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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


CENTRO DE EDUCAÇÃO

METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA I

Estudantes: Luana Magalhães Ribeiro e Maria Larissa de França Araújo


Professor: André Luiz Maranhão Agostinho dos Santos

RESENHA CRÍTICA

JUNIOR, Arnaldo Martin Szlatcha. Ensino de História não é Educação, mas calma
que eu explico!
O presente artigo, intitulado “Ensino de História não é Educação, mas calma que
eu explico!” de Arnaldo Szlatcha, discorre acerca do Ensino de História como sendo um
campo da História e não da Educação propriamente dita. No início do texto, apresenta
uma situação, que parece ter sido uma experiência pessoal mas deixa a dúvida se foi
hipotética ou não, em que um historiador, colega de profissão, sempre destacava que o
seu lugar, como pesquisador do Ensino de História, pertencia à Educação. A partir
disso, o autor afirma que pesquisadores do Ensino de História utilizam-se de fontes
históricas, relações do espaço e tempo, memórias e suas construções narrativas e dessa
forma, produzem sim História.
O artigo nos convida a refletir sobre a separação, ainda existente, entre professor e
pesquisador, reforçada por um elitismo intelectual que está repleto de preconceitos
velados e muitas vezes escancarados presentes no ambiente acadêmico, o qual enxerga
o Ensino de História como uma prática menor e não nobre, sendo relegada à meras
técnicas pedagógicas. Destaca que muitos pesquisadores consideram o texto “Os
objetivos do ensino da História no curso secundário” da Emília Vioti da Costa, como
sendo o manuscrito que fundou o debate sobre o Ensino de História como área de
pesquisa, mas que a partir de 1971 com o fim da História como disciplina escolar, o
debate da área de pesquisa em Ensino de História se desorganizou, fazendo com que o
Ensino fosse relegado às dimensões da Pedagogia, que constituiu uma perspectiva de
Metodologia de Ensino dos conteúdos, e não da busca de compreender a aprendizagem
e construção do conhecimento Histórico Escolar.
Porém, a identidade do Ensino de História foi efetivada como locus de pesquisa
de diversos saberes históricos pela abordagem da ciência e teoria da História, devido às
pesquisas mais recentes e os programas de pós-graduação em História. Destacando
nesse locus específico da ciência histórica, trabalhos que buscam pensar a relação de
Ensino e Aprendizagem em História, refletindo a condição do pensamento histórico, o
qual apesar de contraintuitivo e complexo, pode ser desenvolvido em crianças e jovens
através do uso das fontes históricas, construções de narrativas e entendimento das
relações do tempo constituindo uma visão multiperspectivada da História escolar.
O debate proposto por Szlatcha é de extrema importância, uma vez que é
necessário que se discuta acerca do Ensino de História e a sua relação com o fazer
historiográfico no mundo acadêmico, pois é indissociável pensar a formação de um
historiador sem levar em consideração o ensino da disciplina.
O ponto central de seu texto é discorrer e apresentar argumentos que comprovem
a legibilidade de sua tese: de que ensinar História também faz parte de ser historiador e
que fazê-lo ou não, em nada altera tal processo. O historiador também ensina, e
trabalhar esse ensino não é algo que deve ficar a cargo apenas das ciências pedagógicas,
pois também incube a ciência histórica pensar qual método histórico deverá ser
empregado.
Deve-se pensar o Ensino de História com base em uma junção entre História e
Pedagogia, onde ambas deverão agir como aliadas. Tal tarefa torna-se menos
complicada e mais factível se considerada a partir do conceito de Historiador Docente,
proposto por Thiago Augusto Divardim de Oliveira (2020) e contextualizado pelo autor
deste artigo. A partir da fundamentação deste conceito compreende-se que o historiador
não perde seu caráter propriamente pesquisador, se pensar em como empregar o saber
histórico adquirido na academia na produção de suas aulas.
A discussão que aqui foi feita só reitera a relevância de debater o ensino da
História para além da práxis pedagógica, cuja dimensão é parte integrante das
especificidades da Ciência da História e que também dialoga com o campo educacional.
Dessa forma, é preciso que se continue trabalhando com esta problemática que por
muito tempo foi excluída das discussões epistemológicas academicistas para que
continuemos avançando com os estudos sobre o Ensino de História e suas intrínsecas
relações.

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