2. Abordar a Norma Brasileira de Conta-
bilidade TG 1000, de aplicação a pe-
quenas e médias empresas.
3. Identificar diferenças de adoção das
normas Full IFRS e IFRS for SME.

161/198
Introdução

A convergência das normas brasileiras às entre PMEs e empresas de grande porte.


normas internacionais apresentou impacto
significativo em empresas de grande por- 1. Enquadramento de PMEs
te, de capital aberto e empresas financei-
ras. Contudo, o maior número de empresas A primeira definição legal de pequenas em-
existentes no Brasil está concentrado nas presas ocorreu nos EUA, no ano de 1948. As
Pequenas e Médias Empresas – PMEs. Como características das empresas de pequeno
a internacionalização das normas contábeis porte, para que assim fossem enquadradas,
não tem como foco apenas empresas multi- seriam:
nacionais, e sim um objetivo maior de gerar
mais informatividade nas demonstrações
financeiras, fez-se necessário criar normas
para também abarcar estas empresas. Nes-
te tema, você conhecerá os critérios para
classificação de uma empresa em pequena e
média, tanto nas leis brasileiras quanto nas
normas brasileiras de contabilidade, e verá
as semelhanças nos tratamentos contábeis

162/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


a) não poderiam ter posição dominante no comércio;

b) não poderiam contratar mais do que 500 funcionários;

c) teriam que ser possuídas e operadas de forma independente (SILVA et


al., 2013, p. 3).
No Brasil, o critério mais adotado para definição de microempresas e empresas de pequeno por-
te (EPP) é através de seu faturamento, definido na Lei Complementar 123/06, em que especifica
que são consideradas microempresas aquelas que auferiram receita bruta até R$ 360.000,00
e as EPPs, as que obtiveram receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$
3.600.000,00.

Para saber mais


A LC 123/06 é a lei que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte
e, também, estabelece o regime de tributação diferenciado – Simples Nacional. Os valores para en-
quadramento em microempresas e EPP sofreram atualização através da Lei Complementar 139, de
2011.

163/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


Já a Lei 11.638/07 define o conceito de em-
presas de grande porte, sendo que essas,
mesmo que não sejam constituídas sob a Para saber mais
forma de sociedade por ações, são obriga-
das a realizarem as escriturações fiscais e As empresas de porte médio seriam aquelas que
demonstrações financeiras, e submetem- apresentam receita bruta acima de R$ 360.000,00
-se a auditorias independentes, tais quais (LC 123/06), mas inferior a R$ 300.000.000,00,
as sociedades por ações. São empresas que desde que não totalizem em seu Ativo o valor de
obtiveram no exercício social anterior ativo R$ 240.000.000,00 (Lei 11.638/07).
total acima de R$ 240.000.000,00 ou recei-
ta bruta de R$ 300.000.000,00.
Pela legislação brasileira, não há uma con-
ceitualização definida para empresas de
porte médio, mas pode-se considerar
aquelas que ainda não atingiram valores
para serem consideradas de grande porte,
porém superam os valores de EPP definidas
na Lei Complementar 123/06.
164/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas
2 CPC para PME

Entendendo a diferente realidade de em-


presas de pequeno e médio porte, o IASB
publicou, em 2009, o IFRS for SMEs (small and
medium entities), e, tão logo sua publicação, Para saber mais
o CFC publicou a Resolução nº 1255/2009 O CPC traduziu as normas contidas no IFRS for SMEs
com a aprovação da Norma Brasileira de através do CPC PME, que, por sua vez, foi aprova-
Contabilidade TG 1000 (NBC TG 1000) – do pelo CFC através da Resolução nº 1255/2009.
Contabilidade para Pequenas e Médias Em- Contudo, as normas internacionais para peque-
presas. O CPC também aprovou o pronun- nas e médias empresas são mais referenciadas
ciamento e esse mesmo documento consta pela sigla NBC TG 1000 do que CPC PME.
em seu site como CPC PME – Contabilidade
para pequenas e médias empresas.

165/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


Essa Norma foi realizada no intuito de fa- A obrigação pública de prestação de con-
cilitar a linguagem, excluir alguns procedi- tas está vinculada, principalmente, à emis-
mentos não necessários às PMEs e também são de ações ou de dívidas transacionadas
a simplificação de alguns processos. em mercado de balcão e bolsa de valores.
A NBC TG 1000 define Pequenas e médias Essas empresas, como captam no merca-
empresas como empresas que: do aberto, têm a obrigação de publicar suas
demonstrações contábeis, inclusive em jor-
• não têm obrigação pública de presta- nais de grande circulação, para conheci-
ção de contas; e mento do público em geral e de potenciais
• elaboram demonstrações contábeis investidores.
para fins gerais para usuários exter- Já as sociedades por ações de capital fecha-
nos. Exemplos de usuários externos do e demais sociedades que não possuem
incluem proprietários que não estão obrigações públicas de prestação de con-
envolvidos na administração do ne- tas são consideradas de pequeno e médio
gócio, credores existentes e poten- porte por ocasião da NBC TG 1000, desde
ciais e, ainda, agências de avaliação que não se enquadrem como empresas de
de crédito. grande porte pela lei 11.638/07 (empre-
sas que obtiveram no exercício social ante-
166/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas
rior ativo total acima de R$ 240.000.000,00 tabilidade e a levantar anualmente o balan-
ou receita bruta de R$ 300.000.000,00). As ço patrimonial e o de resultado econômico.
sociedades que têm obrigação pública de A Lei 6.404/76, que rege as sociedades por
prestação de contas e empresas de grande ações, tanto as de capital aberto ou fecha-
porte devem seguir o Full IFRS, ou seja, os das, institui que todas deverão realizar as
pronunciamentos publicados pelo CPC em seguintes demonstrações financeiras:
sua plenitude.
1. Balanço patrimonial.
3. Demonstrações contábeis para 2. Demonstração dos lucros ou prejuízos
pmes segundo NBC TG 1000 acumulados.
3. Demonstração do resultado do exercí-
A obrigatoriedade por lei das demonstra- cio.
ções contábeis no Brasil difere-se de acor-
A lei também cita a obrigatoriedade da de-
do com o tipo de sociedade. Uma norma de
monstração dos fluxos de caixa para com-
cunho geral é trazida pelo Código Civil Bra-
sileiro, instituído pela Lei 10.406/2002. O panhias abertas ou as de capital fechado
Código Civil informa, em seu artigo 1179, com patrimônio líquido maior que R$ 2 mi e
que o empresário e a sociedade empresária a demonstração do valor adicionado, obri-
são obrigados a seguir um sistema de con- gatória apenas para companhias abertas.
167/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas
Você pode perceber que as exigências para 5. Demonstração dos fluxos de caixa
aquelas sociedades que possuem obriga- para o período de divulgação.
ção pública de prestação de contas é maior 6. Notas explicativas, compreendendo o
do que para aquelas sociedades por ação resumo das políticas contábeis signi-
fechadas e outras sociedades. Contudo, a ficativas e outras informações expla-
NBC TG 1000 traz como conjunto completo natórias.
das demonstrações contábeis aplicáveis às
A NBC TG 1000 admite que as PMEs, muitas
PMEs as seguintes demonstrações:
vezes, produzam demonstrações contábeis
1. Balanço patrimonial ao final do perío- apenas para o uso de proprietários-admi-
do. nistradores ou apenas para o uso de auto-
2. Demonstração do resultado do perío- ridades fiscais ou outras autoridades gover-
do de divulgação. namentais. Contudo, a Norma estimula a
3. Demonstração do resultado abran- adoção das demonstrações contábeis para
gente do período de divulgação. fins gerais que atendam às necessidades in-
formacionais de qualquer usuário externo
4. Demonstração das mutações do pa-
e, assim, aumentem a informatividade das
trimônio líquido para o período de di-
demonstrações.
vulgação.

168/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


4 FULL IFRS X NBC TG 1000 tado por ação não possuem seção corre-
spondente na NBC TG 1000, uma vez que
Apesar dos Pronunciamentos completos não são aplicáveis a PMEs. Porém, em alguns
emitidos pelo CPC serem bem mais exten- casos não tratados pela norma, a pequena
sos daqueles direcionados às PMEs, as dif- e média empresa deverá procurar a adoção
erenças de conteúdo são poucas, afinal dos Pronunciamentos específicos emitidos
os princípios contábeis para a elaboração para empresas com obrigação pública de
das demonstrações não são alterados. Os prestação de contas. Por exemplo, se a PME
princípios contábeis até então aqui tratados possuir derivativos ou outros instrumen-
são adotados em sua integralidade, inclusive tos financeiros complexos que não estejam
com ênfase na Prudência: na NBC TG 1000, apresentados nas seções 11 e 12 da NBC TG
há menção expressa de se atribuir valores 1000, ela deverá seguir as orientações con-
aos ativos e passivos com cautela, para não tidas nos Pronunciamentos Full IFRS.
superestimar ativos e subestimar passivos.
Existem algumas diferenças pontuais com
Os Pronunciamentos CPC 09 – Demon- relação aos Pronunciamentos e a NBC TG
stração do Valor Adicionado, CPC 21 – 1000. Você verá as diferenças contidas dentre
Demonstração Intermediária, CPC 22 – In- os Pronunciamentos estudados na disciplina:
formação por Segmento e CPC 41 – Resul- CPC 16, CPC 27 e CPC 04, para exemplificação.
169/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas
O CPC 16 – Estoques está tratado na seção Existem também algumas diferenças
13 da NBC TG 1000 e não possui diferenças com relação à amortização dos ativos in-
de tratamento entre o Pronunciamento e a tangíveis pelo CPC 04 e pela seção 18 da
norma para PMEs. NBC TG 1000. Para as PMEs, todos os ativos
intangíveis devem ser considerados finitos.
Você estudou no módulo referente a ativos Caso a entidade seja incapaz de fazer uma
imobilizados que as empresas poderiam estimativa confiável da vida útil de ativo in-
reavaliar seus ativos imobilizados se per- tangível, presume-se que a vida útil seja de
mitido por lei (o que a legislação brasileira dez anos. Os ativos gerados internamente
não permite), conforme disposto no CPC pelas PMEs, em qualquer hipótese, tam-
27. Contudo, essa possibilidade não é vis- bém deverão ser considerados despesas do
lumbrada pela NBC TG 1000: na seção 17, a período, diferentemente das orientações
previstas no Pronunciamento CPC 04. Pelo
mensuração após o reconhecimento do ati-
pronunciamento, a Entidade poderá recon-
vo imobilizado consta apenas o custo menos hecer os custos como ativos intangíveis des-
sua depreciação ou redução ao valor recu- de que atendessem a critérios relacionados
perável. O método de depreciação também à identificação, ao controle e pudessem es-
não precisa ser revisto anualmente, como timar a geração de benefícios econômicos
previsto no CPC 27, e sim apenas quando futuros, o que não é facultado às PMEs.
existir indicação relevante de alteração.
170/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas
Glossário
EPP: empresas de pequeno porte.
Full IFRS: adoção do conjunto completo de Pronunciamentos Contábeis.
ME: microempresas.
Simples Nacional: Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devi-
dos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, instituído pela LC 123/06.

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?
Questão
para
reflexão
Imagine que um amigo seu buscou conselhos para tratar da con-
tabilidade de sua pequena empresa, pois sabe que você trabalha
em uma grande corporação com influências significativas na as-
sistência financeira. Ele busca novos investidores e se questiona
o motivo que ninguém tem botado fé em seus projetos, uma vez
que a empresa dele já está há alguns anos no mercado. Ao ver as
demonstrações contábeis, você verificou que a única preocupa-
ção de seu amigo era relacionada à tributação, e ele não trazia
nenhuma informação adicional que não fosse exigida pela Recei-
ta Federal. Que conselhos você daria a este amigo? Apresentar
demonstrações contábeis de propósito geral poderia ajudá-lo?

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Considerações Finais
• O IASB e o CPC, ao publicarem orientações às Pequenas e Médias empresas,
dão um importante passo na internacionalização das normas contábeis,
uma vez que essas empresas são de maior número em qualquer país;
• as diferenças entre Full IFRS e IFRS for SME não são de grande impacto, uma
vez que o maior interesse é o de simplificar a adoção das normas internacio-
nais por essas empresas que nem sempre têm uma estrutura contábil inter-
na à sua disposição;
• lembre-se sempre de que os Princípios da Contabilidade valem para qual-
quer escrituração contábil, pois eles estão relacionados à base conceitual
da contabilidade e não ao tamanho de empresa e outras características es-
pecíficas.

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Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC PME (R1) - Contabilidade para Pequenas e
Médias Empresas com Glossário de Termos. CPC: 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.
br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79>. Acesso em: 17 out.
2016.
IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo. Manual
de Contabilidade Societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
SILVA, Antonio Carlos Ribeiro da; MARION, Jose Carlos. Manual de Contabilidade para Pequenas
e Médias Empresas. São Paulo: Atlas, 2013.

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Questão 1
1. A lei brasileira que trata sobre o enquadramento de microempresas e em-
presas de pequeno porte é:

a) Lei 6.404/76
b) LC 123/06
c) Lei 11.638/07
d) Lei 10.404/02
e) Lei 11.941/09

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Questão 2
2. A definição de empresas de grande porte, contida na Lei 11.638/07, com-
preende as empresas:

a) com ativo total acima de R$ 300.000.000,00 ou receita bruta de R$ 240.000.000,00;


b) com ativo total acima de R$ 240.000.000,00 ou receita bruta de R$ 300.000.000,00;
c) com receita total acima de R$ 3.600.000,00;
d) não enquadradas pela LC 123/09;
e) apenas de capital aberto.

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Questão 3
3. Assinale, dentre as alternativas a seguir, apenas aquele item que con-
tém as demonstrações financeiras obrigatórias a todas as sociedades por
ação, pela Lei 6.404/76:

a) Balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do


resultado do exercício e demonstração de fluxo de caixa.
b) Balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do
resultado do exercício, demonstração de fluxo de caixa e demonstração do valor adicionado.
c) Balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração de fluxo de
caixa e demonstração do valor adicionado.
d) Balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração de
fluxo de caixa e demonstração do valor adicionado.
e) Balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados e demonstração do
resultado do exercício.

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Questão 4
4. A NBC TG 1000 traz como conjunto completo das demonstrações con-
tábeis aplicáveis às PMEs as seguintes demonstrações, exceto:

a) Demonstração do valor adicionado.


b) Demonstração do resultado do período de divulgação.
c) Balanço patrimonial ao final do período.
d) Demonstração das mutações do patrimônio líquido para o período de divulgação.
e) Demonstração dos fluxos de caixa para o período de divulgação.

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Questão 5
5. Os ativos intangíveis gerados internamente pelas PMEs devem ser con-
tabilizados:

a) no ativo, desde que identificáveis, controlados e geradores de benefícios;


b) como despesa ou no ativo, a depender da fase de pesquisa ou desenvolvimento;
c) de acordo com a vida útil esperado do ativo;
d) como despesa do período;
e) estes ativos não são compatíveis com PMEs.

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Gabarito
1. Resposta: B. superior a R$ 2 mi e companhias abertas, e a
DVA, apenas para companhias abertas.
A lei brasileira que trata sobre o enquadra-
mento de microempresas e empresas de pe- 4. Resposta: A.
queno porte é a Lei Complementar 123/06.
A DVA não faz parte das demonstrações
2. Resposta: B. previstas pela NBC TG 1000, nem está con-
tida na NBC TG 1000.
Empresas de grande porte são definidas
pela lei 11.638/07 como as que obtiveram 5. Resposta: D.
no exercício social anterior ativo total acima
de R$ 240.000.000,00 ou receita bruta aci- Os ativos intangíveis gerados internamente
ma de R$ 300.000.000,00. pelas PMEs sempre devem ser contabiliza-
dos como despesa no período em que são
3. Resposta: E. incorridos, independentemente de sua fase
de pesquisa ou desenvolvimento.
O BP, DLPA e DRE são obrigatórios a todas
as sociedades por ações. A DFC é obrigató-
ria às empresas de capital fechado cujo PL é

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